RESULTADO DOS ESTUDOS DE USO DO SOLO NA BACIA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA, MANANCIAL DE ABASTECIMENTO DO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA
Expedicionários observam vegetação ao longo do Ribeirão Santa Maria
Relatório da Comissão
Uso do Solo
1
– INTRODUÇÃO
O solo exerce importantes funções no ecossistema, tais como: Regulação
da distribuição, escoamento e
infiltração da água da chuva e de irrigação; Armazenamento e ciclagem
de nutrientes para as plantas
e outros elementos; Ação filtrante
e protetora da qualidade da água e do
ar (Curi et al. 1993). O uso do solo
pode ser entendido como sendo a forma
pela qual o território está sendo ocupado pelo ser humano e suas atividades correlatas. Práticas de gestão e formas de uso têm
grande impacto nos ecossistemas incluindo água e o solo. Verifica-se que leis de proteção de mananciais são leis
disciplinadoras do uso do solo, como consta na Lei n. 9.433 de 1997.
Diagnóstico do
uso da terra é de grande importância para verificação de processos erosivos,
assoreamentos e, principalmente para sugerir medidas
mitigadoras. Para isso, estabeleceu-se diálogo com os proprietários rurais/moradores, orientando quanto
à importância da preservação e do uso racional e sustentável do manancial, com ênfase nas Áreas de Preservação Permanente (APPs); identificando os pontos e as fontes de assoreamento, especialmente provenientes das estradas vicinais, áreas erosivas
e de plantios convencionais que possam
causar riscos à sustentabilidade quantitativa e qualitativa do ribeirão Santa Maria.
Diante do exposto
a comissão do uso do solo se propôs a realizar coleta
de dados acerca
das condições gerais do solo. Verificando os diversos usos,
especialmente para a agricultura e a pecuária,
identificando pontos de maiores impactos
à sustentabilidade socioeconômica ambiental. Os resultados poderão oferecer aos gestores públicos
as ferramentas adequadas para a criação
e a implementação de políticas
públicas que garantam
melhorias aos produtores rurais, e assim,
o abastecimento sustentável à toda população atual e às futuras gerações
do município de Itumbiara.
I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO
SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
2- MATERIAL E MÉTODOS
2.1
Caracterização do uso e ocupação do solo na Microbacia do Ribeirão Santa Maria
Com o intuito de realizar uma
caracterização a respeito do uso e ocupação do solo da Microbacia do ribeirão Santa Maria foram realizadas visitas a
campo em acompanhamento à margem
direita em uma extensão que se iniciou em um dos seus tributários (O ribeirão
Ponte Lavrada), imediatamente a sua
passagem sob a BR 153 (ainda município de Goiatuba – GO), seguindo
águas abaixo até sua foz junto ao rio Paranaíba, no município de Itumbiara, contemplando assim uma extensa
área desta importante Microbacia. As visitas
ocorreram entre os dias 23 a 28 de maio do ano de 2022. A equipe multidisciplinar responsável pelo levantamento foi composta pelos Engenheiros Agrônomos: Adriano Borges de Oliveira, Alessandro de Oliveira Pereira, José
Augusto de Toledo Filho, Mansuêmia Alves Couto de Oliveira e o Engenheiro Químico Adilson Correia Goulart.
As informações e coletas de dados dos atributos diagnósticos foram realizadas por meio de formulários, conforme apresentado no
Anexo 01. Foram realizadas avaliações
visuais quanto: a classificação solo, textura de solo, relevo,
cultura predominante, presença
e densidade de mata nativa, práticas
conservacionistas que visem a proteção do manancial e ocorrência de processo erosivos. Além de observar a
microbacia de maneira difusa, foram escolhidos 14 pontos para observar de maneira mais detalhada os fatores mencionados.
Nestes pontos, foram realizadas
coletas de solo para verificar seus aspectos químicos, físicos e ainda presença
dos agrotóxicos carbendazim, tiodicarbe, diuron, fipronil e clorpirifós.
2.2
Coleta das amostras de solo
para as análises
As coletas de solo ocorreram
em áreas onde os proprietários, ou responsáveis autorizaram a entrada da equipe para
realização do diagnóstico. Os pontos de amostragem ocorreram preferencialmente em locais onde havia a predominância de algum cultivo.
Realizou se coleta de amostras
de solo, na camada de 0 cm a 20 cm, com auxílio de um trado Holandês (Figura
01).
As amostras foram encaminhadas ao
laboratório do IFGoiano – Campus Morrinhos, para análise
física e química
do solo, na responsabilidade do prof. Dr. Emmerson Rodrigues
de Moraes. Uma subamostra de
solo foi encaminhada para o laboratório do IFG
– Campus Itumbiara para
análise quanto a presença de resíduos de agrotóxicos. As datas de coleta bem como as
coordenadas de cada ponto seguem apresentadas no Quadro1.
Figura 01. Coleta de amostras de solo com auxílio do Trado
Holandês e formulário impresso.
Quadro 01. Pontos amostrados com as respectivas coordenadas geográficas e data de coleta.
Amostra |
Data |
Coordenadas |
01 |
23/05/2022 |
18º 09’ 02.78” S -
49º 16’ 48.61” O |
02 |
23/05/2022 |
18º 09’ 31.06” S -
49º 16’ 50.80” O |
03 |
23/05/2022 |
18º 09’ 55.39” S -
49º 15’ 55.94” O |
04 |
24/05/2022 |
18º 10’ 22.50” S -
49º 15’ 8.01” O |
05 |
24/05/2022 |
18º 22’ 42.10” S -
49º 15’ 59,00” O |
06 |
24/05/2022 |
18º 11’ 24.32” S -
49º 15’ 15.30” O |
07 |
25/05/2022 |
18º 12’ 30.70” S -
49º 14’ 46.60” O |
08 |
25/05/2022 |
18º 20’ 15,00” S -
49º 12’ 1.90” O |
09 |
25/05/2022 |
18º 18’ 52,00” S -
49º 10’ 10.14” O |
10 |
26/05/2022 |
18º 19` 15,49`` S -
49º 10` 02,46``O |
11 |
26/05/2022 |
18º 19` 26,52`` S – 49º
10`15,57`` O |
12 |
26/05/2022 |
18º 22`45,01`` S – 49º 09`43,04`` O |
13 |
26/05/2022 |
18º 22’ 47.58” S -
49º 09’ 42.38” O |
14 |
27/05/2022 |
18º 20’ 28.52” S -
49º 11’ 09.75” O |
2.3 Análises químicas e físicas do solo
Para avaliação das características
físicas dos solos foram coletados dados referentes a textura,
cor e estrutura do solo. A textura indica a relação entre os teores de areia,
silte e argila no solo. Em campo a percepção
da textura pode foi realizada
pela mão do amostrador. Solos arenosos transmitem sensação de atrito, solos siltosos
transmitem a sensação
de sedosidade e finalmente, solos argilosos transmitem a sensação de plasticidade ao toque, ou seja, a sensação de que pode ser moldado pelas mãos,
verificando plasticidade e pegajosidade (SILVA, 2018). Além da avaliação
visual e sensitiva, quatorze amostras
foram encaminhadas para o Laboratório do IFGoiano – Campus Morrinhos, na responsabilidade do prof. Dr. Emmerson
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SANTA MARIA
AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Rodrigues de Moraes.
Estão sendo realizadas análises físicas e químicas conforme
descrito em Teixeira
et. al. (2017).
2.4
Análise quanto a presença
de agrotóxicos
As análises quanto a presença
dos agrotóxicos carbendazim, tiodicarbe, diuron, fipronil e clorpirifós foram realizadas no
laboratório de química analítica do Instituto Federal de Goiás - Campus Itumbiara. A metodologia utilizada foi a
extração sólido-líquido com partição
a baixa temperatura - ESL-PBT seguida de análises em cromatografia líquida de
alta eficiência - CLAE-UV. A
metodologia foi desenvolvida e otimizada especificamente para a determinação e quantificação dos 5 agrotóxicos. A seleção dos 5 princípios ativos baseou-se na observação das culturas cultivadas na microbacia.
Para
as análises, pesou-se
1 grama do solo seco em frasco de vidro, em seguida foram
adicionados 2 mL de água deionizada, 6 ml do solvente orgânico
acetonitrila, o sistema foi agitado em vortex por 1,5 minutos
e posteriormente centrifugados a 800 rpm por minutos.
Logo depois o sistema foi
colocado em freezer por um período de 3 horas, após a partição das fases retirou-se 1 ml do solvente orgânico onde
foi injetado no cromatógrafo a líquido de alta
eficiência.
Os resultados laboratoriais serão
apresentados no dia 23 de junho de 2022 pois, ainda estão sendo
analisadas no IFG – Itumbiara
e IFGoiano – Morrinhos.
3- RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1
Atributos do uso do solo
Foi realizado avaliação, com olhar multidisciplinar, por toda extensão
das margens do ribeirão
Santa Maria e realizadas coletas de dados e, também amostras, em pontos
específicos, conforme consta no
Quadro 02. A realidade rural, atual, é com grande percentual de áreas locadas sob a forma de arrendamento e, na
maioria das vezes, sem presença de morador. Fato esse que dificultou o acesso a determinados pontos pela equipe.
Por outro lado, uma outra equipe foi
percorrendo todo o trajeto embarcado em canoa e fornecendo registros
fotográficos acerca das matas
ciliares e processos erosivos nas margens. A escolha dos pontos de coleta levou em consideração às áreas cultivadas e ainda com a concordância do produtor rural.
Quadro 2: Dados qualitativos sobre uso e ocupação do solo da Microbacia do
Ribeirão Santa Maria
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Amostra |
Classificação do solo |
Textura solo |
Relevo* |
Cultura predominante |
Vegetação nativa ** |
Práticas conservacionistas |
Processo erosivo |
01 |
Latossolo |
argiloso |
L O |
Pastagem |
M C |
Terraço |
não consta |
02 |
Latossolo |
argiloso |
P; LO |
Cultura Anual |
MC |
terraço |
não consta |
03 |
Latossolo |
argiloso |
LO |
Pastagem |
PC |
terraço |
não consta |
04 |
Latossolo |
Arenoso |
LO |
Pastagem |
PC |
Plantio em Nível |
não consta |
05 |
Latossolo |
argiloso |
P |
Pastagem |
C |
terraço |
não consta |
06 |
Latossolo |
arenoso |
LO |
Pastagem |
MC |
Terraço |
não consta |
07 |
Latossolo e Gleissolo |
argiloso |
P; LO |
Anual |
C |
Terraço |
não consta |
08 |
Latossolo |
argiloso |
LO |
Anual |
MC |
Terraço |
não consta |
09 |
Latossolo |
Argiloso e arenoso |
LO |
Pastagem |
MC |
Não existe |
não consta |
10 |
Latossolo |
argiloso |
LO |
Cana |
C |
terraço |
não consta |
11 |
Latossolo |
argiloso |
LO; O |
pastagem |
MC |
Terraço |
não consta |
12 |
Latossolo |
argiloso |
LO |
pastagem |
MC |
Terraço |
não consta |
13 |
Latossolo |
argiloso |
O |
Pastagem |
PC |
Terraço |
não consta |
14 |
Latossolo |
argiloso |
LO |
Hortaliça |
C |
Terraço |
Laminar |
*/ Relevo: L O: levemente
ondulado; P: plano; O: Ondulado.
** / Reserva Permanente: MC: moderadamente conservada, C: conservada; PC: pouco conservado
Como visto no Quadro 02, disposto
acima, a classificação do solo predominante na
Microbacia do ribeirão Santa Maria é o Latossolo vermelho/amarelo e em
uma pequena faixa foi encontrado o
Gleissolo (Figura 03). A classificação foi realizada de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS)
que é o sistema taxonômico oficial de classificação de solos do Brasil. Os
Latossolos são, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou alumínicos. Os Gleissolos compreendem solos hidromórficos
com manifestação de cores acinzentadas, azuladas ou esverdeadas, devido à redução e solubilização do ferro,
permitindo a expressão das cores neutras dos minerais de argila (Teixeira et al.
2017).
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Figura 02. Registro fotográfico do solo classificado como Gleissolo.
Quanto a textura do solo houve o
predomínio da textura argilosa (Quadro 02). Essa característica proporciona estabilização química e proteção
física do solo. Na Figura 3 são apresentados os tipos de relevo observados na Microbacia do ribeirão Santa
Maria. Verificando áreas propícias para desenvolvimento a agricultura e pecuária, com predomínio de terreno plano a levemente ondulado.
Figura 03. Tipos de relevo
observado nos quatorze pontos amostrados
3.2. Cultivos
e Práticas conservacionistas
Entre as práticas conservacionistas
podemos citar: cobertura do solo, correção e adubação do solo, plantio em nível, terraço em nível, vegetação
permanente entre outras. Na maioria das propriedades visitadas
(80%) verificou-se presença
de terraço como prática conservacionista. Entretanto, alguns dos terraços não apresentavam o dimensionamento correto,
falta de manutenção e ainda com baixa eficiência.
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A função do terraço é a de reduzir o comprimento da rampa por onde ocorre escoamento
das águas das chuvas, e, com isso, diminuir a velocidade de escoamento da água superficial evitando processo erosivo
e assoreamento do rio. Outra função importante é contribuir para a
recarga de aquífero (Machado & Wadt s.d).
Foi constatado apenas
em um ponto processo erosivo
laminar (Figura 04). Na
ocasião o produtor foi
orientado pela equipe de uso do solo, principalmente sobre técnicas de preparo do solo observando a declividade do
terreno e o sentido de fazer a gradagem. Foi orientado sobre a importância de manter cobertura
no terreno, com a prática
de plantio direto
ou adubação verde. A propriedade supracitada cultiva
mandioca, hortaliças diversas e possui produção de gado.
Figura 04. Processo erosivo
laminar
A região percorrida possui aptidão para agropecuária. Com isso, a grande importância da sensibilização quanto a prática de uma agropecuária
sustentável, preconizando as práticas conservacionista
e, principalmente, preservação das matas ciliares de acordo com a Lei 18.104 de 2013.
Verificou-se nos pontos amostrados diferentes tipos cultivos,
tais como milho, girassol,
cana – de -açúcar, hortaliças e com o predomínio de pastagem. Vale mencionar
que estamos no período de segunda
safra onde se tem um calendário de semeadura para as culturas citadas
anteriormente. Entretanto no período de safra (outubro
a dezembro) verifica-se, também, o cultivo de soja. Foi possível verificar presença de
áreas de pastagens degradas devido, principalmente a falta de adequadas práticas de manejo como: altura do corte inferior
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ao recomendado, solo com características de compactação, características visíveis de baixo
nível de nutrientes nas plantas e consequente falta de correção do solo.
Figura 05. Diferentes cultivos: girassol, milho, cana, hortaliças, banana,
pastagem
O predomínio de área de pastagem,
geralmente se dá devido declividade do terreno e consequente restrições de cultivo e pulverizações, principalmente por se tratar
de áreas lindeiras
à manancial. De acordo com a Lei Estadual n. 19.423/ 2016, em seu artigo 11, as pulverizações de agrotóxicos por via área deve obedecer
as seguintes distâncias: I)Considerando pulverização área: a) 500m (quinhentos metros) de
povoações, cidades, vilas, bairros, de mananciais de captação de água para abastecimento de população; b) 250m
(duzentos e cinquenta metros) de mananciais de água, moradias
isoladas e agrupamentos de animais; II - para pulverizações com aplicação
terrestre mecanizada: a) 200m (duzentos metros) de mananciais de captação
de água para abastecimento da população; b) 100m (cem metros) das nascentes, ainda que intermitentes, cidades, vilas, povoados, bairros, cursos hídricos; c) 50m
(cinquenta metros) de moradias isoladas e agrupamentos de animais.
No momento da visita foi possível
verificar pulverização aérea na lavoura de girassol. Uma preocupação pertinente sobre o uso correto de defensivos agrícolas
nas proximidades de mananciais e de residências. Esse tipo de pulverização gera dúvidas e inseguranças nos moradores circunvizinhos. Na ocasião a Agrodefesa, como órgão que fiscaliza o uso
de agrotóxicos, se colocou à disposição para maiores esclarecimentos.
Durante a visita, foi verificada também
a ocorrência de atividades ligadas à produção
de mel com um grande conjunto de colmeias para a criação de abelhas
(apiário). É sabido que esta
atividade tem uma grande sensibilidade a uma grande variedade de produtos
utilizados comercialmente em culturas anuais, como exemplo o Fipronil.
A Figura 6 apresenta as informações
quanto à presença de vegetação nativa. Como visto,
a maioria das propriedades visitadas apresenta vegetação permanente
moderadamente conservadas e, apenas
21% está pouco preservada. Na maioria das vezes áreas ligadas à pecuária extensiva e com pastagem e,
ainda, sem o isolamento das áreas consideradas críticas com faixa linear
de preservação permanente inferior à 5 metros de largura. A LEI Nº 18.104 de 2013
dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e define área de proteção
permanente (APP) como: área protegida, coberta
ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas.
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AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA
Figura 6. Gráfico demonstrativo da porcentagem de vegetação permanente observada nos quatorze pontos amostrados.
Nos pontos 12 e 13 verificou uma faixa
com poucas espécies arbóreas pois, se trata de uma servidão de passagem rede de transmissão de energia elétrica
de alta tensão.
Em todo o trajeto
percorrido foi possível verificar, na maioria das propriedades a preocupação com preservação das matas ciliares,
conforme demonstrado nas Figuras abaixo.
As faixas de vegetação variaram muito em extensão.
A respeito das faixas de vegetação é necessário considerar a presença de área consolidada justificando seu uso. De
acordo com a Lei 18.104/2013 é necessário observar os seguintes critérios: § 1º Para os imóveis rurais com área de até
1 (um) módulo fiscal, será obrigatória
a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 (cinco) metros, contados
da borda da calha do leito regular,
independentemente da largura do curso d´água. § 2º Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um)
módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em
8 (oito) metros, contados da borda da
calha do leito regular, independentemente da largura do curso d’água. § 3º Para
os imóveis rurais com área superior
a 2 (dois) módulos
fiscais e de até 4 (quatro)
módulos fiscais, será obrigatória a recomposição das
respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente
da largura do curso d’água. § 4º Para
os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, será
obrigatória a recomposição das
respectivas faixas marginais conforme determinação do PRA, observado o mínimo de 20 (vinte) e o máximo de 100
(cem) metros, contados da borda da calha do leito regular. § 5º Em áreas rurais consolidadas no entorno de nascentes e olhos d’água
perenes, será admitida a manutenção de atividades,
sendo obrigatória a recomposição do raio mínimo de 20 (vinte) metros.
Figura 7. Registros fotográficos de mata ciliar
preservada
Figura 8. Presença de cerca
de arame impedindo a entrada de animais
Em outros locais constatou-se que a faixa com mata ciliar não estava atendendo o que preconiza a legislação. Onde se verificou assoreamento e processo
erosivo. Verificou, também,
que em algumas propriedades não era realizada o cercamento a fim de
evitar o pisoteio por animais.
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Figura 8. Registros fotográficos de degradação devido
à ausência parcial
ou total de mata ciliar.
3.3 Estradas Vicinais
Um fato importante e que verificado de
forma recorrente, em todos os cenários percorridos, foi a evidente
falta de manutenção das estradas vicinais,
tanto no quesito,
trafegabilidade, quanto no quesito de drenagem, não menos importante é a
falta de sinalização e em alguns pontos descarte de materiais diversos,
oriundos principalmente de
consumo humano. De todas as situações verificadas a que
mais chamou a atenção foi o da GO 419, a qual encontra
se sem pavimento asfáltico, quase nada de áreas com encascalhamento, e o pior
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de todas as falhas, a falta de drenagem e escoamento
adequado das águas pluviais, sendo causadora
de grandes valas laterais à via e uma fonte de carreamento de solo e materiais diversos
com destino ao ribeirão Santa Maria.
As estradas não pavimentadas são uma necessidade básica para prover uma determinada localidade de um fluxo regular
de mercadorias e serviços, permitindo o desenvolvimento das comunidades por elas atingidas
e, por consequência, garantindo a melhoria
da qualidade de vida da região. Embora as estradas rurais por si sós não são
capazes de romper as barreiras que
levam ao empobrecimento das comunidades, elas podem, por outro lado,
serem importantes agentes
indutores de crescimento e proporcionar significantes benefícios sociais e econômicos (BAESSO e GONÇALVES, 2003).
Entretanto, o sistema de drenagem é
de grande importância no desempenho das estradas. É através dele que as águas superficiais e de subsuperfície, que
eventualmente venham atuar sobre o leito estradal, são coletadas e removidas eliminando os seus efeitos nocivos. Sendo
que um sistema de drenagem adequado
constitui um aspecto tão ou mais importante, do que o próprio revestimento de
uma estrada não pavimentada (BAESSO
e GONÇALVES, 2003).
3.4
Medidas Mitigadoras
Mitigar
situações de riscos é criar uma estratégia de identificação, prevenção
e atenuação de possíveis impactos
sociais e ambientais. Ao se conhecer
os pontos de origem para contratempos
e/ou imperfeições, temos a possibilidade de antecipar e planejar ações, de modo a implementar soluções.
São consideradas medidas importantes:
·
Ações de assistência técnica e social
com maior intensidade e frequência aos produtores e moradores
nas áreas rurais.
·
Implementar práticas de manejo e conservação do solo.
·
Implementar
práticas de manejo
e bem-estar das criações (bovinos,
equinos, suínos e aves).
·
Implementar práticas de conservação, sinalização das estradas vicinais.
·
Implementar o programa produtor de água.
·
Fomentar através do oferecimento de mudas de espécies nativas
e assistência técnica
a recomposição de matas ciliares degradadas.
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3.4 Resultados das análises de solo quanto
a presença de agrotóxicos
Para verificar a presença de
agrotóxicos nas amostras de solo foi utilizado o método de extração sólido-líquido com partição a baixa temperatura seguido de análises
em cromatógrafo a líquido de alta eficiência, conforme descrito no item 2.4 da metodologia. Foram analisados os agrotóxicos Carbendazim; Tiodicarbe; Diuron;
Fipronil e Clorpirifós.
A identificação dos agrotóxicos foi realizada pelo tempo de retenção no cromatograma, como apresentado na Figura 9.
Figura 9. Cromatogramas com os resultados das
análises realizadas em amostras de solo coletadas
na Microbacia do Ribeirão Santa Maria em comparativo com um cromatograma da solução
dos padrões dos 5 agrotóxicos analisados.
Como pode ser visto na Figura 9, não
foi observado picos no tempo de retenção dos
agrotóxicos analisados. Desta forma pode-se inferir que as amostras de
solo não estavam contaminadas com a presença destes agrotóxicos.
Considerações Finais
Acredita-se que uma das maiores contribuições desta expedição tenha sido a possibilidade
de diversos olhares com formações profissionais diversas e representatividades de instituições que permeiam a sociedade como um todo. Para que isso não se perca,
necessário se faz, como
sugestão que se crie, por exemplo um Fórum de discussões permanente com a possibilidade de avaliar a implementação das medidas sugeridas pelas comissões.
Percebe-se que até o momento a falta de
integração entre os órgãos e instituições afetas
à temática comum, dificultou a percepção em um nível macro da realidade da
bacia, reduzindo o alcance das ações até então implementadas e dessa forma espera-se que a
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motivação originada por essa expedição
permita a interlocução entre todos os agentes envolvidos.
Assim sendo, espera-se que essa seja a
primeira de muitas outras expedições no Ribeirão
Santa Maria e, isso se faz necessário para diagnosticar e documentar outras
áreas e situações para um relatório
mais amplo, traduzindo cada vez mais em beneficio
deste importante manancial que
abastece com esta rica fonte hídrica inúmeros produtores rurais, industrias, comércios e a população
da nossa cidade
de Itumbiara.
REFERÊNCIAS
Baesso, D.P.; Gonçalves, F.L. Estradas: técnicas adequadas de manutenção.
Florianópolis/SC, 2003
Silva, Sergio
Brazao. Analise de Solos Para Ciências
Agrarias 2. ed. - Belém:
Universidade Federal Rural da
Amazonia, 2018.167 p.
Santos et. al. Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos 5. ed.,
rev. e ampl. − Brasília, DF
: Embrapa,
2018. 356 p. : il. ISBN 978-85-7035-800-4
Manual técnico
de pedologia / IBGE, Coordenação de Recursos Naturais
e Estudos ambientais.
- 3. ed. - Rio de Janeiro : IBGE, 2015. 430 p. - : il. - (Manuais técnicos
em geociências, ISSN 0103-9598 ; n. 4
CURI, N. (Coord.). Vocabulário de ciência do solo. Campinas:
Sociedade Brasileira de Ciencia do Solo - SBCS, 1993. 89 p.
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