segunda-feira, 29 de julho de 2013

HISTORIAS DE ITUMBIARA - PARTE 2 - ALBERTO NÃO QUIS DISPUTAR ELEIÇÃO

LUIZ MOURA CONVIDOU, MAS ALBERTO DA CARAMURU NÃO QUIS DISPUTAR A PREFEITURA DE ITUMBIARA
Alberto Borges, presidente Grupo Caramuru

José Márcio Margonari narra uma passagem durante a escolha do sucessor de Luiz Moura:

Bem ao seu estilo, em março de 92, numa manhã de sábado, chega à minha residência, no Bairro Nova Aurora, o prefeito Luiz Moura, que após um rápido café, diz: vamos comigo convidar o nosso candidato a prefeito. Ao sair per­guntei quem seria o convidado e ele responde, toca para a casa do Alberto da Caramuru, pois ele será o nosso candidato. Já na avenida Beira Rio, perguntei se eles haviam discutido esse assunto alguma vez. O prefeito respondeu que não e que seria para o Alberto uma grata surpresa!!! Estacionado na frente do Edifício Beira Rio, eu disse: prepare-se para outra surpresa, pois acho que o Alberto não aceitará seu convite, sabemos que o Grupo Caramuru está em franca expansão, realizando grandes investimentos... prepare-se para um não. Luiz Moura convicto da aceitação ainda disse: quem não quer ser prefeito de Itumbiara? Muitos lutam para ser e poucos conseguem, e o Alberto sabe que com o meu apoio e seu prestígio, Poderá ser até candidato único...

Subimos até o apartamento do Alberto, e ele educadamente nos recebeu e após as conversas de praxe, o prefeito Luiz Moura, falou do processo sucessório e após evidenciar algumas virtudes do Alberto, fez o convite para que ele fosse candidato a prefeito. De forma serena, polida e com um sorriso acolhedor, mas com muita segurança e firmeza, respondeu ao prefeito que não Poderia aceitar o honroso convite, uma vez que estava muito comprometido com a expansão do Grupo Caramuru, não só em Itumbiara, mas em outros municípios, que ainda não Poderia afastar do cotidiano da empresa, e que esse trabalho seria também muito importante para nosso município e para Goiás.

Luiz Moura tentou novos argumentos, porém Alberto manteve a mesma calma e decisão de não aceitar o convite. Cumprida a tarefa, depois de alguns lamen­tos do prefeito Luiz Moura, nos despedimos de Alberto que nos acompanhara até o hall de saída do edifício, e ao chegar ao carro, o prefeito pediu que eu dirigisse para o estacionamento, próximo à antiga Skalla Pizzaria.

Depois de um breve silêncio, Luiz Moura iniciou algumas considerações, quan­do afirmara que o Augustinho Barcelos e o João Cardoso, estavam trabalhando para que o Celso Cardoso fosse o candidato e que de maneira precipitada, ele Luiz Moura, havia manifestado simpatia e que Poderia apoiá-lo para prefeito. Luiz Moura entendia que se o Alberto aceitasse a candidatura, tudo estaria resolvido, uma vez que ninguém iria questionar e não haveria disputa interna.

Com a negativa do Alberto, ele ficou muito preocupado, passando a analisar cada uma das possíveis candidaturas: vejo a candidatura do Celso Cardoso muito complicada, uma vez que ele não é popular e falam muito dos “Cardoso”; já o Dr. Celso Santos é como um irmão, porém não é político, pouco conhecido e é muito teimoso; a Dona Carminha adotaria uma gestão parcial, direcionada exclusivamente para a educação, esquecendo de outras áreas importantes para a comunidade, como: saúde e obras de infraestrutura, dentre outras; o Dr. Ciro tem larga experiência, mas acho que sua esposa não vai concordar de maneira nenhuma. Fez mais uma breve pausa e disse, estou pensando que vamos definir como candidato a prefeito, uma pessoa que atualmente, coordena a gestão, que tem uma família numerosa e de credibilidade, que nunca foi candidato, mas, terá boa aceitação, tem um apoio importante da educação e com o apoio da administração não terá dificuldade em vencer as eleições. E numa afirmação onde jamais pensava ser contestado, disse: essa pessoa é você, José Márcio... Em poucos segundos, tomei uma das mais complexas decisões de minha vida, quando disse ao prefeito que estava muito honrado com a lembrança de meu nome para a perspectiva de exercer duas tarefas tão desafiadoras, primeiro ser candidato e, em vencendo as eleições, administrar uma cidade com grandes expectativas e carências.

Porém, desprovido de vaidade e ambição, disse ao prefeito que não me consi­derava preparado para o desafio, e que, Itumbiara precisava de um gestor que conhecesse melhor o setor público, com maior experiência e grande articulação política local, estadual e nacional. Foi o segundo Não recebido pelo prefeito Luiz Moura naquela manhã de sábado! Em sua argumentação, me disse ape­nas: temos que escolher logo o candidato, voltamos a falar durante a semana.

Retornamos às atividades da semana com a tradicional caminhada, às 05h00 da manhã, de Itumbiara até a venda do Sr. Wilson de Paula, no Bom Jardim, e no caminho ele me perguntou se eu havia pensado melhor sobre o convite por ele formulado, tendo a ele respondido que havia confidenciado a minha esposa e que juntos tínhamos a convicção de que eu não deveria aceitar o convite. Ao passarmos pela ponte do ribeirão Santa Maria, filosofou: está vendo aquela água? Passa debaixo da ponte e não voltará mais, você pode estar perdendo a única chance de ser prefeito de sua cidade... Foi um dura­douro silêncio, quebrado bem próximo à Venda, quando em tom grave deter­minou: marque um café amanhã, com o Dr. Ciro, precisamos definir logo essa candidatura. Ao retornar para o Gabinete, liguei para o Dr. Ciro marcando o café para a tarde do dia seguinte, no que fora de pronto aceito. Ao chegarmos a sua residência no Village Beira Rio, Dr. Ciro nos recebeu e Dona Aninha preparou um café muito especial com variadas e apetitosas quitandas. To­mamos o café e o prefeito Luiz Moura falou do processo sucessório, e que, a cidade precisaria de um candidato com o perfil do Dr. Ciro e que ele estava ali para convidá-lo para ser o candidato a prefeito..., Dr. Ciro respondeu que ficava honrado com o convite, mas, que o prefeito deveria saber a opinião da sua esposa..., ato contínuo Dona Aninha disse, “fico feliz em recebê-los para um amigável café, porém assunto de candidatura não teria jamais minha concordância, sugerindo que procurássemos outra pessoa porque não existia argumento que a fizesse concordar”.

A partir dessa realidade o prefeito Luiz Moura procurou o Dr. Celso Santos e o convidou para ser o candidato, e esse sem muito entusiasmo aceitou o desafio. Sem maior convicção, Luiz Moura passou a divulgar a possível candidatura de seu Secretário da Saúde. Sabedores da insegurança demonstrada pelo prefeito, o grupo que pensava lançar Celso Cardoso voltou a pressionar e articulou o pré-lançamento da sua candidatura, sugerindo que Celso Santos fosse o can­didato a vice-prefeito na chapa de Celso Cardoso. O prefeito Luiz Moura con­cordou, conversou com seu grupo político que em parte foi resistente, porém diante da “aceitação” do candidato Celso Santos em ser vice de Celso Cardoso, o grupo concordou em fazer o lançamento das pré-candidaturas. Essa chapa durou uma semana, isso porque à medida que os candidatos passaram a visitar os órgãos públicos, a sociedade civil organizada... ficou nítida a resistência à candidatura de Celso Cardoso. Diante dessa realidade, foi organizada sob a liderança de aliados como, Dona Carminha, Sidney Pereira, Duílio Amaral, Japão, dentre outros uma manifestação na frente da residência do prefeito Luiz Moura, exigindo que o candidato a prefeito fosse o Dr. Celso Santos, que segun­do o grupo era muito mais preparado para o exercício do mandato de prefeito.

No dia seguinte Luiz Moura discutiu o assunto com alguns aliados políticos e anunciou que o candidato a prefeito por ele apoiado seria de forma definitiva, seu Secretário de Saúde, Dr. Celso Santos. Magoados com a mudança, o grupo que defendia a candidatura de Celso Cardoso afastou das articulações e deci­diram que ele não aceitaria compor a chapa majoritária. Depois de algumas consultas, foi apresentado o nome do funcionário do Banco do Brasil, Mozart Fialho para ocupar o cargo de candidato a vice-prefeito na chapa com Celso Santos.

Em 92, a disputa para prefeito contou com as candidaturas de Celso Santos, Radivair Miranda, Waterloo Araújo e Marquinho Durão. Numa época de cam­panha com grandes comícios, shows artísticos (presença diária do Grupo Nor­destino “Manoel do Coco e sua Gente”), programa eleitoral no rádio e voto em cédula de papel, com o apoio da máquina municipal e com a enorme aprova­ção do Governo Luiz Moura, o povo elegeu, com uma diferença de aproxima­damente 5.000 votos, para o mandato de 93 a 96, os candidatos da Coligação “A cidade em boas mãos”, Dr. Celso Santos e Mozart Fialho.

Identificado como Governo de continuidade, Dr. Celso manteve quase toda equipe de assessorava o ex-prefeito Luiz Moura, procurando, também manter a rotina de trabalho do governo anterior.

Passados alguns meses, o prefeito Celso Santos implementou algumas mudan­ças na equipe e que objetivava estabelecer algumas marcas na sua maneira de administrar, passou também a estabelecer um diálogo com o Governador Íris Rezende, principalmente através do seu irmão, Secretário de Governo Otoniel Machado. Tais atitudes levaram a um descontentamento do ex-prefeito Luiz Moura, provocando inicialmente um distanciamento e posteriormente, com a filiação do prefeito ao PMDB do Governador Íris Rezende, ao rompimento po­lítico entre o prefeito e o ex-prefeito.

Nas eleições de 1994, Luiz Moura saiu candidato a Deputado Federal, sendo agora seus aliados e como candidatos a Deputado Estadual, Waterloo Araújo e Paulo Serrano. Todos apoiavam Fernando Henrique para presidente e Lú­cia Vânia a Governadora. O prefeito Celso Santos apoiou Fernando Henrique, Maguito Vilela para Governador, Íris Rezende para Senador e José Gomes para Deputado Federal.

 

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