terça-feira, 8 de abril de 2014

A MORTE DOS FESTIVAIS DE MÚSICA EM ITUMBIARA

BEM-TE-VI E FEST SINHÁ FORAM REFERÊNCIAS EM FESTIVAIS DE MÚSICA NA CIDADE DE ITUMBIARA ATÉ O INÍCIO DESTE SÉCULO
Cine Walter Barra - palco do Festival Bem-Te-Vi

Na década de 1960 os festivais de música reuniam multidões e as pessoas torciam com muita vibração para seus artistas prediletos e músicas preferidas. A partir de 1965, foi realizado o primeiro festival de música popular brasileira e que seguiu nos anos posteriores, tendo a participação de cantores que se tornaram referência no Brasil  como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivan Lins e Milton Nascimento.
Com o sucesso dos festivais que nasceram em São Paulo, a Rede Globo também resolveu participar e organizava as eliminatórias do Festival Internacional da Canção que se realizaram por vários anos, até que acabar, fruto da didatura militar que reinava no início da década de 1970.
Em Itumbiara os festivais de música  chegaram com destaque a partir da década de 1980 com o "Bem-te-vi" organizado pelo então jornalista e também vereador Raussendil Borges, já falecido. O Festival era grandioso e atraía vários cantores regionais de destaque. O antigo Cine Walter Barra, localizado então na Praça da República foi o palco dos primeiros festivais,que depois com o crescimento foram para o Ginásio do Clube Recreativo de Itumbiara. Hoje, não existem nem os festivais, nem os locais que sediaram estes eventos. Com a morte de Raussendil, morreu também o grande festival. Um dos destaques daquela época, Valério Castejon, hoje atua como empresário de estúdio  e cantor gospel.
No final da década de 1990, alguns amigos que eram funcionários do grupo Caramuru na cidade de Itumbiara, entre eles Vanderlei Martins, Adriano Martins, Alex Voltagem e Silvinho idealizaram o Fest Sinhá de música popular brasileira, que conseguiu no final da década de 1990 e início do século XXI realizar alguns festivais. Foi ali que aconteceram as primeiras apresentações dos artistas Jorge e Mateus, que cantaram separados no II Fest Sinhá em 1999 e hoje estão entre os maiores artistas da música brasileira, do segmento denominado "sertanejo universitário". Vanderlei mudou-se para Belo Horizonte, Silvinho continuou empregado da Caramuru, Alex Voltagem seguiu carreira com sua banda e virou empresário de estúdio e o Adriano agora é funcionário público. Estava decretada a morte dos festivais de música popular brasileira em Itumbiara.
Neste século algumas iniciativas são feitas em segmentos como o estudantil, que ainda é de pouco alcance e o do SESI, realizado em algumas edições com eliminatórias aqui na região.
Alguns admiradores do rock tentam organizar alguns eventos, mas o que até então prevaleceu, é a realização anual de apresentações no Arraiá de artistas consagrados, sobrando algum espaço para alguns apresentações de artistas locais.

FESTIVAIS
A palavra festival vem do latim “ festivitas ”, que significa tanto ‘um dia de festa’ quanto ‘uma maneira engenhosa de dizer’. E essa maneira engenhosa faz-se muito presente nos festivais da década de 1960, precisamente pelo caráter crítico à ditadura militar vigente no período.


Exemplo emblemático é a música Para não dizer que não falei de flores ou ”Caminhando” de Geraldo Vandré, que até hoje é cantada nas passeatas e manifestações políticas, principalmente as da classe dos estudantes. Ela concorreu no 3º FIC, em 1968, pouco antes da vigência do Ato Institucional número 5 (AI-5), instrumento legal que decretou censura absoluta aos meios de comunicação e nas manifestações artísticas, sobretudo a música. De certa forma, o AI-5 decretou, também, o fim dos festivais.
A ação da censura durante o regime militar, como já foi visto, foi a grande responsável pelo declínio e fim dos festivais. Curiosamente, iniciou-se um período muito fértil na música brasileira, já que os compositores, diante da necessidade de “driblar” a censura, criaram inúmeras letras de fundo político traduzidas em metáforas poéticas. Mas logo no início do AI-5, a situação ficou insustentável. Chico Buarque, depois de preso e interrogado auto exilou-se na Itália. Caetano e Gil não tiveram a mesma sorte. Depois de presos um tempo, foram obrigados a abandonar o país, estabelecendo-se em Londres até que pudessem voltar.

2 comentários:

  1. Eu, Augusto Tôrres, o César Augusto Carvalho Soares (Filho da Dona Carminha), o Fernandez Carvalho Araújo (Filho do Waterloo Araújo) e o Wallace Dias Pontes (Filho do Godinho) concorremos no primeiro Bem-te-vi no Cine Walter Barra, não vencemos mas ganhamos o troféu de revelação do mesmo com o Quarteto Coruja. Nesse ano o "irmão" do Valério Castejon, se não me engano foi o segundo colocado, acredito haver um erro na matéria! Não tenho muita certeza mas o nome dele era Silvio Castejon.

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  2. Luis Antônio P. Almeida, Silvinho, Samuel Amaral, Delegado(irmão do Pericles), Eduardo P. Almeida, Valério Castejon, Ecinho Duarte. Fomos os primeiro participantes e concorrentes do primeiro Festival Bem-te-vi de Itumbiara. Éramos o grupo Paralelos do Ritmo, os primeiros a começar difundir o som ao vivo em Itumbiara... Bar do Jacaré, Toco da mangueira, etc. Saudades, grande abraço a todos.

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