Autoria do Projeto:
Fernando Teixeira Arquitetos associados em parceria com Barbieri & Gorski Arquitetos
Associados
A orla do
Rio Paranaíba é o elemento referencial urbano da cidade de Itumbiara. Porém, o
tratamento urbanístico e paisagístico existente até 2006 não valorizava suas qualidades,
fazendo-se necessária uma intervenção para que a população se apropriasse do lugar
com mais frequência.
Dessa
forma, procurou-se identificar alguns elementos referenciais que marcariam o
lugar, como: um farol, um Centro Gastronômico, um repuxo d’água dentro do Rio e
um deck para atividades náuticas. Integrando esses elementos referenciais foram projetados percursos com passeios apropriados para exercícios aeróbicos e
estações de ginásticas, além de praças, repuxos d’água, playground, skates,
esculturas e pérgolas.
Além dos
aspectos de lazer e recreação, foi desenvolvido uma atividade de educação
ambiental relacionada com a água na Praça da Água. A atividade de
educação ambiental será completada com um passeio de barco, que se tornará a
grande atração turística da cidade.
O projeto de revitalização da orla foi
desenvolvido por uma equipe composta de urbanistas, arquitetos e arquitetos
paisagistas junto à secretaria municipal de planejamento do município no
período de 2005 a 2006. O projeto partiu da decisão da Prefeitura Municipal, de
recuperar, no âmbito de seu território administrativo, o rio e sua orla. Este
movimento gerou ainda uma negociação da prefeitura de Itumbiara com a
administração estadual de Minas Gerais no sentido de criar um parque estadual
na margem direita do rio, mineira, e que integra atualmente uma fazenda de
propriedade privada, que apresenta um potencial paisagístico de grande
interesse para a cidade de Itumbiara e região.
A
Avenida Beira ria já contava em 2005 com uma emenda de R$ 910 mil para a
revitalização. O projeto seria iniciado em 2006 com a conquista de uma emenda
de bancada de R$ 9,8 mi e a obra seria entregue no centenário da cidade em
2009. Uma renomada equipe de arquitetos foi contratada para fazer o projeto em
2006.
Planejamento e
arquitetura paisagística |
|
Local |
Itumbiara – Go |
Ano do Projeto |
2005/2006 |
Autores |
Arqª. Maria Cecília Barbieri Gorski |
Memorial Descritivo |
Projeto de recuperação de um trecho da orla do Rio
Paranaíba, em Itumbiara-Go. Resultou na criação de um parque linear, visando
a apropriação dessa área pela população conectando-a com o rio. |
Segundo pesquisa de
estudantes do curso de História da UEG, Davi Siqueira, Minéia Catalogo e da
Professora Ivonilda Lemes, a discussão sobre a construção da Avenida Beira-Rio
ocorreu desde 1955 na Câmara Municipal, mas coube a Modesto de Carvalho dirigir
como prefeito a execução do projeto em seu governo entre 1973 e 1976. Logo
depois, no governo seguinte de Radivair Miranda Machado, novos investimentos no
paisagismo da Avenida foram realizados. Modesto de Carvalho era o prefeito do
município quando da inauguração em 12 de outubro de 1976.
Já em 1997, depois de mais de 20 anos
da construção, o Governo Cairo Batista fez a primeira intervenção na Avenida
desde o Ribeirão Água Suja até o Ribeirão Trindade. A obra foi inaugurada em 12
de outubro de 1999.
Durante
o governo Luiz Moura (PSDB), a obra teve mais uma etapa com pouco mais de 500m. É
justamente neste local que foi construído o farol.
Por meio de uma emenda da bancada parlamentar goiana de mais de R$ 11
milhões, o governo José Gomes da Rocha completou o trecho do calçadão ao longo
de 2km da orla do Paranaíba.
OBJETIVO DO PROJETO
O município de Itumbiara está inserido na bacia hidrográfica
do rio Paranaíba, integrante da Região Hidrográfica Paraná-Paraguai, tendo o
rio Paranaíba como seu corpo hídrico principal, que banha a região sul da
cidade definindo a divisa dos estados de Goiás e Minas Gerais. A bacia do
Paranaíba apresenta grande potencial energético, sendo que uma das usinas acionadas
por suas águas, a de Furnas, se localiza no município de Itumbiara. A bacia vem
sendo impactada pelas usinas hidrelétricas; por atividades agropecuárias que
poluem as águas; pelos efluentes não tratados, ou não devidamente tratados de
atividades industriais, domésticas, de mineração e de depósitos de resíduos
sólidos urbanos; pelo desmatamento de suas margens e p e pela drenagem urbana
que resulta dos altos índices de impermeabilidade do solo. A cidade de
Itumbiara, cuja população é de aproximadamente 86.500 habitantes, dos quais 95%
na zona urbana, apresenta forte ligação com o rio, que a qualificando em termos
de identidade e de condição paisagística. A orla do Paranaíba é apropriada pela
população principalmente para atividades esportivas, de recreação e lazer.
Muito da atratividade turística da cidade de Itumbiara está relacionada ao rio,
como a pesca, as atividades náuticas e a tradicional procissão fluvial de Nossa
Senhora das Graças, no segundo domingo de agosto. O Rio Paranaíba é um marcante
elemento referencial urbano, comprimido pela área urbanizada. A avenida Beira
Rio, implantada ao longo da orla do rio vem recebendo edificações que tendem a
“sufocar” sua área de domínio. O projeto de revitalização da orla (a ser
apresentado em etapa posterior), além de atender à demanda funcional, propôs-se
a estabelecer alguns elementos referenciais na paisagem urbana, tanto para o
usuário de terra quanto para o usuário da água. METODOLOGIA E INFORMAÇÕES
UTILIZADA S - O projeto de revitalização desenvolvido estruturou-se
metodologicamente a partir dos parâmetros do Plano Diretor, das demandas
explicitadas pela população em seminários e das exigências da legislação das
APPs de cursos d’água. No capítulo do Plano Diretor que trata dos recursos
hídricos e meio ambiente, esta preocupação aparece: “Por outro lado, a bacia
vem sofrendo intenso processo de antropização sem observância de princípios de
sustentabilidade, o que vem determinando acelerada degradação ambiental... Para
reverter os danos oriundos desta condição, é necessário o planejamento e a
gestão integrada dos recursos ambientais, em especial da água, tendo a bacia
hidrográfica como unidade básica de gestão. A região necessita também de
recuperação do passivo ambiental estabelecido.” “Meio Ambiente, Diretriz - 1:
Valorizar, recuperando e protegendo, os recursos naturais e o patrimônio
construído. A população de Itumbiara nas diversas reuniões demonstrou
preocupação com a ação do homem sobre o meio ambiente, principalmente, com a
poluição crônica de suas águas superficiais e com a destruição de sua vegetação
natural. Esta preocupação da sociedade estabelece para o Plano Diretor a
dimensão cultural com respeito à sustentabilidade ambiental. Este fato
determina que as ações propostas em favor do meio ambiente não poderão ser
somente restritas à sua proteção. O Plano Diretor, ao contrário, propõe ações
transversais relativas à habitação, desenvolvimento econômico, mobilidade e
novas urbanizações. São, portanto domínios setoriais que deverão respeitar o
meio ambiente na forma proposta pelo eixo estratégico do meio ambiente.”
O Plano Diretor indicou a revitalização da orla e a
recuperação das águas do Paranaíba como um projeto especial, levando em conta o
resultado dos seminários e debates realizados com os representantes da
sociedade civil presentes às reuniões para sua elaboração, ocasião em que
detectou-se nitidamente a importância do rio como o marco de identidade urbana,
Ao dar início ao projeto, de posse de levantamento planialtimétrico e fotos
aéreas, e em visitas de reconhecimento, verificou-se que área existente entre o
leito do rio e a avenida Beira Rio apresenta declividade variável, sem
remanescentes da mata ciliar original, com a presença de vegetação arbórea
disposta em manchas esparsas e forração de gramíneas. Nos trechos mais planos
havia a presença de algumas edificações invadindo as áreas de APP. A
intervenção proposta previu a remoção destas edificações, respeitando os
parâmetros definidos pela APP que balizaram o desenvolvimento do projeto ao estabelecer
os limites de permeabilidade do solo na faixa lindeira ao rio e a
característica dos equipamentos possíveis de serem implantados. PRINCIPAIS
QUESTÕES - As definições estritas das APPs: - orientam as diretrizes
projetuais, porém não asseguram a proteção dos corpos d’água se não houver um
envolvimento das políticas públicas e dos órgãos responsáveis pela
administração pública no cumprimento de fiscalização eficiente evitando
invasões ou desmatamento; - não garantem vitalidade a esta áreas, não previnem
o seu abandono (que gera temor aos usuários potenciais e que acabam por não
freqüentá-las); - não apresentam, por si só, a necessária flexibilidade e
grandeza no acolhimento de propostas que abarquem a peculiaridade de cada
lugar, prendendo-se a regras e minúcias muitas vezes restritivas ao potencial
do projeto. “...a reabilitação ambiental das APPs urbanas deve ter como
princípio fundamental a criação de um sentido de lugar, de um espaço onde é
possível exercer a cidadania, privilegiando projetos e desenhos urbanos que
estejam interrelacionados aos processos naturais dos rios e dos sistemas de
áreas verdes. Assim é possível conciliar a promoção da qualidade de vida à
conservação dos recursos naturais.” (SERVILHA, E.R., RUTKOWSKI E.W., DEMANTOVA
G.C., FREIRIA R.C. 2006, p.5 e 6) REFLEXÕES - A legislação é um marco
regulatório de extrema importância na valorização da qualidade ambiental e na
busca de um desenvolvimento urbano equilibrado. No entanto, a conquista efetiva
da requalificação dos espaços urbanos integrados ao patrimônio ambiental se
dará a medida em as diversas instâncias de decisões se articularem visando ao
avanço na gestão do desenvolvimento ambientalmente responsável.
Maria Cecília Barbieri Gorski - gorski@ajato.com.br
Arquiteta e urbanista pela Universidade Mackenzie - São Paulo, formada em 1976.
Cursando o Mestrado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana
Mackenzie a partir de fevereiro de 2006. Sócia diretora desde 1981 da Barbieri
& Gorski Arquitetos Associados S/C LTDA, especializada em projetos de lazer
e arquitetura paisagística. Foi professora de Paisagismo e Controle Ambiental
da Pontifícia Universidade Católica - Campinas, SP de 1979 a 1985, e presidente
da ABAP - Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, no período de 1995 a
1999
PRAÇA DAS ÁGUAS - Praça e Palácio das Águas
Palácio das águasLARGO DOS JATOS - Dança das águas - inaugurado com a revitalização em outubro 2009
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