domingo, 9 de agosto de 2020

A DÉCIMA MARAVILHA DE ITUMBIARA - PONTOS HISTÓRICOS - PORTO, RECEBEDORIA E IGREJA

 UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DE SANTA RITA DO PARANAÍBA DO SÉCULO XIX  A ITUMBIARA DE HOJE

Pilares da Ponte Afonso Pena na região do Caidor - a primeira estrada e o porto

Três construções estão diretamente ligadas a origem e fundação do Porto do Rio Paranaíba, Arraial de Santa Rita do Rio Paranaíba, distrito e Freguesia de Santa Rita do Paranaíba.

O primeiro documento oficial sobre a existência de Santa Rita do Paranaíba, trata da arrematação do Porto que pertencia ao Império. O Porto foi instalado na estrada nova de Uberaba-MG por um particular chamado Cândido Rodrigues de Paiva. No local eram cobrados tributos pela travessia de animais e mercadorias (por volta de 1833). As pessoas com seus cavalos, gado e mercadorias com destino a Goiás, mais ao Sul da estrada do Anhanguera, chegavam neste ponto, nas imediações onde estão tombadas as pilares da Ponte Afonso Pena, inaugurada em 1909, na chamada Estrada do Sul.

Depois do prédio da Igreja (começou em 1840), o Posto Fiscal é outra unidade de Itumbiara que faz parte da construção da história da cidade. A primeira Recebedoria foi criada em 1858 e sempre foi uma das maiores arrecadadoras de impostos em Goiás.  Por este local era cobrado os impostos da exportação do gado quando a pecuária foi a maior atividade econômica do Estado de Goiás.

Jacintho Brandão, Hermenegildo Lopes de Moraes e Antônio Xavier Guimarães, este irmão do grande jurista Guimarães Natal que foi ministro do STF administrou a Recebedoria nos primeiros anos do século XX.


O PORTO

Segundo José Antônio Pereira, fundador de Campo Grande-MS, a travessia
do rio Paranaíba, àquela época, era através de uma pequena balsa, formada por duas
canoas unidas por tábuas grosseiras, com capacidade para levar 10 animais em cada
viagem, com duração de cerca de 40 minutos, de uma margem à outra, sendo cobrada
uma taxa de 700 réis por pessoa.
Chegava-se à região pelo local onde atualmente se encontram construídos o
Hotel Beira Rio e o Palácio das Águas e estava assentada a ponte Afonso Pena em 1909.
Descia-se o Rio Paranaíba numa distância rio abaixo de cerca de 2.000 m até o ponto
onde hoje se dá a chegada da procissão de Nossa Senhora das Graças, local em que se
instalou o Porto de Santa Rita do Paranahyba, e que se pode chamar de marco zero da
fundação da cidade .
O Brasil havia se tornado independente em 1822 e o governo imperial estava se
estruturando. Para Goiás, veio como Governador das Armas, Marechal Cunha Mattos.
Embora nos documentos escritos por Cunha Mattos não se verifique a localização
exata da estrada que lhe é atribuída a sugestão de construção pelo governo imperial,
é provável que ela tenha sido construída no início de 1830. Cunha Mattos foi eleito
deputado imperial, depois de muitos atritos com o primeiro presidente da Província
Caetano. Ele deve ter passado pelo Sul do Estado em 1823. Voltou ao Rio de Janeiro em
1825. Exerceu o mandado de 1826 a 1833.
O Porto de Santa Rita do Paranahyba era inicialmente propriedade do governo imperial e foi arrematado pela primeira vez em 1835 por Cândido Rodrigues de
Paiva, como comprovam documentos de Morrinhos, e posteriormente em 1844, por
Pedro Maciel da Silva.

Posto Fiscal na divisa com Minas Gerais - a antiga Recebedoria

A primeira obra do governo de Goiás em Itumbiara. Ainda no Império, depois da construção do Porto e da Igreja de Santa Rita do Paranaíba, o Estado implantou a Recebedoria no Porto em 1854. O Porto foi arrematado primeiro em 1835, depois em 1842 e em 1850 por particulares. O Estado chegou em Itumbiara em 1854 para assumir a fiscalização do Porto e começou a arrecadar impostos através desta Estação Fiscal. A primeira noticia da existência do Porto é de 1832, quando João Crisóstomo passou por lá em direção a Quirinópolis. A lei que passou a fiscalização do Porto para o Estado de Goiás foi aprovada em 13 de novembro de 1854.

A Igreja de Santa Rita de Cássia na Praça da República - Centro Histórico de Itumbiara


A Igreja de Santa Rita do Paranaíba foi o primeiro prédio instalado no povoado em 1842.

a obra que deu inicio a Santa Rita do Paranaíba foi a capela de Santa Rita dos Impossíveis. João Rodrigues fez um voto que se o irmão Antônio Rodrigues fosse curado de um mal, seria erguida um capela no Povoado. Então em 1842 começou o povoado de Santa Rita do Paranaíba com a construção da Igreja - É a construção mais antiga de Itumbiara.
Fonte: (FEREIRA e PINHEIRO, 2009)



Narração da história de Itumbiara contada pelo Padre Florentino, que foi pároco da Igreja de Santa Rita de Cássia entre 1917 e 1965

E assim a Resolução nº 12, de 1849, do Presidente da Província de Goyaz, cria
o distrito do Arraial da Paz de Santa Rita do Paranahyba, na Freguesia de Morrinhos, município de Santa Cruz.
Dessa forma, a freguesia era utilizada pelo Estado imperial para levar adiante
projetos coloniais, como controle sobre os vadios, recenseamentos, cobrança de impostos, recrutamento militar e incentivos a políticas como a miscigenação.
Nesse sentido, a primeira força que se manifesta no território onde será instalado o município de Itumbiara é a do Estado, que organiza o Porto para cobrança de
impostos.

I - A cidade de Santa Rita do Paranahyba é situada á margem direita do Rio
Paranahyba que a separa do estado de Minas Gerais é banhada pelos córregos das pombas, da Trindade e da água Suja.
No ano de 1824 foi por estas paragens passou o primeiro ser humano civilizado Antônio José Leite embarcou no Rio dos Bois, perto da capital de Goyaz,
descendo até a sua foz no Paranahyba, subio por Esse em viagem de explora-
ção, tocando no local onde se acha hoje situada esta florescente cidade.
Em 1830 o deputado Cunha Mattos reresentado Goyaz na Camara Federal
propôs que o governo fizesse abrir uma estrada que partindo da Farinha Podre (hoje Uberaba) em Minas, viesse em direção a Anicuns, Goyaz, atravessando o Paranahyba entre as emborcaduras dos Rios Corumbá e Meia Ponte
no ponto mais conveniente. O governo imperial mandou abrir a referida estrada e o porto escolhido na passagem do Paranahyba, foi justamente onde
se acha colocada a cidade de Santa Rita, por esta estrada transitaram forças
imperiais com demanda o Theatro da Guerra do Brasil com o Paraguai (1865
a 1870).

 

A cidade tem a denominação de Santa Rita dos Impossíveis, com que é conhecida Santa Rita de Cássia, ilustre heroína da Egreja Catholica porque pelo
anno mais o menos de 1840 acchando-se gravemente enfermo Antônio Rodrigues, seu irmão João Rodrigues fez uma promessa a Santa Rita de Cássia,
a santa dos impossíveis, de fazer uma Cappela em invocação e rogo e promover todos os meios para creaçao de uma Arraial, e sendo attendido seus votos
cumpriu a promessa; pois julgava humanamente impossível a cura obtida.
Daqui vem a denominação de Santa Rita dos Impossíveis, a Santa Rita de
Cássia, e como em diversos estados do Brasil, há várias cidades com Esse
nome para evitar a confusão, ficou diferenciada com o nome de Santa Rita do
Paranahyba, pelo rio que banha com suas majestosas águas.
Levantada a idéia de se erigir uma cappella a Santa Rita dos Impossíveis
por João Rodrigues, Esse achou logo pessoas que o coadjuvaram, entre ellas
destacando-se Emanoel Garcia Velho e Joaquim José que fizeram a primeira
Cappella, sendo que em 11 de janeiro de 1842 fora doado por Joaquim Ber

nardes da Costa o patrimônio de terras de água suja para a dita Capella que
se pretendia levantar, como se vê pelo seguinte título de doação que passo a
transcrever.
III - Título de doação do Patrimônio de Água Suja.
Digo, eu Joaquim Bernardes da Costa que, entre os bens de que sou senhor, e
possuidor com livre e geral administração há bem assim huma sorte de terras
de cultura e campos de criar da parte do Ribeirão Água Suja com a mata, em
costada ao Rio Paranahyba, divisando com o patrimônio do Porto, e com a
istrada que vae para a caxoeira e por esta fora até o ispigam de diviza com
Adão Rodrigues e por esse abaixo até feixar o Paranahyba. Cujas sortes de
terras acima dito sem constrangimentos de pessoa algua, dôo a Senhora Santa
Rita para seu patrimônio segundo a Capella que se pretende levantar auxiliado
pelos procuradores Adão Roiz João Roiz de Souza e André dos Santos Pimenta”


Cronologia – Fundação de Santa Rita do Paranaíba

Em 1824, o sertanista Antônio José Leite passou pelo Rio Paranaíba e não
mencionou a existência de um Porto na região; saindo de Anicuns utilizando uma canoa, desceu pelo Rio dos Bois até a barra e subiu em direção
à nascente do Rio Paranaíba. Chegou a Cachoeira Dourada, pegou outra
canoa acima da cachoeira e foi até o Rio das Velhas;
O Marechal de Armas Cunha Mattos esteve visitando a região sul da Província de Goyaz em 1823, quando foi chamado para um conflito na região
norte; os índios Caiapós relatam à Cunha Mattos a viagem do sertanista
Antônio Jose Leite;
Cunha Mattos foi eleito deputado Provincial em 1825, voltando para o Rio
de Janeiro em 1826, ocasião em que
poderia ter sugerido a criação da estrada por esse local;
É provável que o Porto tenha sido criado pelo governo imperial por volta de
1830 e que o projeto para a construção da estrada ligando a Estrada Geral
do Anhanguera em Uberaba-MG à outra parte da Estrada em Goiás na
altura de Silvânia, passando em um ponto na divisa dos Estados de Goiás
e Minas Gerais entre o Rio Corumbá e Meia Ponte, tenha sido apresentado
nesse ano à Câmara Provincial e a partir desta data tenha ido se formando
um povoado constituído por lavradores e criadores de gado, famílias oriundas de Minas Gerais e São Paulo;
Em 1832 passou pelo Porto de Santa Rita João Crisóstomo de Oliveira com
destino à Quirinópolis, cidade da qual é considerado o fundador;
Em 11 de agosto de 1835 o Porto, que pertencia ao governo imperial, foi
arrematado por Cândido Rodrigues de Paiva, morador de Aplicação da Senhora do Carmo dos Morrinhos. Pela primeira vez é citada a estrada nova
pelo escrivão. O arrematante pagava ao governo imperial uma quantia anual e cobrava taxas de passagem de cargas, passageiros e animais. A partir de 1837, é possível que tenha havido uma migração maior de mineiros, que
fugiam do recrutamento militar;
Em 1840 o fazendeiro João Rodrigues fez uma doação de terras para Santa
Rita do Paranahyba; o Cônego Theófilo José de Paiva faz o seguinte relato
sobre esta doação:
Tem esta Parochia a denominação de Santa Rita dos Impossíveis, porque
achando-se gravemente enfermo Antônio Rodrigues; seu irmão João Rodrigues fez uma promessa a Santa Rita dos Impossíveis, de fazer uma cappela
com Esseorago e promover os meios para a criação de um Arraial, seus votos
atendidos, cumpriu a promessa, pois julgava humanamente impossível a cura
obtida [...]
Em 1842 ocorre a doação de terras para o patrimônio da igreja de Santa Rita
de Cássia; em 11 de janeiro de 1842, Joaquim Bernardes da Costa faz a doa-
ção de terras para o patrimônio de Santa Rita do Paranahyba; nesse ano o
Porto de Santa Rita é arrematado por Jacintho André. Começa a construção
da primeira capela;
Em 1844 o Porto de Santa Rita do Paranahyba é arrematado para explora-
ção por um triênio por Pedro Maciel da Silva;
Em 1848 nasce o povoado; há uma citação pela Câmara da Villa de Santa
Cruz descrevendo o povoado de Santa Rita do Porto do Rio Paranaíba e
afirmando que a principal causa de fundação do povoado seria o Porto,
onde residia um grande número de gente sem polícia, que vivia da pesca e
da caça, inclusive alguns criminosos.
Em 1849 nasce o Arraial de Santa Rita do Paranahyba;
Em 1853, o governo da Província de Goyaz assume o controle do Porto
de Itumbiara, tendo como comandante o Sargento Salvador Honorato da
Fonseca;
Em 1855 o povoado de Santa Rita do Paranahyba passa a fazer parte da
Villa Bella de Morrinhos, ocasião em que a povoado de Morrinhos é elevada a Villa;
Em 1857 é criada a Freguesia de Santa Rita do Paranahyba;
Em 1859, Santa Rita do Paranahyba volta a fazer parte da Villa de Santa
Cruz; é suprimida a Vila Bella do Paranaíba (Morrinhos);
Em 1871 volta a pertencer à Vila Bella de Morrinhos, que foi recriada;

Passagem do Visconde de Taunay em 1865, relatando enormes terras desertas e um pequeno movimento de balsas e canoas (cartas de campanha do
Mato Grosso);
São relatadas enchentes no Rio Paranaíba pelo presidente da Província Antônio Joaquim Leite Moraes;
Em 1887 o cel. Jacintho Luiz da Silva Brandão é nomeado escrivão encarregado da Recebedoria de Santa Rita do Paranahyba e subdelegado de Polícia.


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