quarta-feira, 26 de julho de 2023

ITUMBIARA , UMA CIDADE MEDIA NA POLÍTICA, ECONOMIA E POPULAÇÃO


 

Enquanto chamada Santa Rita do Paranaíba, o então distrito de Santa Cruz de Goiás em 1852 e depois de Morrinhos (1855-1859/1872-1909) , até se tornar município independente em 1909, era um pequeno povoado, como retrata viajantes na época, como o engenheiro, professor e viajante conhecido como Visconde  Alfredo de Taunay, que descreve o local com apenas algumas casas no declive que levava ao porto que aproavam barcas de passagens. Somente depois que passou a se chamar Itumbiara, a partir de 1943 e ter um bom desenvolvimento na agricultura nos anos sessenta do século passado, ganhou importância em Goiás, como retratava o padre Nelson Fleury, ao descrever a grandeza da Agricultura na produção de arroz e inúmeras fazendas cheias de máquinas agrícolas até os anos setenta. Além da importância econômica, tinha também importância política, inclusive indicando o secretário de educação no governo José Feliciano e depois o principal secretário de governo de Otávio Lage no final da década de 1970. E assim Itumbiara figurou entre os grandes da economia goiana até os anos de 1980. Ainda na parte histórica, verifica-se na formação do território mais perdas do que ganhos, desde quando tudo  começou com  as picadas no começo do século XIX, depois uma Estrada a partir de 1824, um Porto, e o local virou um Arraial, povoado sem organização política administrativa, que só viria com a condição de Freguesia em 1852. A criação do distrito de Santa Rita do Paranaíba se deu com  à Lei ou Resolução provincial n.° 18, de 21 de agosto de 1852.  Em 16 de julho de 1909, por força da Lei estadual n.° 349, foi elevado à categoria de Município, constituído com território desanexado do de Morrinhos. A instalação verificou-se a 12 de outubro do mesmo ano. A Lei estadual n.° 518, de 27 de julho de 1915 concedeu à sede municipal foros de cidade. Na divisão administrativa do Brasil, referente ao ano de 1911, o Município de Santa Rita do Paranaíba aparecia com os distritos da sede e o de Bananeiras. A partir dessa data sofreu várias reformulações administrativas, ora perdendo, ora ganhando distritos. De 1911 a 1919 o distrito de São Sebastião das Bananeiras, hoje Goiatuba, pertencia ao Município de Santa Rita do Paranaíba. Buriti Alegre pertenceu a Santa Rita do Paranaíba de 1914 a 1920. De 1931 a 1952 o distrito de Divinópolis, que passou a se chamar Panamá fazia parte do município de Santa Rita do Paranaíba. Em 1992, foi emancipado o Distrito de Inaciolândia, que também fazia parte do Município de Itumbiara. De 1952 a 1962 Itumbiara ficou reduzido apenas ao distrito da sede quando, por força da Lei municipal n.° 386, de 27 de setembro de 1962, ganhou o distrito de Cachoeira Dourada, que seria emancipado em 1982.

Passados quase dois séculos, já que no próximo ano têm-se o bicentenário da fundação (por tradição considerada no ano de 1824), Itumbiara já não é das maiores entre as cidades goianas e situa-se em posição mediana em número de população, mas ainda entre as sete maiores na economia, sem perspectivas de voltar a ocupar os primeiros lugares como ocorreu entre as décadas de 1960 e 1970. Hoje é a décima terceira em população com 107.970 habitantes e tem a sétima economia com um PIB de R$ 4,7 bilhões e renda percapita de  R$ 45 mil. Na representação política estadual conta apenas com um deputado estadual e nenhum representante no governo. Não é mais a cidade do agro que foi nas décadas de 1960 e 1970, já que o setor representa apenas 6,7% do PIB, enquanto a indústria chega a 30,8%, sendo destaque a área de serviços com 39,2$ e a Administração Pública chega a 11,8% do PIB.

No mercado de Trabalho, segundo dados da RAIS de 2021, possui cerca de 30 mil com empregos formais, sendo a maioria empregada no setor de serviços com 9543, a indústria com 7152, seguida pelo comércio com 7091, a Administração Pública com 3236 e por último a agricultura com 2582. Logo, o município tem como principal atividade econômica, a área de serviços e não mais a agricultura, com a indústria desempenhando o principal papel de geração de riquezas e também pagando a melhor média salarial, que chega por volta de R$ 3 mil. Com esse quadro de empregados, observa-se pelos dados do CAGED, que na pós-pandemia e recuperação de empregos, é justamente o setor de serviços que mais gera empregos, pois do total de 1779 gerados no ano de 2022, 873 foi do segmento de serviços, seguido pela construção civil com 338 e 245 na agropecuária. Em síntese, o município de Itumbiara se tornou mediano em população  e na economia e perdeu espaço no campo política, já que vive um processo de formação de novas lideranças políticas. Não tem perspectivas a curta prazo de avançar na economia e corre o risco já na próxima consolidação do PIB de 2021, perder a sétima colocação para Luziânia, que cresceu na economia, em população e também na ocupação de espaços políticos, até porque já tem o dobro do eleitorado de Itumbiara, que hoje é de cerca de 74,5 mil eleitores. O lado bom de ser médio é o da qualidade de vida e da necessidade de poucos investimentos  para completar a infraestrutura, que depende de um novo aterro sanitários e vias como perimetral Norte e Anel Viário para desafogar o trânsito em número de veículos e também caminhões na zona central. Destaca-se ainda que continuará a ocupar um espaço de município polo na região do Sul Goiano ou microrregião do Meia Ponte, principalmente pela oferta do comércio e de serviços. Afinal, nem tudo é ruim em ser médio, apesar  do sonho de grandeza sempre estar presente. Mas este sonho está cada vez mais distante.

 

Nilson Freire - Advogado

Mestre em Ciência Políticas pela Universidade de Coimbra e História pela PUC-GO

É especialista em Política e Administração Tributária pela FGV

Bacharel em Administração de empresas pela Fesit e Direito pela UFG

Licenciado em Ciências Físicas e Biológicas pela Fesit e História pela UEG

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