NESTA EDIÇÃO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DOS TRABALHOS DA COMISSÃO DE FAUNA NA EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA
Coordenadora: Dra. Ayanda Ferreira Nascimento Lima (REE)
Relatora: Ma. Jaqueline Elise Garcia
Chiesa (RME)
Membros: Carolina Alves Pereira (PPGES-UEG), Claudimar Alves dos Santos (PMI), Fernanda Alves
de Camargo (PMI-UVZ), Renata de Freitas
Barroso (PPGAS-UEG), Roosevelt Gonçalves Moreira
(UNIFASC) e Sandro Gonçalves
Moreira (UNICERRADO).
INTRODUÇÃO
O Cerrado é considerado um dos hotspots da
biodiversidade mundial, por possuir uma grande
riqueza de espécies, alta taxa de endemismo, e estar sendo altamente degradado
em virtude da instalação de atividades econômicas, principalmente agrícolas e pecuárias (MYERS
et al., 2000; PROBIO, 2002). Originalmente corresponde ao segundo maior
bioma brasileiro, mas apenas 3% do seu território encontra-se protegido em Unidades de Conservação, majoritariamente em áreas inferiores a 100.000 hectares,
evidenciando-se sua intensa
fragmentação (PROBIO, 2002).
O estado de Goiás tem grande parte de
seu território ocupado pelo Cerrado, porém sofre com danos ambientais severos, devido urbanização e atividades agropecuárias (FERREIRA & LINO, 2021).
O Brasil, assim
como muitos países tropicais, possui uma alta diversidade de espécies em todos os seus biomas (MARÇAL JÚNIOR& FRANCHIN, 2003). Entretanto, a degradação ambiental por atividades antrópicas, principalmente a redução
de habitats naturais, tem causado grande
impacto sobre as populações da fauna, como as de aves silvestres (MARINI,
2001).
Sendo assim considerando-se que o
Brasil é um país de dimensões continentais, envolver
a população em projetos de preservação e de geração de conhecimentos
científicos pode ser de grande valia,
o que já é praticado há algumas décadas em alguns países, mas ainda uma prática incipiente no Brasil, no que se denomina
Citizen Science (Ciência
cidadã).
O Ribeirão Santa Maria é a principal fonte de capItação de água para o abastecimento da cidade de Itumbiara/GO. O levantamento ambiental deste curso
hídrico é de extrema importância, para conservação e manutenção deste ambiente, visando
a diversidade de espécies existentes nesse local, onde possui
notável antropização. Silveira et al. (2010) e Faria e Souza (2021) afirmam que conhecer a diversidade
da fauna é uma das ferramentas mais importantes para a conservação, manejo e monitoramento de áreas
naturais.
Nesse sentido o conhecimento da
biodiversidade local, associado à fiscalização por instituições competentes e à implementação de atividades de Educação Ambiental, correspondem a medidas que devem ser adotadas com o intuito de
garantir a preservação de espécies e a integridade de ecossistemas.
OBJETIVO GERAL
Conhecer e mapear o acervo faunístico, o grau de impactos causados
pelo homem e as intervenções ao longo do manancial Ribeirão Santa Maria.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·
Realizar levantamento preliminar dos animais silvestres: Mamíferos, aves (Avifauna), répteis e anfíbios
(Herpetofauna), peixes (Ictiofauna) e invertebrados.
·
Descrever as condições gerais dos animais
e populações encontradas em seus ecossistemas.
·
Identificar possíveis pontos
de caça e pesca predatória.
INVERTEBRADOS
Invertebrados são organismos
importantes na manutenção dos ecossistemas, estando presentes em variadas comunidades naturais em nichos terrestres,
dulcícolas e marinhos. O grupo apresenta
espécies polinizadoras, decompositoras, promotoras de solos,
pragas agrícolas,
agentes de controle biológico de pragas, pestes urbanas,
dispersoras de agentes infecciosos e espécies que servem de base alimentar para vertebrados e até outros
invertebrados (PRATHER et al.,
2013).
Devida
tamanha diversidade, os invertebrados necessitam de ações conservacionistas, pois estão sofrendo
declínio populacional ao longo dos anos, recorrente do desenvolvimento de infraestruturas
humanas (BOHM et al., 2018; SÁNCHEZ-BAYO & WYCKHUYS, 2019). O crescimento populacional, atividades
agropecuárias, mudanças climáticas, poluições, interesse econômico e descontrole populacional de espécies invasoras,
geram a perda do hábitat natural do grupo (BOHM,
KEMP & BAILLIE, 2018).
Nesse sentindo para a captura de
invertebrados terrestres, do presente estudo, foram utilizados métodos de busca ativa e coleta manual. A busca ativa
e coleta manual foram realizadas durante
o dia e a noite. Foram realizados observações e registros
através de fotografias dos invertebrados avistados na
margem do ribeirão e nos remanescentes florestais. Durante a noite as coletas ocorreram entre 19h00 e 23h00, com
auxílio de lanterna de luz ultravioleta
(UV), pois o grupo forrageia a noite na vegetação e possui bioluminescência. Os indivíduos foram georreferenciados e coletados através
de uma pinça anatômica de aço inoxidável e acondicionados em recipiente plástico com superfície lisa.
Posteriormente, os indivíduos foram sacrificados por imersão em álcool 70% e armazenados para ser feita descrição, com
características morfológicas. A classificação dos espécimes foi realizada através da literatura de BUZZI, 2002 e
BRAZIL; PORTO, 2010 e do banco de dados
iNaturalist.
Foram realizadas entrevistas com os
moradores locais das áreas de estudos, reunindo informações de animais que foram avistados pelos mesmos na
margem do curso hídrico e remanescentes florestais.
A diversidade de espécies encontradas
no Cerrado, refere-se a variedade de habitats,
onde engloba diferentes tipos de formações vegetais (RIBEIRO &
WALTER, 1998). A fauna de invertebrados do bioma é muito rica, tendo aproximadamente 16 filos, possuindo importante função
ecológica, ocupando diferentes microhabitats, bioindicadores sensíveis da
interferência humana e desempenhando atividades regulatórias de ecossistemas (LONGCORE, 2003; OLIVEIRA et al., 2021). Insetos e aranhas
estão entre os artrópodes que regulam a circulação de energia e ciclos
de nutrientes efetivamente (WILSON,
1987).
Durante o período amostrado, foram
observadas e coletadas 8 ordens de indivíduos
(Tabela 1). Os invertebrados são abundantes em diversidade e número de indivíduos, sendo
benéficos e/ou maléficos para saúde humana,
importantes para estudos em fragmentos
florestais, sendo inúmeras
espécies com potencial bioindicador.
FILO CLASSE ORDEM Arthropoda Insecta Coleoptera Arthropoda Insecta Odonata Arthropoda Insecta Thysanoptera Arthropoda Insecta Hymenoptera Arthropoda Arachnida Aranae Arthropoda Arachnida Opiliones Arthropoda Arachnida Scorpiones Arthropoda Arachnida Pseudoescorpiones
Tabela 1. Classificação de indivíduos observados e coletados na margem e remanescentes florestais do Ribeirão Santa Maria.
Fonte: Autoria Própria
A ordem Coleóptera está na classe dos
insetos, o grupo mais abundante entre os artrópodes,
possui cerca160 famílias, com capacidade de abrigar nichos ecológicos diversos, podendo ser utilizados como indicadores da
qualidade ou degradação do ambiente devido às
suas características específicas (SILVA & SILVA, 2011), preocupações
no setor agropecuário na interação
inseto-praga e problemas
de saúde pública
(CAZORLA-PERFETTI, 2018). Durante
a expedição, foi observado um coleóptero do gênero Charidotella
(Figura 1).
Figura 1. Indivíduo
do gênero Charidotella
(Foto: Ayanda Ferreira
Nascimento Lima)
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Aracnídeos são pertencentes ao filo dos artrópodes, onde
estão inseridos os escorpiões, pseudoescorpiões, aranhas,
opiliões, ácaros, entre outros grupos,
ambos com abundante
diversidade de espécies (BERTANI et al. 2015). Os escorpiões são aracnídeos mais temidos devido sua picada dolorosa e às vezes
fatal, mas, a toxina deste
grupo pode ser eficiente contra
doenças, até mesmo contra efeitos colaterais nos tratamentos delas
(SANGAR et al. 2020). Durante
a expedição foi encontrado indivíduos de Tityus serrulatus (Figura 2), espécie sinantrópica de importância médica, pois
há diversos casos com acidentes relacionados a ela e indivíduos do
gênero Bothriurus (Figura 3).
|
|
O carrapato Amblyomma cajennense (Figura 4), é uma espécie de ampla
distribuição geográfica e de suma importância no âmbito de saúde animal
e principalmente na saúde pública,
sendo o principal vetor da Febre Maculosa Brasileira, a qual acomete
seres humanos. A doença, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, é reconhecida
pela sua alta letalidade nas Américas (RODRIGUES
et al., 2015). Outro aracnídeo encontrado foi o opilião da família Stygnidae
(Figura 5).
Os pseudoescorpiões são encontrados em
pequenos e diversos habitats serrapilheira, galhos, pedras
e cascas de árvores. Possuem
um tamanho pequeno
e são ágeis, dificultando sua observação.
Possuem distribuição ampla e são predadores de pequenos artrópodes, como colêmbolos, besouros, formigas pequenas,
entre outros (TIZO-PEDROSO, 2007). A espécie
social encontrada durante
a expedição foi Paratemnoides
nidificator (Figura 6).
Outro indivíduo encontrado na classe
dos aracnídeos foi a viúva marrom, Latrodectus geometricus (Figura 7) de importância
médica devido aos efeitos de seu envenenamento, causando dor, edema,
formigamento, tremores, dor abdominal, sudorese
generalizada,
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Foram encontrados indivíduos do gênero Limnopurus (Figura 15), Diaethria (Figura 16), Hemiargus (Figura
17) e Centris (Figura 18), também
vespas do gênero Polistes (Figura 19) e Synoeca
(Figura 20), eles estão na classe dos insetos e representam importância
para conservação do ambiente, além do nematódeo do gênero Gordioidea (Figura 21), popularmente chamado de cobra de cabelo, são parasitas
de grilos e gafanhotos. Os invertebrados podem ser usados na medicina popular (ALVES& DIAS, 2010),
bioindicadores (GUAYASAMÍN, 2021) e relação inseto-praga (FIOREZE
et al., 2018).
Contudo, perante a diversidade de espécies encontradas e seus benefícios aos ecossistemas em que habitam,
é necessário a conservação do habitat que abrigam esses indivíduos,
pois são espécies que correm riscos populacionais devido a degradação observada em torno do Ribeirão Santa Maria.
Os dados levantados demonstram que o Ribeirão
Santa Maria, abriga
grande diversidade de invertebrados. Foram encontrados
indivíduos de diversas ordens da classe dos insetos e aracnídeos, incluindo a ordem Odonata que é um potencial
bioindicador de cursos hídricos e a ordem Scorpiones, que é um risco a saúde pública, devido aos acidentes com este
grupo.
Faz-se necessário informar a comunidade
local sobre os benefícios da conservação do Ribeirão Santa Maria
e a
fauna e flora
que habitam no mesmo, além de informar
a importância e risco de cada indivíduo e seu papel no
meio ambiente, para que consigam compreender a
dinâmica das populações existentes no local.
AVIFAUNA
No período de 23 a 27 de maio de 2022
foram feitos registros fotográficos da avifauna local por um dos componentes da Expedição, componente este que
também abordou alguns moradores locais,
entrevistando-os quanto a vários aspectos,
incluindo sobre as espécies animais
possivelmente encontrados na região.
No dia 26 de maio, foram realizadas
observações no período da manhã nas margens do
Ribeirão Santa Maria, através de vista desarmada e com auxílio de
binóculo (Bushnell 7x35), em pontos distantes 15 metros entre si, em um transecto
de cerca de 200 metros de comprimento, que foi precorrido a pé. O
observador permaneceu cerca de 10 minutos em cada ponto, sendo as espécies registradas através do contato
visual e/ou sonoro.
No período da tarde, as observações foram feitas em uma
embarcação (Canoa de alumínio de 5 metros, pertencente ao Batalhão de Corpo de Bombeiros de Itumbiara), em
deslocamento contínuo à jusante, sem utilização de motor para minimizar a emissão
de ruídos, sendo percorridos cerca de 12 quilômetros.
No levantamento preliminar da avifauna local, foram identificadas61 espécies, pertencentes a 29 famílias,
sendo Tyrannidae a mais representativa, com 7 espécies
(Quadro 1), o que corrobora com outros trabalhos
relacionados (MARÇAL JUNIOR et al,
2009).
Quadro 1 – Relação das espécies de aves registradas nas proximidades do Ribeirão
Santa Maria, no período de 23 a 27 de maio
de 2022 (AV – avistamento / EN - entrevista).
Família/Espécie |
Nome popular |
Tipo de registro |
Accipitridae |
|
|
Buteo brachyurus |
Gavião-de-cauda-curta |
AV |
Rupornis Magnirostris |
Gavião-carijó |
AV |
Alcedinidae |
|
|
Chloroceryle Amazona |
Martim-pescador-verde |
AV |
Anatidae |
|
|
Cairina moschata |
Pato-do-mato |
AV |
Anhingidae |
|
|
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Anhinga |
Biguatinga |
AV |
Ardeidae |
|
|
Ardea alba |
Garça-branca-grande |
AV |
Bubulcus ibis |
Garça-vaqueira |
AV |
Butorides striata |
Socozinho |
AV |
Syrigma sibilatrix |
Maria-faceira |
EN |
Tigrisoma lineatum |
Socó-boi |
AV |
Bucconidae |
|
|
Monasa nigrifrons |
Chora-chuva-preto |
AV |
Cariamidae |
|
|
Cariama cristata |
Seriema |
AV/EN |
Cathartidae |
|
|
Coragyps atratus |
Urubu-preto |
AV |
Charadriidae |
|
|
Vanellus chilensis |
Quero-quero |
AV |
Columbidae |
|
|
Columba Cayennensis |
Pomba-galega |
AV |
Columba picazuro |
Asa-branca |
AV |
Columbina Squammata |
Rolinha-fogo-apagou |
AV |
Columbina Talpacoti |
Rolinha-caldo-de-feijão |
AV |
Leptotila verreauxi |
Juriti-pupu |
AV |
Cracidae |
|
|
Crax fasciolata |
Mutum-de-penacho |
AV/EN |
Cuculidae |
|
|
Crotophaga ani |
Anu-preto |
AV |
Guira |
Anu-branco |
AV |
Piaya cayana |
Alma-de-gato |
AV |
Falconidae |
|
|
Caracara plancus |
Carcará |
AV |
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Fringilidae |
|
|
Euphonia Chlorotica |
Fim-fim |
AV |
Furnaridae |
|
|
Furnarius rufus |
João-de-barro |
AV |
Galbulidae |
|
|
Galbula ruficauda |
Ariramba-de-cauda-ruiva |
AV |
Hirundinidae |
|
|
Stelgidopteryx Ruficollis |
Andorinha-serradora |
AV |
Tachycineta Albiventer |
Andorinha-do-rio |
AV |
Icteridae |
|
|
Gnorimopsar chopi |
Pássaro-preto |
AV |
Icterus cayanensis |
Encontro |
AV |
Molothrus Bonariensis |
Melro |
AV |
Psaracolius Decumanus |
Japu |
AV |
Psedoleistes Guirahuro |
Chopim-do-brejo |
AV |
Jacanidae |
|
|
Jacana |
Jaçanã |
AV |
Momotidae |
|
|
Momotus momota |
Udu-de-coroa-azul |
AV |
Psittacidae |
|
|
Ara ararauna |
Arara-canindé |
AV |
Brotogeris chiriri |
Periquito-de-encontro- amarelo |
AV |
Eupsittula aurea |
Periquito-rei |
AV |
Orthopsittaca Manilatus |
Maracanã-do-buriti |
|
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Psittacara Leucophtalmus |
Maritaca |
AV |
Rallidae |
|
|
Aramides cajaneus |
Saracura-três-potes |
EN |
Porphyrio Martinica |
Frango-d’água-azul |
AV |
Ramphastidae |
|
|
Ramohastos toco |
Tucanuçu |
AV/EN |
Rheidae |
|
|
Rhea americana |
Ema |
EN |
Thraupidae |
|
|
Sicalis flaveola |
Canário-da-terra |
AV |
Tachyphonus rufus |
Pipira-preta |
AV |
Thraupis sayaca |
Sanhaço-cinzento |
AV |
Threskiornitidae |
|
|
Phimosus Infuscatus |
Tapicuru-de-cara-pelada |
AV |
Theristicus Caudatus |
Curicaca |
AV |
Tinamidae |
|
|
Crypturellus Undulatus |
Jaó |
EN |
Trochilidae |
|
|
Chlorostilbon Lucidus |
Besourinho-de-bico- vermelho |
AV |
Florisuga fusca |
Beija-flor-preto |
AV |
Phaetornis pretrei |
Rabo-branco-acanelado |
AV |
Tyrannidae |
|
|
Elaenia sp |
Guaracava |
AV |
Gubernetes yetapa |
Tesoura-do-brejo |
AV |
Megarynchus Pitangua |
Nenei |
AV |
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Myiozetes similis |
Bentevizinho-de-penacho- vermelho |
AV |
Pitangus Sulphuratus |
Bem-te-vi |
AV |
Pyrocephalus Rubinus |
Príncipe |
AV |
Tyrannus Melancholicus |
Suiriri |
AV |
Sete espécies foram
relatadas pelos entrevistados, sendo que três destas também
foram avistadas pelos pesquisadores: Seriema
(Cariama cristata), Mutum-de-penacho (Crax fasciolata) e Tucanuçu (Ramphastos toco). As outras quatro
espécies: Maria-faceira (Syrigma sibilatrix), Saracura-três-potes (Aramides cajaneus), Ema (Rhea americana) e Jaó (Crypturellus undulatus) ocorrem na região (SIGRIST, 2006), podendo os relatos serem
verdadeiros.
O mutum-de-penacho (Crax fasiolata) (Figura 22) é uma ave que depende
de ambientes florestais, e foi observado
durante a Expedição
que extensas áreas tiveram a vegetação
ciliar quase totalmente suprimida. A redução de habitats, além da menor oferta
de recursos, aparentemente tem
causado alterações comportamentais nas populações da referida espécie, o que pode estar contribuindo com
a redução na abundância em algumas regiões (MOREIRA, 2018).
Soma-se a isso, o fato de ser uma ave cuja carne
é apreciada, sendo a caça
uma outra pressão que incide sobre tais populações, valendo salientar
que um dos moradores relatou em sua
entrevista, que a caça é uma
prática verificada na região.
Ainda com relação ao mutum-de-penacho,
foram ouvidos relatos de moradores locais de
que esta espécie é comumente vista convivendo com aves domésticas
(principalmente galinhas), o que
aponta uma necessidade de se monitorar os comedouros e bebedouros quanto às questões sanitárias, procurando manter os mesmos sempre
higienizados, com o intuito de se evitar
a disseminação de doenças, que podem inclusive
ser carreadas a outras espécies
silvestres.
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO
SOUSA E SILVA
Figura 22. Mutum-de-penacho (Crax fasciolata) registrado nas proximidades do
Ribeirão
(Foto: Ayanda Ferreira
Nascimento Lima)
Cinco espécies de columbídeos foram
identificadas durante a expedição, sendo as mesmas
também largamente caçadas em ambientes rurais no Brasil, reforçando a
necessidade de uma intervenção de Educação Ambiental junto aos moradores locais.
O tráfico de animais silvestres
corresponde a uma das atividades de maior impacto negativo sobre o meio ambiente em países megabiodiversos, como o
Brasil, sendo as aves o grupo mais visado (RIBEIRO
e SILVA, 2007; PETTER, 2012).
Dentre as diferentes ordens, os psitacídeos (araras, maritacas, papagaios e periquitos) são os mais procurados pelos traficantes, pois têm maior procura pelos consumidores, interessados em ter uma ave silvestre
como animal doméstico, devido à sua beleza, mas
especialmente pela habilidade em imitar a voz humana (ROCHA et al. 2006;
RIBEIRO e SILVA, 2007; VOLTOLINI et al. 2020).
Foram registradas cinco espécies
do referido grupo:
Ara ararauna (Arara-canindé), Brotogeris chiriri
(Periquito- do-encontro-amarelo),
Eupsittula aurea (Periquito-rei), Psittacara leucophtalmus (Maritaca) e Ortopsittaca manilatus (Maracanã-do-buriti) (Figura
23; não foram feitos registros fotográficos das últimas duas espécies citadas).
Além dos Psitacídeos, vale ressaltar o registro de outras cinco espécies bastante
procuradas pelos comerciantes ilegais de animais silvestres: Gnorimopsar chopi (Pássaro- preto),
Icterus cayanensis (Encontro), Psedoleistes guirahuro (Chopim-do-brejo), Ramohastos
toco (Tucanuçu) e Sicalis
flaveola (Canário-da-terra).
Foram registradas 14 espécies que exploram diretamente
o Ribeirão Santa Maria para forragear: Chloroceryle amazona
(Martim-pescador-verde), Cairina moschata (Pato-do-mato), Anhinga anhinga
(Biguatinga), Ardea alba (Garça-branca-grande), Butorides striata
(Socozinho), Syrigma sibilatrix (Maria-faceira), Tigrisoma lineatum
(Socó-boi), Vanellus chilensis
(Quero-quero), Tachycineta albiventer
(Andorinha-do-rio), Jacana jacana (Jaçanã), Aramides cajaneus
(Saracura-três-potes), Porphyrio
martinica (Frango-d’água-azul), Phimosus infuscatus (Tapicuru-de-cara-pelada)
e Pitangus sulphuratus (Bem-te-vi), o que
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO
SOUSA E SILVA
reforça a importância de se manter o manancial o menos
poluído possível, para evitar a contaminação das aves que nele se alimentam.
O registro de Bubulcus ibis (Garça-vaqueira) (Figura 24) requer maior atenção,
pois trata-se de uma espécie exótica
invasora, que tem causado impactos negativos em populações de aves nativas,
competindo por alimento,
deslocando as mesmas
de seus sítios de reprodução, além de predarem seus ninhegos.
Figura 24.
Garça-vaqueira (Bubulcus ibis)
registrada nas proximidades do Ribeirão Santa
Maria.
(Foto: Ayanda
Ferreira Nascimento Lima)
A área parece apresentar uma alta
diversidade de espécies de aves, incluindo espécies nativas residentes, migratórias e também espécies exóticas,
sendo necessários estudos futuros que
visem ter uma melhor estimativa da biodiversidade da avifauna local,
dimensionar os possíveis impactos
causados pela degradação ambiental e pela presença de espécies exóticas sobre as espécies nativas de aves, assim
como promover campanhas de conscientização da
população local quanto a importância
de preservar os recursos naturais
da região.
MASTOFAUNA
Para a monitoramento dos mamíferos,
foram recolhidos dados de presença e ausência
ao decorrer do trajeto. As espécies presentes serão anotadas conforme
evidências observadas por meio de i) visualizações,
ii) pegadas, iii) tocas no caso dos tatus, iv) fezes e v) sons em busca ativa realizadas por terra e pelas
margens do Ribeirão Santa
Maria.
Realizou-se também entrevistas com moradores e trabalhadores das áreas de estudo. Para isso, foram realizados questionários e os moradores
da região identificavam os animais que já haviam
visualizado nas margens e o nos remanescentes florestais próximos ao Ribeirão.
Para classificar a taxonomia das espécies de mamíferos utilizaremos PAGLIA et al.
(2012). Os rastros
e outros vestígios serão identificados segundo
o guia de campo de BORGES e TOMAS (2008). Marsupiais, pequenos
roedores e morcegos serão identificados de acordo com a literatura específica (GARDNER, 2008; PATTON et al., 2015). As espécies
de mamíferos serão
classificadas como ameaçadas de extinção, segundo a Lista das Espécies de Mamíferos Brasileiros Ameaçadas de
Extinção (ICMBio, 2016) e/ou Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN 2018).
O Estado de Goiás possui 191 espécies
de mamíferos (HANNIBAL, et. al., 2021). A distribuição
das espécies terrestres é frequentemente relacionada ao tipo de formação
vegetal, esse efeito se dá devido cada espécie se adaptar ao um tipo específico de ambiente, onde é mais eficaz
a busca por abrigo,
reprodução, nidificação e alimentação (SMA, 2009).
Na região estudada,
os registros sobre a mastofauna silvestre são escassos,
principalmente pelo fato que áreas
de vegetação nativa
estão fortemente degradas, resultado da larga ocupação
das pastagens e culturas características.
Na área de estudo foram
identificadas 17 espécies, pertencentes a 15 Ordens distintas, sendo elas (Tabela 2):
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Tabela 2: Espécies evidenciadas durante a
Expedição, sua ordem, família, nome científico, nome popular, status de conservação na IUCN e ICMBio, o método de registro e as
coordenadas.
Ordem Família Nome Científico Nome
Popular
Sagui |
LC |
LC |
Avistamento |
18°10'35"S 49°15'03"W |
A espécie Myrmecophaga
tridactyla (Tamanduá-bandeira), Chrysocyon brachyurus (Lobo guará),
Lycalopex vetulus (raposinha), Puma concolor
(Onça parda/ suçuarana) e Sapajuscay (Macaco prego) constam na
Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente (2008) e na Lista
Vermelha da IUCN (2021) com o status de espécie vulnerável.
A identificação taxonômica até o nível de família
e gênero de alguns animais
detectados não pôde ser realizada, pois a partir dos dados obtidos não é
suficiente para chegar nesse nível de identificação.
Foram listados indivíduos da ordem Chiroptera, pertencentes a família
Phyllostomidae, que é a família brasileira de Chiroptera com maior
visibilidade. Sua dieta é dieta predominantemente frugívora, desempenhando o importante papel de dispersão
de sementes, no entanto
a família também
possui as únicas
três espécies de morcegos hematófagos, (Desmodus rotundus,
Diaemus youngi e Diphylla ecaudata).
Os morcegos hematófagos por serem vetores
do vírus da raiva são de grande
relevância epidemiológica, sobretudo
no que diz respeito à
contaminação do gado (REIS et al., 2007). O método de registro foi o
avistamento e vestígios, mas como
não houve captura foi possível identificar apenas até nível de família. (Figuras
25 e 26)
|
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Em razão da metodologia foram visualizados apenas grandes roedores,
foram evidenciadas duas espécies de duas famílias Hydrochoerus hydrochaeris e Cuniculus paca. A espécie
Hydrochoerus hydrochaeris (capivara) é considerado o maior roedor e ocorre em
todo o Brasil, se habitua facilmente às degradações ambientais, e apresenta
dieta herbívora generalista, o que pode ocasionar a invasão nas plantações
para se alimentar (BONVICINO et al., 2009). De acordo com os relatos na área de estudo os indivíduos não conferem
prejuízos à agricultura. Foi avistado mais de uma vez no decorrer da expedição e em um dado momento foi observado 10
indivíduos juntos, além de vários vestígios
e pegadas (Figuras
27 e 28). A Cuniculus
paca (paca) é uma espécie
noturna e distribui-se do sul
do México ao norte da Argentina. Ela usualmente procura áreas florestadas próximas a cursos de água para viver.
(PEREZ, 1992). A paca possui dieta
generalista, se alimentando
principalmente de frutos disponíveis de acordo com a estação (PEREZ, 1992; BECK- KING et al., 1999). Elas são
consideradas dispersoras de sementes pequenas (BECK - KING et al., 1999;
JANINI, 2000) e predadoras das grandes sementes
(JANINI, 2000). Portanto ocasionalmente podem ser
dispersoras de grandes sementes, por não consumirem todas as sementes
carregadas. Durante a expedição houve o avistamento de uma paca atravessando
o Ribeirão Santa Maria e foram
registrados vestígios da paca (Figura 29).
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A espécie Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira) na região.
Essa espécie é conhecida
como endêmica ao Cerrado, apesar de sua distribuição territorial ser por todo Brasil
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Da ordem Cetartiodactyla obtivemos
vestígio e relatos da família Cervidae. A presença de cervídeos foi citada em entrevista com moradores de região e foi encontrado pegadas (Figura 33). Já a família Tayassuidae,
evidenciamos a espécie Dicotyles tajacu (cateto)
por meio de avistamento e vestígios
(Figura 34) que possui distribuição geográfica ampla que abrange a América do Sul, América Central e Sul dos
Estados Unidos (CABRERA&YEPES,1940). Consegue
sobreviver em vários habitats, mesmo em áreas devastadas (SOWLS, 1984). A sua capacidade de sobrevivência ocorre devido
a adaptações fisiológicas e comportamentais, um exemplo é a aceitação de uma longa lista de alimentos. Vestígio
e relato da família Suidae, a espécie
Sus scrofa, que é uma espécie da
América do Sul, incluindo sua forma selvagem
original, o javali, que é uma ameaça direta para a conservação da
biodiversidade (DESBIEZ et al. 2009;
TABER et al. 2005; SICURO & OLIVEIRA 2002). O vestígio encontrado foi de fuçada (Figura 35).
Por
se tratar de uma zona rural antropizada, durante a busca
ativa evidenciou a presença da ordem Artiodactyla, com a espécie
Bos sp. (Gado doméstico) da família Bovidae
(Figura 36) e a ordem Perissodactyla com a espécie Equus sp. (Cavalo doméstico) da família
Equidae (Figura 37).
Dentro da ordem carnívora, na família
Canidae, duas espécies foram levantadas na região
Chrysocyon brachyurus (Lobo Guará) e Lycalopex vetulus (Raposinha). O
lobo-guará foi evidenciado nessa
localidade por meio de relato de um morador e é o maior canídeo da América do Sul, ocorrendo em diferentes
biomas no Brasil, é onívoro e oportunista (ROCHA et al., 2005). Mas como sua dieta é grande parte basicamente de
frutos, também é reconhecido como
um importante dispersor de sementes (CHEIDA, 2005). A raposinha, ou raposa-do- campo (Lycalopex
vetulus) também entrou no levantamento por meio do relato de moradores, é endêmica do Brasil, além de ter o título
de menor dos canídeos brasileiros. Habita o Cerrado e zonas de transição periféricas. Sua alimentação é composta
principalmente de cupins, mas outros
itens podem constar em sua dieta, como insetos, aves, pequenos roedores e
frutos. É possível ser encontrada em
ambientes alterados, como áreas de pastagens e agrícolas, ambas ricas em
insetos (PRIST; DA SILVA;
PAPI, 202).
Ainda na ordem Carnivora, entram para o
levantamento mais duas famílias, a família Felidae, com a presença
da Puma concolor, que
foi evidenciada por meio de relatos, avistamento e vestígio (Figuras
38 e 39). Os felídeos
sofrem maior ameaça,
pois além da perca de habitat ocasionada por atividades
agropastoris, eles sofrem com a caça, pois os moradores temerem a possíveis ataques desses felinos contra animais
domésticos e bois (CHEIDA et al., 2006).
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última ordem do nosso
levantamento é a ordem Primatas
com duas famílias
avistadas. A família Cebidae
com a espécie Sapajuscay, o
macaco-prego (Figura 40) que além do Brasil,
também está presente na Argentina, Bolívia e Paraguai. Possui um habito
alimentar variado, contendo frutas,
sementes, partes de plantas como caules, flores e folhas. Apesar de se adaptar bem em ambiente rural, existem ameaças à
sobrevivência dessa espécie, como principalmente os incêndios, a agricultura, a pecuária, os assentamentos rurais,
a expansão urbana,
o desmatamento, a caça e a
captura (ICMBio, 2020; RÍMOLI et. al.,2018). E a outra família é a Callithrichidae, com a espécie
levantada por meio de avistamento, Callithrix penicillata, o sagui que é um pequeno primata
distinguível pelos tufos
auriculares em forma de pincel
e que ocupa a região
central do Brasil (MIRANDA; FARIA,
2001). Chegam a medir 75cm de comprimento incluindo a cauda e possui massa entre 350 a 400g (HERSHKOVITZ, 1977 apud CAVALHEIRO, 2008).
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Levando em consideração os métodos de
amostragem e a duração da expedição, o estudo revelou
um número considerável de espécies. Em regiões onde a margem do Ribeirão
é mais preservada, houve um maior número
de registros de espécies e essas áreas
possuem grande influência na riqueza de espécies
e distribuição de indivíduos.
Entre os mamíferos, destaca-se o registro
de espécies ameaçadas, como Myrmecophaga tridactyla, Chrysocyon
brachyurus, Lycalopex vetulus, Puma
concolor e Sapajus cay.
O Ribeirão Santa Maria e seus afluentes
representam um importante papel para a conservação da mastofauna da região, uma vez que servem de área de refúgio e hidratação para os animais.
Isso é explicado devido às áreas do entorno terem
sido transformadas em pastagem para gado ou cultivo. Ressaltando que problemas como o lixo e queimadas
também contribuem para a degradação da paisagem natural da
microbacia, afetando diretamente sua dinâmica
ecológica.
ICTIOFAUNA
A ictiofauna brasileira compreende 2.300 espécies
de água doce (número compilado do Check List of the
Freshwater Fishes of South and Central America, Reis et al., 2003), segundo Menezes et al. (2003). Todavia, o
conhecimento sobre a diversidade desta fauna é ainda incompleto, como atestam as dezenas de espécies de peixes
descritas anualmente no Brasil e, portanto, é de se prever que a riqueza total efetiva seja ainda muito maior.
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
A bacia do rio Paranaíba, da qual faz parte o Ribeirão Santa Maria, é muito rica em sua ictiofauna,
por outro lado, ainda é pouco estudada. Este trabalho trata-se de um
levantamento parcial, que tem como
objetivo caracterizar a diversidade da ictiofauna do ribeirão, no período entre
23 e 27 de maio de
2022.
Realizou-se o estudo da ictiofauna do
Ribeirão Santa Maria, entre os dias 23 e 27 de
maio de 2022. Foram utilizadas varas munidas de linha e anzol, também
minhocas e milho como isca, bem como
armadilhasdo tipo covo, colocadas distantes
entre si por 50 metros,
com milho e presunto como
iscas. Foi, ainda, realizada observação ativa do ribeirão para o avistamento dos espécimes. Também foi
realizada entrevista com os moradores da região quanto a diversidade de espécimes percebidas por estes, na área.
Os espécimes foram fotografados,
medidos, catalogados com nomes populares e científicos, e, depois, devolvidos ao seu
habitat, de forma segura.
Do período analisado, não se vislumbrou
grande diversidade de espécies, tendo sido observados:
Segundo os moradores ribeirinhos e
alguns proprietários, em anos anteriores já foram capturados Piaus (Leporinus sp),
Mandis (Pimelodus maculatus) e Pacus (Characidae), porém,
neste estudo realizado, tais espécies
não foram confirmadas.
Apesar de pertencer à bacia do Rio
Paranaíba, que possui grande diversidade em sua ictiofauna, não se observou no Ribeirão Santa Maria, no período analisado
(entre 23 e 27 de
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO
RIBEIRÃO SANTA MARIA AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
maio de 2022), reflexo da bacia a qual pertence, uma vez
que não foi percebida grande variedade de espécies.
Tem-se, portanto, um resultado
diferente do aferido
da inquirição dos moradores ribeirinhos, que atestaram, em
entrevistas realizadas, a ocorrência de várias espécies não encontradas. Tal divergência pode ter
ocorrido em função de hábitos migratórios das espécies, de forma que, sugere-se que seja realizado estudo periódico no
ribeirão no curso de um ano, a fim de se obter resultado completo quanto a diversidade da ictiofauna local.
HERPETOFAUNA
Nas últimas duas décadas, diversas
fitofisionomias de Cerrado (e.g. cerrado sensu
stricto, cerradão, mata de galeria,
campo sujo, campo limpo) localizadas em diferentes municípios de Goiás e Distrito Federal
vêm sendo amostradas pelos autores, principalmente na estação chuvosa
(de outubro a março). Durante as visitas aos sítios de vocalização foram registrados espécimes em atividade
reprodutiva, evidenciadas pela ocorrência de machos vocalizando e, quando presentes, casais
em amplexo, desovas e girinos.
No período de coleta, seco e frio, do
levantamento, foram possíveis o encontro de poucos exemplares. Dentre eles:
De acordo com os métodos de amostragem
e a duração da expedição, o estudo revelou um
baixo número na biodiversidade de espécies da herpetofauna. Em regiões onde a margem do Ribeirão é mais preservada, houve um
maior número de registros de espécies e essas áreas possuem grande influência na riqueza de espécies e distribuição de indivíduos. Essa ocorrência pode nos sugerir um desequilíbrio
ambiental na região, prejudicando a forma de vida desses animais.
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Nesse
contexto se faz necessário novas avaliações, em outras estações
do ano, podendo analisar dessa forma se biodiversidade dessas
espécies está ligada
ao clima, ou as condições
do ambiente em questão.
MEDIDAS CONSERVACIONISTAS
Visando aumentar
as áreas florestadas e principalmente estabelecer corredores de
vegetação favorecendo o fluxo gênico
e aumentando os recursos para a fauna local, são recomendadas as medidas de mitigação e conservação
relacionadas abaixo.
Manejo e monitoramento da fauna
Deverão ser implantados programas de manejo da fauna ameaçada
de extinção e monitoramento
da fauna. O monitoramento se faz necessário tanto na estação chuvosa quanto na seca, para reunir dados ecológicos os quais poderão,
no futuro, ser utilizados como parâmetro em discussões a respeito da dinâmica e
estrutura da comunidade local; além de permitir comparação da fauna encontrada em áreas
perturbadas e em áreas preservadas.
Recomenda-se realização também do monitoramento da fauna invertebrada periodicamente, especialmente, as que estão inseridas em propriedade particular. O acompanhamento da
fauna de aracnídeos nocivos ao homem visa prevenir ou minimizar possíveis acidentes nas áreas domiciliares,
além de permitir a ampliação do conhecimento da biologia e distribuição desses animais.
Plantio de mudas nativas
– plantio compensatório
É fundamental que se aumente a oferta de habitats para a fauna através do aumento de áreas florestadas, que oferecerão abrigo
e alimento para as populações faunísticas aí existentes.
Deverão ser priorizadas para plantio espécies frutíferas e zoocóricas, isto é, que possuem disseminação de sementes através
da fauna;
O plantio compensatório poderá ser
cercado, caso haja necessidade em função do risco de depredação das mudas por ação humana
ou pisoteamento de animais domésticos, como gado.
Redução da pesca excessiva
O estudo possibilitou a constatação de uma baixa biodiversidade na ictiofauna da região. Dentro
disso se faz necessário a orientação aos ribeirinhos para a redução
de sobre pesca, onde tal ação
poderia evitar maiores prejuízos a essas espécies.
Programa de educação ambiental
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
É de grande relevância estabelecer um
programa de Educação Ambiental para integrar
e comprometer a sociedade, incentivando sua participação no contexto
ecológico, a fim de mantê-la atuante
e sensibilizada em relação à problemática de conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais e de todas as
regiões limítrofes. Dentro dele deverão ser incluídas ações específicas em relação à Fauna visando:
•
Promover a sensibilização em relação à fauna;
•
Chamar a atenção
quanto à caça ilegal de animais silvestres;
•
Importância de não alimentar animais silvestres;
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