domingo, 2 de agosto de 2020

AS DEZ MARAVILHAS DE ITUMBIARA - QUARTA, A ORLA DO RIO PARANAÍBA

AVENIDA BEIRA RIO - TORRE DO FAROL - PRAÇA DAS ÁGUAS
   Orla do Rio Paranaíba - a partir da Torre do Farol

Autoria do Projeto: Fernando Teixeira Arquitetos associados em parceria com Barbieri & Gorski Arquitetos Associados

 

A orla do Rio Paranaíba é o elemento referencial urbano da cidade de Itumbiara. Porém, o tratamento urbanístico e paisagístico existente até 2006 não valorizava suas qualidades, fazendo-se necessária uma intervenção para que a população se apropriasse do lugar com mais frequência.

Dessa forma, procurou-se identificar alguns elementos referenciais que marcariam o lugar, como: um farol, um Centro Gastronômico, um repuxo d’água dentro do Rio e um deck para atividades náuticas. Integrando esses elementos referenciais foram projetados percursos com passeios apropriados para exercícios aeróbicos e estações de ginásticas, além de praças, repuxos d’água, playground, skates, esculturas e pérgolas.

Além dos aspectos de lazer e recreação, foi desenvolvido uma atividade de educação ambiental relacionada com a água na  Praça da Água. A atividade de educação ambiental será completada com um passeio de barco, que se tornará a grande atração turística da cidade.

O projeto de revitalização da orla foi desenvolvido por uma equipe composta de urbanistas, arquitetos e arquitetos paisagistas junto à secretaria municipal de planejamento do município no período de 2005 a 2006. O projeto partiu da decisão da Prefeitura Municipal, de recuperar, no âmbito de seu território administrativo, o rio e sua orla. Este movimento gerou ainda uma negociação da prefeitura de Itumbiara com a administração estadual de Minas Gerais no sentido de criar um parque estadual na margem direita do rio, mineira, e que integra atualmente uma fazenda de propriedade privada, que apresenta um potencial paisagístico de grande interesse para a cidade de Itumbiara e região.

A Avenida Beira ria já contava em 2005 com uma emenda de R$ 910 mil para a revitalização. O projeto seria iniciado em 2006 com a conquista de uma emenda de bancada de R$ 9,8 mi e a obra seria entregue no centenário da cidade em 2009. Uma renomada equipe de arquitetos foi contratada para fazer o projeto em 2006.

Planejamento e arquitetura paisagística

Local

Itumbiara – Go

Ano do Projeto

2005/2006

Autores

Arqª. Maria Cecília Barbieri Gorski
Arqª. Maria Cecília Martins Souza
Grupo Quatro Arquitetura

Memorial Descritivo

Projeto de recuperação de um trecho da orla do Rio Paranaíba, em Itumbiara-Go. Resultou na criação de um parque linear, visando a apropriação dessa área pela população conectando-a com o rio.

 

 

 A BEIRA RIO NA HISTÓRIA

               Segundo pesquisa de estudantes do curso de História da UEG, Davi Siqueira, Minéia Catalogo e da Professora Ivonilda Lemes, a discussão sobre a construção da Avenida Beira-Rio ocorreu desde 1955 na Câmara Municipal, mas coube a Modesto de Carvalho dirigir como prefeito a execução do projeto em seu governo entre 1973 e 1976. Logo depois, no governo seguinte de Radivair Miranda Machado, novos investimentos no paisagismo da Avenida foram realizados. Modesto de Carvalho era o prefeito do município quando da inauguração em 12 de outubro de 1976.

Já em 1997, depois de mais de 20 anos da construção, o Governo Cairo Batista fez a primeira intervenção na Avenida desde o Ribeirão Água Suja até o Ribeirão Trindade. A obra foi inaugurada em 12 de outubro de 1999.

            Durante o governo Luiz Moura (PSDB), a obra teve mais uma etapa com pouco mais de 500m.  É justamente neste local que foi construído o farol.

Por meio de uma emenda da bancada parlamentar goiana de mais de R$ 11 milhões, o governo José Gomes da Rocha completou o trecho do calçadão ao longo de 2km da orla do Paranaíba.


OBJETIVO DO PROJETO

O município de Itumbiara está inserido na bacia hidrográfica do rio Paranaíba, integrante da Região Hidrográfica Paraná-Paraguai, tendo o rio Paranaíba como seu corpo hídrico principal, que banha a região sul da cidade definindo a divisa dos estados de Goiás e Minas Gerais. A bacia do Paranaíba apresenta grande potencial energético, sendo que uma das usinas acionadas por suas águas, a de Furnas, se localiza no município de Itumbiara. A bacia vem sendo impactada pelas usinas hidrelétricas; por atividades agropecuárias que poluem as águas; pelos efluentes não tratados, ou não devidamente tratados de atividades industriais, domésticas, de mineração e de depósitos de resíduos sólidos urbanos; pelo desmatamento de suas margens e p e pela drenagem urbana que resulta dos altos índices de impermeabilidade do solo. A cidade de Itumbiara, cuja população é de aproximadamente 86.500 habitantes, dos quais 95% na zona urbana, apresenta forte ligação com o rio, que a qualificando em termos de identidade e de condição paisagística. A orla do Paranaíba é apropriada pela população principalmente para atividades esportivas, de recreação e lazer. Muito da atratividade turística da cidade de Itumbiara está relacionada ao rio, como a pesca, as atividades náuticas e a tradicional procissão fluvial de Nossa Senhora das Graças, no segundo domingo de agosto. O Rio Paranaíba é um marcante elemento referencial urbano, comprimido pela área urbanizada. A avenida Beira Rio, implantada ao longo da orla do rio vem recebendo edificações que tendem a “sufocar” sua área de domínio. O projeto de revitalização da orla (a ser apresentado em etapa posterior), além de atender à demanda funcional, propôs-se a estabelecer alguns elementos referenciais na paisagem urbana, tanto para o usuário de terra quanto para o usuário da água. METODOLOGIA E INFORMAÇÕES UTILIZADA S - O projeto de revitalização desenvolvido estruturou-se metodologicamente a partir dos parâmetros do Plano Diretor, das demandas explicitadas pela população em seminários e das exigências da legislação das APPs de cursos d’água. No capítulo do Plano Diretor que trata dos recursos hídricos e meio ambiente, esta preocupação aparece: “Por outro lado, a bacia vem sofrendo intenso processo de antropização sem observância de princípios de sustentabilidade, o que vem determinando acelerada degradação ambiental... Para reverter os danos oriundos desta condição, é necessário o planejamento e a gestão integrada dos recursos ambientais, em especial da água, tendo a bacia hidrográfica como unidade básica de gestão. A região necessita também de recuperação do passivo ambiental estabelecido.” “Meio Ambiente, Diretriz - 1: Valorizar, recuperando e protegendo, os recursos naturais e o patrimônio construído. A população de Itumbiara nas diversas reuniões demonstrou preocupação com a ação do homem sobre o meio ambiente, principalmente, com a poluição crônica de suas águas superficiais e com a destruição de sua vegetação natural. Esta preocupação da sociedade estabelece para o Plano Diretor a dimensão cultural com respeito à sustentabilidade ambiental. Este fato determina que as ações propostas em favor do meio ambiente não poderão ser somente restritas à sua proteção. O Plano Diretor, ao contrário, propõe ações transversais relativas à habitação, desenvolvimento econômico, mobilidade e novas urbanizações. São, portanto domínios setoriais que deverão respeitar o meio ambiente na forma proposta pelo eixo estratégico do meio ambiente.”

O Plano Diretor indicou a revitalização da orla e a recuperação das águas do Paranaíba como um projeto especial, levando em conta o resultado dos seminários e debates realizados com os representantes da sociedade civil presentes às reuniões para sua elaboração, ocasião em que detectou-se nitidamente a importância do rio como o marco de identidade urbana, Ao dar início ao projeto, de posse de levantamento planialtimétrico e fotos aéreas, e em visitas de reconhecimento, verificou-se que área existente entre o leito do rio e a avenida Beira Rio apresenta declividade variável, sem remanescentes da mata ciliar original, com a presença de vegetação arbórea disposta em manchas esparsas e forração de gramíneas. Nos trechos mais planos havia a presença de algumas edificações invadindo as áreas de APP. A intervenção proposta previu a remoção destas edificações, respeitando os parâmetros definidos pela APP que balizaram o desenvolvimento do projeto ao estabelecer os limites de permeabilidade do solo na faixa lindeira ao rio e a característica dos equipamentos possíveis de serem implantados. PRINCIPAIS QUESTÕES - As definições estritas das APPs: - orientam as diretrizes projetuais, porém não asseguram a proteção dos corpos d’água se não houver um envolvimento das políticas públicas e dos órgãos responsáveis pela administração pública no cumprimento de fiscalização eficiente evitando invasões ou desmatamento; - não garantem vitalidade a esta áreas, não previnem o seu abandono (que gera temor aos usuários potenciais e que acabam por não freqüentá-las); - não apresentam, por si só, a necessária flexibilidade e grandeza no acolhimento de propostas que abarquem a peculiaridade de cada lugar, prendendo-se a regras e minúcias muitas vezes restritivas ao potencial do projeto. “...a reabilitação ambiental das APPs urbanas deve ter como princípio fundamental a criação de um sentido de lugar, de um espaço onde é possível exercer a cidadania, privilegiando projetos e desenhos urbanos que estejam interrelacionados aos processos naturais dos rios e dos sistemas de áreas verdes. Assim é possível conciliar a promoção da qualidade de vida à conservação dos recursos naturais.” (SERVILHA, E.R., RUTKOWSKI E.W., DEMANTOVA G.C., FREIRIA R.C. 2006, p.5 e 6) REFLEXÕES - A legislação é um marco regulatório de extrema importância na valorização da qualidade ambiental e na busca de um desenvolvimento urbano equilibrado. No entanto, a conquista efetiva da requalificação dos espaços urbanos integrados ao patrimônio ambiental se dará a medida em as diversas instâncias de decisões se articularem visando ao avanço na gestão do desenvolvimento ambientalmente responsável.

Maria Cecília Barbieri Gorski - gorski@ajato.com.br Arquiteta e urbanista pela Universidade Mackenzie - São Paulo, formada em 1976. Cursando o Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie a partir de fevereiro de 2006. Sócia diretora desde 1981 da Barbieri & Gorski Arquitetos Associados S/C LTDA, especializada em projetos de lazer e arquitetura paisagística. Foi professora de Paisagismo e Controle Ambiental da Pontifícia Universidade Católica - Campinas, SP de 1979 a 1985, e presidente da ABAP - Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, no período de 1995 a 1999

 PARTES DA ORLA - Outubro 2009


PRAÇA DAS ÁGUAS - Praça e Palácio das Águas

   Palácio das águas



LARGO DOS JATOS - Dança das águas - inaugurado com a revitalização em outubro 2009


TORRE DO FAROL - inaugurado em outubro 2015





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