Enquanto
chamada Santa Rita do Paranaíba, o então distrito de Santa Cruz de Goiás em
1852 e depois de Morrinhos (1855-1859/1872-1909) , até se tornar município
independente em 1909, era um pequeno povoado, como retrata viajantes na época,
como o engenheiro, professor e viajante conhecido como Visconde Alfredo de Taunay, que descreve o local com
apenas algumas casas no declive que levava ao porto que aproavam barcas de
passagens. Somente depois que passou a se chamar Itumbiara, a partir de 1943 e
ter um bom desenvolvimento na agricultura nos anos sessenta do século passado,
ganhou importância em Goiás, como retratava o padre Nelson Fleury, ao descrever
a grandeza da Agricultura na produção de arroz e inúmeras fazendas cheias de
máquinas agrícolas até os anos setenta. Além da importância econômica, tinha
também importância política, inclusive indicando o secretário de educação no
governo José Feliciano e depois o principal secretário de governo de Otávio
Lage no final da década de 1970. E assim Itumbiara figurou entre os grandes da
economia goiana até os anos de 1980. Ainda na parte histórica, verifica-se na
formação do território mais perdas do que ganhos, desde quando tudo começou com as picadas no começo do século XIX,
depois uma Estrada a partir de 1824, um Porto, e o local virou um Arraial,
povoado sem organização política administrativa, que só viria com a condição de
Freguesia em 1852. A criação do distrito de Santa Rita do Paranaíba se deu com à Lei ou Resolução provincial n.° 18, de 21
de agosto de 1852. Em 16 de julho de
1909, por força da Lei estadual n.° 349, foi elevado à categoria de Município,
constituído com território desanexado do de Morrinhos. A instalação
verificou-se a 12 de outubro do mesmo ano. A Lei estadual n.° 518, de 27 de
julho de 1915 concedeu à sede municipal foros de cidade. Na divisão
administrativa do Brasil, referente ao ano de 1911, o Município de Santa Rita
do Paranaíba aparecia com os distritos da sede e o de Bananeiras. A partir
dessa data sofreu várias reformulações administrativas, ora perdendo, ora
ganhando distritos. De
Passados quase dois séculos, já que no próximo ano têm-se o bicentenário
da fundação (por tradição considerada no ano de 1824), Itumbiara já não é das
maiores entre as cidades goianas e situa-se em posição mediana em número de
população, mas ainda entre as sete maiores na economia, sem perspectivas de
voltar a ocupar os primeiros lugares como ocorreu entre as décadas de 1960 e
1970. Hoje é a décima terceira em população com 107.970 habitantes e tem a sétima
economia com um PIB de R$ 4,7 bilhões e renda percapita de R$ 45 mil. Na representação política estadual
conta apenas com um deputado estadual e nenhum representante no governo. Não é
mais a cidade do agro que foi nas décadas de 1960 e 1970, já que o setor
representa apenas 6,7% do PIB, enquanto a indústria chega a 30,8%, sendo destaque
a área de serviços com 39,2$ e a Administração Pública chega a 11,8% do PIB.
No mercado de Trabalho, segundo dados da RAIS de 2021, possui cerca de 30
mil com empregos formais, sendo a maioria empregada no setor de serviços com
9543, a indústria com 7152, seguida pelo comércio com 7091, a Administração
Pública com 3236 e por último a agricultura com 2582. Logo, o município tem
como principal atividade econômica, a área de serviços e não mais a
agricultura, com a indústria desempenhando o principal papel de geração de
riquezas e também pagando a melhor média salarial, que chega por volta de R$ 3
mil. Com esse quadro de empregados, observa-se pelos dados do CAGED, que na
pós-pandemia e recuperação de empregos, é justamente o setor de serviços que
mais gera empregos, pois do total de 1779 gerados no ano de 2022, 873 foi do
segmento de serviços, seguido pela construção civil com 338 e 245 na
agropecuária. Em síntese, o município de Itumbiara se tornou mediano em
população e na economia e perdeu espaço
no campo política, já que vive um processo de formação de novas lideranças
políticas. Não tem perspectivas a curta prazo de avançar na economia e corre o
risco já na próxima consolidação do PIB de 2021, perder a sétima colocação para
Luziânia, que cresceu na economia, em população e também na ocupação de espaços
políticos, até porque já tem o dobro do eleitorado de Itumbiara, que hoje é de
cerca de 74,5 mil eleitores. O lado bom de ser médio é o da qualidade de vida e
da necessidade de poucos investimentos para completar a infraestrutura, que depende
de um novo aterro sanitários e vias como perimetral Norte e Anel Viário para
desafogar o trânsito em número de veículos e também caminhões na zona central. Destaca-se
ainda que continuará a ocupar um espaço de município polo na região do Sul
Goiano ou microrregião do Meia Ponte, principalmente pela oferta do comércio e
de serviços. Afinal, nem tudo é ruim em ser médio, apesar do sonho de grandeza sempre estar presente.
Mas este sonho está cada vez mais distante.
Nilson Freire - Advogado
Mestre em Ciência Políticas pela Universidade de Coimbra e História pela
PUC-GO
É especialista em Política e Administração Tributária pela FGV
Bacharel em Administração de empresas pela Fesit e Direito pela UFG
Licenciado em Ciências Físicas e Biológicas pela Fesit e História pela
UEG
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