quinta-feira, 14 de julho de 2022

A FAUNA DA REGIÃO DO RIBEIRÃO SANTA MARIA NO CAMINHOS DAS ÁGUAS EM ITUMBIARA

 NESTA EDIÇÃO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DOS TRABALHOS DA COMISSÃO DE FAUNA NA EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA



                              Garça na região do Ribeirão Santa Maria


Coordenadora: Dra. Ayanda Ferreira Nascimento Lima (REE)

 

 

Relatora: Ma. Jaqueline Elise Garcia Chiesa (RME)

 

 

Membros: Carolina Alves Pereira (PPGES-UEG), Claudimar Alves dos Santos (PMI), Fernanda Alves de Camargo (PMI-UVZ), Renata de Freitas Barroso (PPGAS-UEG), Roosevelt Gonçalves Moreira (UNIFASC) e Sandro Gonçalves Moreira (UNICERRADO).

 

INTRODUÇÃO

 

 

O Cerrado é considerado um dos hotspots da biodiversidade mundial, por possuir uma grande riqueza de espécies, alta taxa de endemismo, e estar sendo altamente degradado em virtude da instalação de atividades econômicas, principalmente agrícolas e pecuárias (MYERS et al., 2000; PROBIO, 2002). Originalmente corresponde ao segundo maior bioma brasileiro, mas apenas 3% do seu território encontra-se protegido em Unidades de Conservação, majoritariamente em áreas inferiores a 100.000 hectares, evidenciando-se sua intensa fragmentação (PROBIO, 2002).

O estado de Goiás tem grande parte de seu território ocupado pelo Cerrado, porém sofre com danos ambientais severos, devido urbanização e atividades agropecuárias (FERREIRA & LINO, 2021).

O Brasil, assim como muitos países tropicais, possui uma alta diversidade de espécies em todos os seus biomas (MARÇAL JÚNIOR& FRANCHIN, 2003). Entretanto, a degradação ambiental por atividades antrópicas, principalmente a redução de habitats naturais, tem causado grande impacto sobre as populações da fauna, como as de aves silvestres (MARINI, 2001).


Sendo assim considerando-se que o Brasil é um país de dimensões continentais, envolver a população em projetos de preservação e de geração de conhecimentos científicos pode ser de grande valia, o que já é praticado há algumas décadas em alguns países, mas ainda uma prática incipiente no Brasil, no que se denomina Citizen Science (Ciência cidadã).

O Ribeirão Santa Maria é a principal fonte de capItação de água para o abastecimento da cidade de Itumbiara/GO. O levantamento ambiental deste curso hídrico é de extrema importância, para conservação e manutenção deste ambiente, visando a diversidade de espécies existentes nesse local, onde possui notável antropização. Silveira et al. (2010) e Faria e Souza (2021) afirmam que conhecer a diversidade da fauna é uma das ferramentas mais importantes para a conservação, manejo e monitoramento de áreas naturais.

Nesse sentido o conhecimento da biodiversidade local, associado à fiscalização por instituições competentes e à implementação de atividades de Educação Ambiental, correspondem a medidas que devem ser adotadas com o intuito de garantir a preservação de espécies e a integridade de ecossistemas.

OBJETIVO GERAL

Conhecer e mapear o acervo faunístico, o grau de impactos causados pelo homem e as intervenções ao longo do manancial Ribeirão Santa Maria.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

 

·                Realizar levantamento preliminar dos animais silvestres: Mamíferos, aves (Avifauna), répteis e anfíbios (Herpetofauna), peixes (Ictiofauna) e invertebrados.

·                Descrever as condições gerais dos animais e populações encontradas em seus ecossistemas.

·                Identificar possíveis pontos de caça e pesca predatória.

 

INVERTEBRADOS

 

 

Invertebrados são organismos importantes na manutenção dos ecossistemas, estando presentes em variadas comunidades naturais em nichos terrestres, dulcícolas e marinhos. O grupo apresenta espécies polinizadoras, decompositoras, promotoras de solos, pragas agrícolas,


agentes de controle biológico de pragas, pestes urbanas, dispersoras de agentes infecciosos e espécies que servem de base alimentar para vertebrados e até outros invertebrados (PRATHER et al., 2013).

Devida tamanha diversidade, os invertebrados necessitam de ações conservacionistas, pois estão sofrendo declínio populacional ao longo dos anos, recorrente do desenvolvimento de infraestruturas humanas (BOHM et al., 2018; SÁNCHEZ-BAYO & WYCKHUYS, 2019). O crescimento populacional, atividades agropecuárias, mudanças climáticas, poluições, interesse econômico e descontrole populacional de espécies invasoras, geram a perda do hábitat natural do grupo (BOHM, KEMP & BAILLIE, 2018).

Nesse sentindo para a captura de invertebrados terrestres, do presente estudo, foram utilizados métodos de busca ativa e coleta manual. A busca ativa e coleta manual foram realizadas durante o dia e a noite. Foram realizados observações e registros através de fotografias dos invertebrados avistados na margem do ribeirão e nos remanescentes florestais. Durante a noite as coletas ocorreram entre 19h00 e 23h00, com auxílio de lanterna de luz ultravioleta (UV), pois o grupo forrageia a noite na vegetação e possui bioluminescência. Os indivíduos foram georreferenciados e coletados através de uma pinça anatômica de aço inoxidável e acondicionados em recipiente plástico com superfície lisa.

Posteriormente, os indivíduos foram sacrificados por imersão em álcool 70% e armazenados para ser feita descrição, com características morfológicas. A classificação dos espécimes foi realizada através da literatura de BUZZI, 2002 e BRAZIL; PORTO, 2010 e do banco de dados iNaturalist.

Foram realizadas entrevistas com os moradores locais das áreas de estudos, reunindo informações de animais que foram avistados pelos mesmos na margem do curso hídrico e remanescentes florestais.

A diversidade de espécies encontradas no Cerrado, refere-se a variedade de habitats, onde engloba diferentes tipos de formações vegetais (RIBEIRO & WALTER, 1998). A fauna de invertebrados do bioma é muito rica, tendo aproximadamente 16 filos, possuindo importante função ecológica, ocupando diferentes microhabitats, bioindicadores sensíveis da interferência humana e desempenhando atividades regulatórias de ecossistemas (LONGCORE, 2003; OLIVEIRA et al., 2021). Insetos e aranhas estão entre os artrópodes que regulam a circulação de energia e ciclos de nutrientes efetivamente (WILSON, 1987).

Durante o período amostrado, foram observadas e coletadas 8 ordens de indivíduos (Tabela 1). Os invertebrados são abundantes em diversidade e número de indivíduos, sendo

benéficos e/ou maléficos para saúde humana, importantes para estudos em fragmentos florestais, sendo inúmeras espécies com potencial bioindicador.

FILO

CLASSE

ORDEM

Arthropoda

Insecta

Coleoptera

Arthropoda

Insecta

Odonata

Arthropoda

Insecta

Thysanoptera

Arthropoda

Insecta

Hymenoptera

Arthropoda

Arachnida

Aranae

Arthropoda

Arachnida

Opiliones

Arthropoda

Arachnida

Scorpiones

Arthropoda

Arachnida

Pseudoescorpiones

 

 
Tabela 1. Classificação de indivíduos observados e coletados na margem e remanescentes florestais do Ribeirão Santa Maria.

 

 

 

 

 

Fonte: Autoria Própria

 

 

A ordem Coleóptera está na classe dos insetos, o grupo mais abundante entre os artrópodes, possui cerca160 famílias, com capacidade de abrigar nichos ecológicos diversos, podendo ser utilizados como indicadores da qualidade ou degradação do ambiente devido às suas características específicas (SILVA & SILVA, 2011), preocupações no setor agropecuário na interação inseto-praga e problemas de saúde pública (CAZORLA-PERFETTI, 2018). Durante a expedição, foi observado um coleóptero do gênero Charidotella (Figura 1).

 

 

Mão segurando uma maçã  Descrição gerada automaticamente com confiança baixaFigura 1. Indivíduo do gênero Charidotella

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Foto: Ayanda Ferreira Nascimento Lima)


 

I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA

 

Aracnídeos são pertencentes ao filo dos artrópodes, onde estão inseridos os escorpiões, pseudoescorpiões, aranhas, opiliões, ácaros, entre outros grupos, ambos com abundante diversidade de espécies (BERTANI et al. 2015). Os escorpiões são aracnídeos mais temidos devido sua picada dolorosa e às vezes fatal, mas, a toxina deste grupo pode ser eficiente contra doenças, até mesmo contra efeitos colaterais nos tratamentos delas (SANGAR et al. 2020). Durante a expedição foi encontrado indivíduos de Tityus serrulatus (Figura 2), espécie sinantrópica de importância médica, pois há diversos casos com acidentes relacionados a ela e indivíduos do gênero Bothriurus (Figura 3).

 

 

 

 

O carrapato Amblyomma cajennense (Figura 4), é uma espécie de ampla distribuição geográfica e de suma importância no âmbito de saúde animal e principalmente na saúde pública, sendo o principal vetor da Febre Maculosa Brasileira, a qual acomete seres humanos. A doença, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, é reconhecida pela sua alta letalidade nas Américas (RODRIGUES et al., 2015). Outro aracnídeo encontrado foi o opilião da família Stygnidae (Figura 5).

 

Os pseudoescorpiões são encontrados em pequenos e diversos habitats serrapilheira, galhos, pedras e cascas de árvores. Possuem um tamanho pequeno e são ágeis, dificultando sua observação. Possuem distribuição ampla e são predadores de pequenos artrópodes, como colêmbolos, besouros, formigas pequenas, entre outros (TIZO-PEDROSO, 2007). A espécie social encontrada durante a expedição foi Paratemnoides nidificator (Figura 6).

 

 

Outro indivíduo encontrado na classe dos aracnídeos foi a viúva marrom, Latrodectus geometricus (Figura 7) de importância médica devido aos efeitos de seu envenenamento, causando dor, edema, formigamento, tremores, dor abdominal, sudorese generalizada,

 

 

 

 


 

 

 

 

 

Foram encontrados indivíduos do gênero Limnopurus (Figura 15), Diaethria (Figura 16), Hemiargus (Figura 17) e Centris (Figura 18), também vespas do gênero Polistes (Figura 19) e Synoeca (Figura 20), eles estão na classe dos insetos e representam importância para conservação do ambiente, além do nematódeo do gênero Gordioidea (Figura 21), popularmente chamado de cobra de cabelo, são parasitas de grilos e gafanhotos. Os invertebrados podem ser usados na medicina popular (ALVES& DIAS, 2010), bioindicadores (GUAYASAMÍN, 2021) e relação inseto-praga (FIOREZE et al., 2018).

Contudo, perante a diversidade de espécies encontradas e seus benefícios aos ecossistemas em que habitam, é necessário a conservação do habitat que abrigam esses indivíduos, pois são espécies que correm riscos populacionais devido a degradação observada em torno do Ribeirão Santa Maria.

 

 

 

 

Os dados levantados demonstram que o Ribeirão Santa Maria, abriga grande diversidade de invertebrados. Foram encontrados indivíduos de diversas ordens da classe dos insetos e aracnídeos, incluindo a ordem Odonata que é um potencial bioindicador de cursos hídricos e a ordem Scorpiones, que é um risco a saúde pública, devido aos acidentes com este grupo.

Faz-se necessário informar a comunidade local sobre os benefícios da conservação do Ribeirão Santa Maria e a fauna e flora que habitam no mesmo, além de informar a importância e risco de cada indivíduo e seu papel no meio ambiente, para que consigam compreender a dinâmica das populações existentes no local.

 

 

 

 

AVIFAUNA

 

 

No período de 23 a 27 de maio de 2022 foram feitos registros fotográficos da avifauna local por um dos componentes da Expedição, componente este que também abordou alguns moradores locais, entrevistando-os quanto a vários aspectos, incluindo sobre as espécies animais possivelmente encontrados na região.

No dia 26 de maio, foram realizadas observações no período da manhã nas margens do Ribeirão Santa Maria, através de vista desarmada e com auxílio de binóculo (Bushnell 7x35), em pontos distantes 15 metros entre si, em um transecto de cerca de 200 metros de comprimento, que foi precorrido a pé. O observador permaneceu cerca de 10 minutos em cada ponto, sendo as espécies registradas através do contato visual e/ou sonoro. No período da tarde, as observações foram feitas em uma embarcação (Canoa de alumínio de 5 metros, pertencente ao Batalhão de Corpo de Bombeiros de Itumbiara), em deslocamento contínuo à jusante, sem utilização de motor para minimizar a emissão de ruídos, sendo percorridos cerca de 12 quilômetros.

No levantamento preliminar da avifauna local, foram identificadas61 espécies, pertencentes a 29 famílias, sendo Tyrannidae a mais representativa, com 7 espécies (Quadro 1), o que corrobora com outros trabalhos relacionados (MARÇAL JUNIOR et al, 2009).

Quadro 1 – Relação das espécies de aves registradas nas proximidades do Ribeirão Santa Maria, no período de 23 a 27 de maio de 2022 (AV avistamento / EN - entrevista).

Família/Espécie

Nome popular

Tipo de

registro

Accipitridae

 

 

Buteo brachyurus

Gavião-de-cauda-curta

AV

Rupornis

Magnirostris

Gavião-carijó

AV

Alcedinidae

 

 

Chloroceryle

Amazona

Martim-pescador-verde

AV

Anatidae

 

 

Cairina moschata

Pato-do-mato

AV

Anhingidae

 

 


 

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Anhinga

Biguatinga

AV

Ardeidae

 

 

Ardea alba

Garça-branca-grande

AV

Bubulcus ibis

Garça-vaqueira

AV

Butorides striata

Socozinho

AV

Syrigma sibilatrix

Maria-faceira

EN

Tigrisoma lineatum

Socó-boi

AV

Bucconidae

 

 

Monasa nigrifrons

Chora-chuva-preto

AV

Cariamidae

 

 

Cariama cristata

Seriema

AV/EN

Cathartidae

 

 

Coragyps atratus

Urubu-preto

AV

Charadriidae

 

 

Vanellus chilensis

Quero-quero

AV

Columbidae

 

 

Columba

Cayennensis

Pomba-galega

AV

Columba picazuro

Asa-branca

AV

Columbina

Squammata

Rolinha-fogo-apagou

AV

Columbina

Talpacoti

Rolinha-caldo-de-feijão

AV

Leptotila verreauxi

Juriti-pupu

AV

Cracidae

 

 

Crax fasciolata

Mutum-de-penacho

AV/EN

Cuculidae

 

 

Crotophaga ani

Anu-preto

AV

Guira

Anu-branco

AV

Piaya cayana

Alma-de-gato

AV

Falconidae

 

 

Caracara plancus

Carcará

AV


 

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Fringilidae

 

 

Euphonia

Chlorotica

Fim-fim

AV

Furnaridae

 

 

Furnarius rufus

João-de-barro

AV

Galbulidae

 

 

Galbula ruficauda

Ariramba-de-cauda-ruiva

AV

Hirundinidae

 

 

Stelgidopteryx

Ruficollis

Andorinha-serradora

AV

Tachycineta

Albiventer

Andorinha-do-rio

AV

Icteridae

 

 

Gnorimopsar chopi

Pássaro-preto

AV

Icterus cayanensis

Encontro

AV

Molothrus

Bonariensis

Melro

AV

Psaracolius

Decumanus

Japu

AV

Psedoleistes

Guirahuro

Chopim-do-brejo

AV

Jacanidae

 

 

Jacana

Jaçanã

AV

Momotidae

 

 

Momotus momota

Udu-de-coroa-azul

AV

Psittacidae

 

 

Ara ararauna

Arara-canindé

AV

Brotogeris chiriri

Periquito-de-encontro-

amarelo

AV

Eupsittula aurea

Periquito-rei

AV

Orthopsittaca

Manilatus

Maracanã-do-buriti

 


 

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Psittacara

Leucophtalmus

Maritaca

AV

Rallidae

 

 

Aramides cajaneus

Saracura-três-potes

EN

Porphyrio

Martinica

Frango-d’água-azul

AV

Ramphastidae

 

 

Ramohastos toco

Tucanuçu

AV/EN

Rheidae

 

 

Rhea americana

Ema

EN

Thraupidae

 

 

Sicalis flaveola

Canário-da-terra

AV

Tachyphonus rufus

Pipira-preta

AV

Thraupis sayaca

Sanhaço-cinzento

AV

Threskiornitidae

 

 

Phimosus

Infuscatus

Tapicuru-de-cara-pelada

AV

Theristicus

Caudatus

Curicaca

AV

Tinamidae

 

 

Crypturellus

Undulatus

Jaó

EN

Trochilidae

 

 

Chlorostilbon

Lucidus

Besourinho-de-bico-

vermelho

AV

Florisuga fusca

Beija-flor-preto

AV

Phaetornis pretrei

Rabo-branco-acanelado

AV

Tyrannidae

 

 

Elaenia sp

Guaracava

AV

Gubernetes yetapa

Tesoura-do-brejo

AV

Megarynchus

Pitangua

Nenei

AV


 

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Myiozetes similis

Bentevizinho-de-penacho-

vermelho

AV

Pitangus

Sulphuratus

Bem-te-vi

AV

Pyrocephalus

Rubinus

Príncipe

AV

Tyrannus

Melancholicus

Suiriri

AV

 

Sete espécies foram relatadas pelos entrevistados, sendo que três destas também foram avistadas pelos pesquisadores: Seriema (Cariama cristata), Mutum-de-penacho (Crax fasciolata) e Tucanuçu (Ramphastos toco). As outras quatro espécies: Maria-faceira (Syrigma sibilatrix), Saracura-três-potes (Aramides cajaneus), Ema (Rhea americana) e Jaó (Crypturellus undulatus) ocorrem na região (SIGRIST, 2006), podendo os relatos serem verdadeiros.

O mutum-de-penacho (Crax fasiolata) (Figura 22) é uma ave que depende de ambientes florestais, e foi observado durante a Expedição que extensas áreas tiveram a vegetação ciliar quase totalmente suprimida. A redução de habitats, além da menor oferta de recursos, aparentemente tem causado alterações comportamentais nas populações da referida espécie, o que pode estar contribuindo com a redução na abundância em algumas regiões (MOREIRA, 2018). Soma-se a isso, o fato de ser uma ave cuja carne é apreciada, sendo a caça uma outra pressão que incide sobre tais populações, valendo salientar que um dos moradores relatou em sua entrevista, que a caça é uma prática verificada na região.

Ainda com relação ao mutum-de-penacho, foram ouvidos relatos de moradores locais de que esta espécie é comumente vista convivendo com aves domésticas (principalmente galinhas), o que aponta uma necessidade de se monitorar os comedouros e bebedouros quanto às questões sanitárias, procurando manter os mesmos sempre higienizados, com o intuito de se evitar a disseminação de doenças, que podem inclusive ser carreadas a outras espécies silvestres.


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AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA

Figura 22. Mutum-de-penacho (Crax fasciolata) registrado nas proximidades do

Ribeirão

 

 

 

 

 

 

 

 

(Foto: Ayanda Ferreira Nascimento Lima)

 

 

Cinco espécies de columbídeos foram identificadas durante a expedição, sendo as mesmas também largamente caçadas em ambientes rurais no Brasil, reforçando a necessidade de uma intervenção de Educação Ambiental junto aos moradores locais.

O tráfico de animais silvestres corresponde a uma das atividades de maior impacto negativo sobre o meio ambiente em países megabiodiversos, como o Brasil, sendo as aves o grupo mais visado (RIBEIRO e SILVA, 2007; PETTER, 2012). Dentre as diferentes ordens, os psitacídeos (araras, maritacas, papagaios e periquitos) são os mais procurados pelos traficantes, pois têm maior procura pelos consumidores, interessados em ter uma ave silvestre como animal doméstico, devido à sua beleza, mas especialmente pela habilidade em imitar a voz humana (ROCHA et al. 2006; RIBEIRO e SILVA, 2007; VOLTOLINI et al. 2020). Foram registradas cinco espécies do referido grupo: Ara ararauna (Arara-canindé), Brotogeris chiriri (Periquito- do-encontro-amarelo), Eupsittula aurea (Periquito-rei), Psittacara leucophtalmus (Maritaca) e Ortopsittaca manilatus (Maracanã-do-buriti) (Figura 23; não foram feitos registros fotográficos das últimas duas espécies citadas).


 

Além dos Psitacídeos, vale ressaltar o registro de outras cinco espécies bastante procuradas pelos comerciantes ilegais de animais silvestres: Gnorimopsar chopi (Pássaro- preto), Icterus cayanensis (Encontro), Psedoleistes guirahuro (Chopim-do-brejo), Ramohastos toco (Tucanuçu) e Sicalis flaveola (Canário-da-terra).

Foram registradas 14 espécies que exploram diretamente o Ribeirão Santa Maria para forragear: Chloroceryle amazona (Martim-pescador-verde), Cairina moschata (Pato-do-mato), Anhinga anhinga (Biguatinga), Ardea alba (Garça-branca-grande), Butorides striata (Socozinho), Syrigma sibilatrix (Maria-faceira), Tigrisoma lineatum (Socó-boi), Vanellus chilensis (Quero-quero), Tachycineta albiventer (Andorinha-do-rio), Jacana jacana (Jaçanã), Aramides cajaneus (Saracura-três-potes), Porphyrio martinica (Frango-d’água-azul), Phimosus infuscatus (Tapicuru-de-cara-pelada) e Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi), o que

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reforça a importância de se manter o manancial o menos poluído possível, para evitar a contaminação das aves que nele se alimentam.

O registro de Bubulcus ibis (Garça-vaqueira) (Figura 24) requer maior atenção, pois trata-se de uma espécie exótica invasora, que tem causado impactos negativos em populações de aves nativas, competindo por alimento, deslocando as mesmas de seus sítios de reprodução, além de predarem seus ninhegos.

Figura 24. Garça-vaqueira (Bubulcus ibis) registrada nas proximidades do Ribeirão Santa Maria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Foto: Ayanda Ferreira Nascimento Lima)

 

 

 

A área parece apresentar uma alta diversidade de espécies de aves, incluindo espécies nativas residentes, migratórias e também espécies exóticas, sendo necessários estudos futuros que visem ter uma melhor estimativa da biodiversidade da avifauna local, dimensionar os possíveis impactos causados pela degradação ambiental e pela presença de espécies exóticas sobre as espécies nativas de aves, assim como promover campanhas de conscientização da população local quanto a importância de preservar os recursos naturais da região.

 

MASTOFAUNA

 

 

Para a monitoramento dos mamíferos, foram recolhidos dados de presença e ausência ao decorrer do trajeto. As espécies presentes serão anotadas conforme evidências observadas por meio de i) visualizações, ii) pegadas, iii) tocas no caso dos tatus, iv) fezes e v) sons em busca ativa realizadas por terra e pelas margens do Ribeirão Santa Maria.

Realizou-se também entrevistas com moradores e trabalhadores das áreas de estudo. Para isso, foram realizados questionários e os moradores da região identificavam os animais que haviam visualizado nas margens e o nos remanescentes florestais próximos ao Ribeirão. Para classificar a taxonomia das espécies de mamíferos utilizaremos PAGLIA et al.

(2012). Os rastros e outros vestígios serão identificados segundo o guia de campo de BORGES e TOMAS (2008). Marsupiais, pequenos roedores e morcegos serão identificados de acordo com a literatura específica (GARDNER, 2008; PATTON et al., 2015). As espécies de mamíferos serão classificadas como ameaçadas de extinção, segundo a Lista das Espécies de Mamíferos Brasileiros Ameaçadas de Extinção (ICMBio, 2016) e/ou Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2018).

O Estado de Goiás possui 191 espécies de mamíferos (HANNIBAL, et. al., 2021). A distribuição das espécies terrestres é frequentemente relacionada ao tipo de formação vegetal, esse efeito se devido cada espécie se adaptar ao um tipo específico de ambiente, onde é mais eficaz a busca por abrigo, reprodução, nidificação e alimentação (SMA, 2009).

Na região estudada, os registros sobre a mastofauna silvestre são escassos, principalmente pelo fato que áreas de vegetação nativa estão fortemente degradas, resultado da larga ocupação das pastagens e culturas características.

Na área de estudo foram identificadas 17 espécies, pertencentes a 15 Ordens distintas, sendo elas (Tabela 2):


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AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA

Tabela 2: Espécies evidenciadas durante a Expedição, sua ordem, família, nome científico, nome popular, status de conservação na IUCN e ICMBio, o método de registro e as coordenadas.


Ordem                     Família             Nome Científico         Nome

Popular



Sagui

 

LC

 

LC

 

Avistamento

 

18°10'35"S

49°15'03"W

 

A espécie Myrmecophaga tridactyla (Tamanduá-bandeira), Chrysocyon brachyurus (Lobo guará), Lycalopex vetulus (raposinha), Puma concolor (Onça parda/ suçuarana) e Sapajuscay (Macaco prego) constam na Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente (2008) e na Lista Vermelha da IUCN (2021) com o status de espécie vulnerável.

A identificação taxonômica até o nível de família e gênero de alguns animais detectados não pôde ser realizada, pois a partir dos dados obtidos não é suficiente para chegar nesse nível de identificação.

Foram listados indivíduos da ordem Chiroptera, pertencentes a família Phyllostomidae, que é a família brasileira de Chiroptera com maior visibilidade. Sua dieta é dieta predominantemente frugívora, desempenhando o importante papel de dispersão de sementes, no entanto a família também possui as únicas três espécies de morcegos hematófagos, (Desmodus rotundus, Diaemus youngi e Diphylla ecaudata). Os morcegos hematófagos por serem vetores do vírus da raiva são de grande relevância epidemiológica, sobretudo no que diz respeito à contaminação do gado (REIS et al., 2007). O método de registro foi o avistamento e vestígios, mas como não houve captura foi possível identificar apenas até nível de família. (Figuras 25 e 26)

 

 

 

 

 

 


 


Em razão da metodologia foram visualizados apenas grandes roedores, foram evidenciadas          duas                                                        espécies          de          duas                                          famílias                                           Hydrochoerus hydrochaeris e Cuniculus paca. A espécie Hydrochoerus hydrochaeris (capivara) é considerado o maior roedor e ocorre em todo o Brasil, se habitua facilmente às degradações ambientais, e apresenta dieta herbívora generalista, o que pode ocasionar a invasão nas plantações para se alimentar (BONVICINO et al., 2009). De acordo com os relatos na área de estudo os indivíduos não conferem prejuízos à agricultura. Foi avistado mais de uma vez no decorrer da expedição e em um dado momento foi observado 10 indivíduos juntos, além de vários vestígios e pegadas (Figuras 27 e 28). A Cuniculus paca (paca) é uma espécie noturna e distribui-se do sul do México ao norte da Argentina. Ela usualmente procura áreas florestadas próximas a cursos de água para viver. (PEREZ, 1992). A paca possui dieta generalista, se alimentando principalmente de frutos disponíveis de acordo com a estação (PEREZ, 1992; BECK- KING et al., 1999). Elas são consideradas dispersoras de sementes pequenas (BECK - KING et al., 1999; JANINI, 2000) e predadoras das grandes sementes (JANINI, 2000). Portanto ocasionalmente podem ser dispersoras de grandes sementes, por não consumirem todas as sementes carregadas. Durante a expedição houve o avistamento de uma paca atravessando o Ribeirão Santa Maria e foram registrados vestígios da paca (Figura 29).

 

 

 

 

 

 

 

 

A espécie Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira) na região. Essa espécie é conhecida como endêmica ao Cerrado, apesar de sua distribuição territorial ser por todo Brasil

 

 

 

 

 

Da ordem Cetartiodactyla obtivemos vestígio e relatos da família Cervidae. A presença de cervídeos foi citada em entrevista com moradores de região e foi encontrado pegadas (Figura 33). Já a família Tayassuidae, evidenciamos a espécie Dicotyles tajacu (cateto) por meio de avistamento e vestígios (Figura 34) que possui distribuição geográfica ampla que abrange a América do Sul, América Central e Sul dos Estados Unidos (CABRERA&YEPES,1940). Consegue sobreviver em vários habitats, mesmo em áreas devastadas (SOWLS, 1984). A sua capacidade de sobrevivência ocorre devido a adaptações fisiológicas e comportamentais, um exemplo é a aceitação de uma longa lista de alimentos. Vestígio e relato da família Suidae, a espécie Sus scrofa, que é uma espécie da América do Sul, incluindo sua forma selvagem original, o javali, que é uma ameaça direta para a conservação da biodiversidade (DESBIEZ et al. 2009; TABER et al. 2005; SICURO & OLIVEIRA 2002). O vestígio encontrado foi de fuçada (Figura 35).

 

Por se tratar de uma zona rural antropizada, durante a busca ativa evidenciou a presença da ordem Artiodactyla, com a espécie Bos sp. (Gado doméstico) da família Bovidae (Figura 36) e a ordem Perissodactyla com a espécie Equus sp. (Cavalo doméstico) da família Equidae (Figura 37).

 

Dentro da ordem carnívora, na família Canidae, duas espécies foram levantadas na região Chrysocyon brachyurus (Lobo Guará) e Lycalopex vetulus (Raposinha). O lobo-guará foi evidenciado nessa localidade por meio de relato de um morador e é o maior canídeo da América do Sul, ocorrendo em diferentes biomas no Brasil, é onívoro e oportunista (ROCHA et al., 2005). Mas como sua dieta é grande parte basicamente de frutos, também é reconhecido como um importante dispersor de sementes (CHEIDA, 2005). A raposinha, ou raposa-do- campo (Lycalopex vetulus) também entrou no levantamento por meio do relato de moradores, é endêmica do Brasil, além de ter o título de menor dos canídeos brasileiros. Habita o Cerrado e zonas de transição periféricas. Sua alimentação é composta principalmente de cupins, mas outros itens podem constar em sua dieta, como insetos, aves, pequenos roedores e frutos. É possível ser encontrada em ambientes alterados, como áreas de pastagens e agrícolas, ambas ricas em insetos (PRIST; DA SILVA; PAPI, 202).

Ainda na ordem Carnivora, entram para o levantamento mais duas famílias, a família Felidae, com a presença da Puma concolor, que foi evidenciada por meio de relatos, avistamento e vestígio (Figuras 38 e 39). Os felídeos sofrem maior ameaça, pois além da perca de habitat ocasionada por atividades agropastoris, eles sofrem com a caça, pois os moradores temerem a possíveis ataques desses felinos contra animais domésticos e bois (CHEIDA et al., 2006).

 

 

 

 

 

 

 última ordem do nosso levantamento é a ordem Primatas com duas famílias avistadas. A família Cebidae com a espécie Sapajuscay, o macaco-prego (Figura 40) que além do Brasil, também está presente na Argentina, Bolívia e Paraguai. Possui um habito alimentar variado, contendo frutas, sementes, partes de plantas como caules, flores e folhas. Apesar de se adaptar bem em ambiente rural, existem ameaças à sobrevivência dessa espécie, como principalmente os incêndios, a agricultura, a pecuária, os assentamentos rurais, a expansão urbana, o desmatamento, a caça e a captura (ICMBio, 2020; RÍMOLI et. al.,2018). E a outra família é a Callithrichidae, com a espécie levantada por meio de avistamento, Callithrix penicillata, o sagui que é um pequeno primata distinguível pelos tufos auriculares em forma de pincel e que ocupa a região central do Brasil (MIRANDA; FARIA, 2001). Chegam a medir 75cm de comprimento incluindo a cauda e possui massa entre 350 a 400g (HERSHKOVITZ, 1977 apud CAVALHEIRO, 2008).

 

 

 

Levando em consideração os métodos de amostragem e a duração da expedição, o estudo revelou um número considerável de espécies. Em regiões onde a margem do Ribeirão é mais preservada, houve um maior número de registros de espécies e essas áreas possuem grande influência na riqueza de espécies e distribuição de indivíduos.

Entre os mamíferos, destaca-se o registro de espécies ameaçadas, como Myrmecophaga tridactyla, Chrysocyon brachyurus, Lycalopex vetulus, Puma concolor e Sapajus cay.

O Ribeirão Santa Maria e seus afluentes representam um importante papel para a conservação da mastofauna da região, uma vez que servem de área de refúgio e hidratação para os animais. Isso é explicado devido às áreas do entorno terem sido transformadas em pastagem para gado ou cultivo. Ressaltando que problemas como o lixo e queimadas também contribuem para a degradação da paisagem natural da microbacia, afetando diretamente sua dinâmica ecológica.

 

ICTIOFAUNA

 

 

A ictiofauna brasileira compreende 2.300 espécies de água doce (número compilado do Check List of the Freshwater Fishes of South and Central America, Reis et al., 2003), segundo Menezes et al. (2003). Todavia, o conhecimento sobre a diversidade desta fauna é ainda incompleto, como atestam as dezenas de espécies de peixes descritas anualmente no Brasil e, portanto, é de se prever que a riqueza total efetiva seja ainda muito maior.

 

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A bacia do rio Paranaíba, da qual faz parte o Ribeirão Santa Maria, é muito rica em sua ictiofauna, por outro lado, ainda é pouco estudada. Este trabalho trata-se de um levantamento parcial, que tem como objetivo caracterizar a diversidade da ictiofauna do ribeirão, no período entre 23 e 27 de maio de 2022.

Realizou-se o estudo da ictiofauna do Ribeirão Santa Maria, entre os dias 23 e 27 de maio de 2022. Foram utilizadas varas munidas de linha e anzol, também minhocas e milho como isca, bem como armadilhasdo tipo covo, colocadas distantes entre si por 50 metros, com milho e presunto como iscas. Foi, ainda, realizada observação ativa do ribeirão para o avistamento dos espécimes. Também foi realizada entrevista com os moradores da região quanto a diversidade de espécimes percebidas por estes, na área.

Os espécimes foram fotografados, medidos, catalogados com nomes populares e científicos, e, depois, devolvidos ao seu habitat, de forma segura.

Do período analisado, não se vislumbrou grande diversidade de espécies, tendo sido observados:

 

 

 

Segundo os moradores ribeirinhos e alguns proprietários, em anos anteriores já foram capturados Piaus (Leporinus sp), Mandis (Pimelodus maculatus) e Pacus (Characidae), porém, neste estudo realizado, tais espécies não foram confirmadas.

Apesar de pertencer à bacia do Rio Paranaíba, que possui grande diversidade em sua ictiofauna, não se observou no Ribeirão Santa Maria, no período analisado (entre 23 e 27 de

 

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maio de 2022), reflexo da bacia a qual pertence, uma vez que não foi percebida grande variedade de espécies.

Tem-se, portanto, um resultado diferente do aferido da inquirição dos moradores ribeirinhos, que atestaram, em entrevistas realizadas, a ocorrência de várias espécies não encontradas. Tal divergência pode ter ocorrido em função de hábitos migratórios das espécies, de forma que, sugere-se que seja realizado estudo periódico no ribeirão no curso de um ano, a fim de se obter resultado completo quanto a diversidade da ictiofauna local.

 

HERPETOFAUNA

 

 

Nas últimas duas décadas, diversas fitofisionomias de Cerrado (e.g. cerrado sensu stricto, cerradão, mata de galeria, campo sujo, campo limpo) localizadas em diferentes municípios de Goiás e Distrito Federal vêm sendo amostradas pelos autores, principalmente na estação chuvosa (de outubro a março). Durante as visitas aos sítios de vocalização foram registrados espécimes em atividade reprodutiva, evidenciadas pela ocorrência de machos vocalizando e, quando presentes, casais em amplexo, desovas e girinos.

No período de coleta, seco e frio, do levantamento, foram possíveis o encontro de poucos exemplares. Dentre eles:

 

 

 

De acordo com os métodos de amostragem e a duração da expedição, o estudo revelou um baixo número na biodiversidade de espécies da herpetofauna. Em regiões onde a margem do Ribeirão é mais preservada, houve um maior número de registros de espécies e essas áreas possuem grande influência na riqueza de espécies e distribuição de indivíduos. Essa ocorrência pode nos sugerir um desequilíbrio ambiental na região, prejudicando a forma de vida desses animais.

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Nesse contexto se faz necessário novas avaliações, em outras estações do ano, podendo analisar dessa forma se biodiversidade dessas espécies está ligada ao clima, ou as condições do ambiente em questão.

MEDIDAS CONSERVACIONISTAS

Visando aumentar as áreas florestadas e principalmente estabelecer corredores de

vegetação favorecendo o fluxo gênico e aumentando os recursos para a fauna local,  são recomendadas as medidas de mitigação e conservação relacionadas abaixo.

 

Manejo e monitoramento da fauna

Deverão ser implantados programas de manejo da fauna ameaçada de extinção e monitoramento da fauna. O monitoramento se faz necessário tanto na estação chuvosa quanto na seca, para reunir dados ecológicos os quais poderão, no futuro, ser utilizados como parâmetro em discussões a respeito da dinâmica e estrutura da comunidade local; além de permitir comparação da fauna encontrada em áreas perturbadas e em áreas preservadas.

Recomenda-se realização também do monitoramento da fauna invertebrada periodicamente, especialmente, as que estão inseridas em propriedade particular. O acompanhamento da fauna de aracnídeos nocivos ao homem visa prevenir ou minimizar possíveis acidentes nas áreas domiciliares, além de permitir a ampliação do conhecimento da biologia e distribuição desses animais.

Plantio de mudas nativas plantio compensatório

É fundamental que se aumente a oferta de habitats para a fauna através do aumento de áreas florestadas, que oferecerão abrigo e alimento para as populações faunísticas existentes.

Deverão ser priorizadas para plantio espécies frutíferas e zoocóricas, isto é, que possuem disseminação de sementes através da fauna;

O plantio compensatório poderá ser cercado, caso haja necessidade em função do risco de depredação das mudas por ação humana ou pisoteamento de animais domésticos, como gado.

Redução da pesca excessiva

O estudo possibilitou a constatação de uma baixa biodiversidade na ictiofauna da região. Dentro disso se faz necessário a orientação aos ribeirinhos para a redução de sobre pesca, onde tal ação poderia evitar maiores prejuízos a essas espécies.

Programa de educação ambiental

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É de grande relevância estabelecer um programa de Educação Ambiental para integrar e comprometer a sociedade, incentivando sua participação no contexto ecológico, a fim de mantê-la atuante e sensibilizada em relação à problemática de conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais e de todas as regiões limítrofes. Dentro dele deverão ser incluídas ações específicas em relação à Fauna visando:

  Promover a sensibilização em relação à fauna;

  Chamar a atenção quanto à caça ilegal de animais silvestres;

  Importância de não alimentar animais silvestres;

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