quarta-feira, 11 de julho de 2018

O GIGANTE TEMÍVEL DO VALE

DEPOIS DE SER CAMPEÃO GOIANO EM 2008, GIGANTE CAIU DUAS VEZES
                                          O Mascote do Itumbiara é um "GIGANTE"

No dia nove de março do ano de 1970, Modesto de Carvalho, que que terminara o mandato de vice-prefeito de Itumbiara, conseguiu reunir os dirigentes de Goiasinho e Nacional, duas equipes da cidade, que disputavam a segunda divisão do Campeonato Goiano, para fundação de um novo clube, que em seu sonho seria Gigante, como era o time do seu coração, o Vasco da Gama, conhecido como Gigante da Colina.
Era um mistura política no futebol com simpatizantes da Arena e MDB no comando do novo clube, que nascia Tricolor da Fronteira, com as cores azul do Goiasinho, o vermelho do Nacional e o branco da Paz.
Os dias iniciais não foram tão gloriosos, lembram alguns que participaram do processo, como o atual presidente Raul Jota Santos e o ex-jogador Expedito, zagueiro que veio de Minas Gerais defender o novo clube. Disputou o primeiro campeonato e no segundo já ficou fora da primeira divisão em 1971, perdendo a vaga para o seu maior rival, o azulão do Sul, que causava inveja ao Itumbiara, pois tinha Estádio, torcida e bateu no Gigante no embate de 1971.
Os recursos eram escassos e os jogadores se alimentavam com marmitas, que o futuro presidente e também apaixonado pelo Itumbiara, já falecido José Gomes da Rocha, carregava da cantina na Praça da Bandeira até a casa alugada que era a República dos Atletas, lembra Expedito.
Modesto sonhava com um grande Estádio e deixar o Goiatuba para trás e isso não demoraria a acontecer. Com a vitória para prefeito em 1972, a partir de 1973 começou a construção de um verdadeiro Gigante, que seria temível, como colocou no Hino da equipe, o também já falecido cantor local Marcos Cabral.
A Construção do Estádio veio em 1976, mas já a partir de 1975, o Gigante era imponente no então Estádio Paranaíba, que pertencia o Nacional e que já não existe mais. A partir de 1976, o Azulão do Sul começou a comer poeira, mas antes de morrer, foi campeão primeiro do que o Itumbiara, titulo conquistado em 1992, quando Zé Gomes trouxe meio Fluminense para disputar o campeonato goiano da Primeira Divisão, logo após a segunda queda tricolor no ano de 1990 e volta a primeira divisão em 1991.
Nos primeiros anos da década de 1980, o Tricolor foi gigante até em competições nacionais e revelou o atleta itumbiarense Péricles que brilharia no Goiás. Antes já tinha sido um celeiro, no modelo em que ia com uma "Kombi"  no interior de São Paulo e trazia grandes jogadores, como Zezinho Figueroa, Dionisio, Miranda, Roberto Bombinha, entre tantos. Uma lenda que começou como lateral direito, o Bill "bola branca" também ganhou o mundo, seguindo para o Vasco, Internacional e América do México.
Na década de 1990, mudaram os ares na política e outros partidos além do antigo MDB e ARENA chegaram ao poder e não tinham a mesma simpatia pelo futebol. Foram três quedas no período: 1990, 1999 e 2000. Começaria o século XXI na segunda divisão por onde permaneceu até 2003. Neste tempo fez nascer o Real Club, que sobreviria entre 1999 a 2003. O Nacional, que voltara as atividades na década de 1980, sobreviveu até 1984, embora sempre conservou seu patrimônio do Estádio Paranaíba, vendido há poucos anos.
Os primeiros anos deste século, foram anos dificeis para o Gigante do Vale, com três disputas na segunda divisão.
Com a mudança de governo nas eleições de 2004 e chegada de Zé Gomes ao governo municipal em 2005, esperava que logo o Gigante voltasse a impor no Campeonato Goiano, mas nos três campeonatos seguintes, o prefeito deu prioridade total para a gestão do município e só então em 2008, montou o projeto que levaria o clube ao título de campeão.
Preparou o Estádio JK  que foi reformado, trocou gramado, ampliou vestiário e contratou um técnico extremamente profissional, que esteve na corda bamba para ser demitido, mas deu a volta por cima e com competência levou ao clube ao lugar maior do futebol goiano. Paulo César Gusmão, que nunca vivera boas relações com Zé Gomes, conduziu o clube ao pódio.
O Gigante agora era sustentável com o projeto em parceria com o município e entidades sociais, que ajudavam na arrecadação de tributos e a torcida encheu o campo, sempre garantindo de 20 a 30 mil torcedores nos grandes embates, que teria o marco maior em 2009, quando o centro avante Ronaldo voltou as gramados, pisando na grama do JK em jogo da Copa do Brasil.
Os três melhores anos do Itumbiara seriam vividos no período entre 2007 e 2009, que foi terceiro colocado e corou com o título em 2008.
   O Gigante comemorando o titulo de campeão Goiano - abril de 2008
A partir de 2010, a equipe teria oscilações e voltaria a cair mais duas vezes, em 2010 e 2013, apesar de grandes investimentos. Voltaria a ter uma equipe que fazia jus ao nome de Gigante, quando disputou a segunda divisão em 2014 e revelou o jogador Bruno Henrique para o mundo, hoje no Santos. Foi a última revelação tricolor.
A equipe, ao contrário do Nacional, nunca ganhou a segunda divisão, mas sempre deu a volta por cima, ao contrário do Azulão do Sul, que não deu conta mais de voltar ao palco da maior competição estadual.
Nos últimos anos, apesar do esforço e dedicação do presidente Raul Jota Santos, que teve uma vida dedicada ao clube desde o primeiro ano em 1970 e foi presidente pela primeira vez em 1976, o clube respira com dificuldades e o Gigante já não assusta mais ninguém no Estádio JK. Sua luta sempre foi para não voltar a segunda divisão. Foi forte até hoje, mas o futuro apresenta muitas dificuldades para continuar sendo um Gigante.
Há dividas que teve origem no início do século, com um patrocínio mal sucedido, que tem que devolver ao município e gira em torno de R$ 300 mil, sendo que já foram pagos mais de R$ 180 mil. Algumas ações trabalhistas com origem em 2012, com descuido da parte juridica transitou em julgado e deve levar mais alguns milhares de reais do Tricolor. Nos últimos campeonatos, as receitas não foram suficientes para cobrir as despesas e novas ações trabalhistas poderão surgir.
O Patrimônio do clube é a torcida e a marca, além dos direitos federativos para disputar a Primeira Divisão do Campeonato Goiano, mas já não suficientes para cobrir o passivo, que está descoberto.
Precisa urgentemente de um planejamento estratégico para voltar a ser Gigante e continuar sobrevivendo na primeira divisão. Já não é um sonho de ser campeão, mas apenas de sobreviver e continuar na frente do Azulão do Sul.