Depois dos alimentos, o 4X4
18/08/2013
Quem chega ao próspero município de 100 mil habitantes, no sul de Goiás, não tem dúvidas da importância do campo e da agroindústria para a economia local. Os gigantescos armazéns de grãos e as imponentes usinas de açúcar e álcool abraçam toda a cidade. No comércio local, as empresas dedicadas ao agronegócio parecem inspiradas na pujança do interior paulista e no Triângulo Mineiro, mas ainda convivem com nomes nostálgicos, como Açougue do Careca e Alfaiataria do Bigode.
É nesse cenário, em Itumbiara (GO), que o setor automotivo fincou recentemente uma bandeira, impulsionando a tendência de diversificação da indústria no interior do país. A montadora japonesa Suzuki constrói, a toque de caixa, uma ampla unidade na cidade que representa o terceiro vértice do triângulo metal-mecânico de Goiás, com Anápolis e Catalão. Foram investidos R$ 150 milhões na unidade, e a expectativa é de que a mudança das instalações provisórias da fábrica para a definitiva, vizinha de grandes indústrias de alimentos, ocorra até janeiro. Nesse meio tempo, a empresa acena com a possibilidade de compartilhar a produção do veículo compacto 4x4 Jimny com a fábrica da Mitsubishi em Catalão. As duas marcas são representadas no Brasil pelo grupo MMC, do empresário Eduardo Souza Ramos e do BTG Pactual. O primeiro lote de produção do modelo será de 250 unidades e a capacidade inicial, de 7 mil carros por ano, volume que poderá subir gradualmente. Procurada, a Suzuki não permitiu visita às suas instalações na cidade nem ofereceu porta-vozes, alegando compromissos operacionais.
De olho na crescente procura por mão de obra qualificada e pelas oportunidades geradas pelos investimentos em ampliação e novas fábricas, os jovens do município procuram definir seus alvos profissionais desde cedo. São cursos práticos e objetivos, de seis meses em média, de segunda-feira a sábado, com cinco horas. “Escolhi o curso de redes porque é uma das opções para indústrias de ramos diferentes. Além disso, a formação técnica me garante inserção rápida no mercado profissional”, conta Eduardo Antônio de Souza Filho, de 17 anos.
Aline Alves Fonseca, 21, e Gislaine Cantologo, 23, colegas da turma de produção industrial de açúcar e álcool, vinculada a uma grande empresa do setor, estão interessadas em ingressar em uma atividade já consolidada na região. “Não era bem o que queria, mas o emprego garantido me atraiu”, diz Aline. “Como tenho curso técnico na área pelo Instituto Federal de Goiás (IFG), queria continuar investindo nela. Pretendo ainda fazer engenharia química”, revela Gislaine.
Mais salas de aula
Diante da grande procura de empregadores e de candidatos a empregos garantidos nas grandes empresas do município, boa parte multinacionais, a sede do Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria (Senai) contabiliza 6 mil matrículas, o dobro do último ano, enquanto amplia o número de salas e convênios com empresas.
“Praticamente todos os alunos saem daqui com emprego. Muitos começam admitidos pela indústria e vêm para cá se habilitar para a função”, conta Claiton Cândido Vieira, diretor da escola.
As áreas de açúcar e álcool e manutenção de máquinas agrícolas, além da educação de adultos, continuam sendo o carro-chefe da unidade, mas a indústria automotiva já recebeu novas salas e laboratórios. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), do governo federal, também abriu novas frentes de treinamento e qualificação, com auxílio de alimentação e transporte.
Para dar conta da procura, o Senai goiano investiu em três unidades móveis de solda, manutenção industrial e reparos em máquinas agrícolas. “Aqui, só não trabalha quem não quer” é a frase mais ouvida em Itumbiara.
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