terça-feira, 7 de maio de 2013

LIVRO SOBRE SANTA RITA DO PARANAÍBA




 
 

Nilson Freire
Nas barrancas
de Santa Rita
do Paranahyba
Jogos do poder em Itumbiara de 1830-2011
Goiânia
2011
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Copyright © 2011 by Nilson de Souza Freire
1. edição
Preparação de originais
Nilson de Souza Freire
Revisão
Eliane Nogueira
Arlete de Falco
Diagramação e arte-final
Marcus Lisita Rotoli
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação
Freire, Nilson de Souza
F866j Nas barrancas de Santa Rita do Paranahyba – Jogos do poder em
Itumbiara de 1830-2011. / Nilson de Souza Freira. - Itumbiara : Edição
do autor, 2011.
1. edição
197 p. ; 21 cm.
ISBN:
Bibliografia
1. História local. 2. Itumbiara – Política e governo. 3. Itumbiara – História - 1830-2011. 4. Itumbiara(GO). I. Título.
CDU: 94(817.3)
Bibliotecária: Rosiane Gonçalves de Lima Santana CRB/1-1684
Proibida a reprodução total ou parcial deste livro sem autorização do editor
(sanções previstas na Lei n. 9.610, de 20 de junho de 1998).
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Apresentação
Com a característica de quem busca o conhecimento por fruição, Nilson Freire faz em seu livro Nas barrancas de Santa Rita do Paranahyba: jogos do poder em Itumbiara de 1830 – 2011 um trabalho de resgate da história de Itumbiara, ao mesmo tempo em que faz um registro, por meio de dados estatísticos e relatos de história oral, da trajetória política e partidária da cidade, mesmo antes de sua fundação, até a atualidade.
Para tanto, ele fez um estudo bibliográfico das lideranças, procurando atingir todos os que por aqui atuaram, revelando dados importantes e – por que não dizer? – muitas vezes curiosos, que agora foram disponibilizados ao conhecimento de todos. Algumas vezes uma informação e outra se contradizem, cabendo ao leitor perceber que existem diferentes versões para um mesmo fato. O autor dá a ele, então, a oportunidade de concordar ou não com sua análise ou construir sua própria versão.
Dessa forma, sem a pretensão de fazer algo inédito, a intenção foi a de reunir, em ordem cronológica, um conjunto de informações integrando história nacional, estadual e local com o objetivo de compreender a história política de Itumbiara.
Neste sentido ele buscou, por meio de antigos moradores e/ou seus descendentes, depoimentos de pessoas que conviveram com essas realidades, considerando como documento histórico entrevistas, textos, reportagens, tabelas, quadros e material iconográfico, que são apresentados na íntegra ou parcialmente, trazendo relatos e informações que contribuíssem para a construção do conhecimento histórico.
Assim, os capítulos, ou partes como quis o autor, foram agrupados em períodos significativos no intuito de compreender esses processos que implicam continuidades, descontinuidades e rupturas, perpassando pela religiosidade, política, economia e sociedade do município.
Por fim, trata-se de um trabalho que certamente será muito útil a alunos, pesquisadores, professores, moradores, enfim a todos que se interessem pela história de Itumbiara.
Eliane Nogueira
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Sumário
Introdução ...........................................................................................................................11
Parte I
PORTO, ARRAIAL E FREGUESIA DE SANTA RITA: O PODER RELIGIOSO, 1830-1908 ..........15
1.1 – O Contexto Histórico do Período de Povoamento ...............................................15
1.2 – A Origem de Itumbiara nos Livros de História ....................................................20
1.3 – A Entrada do Sargento-Mor Antônio Eustáquio em 1810 ..................................23
1.4 – As Origens na Visão de um Religioso ....................................................................24
1.5 – A Passagem de Cunha Mattos pela Província de Goyaz ......................................27
1.6 – Cronologia do Período Imperial em Santa Rita do Paranahyba .........................29
1.7 – Porto de Santa Rita do Paranahyba: Marco Zero ..................................................31
1.8 – Freguesia de Santa Rita do Paranahyba .................................................................32
1.9 – A Visão dos Viajantes ...............................................................................................32
1.10 – Povoados e Distritos das Villas de Santa Cruz e Morrinhos .............................33
1.11 – Líderes de Santa Rita no Período Imperial ..........................................................34
1.12 – Marcos Históricos do Período ...............................................................................35
Parte II
SANTA RITA INDEPENDENTE: O PODER DOS CORONÉIS, 1909-1930 .......................39
2.1 – A Santa Rita dos Coronéis .......................................................................................39
2.2 – Cronologia do Poder na Velha República em Santa Rita do Paranahyba .........45
2.3 – O Sistema Político da Velha República ..................................................................48
2.4 – O Poder dos Conselho Municipal e o Intendente ................................................49
2.5 – A Construção da Ponte Afonso Pena .....................................................................52
2.6 – A Ascensão dos Intelectuais em 1927 ....................................................................55
2.7 – A Revolução de 30 e o Fim da Política ...................................................................56
2.8 – Líderes de Santa Rita do Paranahyba na Velha República ...................................60
2.9 – Marcos Históricos do Período .................................................................................62
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Parte III
SANTA RITA DAS INTERVENÇÕES: O PODER DOS INTERVENTORES, 1930-1946 ...........65
3.1 – Contexto Político do Período de Vargas no Brasil ................................................66
3.2 – A Política Goiana no Governo Ludovico ...............................................................68
3.3 – A política em Santa Rita do Paranahyba nos Tempos de intervenções .............70
3.4 – Prefeitos Nomeados no Tempo dos interventores ................................................72
3.5 – A Transição de Santa Rita do Paranahyba para Itumbiara ..................................73
3.6 – O Fim dos Grandes Líderes .....................................................................................74
3.7 – Marcos Históricos do Período .................................................................................75
Parte IV
ITUMBIARA URBANIZADA: O PODER DO CAMPO E DA CIDADE, 1947-1964 ..........79
4.1 – Eleições em Itumbiara de 1945 a 1964 ...................................................................79
4.2 – Conjuntura Política no Período ..............................................................................80
4.3 – A Política em Itumbiara ...........................................................................................82
4.4 – Os Partidos Políticos Nacionais ..............................................................................83
4.5 – A Voz da UDN e dos Fazendeiros ..........................................................................84
4.6 – As Porteiras e os Cartórios ......................................................................................86
4.7 – O PSD e os Comerciantes ........................................................................................88
4.8 – Itumbiara da Educação e da Agricultura ...............................................................89
4.9 – A primeira Câmara Municipal ................................................................................90
4.10 – A Rodovia BR 153 ...................................................................................................91
4.11 – Líderes do Período ..................................................................................................92
4.12 – Marcos Históricos do Período ...............................................................................93
Parte V
ITUMBIARA DA ARENA E DO MDB: O PODER MILITAR, 1964-1988 ...........................97
5.1 – Os Homens da Ditadura em Itumbiara: o Fim do Poder ....................................99
5.2 – Eleições Indiretas em Goiás ..................................................................................102
5.3 – A Criação da Diocese de Itumbiara .....................................................................103
5.4 – A Morte de Modesto de Carvalho .......................................................................104
5.5 – Os Líderes do Período Militar em Itumbiara .....................................................105
5.6 – Marcos Históricos do Período ..............................................................................106
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Parte VI
ITUMBIARA DE PORTEIRA ABERTA: O PODER DO VOTO, 1989-2011 .....................111
6.1 – Contexto do Período da Redemocratização .......................................................113
6.2 – Conjuntura Política da Nova República ..............................................................118
6.3 – Goiás Depois da Abertura Política ......................................................................121
6.4 – Itumbiara em Tempos de Pluripartidarismo ......................................................124
6.5 – Líderanças do Século XXI em Itumbiara ............................................................135
6.6 – Marcos Históricos do Período ..............................................................................140
Parte VII
ITUMBIARA HOJE: O PODER DE TODOS, 2011 ...........................................................143
7.1 – Itumbiara, a Sétima Economia de Goiás .............................................................144
7.2 – As Forças Políticas em 2011 ..................................................................................146
7.3 – Fluxograma do Poder em Itumbiara ...................................................................148
7.4 – Os Partidos Políticos em Itumbiara .....................................................................154
7.5 – Os Maiores Líderes de Itumbiara .........................................................................156
7.6 – Marcos Contemporâneos ......................................................................................159
7.7 – Atualidade ...............................................................................................................166
Considerações finais .......................................................................................................171
Referências .......................................................................................................................175
Listas de figuras, tabelas, quadros e siglas .................................................................179
Anexos ..............................................................................................................................185
Anexo A – Mapa do Poder em Itumbiara ....................................................................185
Anexo B – Resultado das Eleições .................................................................................190
Anexo C – Significado dos Símbolos Municipais .......................................................194
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Introdução
O papel do historiador é chegar sempre mais perto da verdade dos fatos passados buscando, através de suas observações e estudos, investigar outras fontes disponíveis, fazendo re(interpretações) do passado, questionamentos e chegando também a outras respostas.
Partindo do conceito de que a História é o estudo das ações humanas no passado e no presente, tem-se aqui uma viagem no tempo, com vários pontos de vista, narrativas e testemunhos, que busca compreender e conhecer a trajetória política de Itumbiara sem a pretensão de ser uma verdade pronta e acabada, pois a história "é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de agoras".1
O avanço historiográfico só é alcançado quando passamos a duvidar da verdade estabelecida e a não dar crédito a tudo que se diz história, considerando a crítica como método histórico2; assim o estímulo ao senso crítico constitui uma ferramenta de construção do conhecimento histórico, dando ao leitor condições de fazer sua própria análise sobre os fatos.
Novos pesquisadores virão e novas verdades serão (re)descobertas, num processo dialético em que as informações se cruzam, moldam-se, adaptam-se, chocam-se para, por fim, superarem-se diante de novos contextos. Foi assim com a história do mundo, é assim com a história do Brasil e não será diferente com a história de Itumbiara.
Quando se ouve falar sobre a história de Itumbiara, vem logo a resposta pronta que foi fundada por Marechal Cunha Mattos em 1824 e que seu nome significa "caminho da cachoeira"; todavia, documentos que poderiam comprovar esse fato como
1. BENJAMIN, Walter. Sobre o Conceito de História. In: ______. Magia e Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. p 229.
2. O método crítica histórica foi proposto por Marc Bloch e Lucien Febvre baseava-se em operações analíticas do método histórico tradicionNota de rodapéal questionando a veracidade de documentos como local, data, autenticidade, autoria , conteúdo dos textos com a finalidade de verificar até que ponto são críveis as afirmações contidas no documento. CARDOSO, Ciro Flamarion S. Uma Introdução à História. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1990. pp. 7-64.
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verdade são inexistentes. De repente, pode ser que Cunha Mattos nunca tenha passado por aqui e que na língua tupi-guarani, para ser caminho da cachoeira, Itumbiara deveria chamar-se "Itutape".
Nesse sentido, essa obra pretende disponibilizar outras informações através do jogo de Poder, sobre fatos políticos que ocorreram aqui nas barrancas do Paranaíba, para que o leitor chegue à sua própria história de Itumbiara.
Com uma estrada nova entre Uberaba, em Minas Gerais, e Silvânia, em Goiás, o Porto de Santa Rita do Paranahyba e a construção da primeira Capela de Santa Rita de Cássia, assim começa Itumbiara. Cunha Mattos "pode" ter apresentado o projeto em 1830 à Assembleia Provincial, já que foi eleito deputado provincial em 1825, exercendo o mandato a partir de 1826, e sendo reeleito em 1830. Daí foi instalado um posto de arrecadação imperial, houve a doação de terras em 1842, a Capela de Santa Rita e muitos anos de dependência, ora de Santa Cruz, ora de Morrinhos. Isso é assunto a ser discutido na primeira parte.
Uns dizem que foi Cunha Mattos quem fundou Santa Rita do Paranahyba, mas quem doou terras foi Joaquim Bernardes da Costa, Joaquim Guardiano... E antes deles a principal doação de terras, segundo um cônego que esteve por aqui entre 1905 e 1917, foi a de João Rodrigues, doada para a construção da Capela de Santa Rita. Quem foi o verdadeiro doador e fundador? Fica a critério do leitor a conclusão sobre as versões da fundação.
Da mesma forma, o nome Itumbiara pode ser "cachoeira da caça" e não "caminho da cachoeira", já que há não qualquer comprovação de estudiosos da língua tupi-guarani de que o topônimo Itumbiara signifique o que até então vem sendo divulgado. Uma das hipóteses sobre quem teria o nomeado a cidade é Manoel Gabinatti, o mesmo que deu o nome a Goiatuba e esse nome não significa nada.
Nos documentos oficiais predomina a versão de que o nome Itumbiara foi dado pelo engenheiro mineiro Ignácio Paes Lemes, que, junto com outro mineiro, Fernando Vilela, construiu uma estrada saindo de Uberlândia até Santa Rita do Paranahyba e desta cidade até Cachoeira Dourada, dando o nome a esta estrada de Itumbiara, o mesmo que seria dado à cidade de Santa Rita do Paranahyba. Em concurso realizado em 22 de abril de 1934 pelo jornal "O Comércio" constatou-se que o povo queria Ritlândia, que obteve 945 votos ou Jussara com 326 votos, mas o resultado foi ignorado pelo interventor da época.
Na minha convicção, o nome deve-se ao interventor chamado José Gomes de Lima, que veio lá das bandas de Jataí. Esse interventor deu à cidade o nome de Itumbiara de maneira unilateral, seguindo a cartilha do Presidente Getúlio Vargas, que em
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1938 decretara a mudança de nomes de cidades que tinham outros iguais. Mas isso é assunto para a terceira parte, nos tempos da intervenção.
Pe. Félix mandou, Jacintho Brandão também. Cel. Sidnei Pereira de Almeida chegou ao Poder, mas perdeu para Luiz Barreto Correia Menezes Júnior. Chegaram Sebastião Xavier e Orestes Borges Guimarães. Depois Ataíde Rodrigues Borges reinou sozinho. Modesto de Carvalho surgiu rápido e Radivair fechou um ciclo. Após a abertura política tivemos ainda Luiz Moura e agora reina Zé Gomes da Rocha.
Assim foi passando o Poder de mão em mão ou de família a família e muito pouco por escolha do povo. No voto direto, Ataíde Rodrigues Borges, que passou pelos partidos UDN/ARENA/PDS, foi prefeito por oito anos, ficando à frente de Dr. Luiz Moura PDC/PSDB, que reinou em Itumbiara por 7 anos, 9 meses e 28 dias. Zé Gomes da Rocha, do PMDB/PP, já está no Poder executivo há 6 anos, seis meses e seis dias (06/07/2011). Cel. Sidney Pereira de Almeida ficou muito tempo, entre 1910 e 1926, e depois da Revolução, entre 1932 e 1935 no Poder, mas sempre através da força dos coronéis e dos Caiados. Quando ganhou uma eleição, esta foi anulada e o médico Carlos Santos, declarado vencedor.
Dessa maneira, esse estudo está estruturado em sete partes, em que se demonstra a formação do cenário político de Itumbiara, assim distribuídas: na primeira parte, verifica-se um longo período em que domina o Poder religioso atuando ao lado do Império, organizando e fazendo funções do Estado. Na segunda parte encontramos Santa Rita emancipada, dando início aos tempos de comando da cidade pelos coronéis ligados aos Caiados no Governo do Estado. A terceira parte mostra que Santa Rita do Paranahyba ainda não é do povo e continua sob as mãos dos interventores nomeados por Pedro Ludovico.
Em seguida, na quarta parte acontece o nascimento de Itumbiara no jogo político e na disputa pelo Poder entre homens ligados ao campo e a UDN disputando com os apoiadores de Pedro Ludovico ligados ao comércio e ao PSD. A quinta parte aborda o jogo político durante a Ditadura Militar quando os Udenistas migram para a ARENA continuando a briga partidária contra o MDB, contrário ao Regime Militar. A sexta parte traz um novo ator no jogo político, chegando aos tempos atuais do pluripartidarismo, no qual o eleitor participa ativamente da escolha dos governantes. Por fim, a última parte procura mostrar Itumbiara hoje em seus aspectos econômicos e em sua representatividade no Estado de Goiás.
 
De Pe. Félix a Zé Gomes da Rocha, todos os jogos do Poder nas terras de Santa Rita de Cássia, do Paranaíba e de Itumbiara. Uma viagem no tempo da força da religião, dos coronéis, da ditadura e finalmente do voto.
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