Ponte Afonso Pena - inaugurada em 15/11/1909
Depois do Porto, da Igreja de Santa Rita de Cássia, da Estação Fiscal e da Estrada do Sul no século XIX, Santa Rita do Paranaíba ganhou a emancipação em16 de julho de 1909 e logo depois de instalado o município em 12/10/1909, tendo no comando municipal o coronel Jacintho Luiz da Silva Brandão, ganhou a majestosa Ponte Afonso Pena, que foi construída no governo que dá o nome a ponte e foi inaugurada pelo vice-presidente Nilo Peçanha, já que Afonso Pena morreu em 14 de junho daquele ano.
A ponte sobre a estrada do sul já vinha sendo planejada desde o final do século XIX, mas foi graças aos trabalhos políticos dos deputados federais Hermenegildo Lopes de Moraes que nasceu em Santa Rita no ano de 1870 e José Xavier de Almeida, cunhado de Hermenegildo, ex-governador do Estado de Goiás e amigos do então presidente do país, que a obra começou em 1908 e foi entregue em 1909.
Como Santa Rita do Paranaíba foi emancipada graças a um golpe politico que não deixou o governador eleito, o Santarritense Hermenegildo Lopes de Moraes assumir o governo do Estado, não compareceu ninguém de expressão na política goiana e nacional para inauguração da obra do século XX em Santa Rita do Paranaíba.Veja o que relata um uberlandense sobre a inauguração da ponte:
(..)Antes da estrada de
ferro (1895), viajantes e mercadores que demandavam a Província de Goyas, de
Uberaba desviavam para Indianópolis ou para Santa Maria e não passavam por
aqui. A chegada da Mogiana forçou essa passagem. No dia 15 de novembro de 1909,
inaugurou-se a Ponte Afonso Pena sobre o rio Paranaíba por onde passou a escoar
dois terços da produção do estado de Goiás. Conheço duas versões que justificam
sua construção. O historiador Hildebrando Pontes afirma que a ponte foi construída
para arrefecer o ânimo dos triangulinos que estavam em intensa campanha para a
emancipação da região, ou sua reanexação ao estado de São Paulo. Outra é a
versão tradicional, oral, que diz que a sua instalação foi resultado de
sugestão e empenho do Tenente Coronel da Guarda Nacional, José Theóphilo
Carneiro junto ao seu compadre, o Presidente da República, Marechal Hermes da
Fonseca. Em 1912, Fernando Vilela fez a ligação desses dois pontos estratégicos
por
meio de uma pioneira
estrada de rodagem. A primeira no Brasil Central e a primeira no país rumo ao
oeste. Sobre esses três pontos assentaram-se os fundamentos da economia
uberlandense. A Ponte Afonso Pena, no entanto, esteve em vias de ser instalada
em outro local, jogando diretamente no estado de São Paulo toda a produção
goiana. Os empenhos dos deputados Afrânio de Mello Franco (de Minas Gerais) e
José Xavier de Almeida (de Goiás), apoiados por uma campanha insistente do
vereador João Severiano
Rodrigues da Cunha (Joanico), por correspondência e artigos em jornais,
conseguiriam definir que ela fosse montada em Santa Rita do Paranahyba
(Itumbiara), num lugar conhecido como “Caídor”, a 1600 metros da Vila.
NEsselocal, antes, havia uma balsa. Para a travessia de uma boiada, esperava-se
de sete a oito dias. Muitas reses se perdiam por afogamento. Por ocasião das
enchentes, o trânsito se atrasava mais. As balsas desse tempo eram perigosas,
constavam de algumas canoas sobre as quais se amarravam algumas pranchas de
madeira. Segundo um cronista da época, Santa Rita era um entreposto de
considerável importância para o Sul de Goiás; com a construção da ponte,
passava a ser um ponto de passagem obrigatória para pelo menos 70% dos produtos
mercantilizados em e por Goiás. É de se pensar, hoje em dia, o que seria de
Uberlândia se não houvessem instalado essa ponte em Itumbiara. Compreendendo o
valor da obra, Uberabinha ficou empolgada quando se anunciou a sua inauguração.
Faltando alguns dias para a festa, o vereador João Severiano Rodrigues da
Cunha, representando a Câmara, mais os empresários capitão Custódio Pereira,
Carmo Giffoni e Antônio Custódio Pereira seguiram, a cavalo, para a Vila de
Santa Rita acompanhando Nicodemos Macedo que era o representante do governador
mineiro, Wenceslau Braz. Antes da inauguração, o Joanico visitou a obra e
telegrafou orgulhoso para o jornal “O Progresso” dizendo apenas que atravessara
a ponte, a pé, em companhia do dr. Diniz. A festa começou cedo. Às cinco horas
da manhã, os galos cantores de Itumbiara se espantaram com a salva de vinte e
um tiros. Às quinze horas, imensa massa popular, mais duas bandas de música,
foram até o escritório da comissão que construiu a ponte e de lá voltou com o
dr. João Luiz Mendes Diniz à frente (homenageado com a avenida Engenheiro
Diniz, no Bairro Martins). Foram para a Ponte. No meio dela, onde se separam os
Estados, o cônego Theóphilo de Paiva (de Santa Rita), auxiliado pelo padre
Francisco (de Monte Alegre), procedeu à bênção. Foram padrinhos do ato: João
Severiano Rodrigues da Cunha, Custódio Pereira, Arlindo Soares Parreira,
Antônio José Carlos Peixoto, Antônio Xavier Guimarães, Nicodemos de Macedo,
Militão de Almeida, Jacinto Brandão e Francisco Olímpio de Paiva. Terminada a
bênção, o engenheiro Diniz acabou de atravessar a Ponte seguido por autoridades
e o povo numa soma aproximada de duas mil pessoas. Do lado mineiro, o dr. Diniz
fez longo discurso.
Em seguida um escriturário
da comissão de construção da ponte, Colombo Vasques, leu a ata da inauguração.
Dada a palavra livre, o primeiro a usá-la foi o representante da Câmara
uberabinhense, o Joanico (João Severiano). Em seguida, em nome do governo
mineiro, falou o dr. Francisco Vieira de Oliveira e Silva. E mais o capitão e
poeta Felizardo Fontoura e o major Olympio de Vasconcel.os (representando a
Câmara e o povo de Monte Alegre). O governo goiano foi representado pelo
coronel Antônio Xavier Guimarães e a Vila de Santa Rita pelo capitão Sidney de
Almeida. Diniz recebeu vários telegramas de Morrinhos, de Goiás, de São
Francisco, de Monte Alegre e de Uberabinha. Os de Uberabinha vieram assinados
um por empresários, líderes políticos e autoridades, e outro pelos empregados
do comércio. No rancho onde se abrigaram as bandas de musica, logo após a
inauguração oficial, foi servido um “profuso copo de cerveja”, como se dizia na
época, com vários brindes erguidos.Curiosidades sobre a ponte: foi construída
no sistema pênsil rígido com um vão livre central de 124m. Tinha o apoio de
dois pilares com 2000m3 de alvenaria que sustentavam 8 torres medindo 17,8m de
altura, cada. Estes, sustentavam 14 cabos de aço com 221m cada e cada cabo
sustentava 125 toneladas. Para testar a sua capacidade de sustentação, foi
mantida uma carga de duzentas toneladas durante 24 horas sobre o estrado do vão
livre. A ponte custou quinhentos contos de réis, cem só de carreto. Após a
inauguração, para comprovar sua resistência, transitaram ininterruptamente pela
ponte 1850 bois e 6 carros de bois carregados.
Fonte: Jornal do Triangulo
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