sexta-feira, 21 de junho de 2013

O DIA EM QUE OS JOVENS DE ITUMBIARA FORAM PARA AS RUAS PROTESTAR

20 DE JUNHO FICARÁ MARCADO COMO O DIA EM OS JOVENS PINTARAM OS ROSTOS, ESCREVERAM EM SUAS CARTOLINAS SUAS QUEIXAS E SAIRAM PELAS RUAS COBRANDO MELHORES SERVIÇOS PUBLICOS E CONTRA A CORRUPÇAO

Jovens concentraram na Praça da República e saíram em caminhada pelas ruas de Itumbiara
Foto: Brasilaves Borges
 
 
Cerca de mil jovens participaram no início da noite desta quinta-feira das manifestações por melhores serviços púbicos e contra a corrupção no País.  Depois da concentração na Praça da República, os jovens caminharam por várias ruas de Itumbiara e terminaram os protestos na Avenida Beira Rio.
 
Não houve nenhum incidente durante os protestos e a caminhada foi acompanhada de perto pela Polícias que garantiu a segurança do evento sem intervir.
O calculo utilizado para a aglomeração foi estimado no espaço ocupado durante a caminhada - cerca de 400 m de extensão em rua que mede 10 m de largura, ou seja em 4.000 m2 foram ocupados por 1000 pessoas. Nas redes sociais cerca de 3500 pessoas confirmaram que estariam presentes.
 
Veja o relato de Adhilson Silva, um dos participantes:
Foto: Adhilson Silva
 
 
RELATO DA MANIFESTAÇÃO EM TODO TRAJETO
Olá queridos amigos! O que vocês verão a seguir não é uma matéria jornalística, mas visão e avaliação de quem esteve presente das 17h30 até as 21h35, ou seja, durante a duração do manifesto “Vem Pra Rua”.

Itumbiara viveu na noite de quinta-feira (20/06) um momento ímpar na sua história. Uma verdadeira multidão saiu às ruas para protestar contra o mau funcionamento do sistema público, administrati...vo e político de forma geral. Intitulado “Vem Pra Rua”, o movimento foi organizado por Gerson Cabral, Andre Luiz Alves Ribeiro, Sabrina Borsatti, Gabriel Arantes Pereira e Junior Marcelino, e vários outros e reuniu na Praça da República milhares de pessoas, na grande maioria jovens, estudantes, mas também representantes da classe intelectualizada. Representantes esses que, se não puderam manifestar, apoiaram o grito de repúdio da comunidade que clama por mais segurança, responsabilidade com o dinheiro público, investimentos e qualidade na educação e na saúde, gritaram “não” à corrupção, ao desvio de verbas públicas, ao superfaturamento de obras e eventos, à desigualdade social, gritaram contra a discriminação e à segregação, pediram qualidade no transporte público, dentre outros. Motivos não faltaram.

Fiz questão de percorrer todo o trajeto definido pela comissão organizadora junto à Polícia Militar. Ali, em meio à multidão, vi jovens em busca de um ideal, aprendendo como se constrói a democracia e exercendo o direito de cidadania. Tive que “segurar a franga” em muitos momentos para não me lançar em meio aos ativistas (confesso: cheguei até a gritar algumas palavras de ordem). Senti muito orgulho do que vi.

Circularam muitos comentários nas redes sociais dando conta de que haveria baderna, depredação, revolta. Mas não foi isso que vi. Essa noite histórica foi marcada pelo civismo. O recado dado às autoridades foi de que o gigante despertou, que o povo não está mais deitado em berço esplêndido. Assistimos o levante da massa intelectualizada e de milhares de jovens que estão determinados a construir uma sociedade, uma cidade e um país melhor. Não tratou-se de uma rebelião adolescente. O recado foi dado: o povo está insatisfeito. Cabe os gestores públicos e representantes repensarem sua atuação.

Mas falando da comissão organizadora: não tem o que falar. Foi show de bola, um movimento belíssimo pelo qual deixo aqui todo o meu reconhecimento. Parabéns!

Quanto à Polícia Militar, Nada precisa ser dito, mas vou dizer. O trabalho da PM foi fantástico, digno do mais sincero elogio, Coronel Adalberto Quixabeira participou de todo o trajeto. A Polícia Civil, ali representada pelo delegado regional Ricardo Chueire foi imprescindível para o sucesso do evento. O Grupo de Patrulhamento Tático não precisou entrar em ação em nenhum momento, mas sua presença em apoio ao evento foi grandiosa. O Ministério Público esteve representado pelo promotor Reuder Cavalcanti Motta, cujo apoio foi essencial e abrilhantou a manifestação que transcorreu pacificamente, bem o Corpo de Bombeiros. Tudo show de bola. A imprensa acompanhou tudo, cobriu e reportou cada momento e também merece os parabéns pelo esforço e empenho em acompanhar todo o movimento.

O COMEÇO

Depois da concentração na Praça da República, a multidão escoltada pela PM percorreu a Rua Marechal Deodoro até a Rua Benjamin Constant, de onde subiu até a Praça Sebastião Xavier. Ao passar pelo Hospital São Marcos, a multidão respeito a orientação da comissão organizadora que pediu silêncio. A marcha emudeceu e isso mostrou que o respeito marcaria a movimentação. A chegar na Rua Paranaíba, a marcha seguiu ao ponto de origem e ali seria encerrada, mas um grupo pediu que a marcha seguisse até a Avenida Beira Rio. A partir daí, o grupo definiu o seu itinerário e rumou para a Beira Rio contrariando o pedido da comissão organizadora. A Polícia Militar, de forma pacífica, montou barreira na porta da Prefeitura, impedindo que os manifestantes acessassem por ali a avenida que é cartão postal de Itumbiara. Os manifestantes desviaram o caminho e ao chegar no Colégio Instituto Francisco de Assis, rumaram pela Rua Padre Florentino até ganhar a Avenida Beira Rio. Temia-se pelos rumores que circularam nas redes sociais: depredação da estrutura montada para o Arraiá que terá início amanhã (22). Mas isso não aconteceu. A PM montou nova barreira na Avenida Beira Rio, nas proximidades do Espaço Arraiá. Nesse momento, um clima de tensão chegou a se estabelecer, mas logo foi contido com a apreensão de dois menores que insistiam em estourar bombinhas em meio à multidão.

Ânimos contidos, a Beira Rio foi liberada para que a manifestação prosseguisse.

Até aí não e sabia qual o destino da manifestação, já que a comissão organizadora havia dado por encerro o manifesto na chegada à Praça da República, alguns minutos atrás. Mas ainda assim, a comissão chamou para si a responsabilidade e acompanhou o novo trajeto, ora definido por grupos que tinham um destino claro, mas ainda não revelado. Notou-se aí uma interferência politiqueira. Mas tudo bem, seguimos em frente. A meio caminho, os manifestantes foram convencidos a retornar para o Espaço Arraiá e assim o fizeram. Logo em seguida, um grupo ativista convenceu os manifestantes a retornarem para a Praça da República. E assim, mais uma vez, o fizeram.

Tudo ia muito bem quando a energia elétrica na praça foi, propositadamente, interrompida. O temor era geral. Vai começar a quebradeira. Que nada! Os manifestantes iniciaram uma corrida rumo à Avenida Afonso Pena. Um veículo ficou preso no meio da multidão e alguns mais exaltados chegaram a chutar o veículo. Mas logo a situação foi controlada.

Sempre seguida pela Polícia Militar, a multidão fechou as duas pistas da Avenida Afonso Pena até a rotatória no Posto São João. Tomaram a direção da Rodoviária e, quando tudo indicava que dali seriam dispersados, os interesses politiqueiros insurgiram e incitaram os manifestantes que, driblando o esquema de segurança da Polícia Militar, conseguiram chegar à casa do prefeito e ali permaneceram por alguns minutos gritando palavras de ordem (reprovado pela comissão organizadora). Sem usar nenhuma força policial, os militares conseguiram dispersar os manifestantes que marcharam em blocos para a Avenida Beira Rio. Passaram mais uma vez pelo Espaço arraia, protestaram contra o gasto do dinheiro público em eventos festivos. Logo em seguida, os manifestantes caminharam até a rotatória da Avenida Beira Rio com a Rua Paranaíba e, dali, foram dispersando aos poucos.

Em todo esse trajeto, foi registrada apenas a apreensão dos dois menores e uma loja de calçados teve a vidraça apedrejada por uma manifestante que não foi identificado. Num movimento desse porte, é impossível impedir a atuação de um ou outro espírito de porco, mas nada que possa manchar o sucesso do manifesto.

Parabéns a todos os participantes!


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