quarta-feira, 5 de março de 2014

A INVISIBILIDADE DAS MULHERES DE ITUMBIARA

OPINIÃO
A comemoração anual do dia internacional da mulher em Itumbiara deve se resumir no próximo sábado em algumas mensagens no rádio e um programa dedicado as mulheres que se destacam em alguns segmentos.


Ensaio feito, nada de novo debaixo do sol em mais de cem anos de história, onde tudo que foi construído, atribui-se aos coronéis e chefes políticos, na perspectiva da historiografia tradicional, que atribui o poder e as realizações na figura de um estado e de seus governos, como se toda a vida resumisse nisso.

Em tempos onde as discussões evoluíram para análises em que o Gênero é considerado além da perspectiva da separação entre homens e mulheres com base biológica nas diferenças sexuais, as mulheres itumbiarenses ainda vivem sobre o discurso da dominação dos homens e da sociedade, que lhes reservam o papel da boa esposa, da mãe tradicional e da dona de casa.

A base do discurso de dominação dos homens é tão forte que em um desses programas, o presente dedicado a mulher era um ferro elétrico, reforçando o papel de dona de casa.

As mulheres homenageadas serão tratadas como a política esposa do fulano, a diretora esposa do político ciclano e com raras exceções, uma e outra será tratada pelos seus trabalhos na área de educação, uma das primeiras funções que foram dadas as mulheres no início do século XX para quem conseguia avançar além dos papéis de mãe e dona de casa. Quem ia longe, virava professora.

Alguém tem dúvida que no programa semanal vai aparecer a diretora de tal empresa ligada a um político, a uma professora ligada a educação e a uma política ligada a um homem político. É assim que as mulheres aparecem na sociedade itumbiarense.

Durante este século na vida de Itumbiara, as mulheres ficaram na invisibilidade. Primeiro serviram para a procriação nos tempos dos coronéis e com o avanço do tempo conseguiram avançar e trabalhar no campo da educação. Um mandato no Legislativo só foi obtido no final da década de 1960 e tinha por trás um político com prestígio local. Hoje nada diferente.

Muitas mulheres avançaram para outros papéis que vão além de mâe e dona de casa, mas continuam invisíveis, graças a um discurso e exercício da dominação dos homens e da sociedade, que veem o avanço das mulheres com certa desconfiança.

Quem ouvir as homenagens do sábado, vai perceber a voz de uma mulher, mas ela continua invisível, pois aparecerá como a mãe ideal, a dona de casa perfeita, a esposa que ajudou muito o político, a profissional que se destacou na educação, a fulana do fulano...

Algumas poderão até parecer que venceram o discurso de dominação e ocupam outros papéis pelos próprios méritos. Mera ilusão, só chegaram lá porque foram colocadas pelos dominadores.

Numa sociedade que nasceu nos tempos dos coronéis, a mulher itumbiarense ainda é invisível e não reconhecida como sujeito da história em Itumbiara.





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