As gerações de Itumbiara que nasceram nas décadas de 1960 e 1970, filhos do golpe militar de 1964, paradoxalmente tiveram uma infância livre que permitia andar pelas ruas da cidade em qualquer horário do dia pegando borboletas nas flores de margaridas e jogando bola de gude, enquanto a noite corriam pelas ruas com um pequeno tição para atrair vagalumes e colocar dentro de pequenos recipientes de vidro.
Podiam trabalhar em qualquer idade, ser repreendidos por qualquer deslize pelos pais e só conheceram drogas através dos jornais nos televisores preto e branco.
Vestiam roupas floridas de brim, vendiam laranjinha, picolés e engraxavam sapatos nas vias públicas. As economias serviam para ajudar nas despesas de casa e o que sobrava dava para comprar meia entrada para ir a um dos três cinemas da cidade no matinê de final de semana.
Os homens e mulheres desta geração, hoje são pais e avós que morrem de preocupação a cada hora que um filho ou filha tem que se deslocar para a escola ou para algum lugar para se divertirem no mais democrático dos sistemas políticos.
Já não se encontra borboletas nem margaridas nas ruas e nas noites frias da cidade, é uma grande aventura e desafio pela sobrevivência para quem se arrisca. Os vagalumes foram embora porque acabaram a vegetação e o que era belo e juvenil cedeu lugar ao medo e a morte.
Vive-se o reino das pedras, de jovens viciados perambulando pelas ruas e não há como punir qualquer deslize em família, que perdeu o comando para as drogas.
Abençoados quem consegue ver o filho longe do terrível mal, que desestrutura família e leva ao desespero pais e avós que vêm a morte cada dia mais perto daqueles que não conseguem um lugar para buscar a recuperação.
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