segunda-feira, 11 de julho de 2022

22% DA VEGETAÇÃO NATIVA DA BACIA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA ESTÁ CONSERVADA

 RESULTADO DOS ESTUDOS DE USO DO SOLO NA BACIA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA, MANANCIAL DE ABASTECIMENTO DO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA


             Expedicionários observam vegetação ao longo do Ribeirão Santa Maria


Relatório da Comissão Uso do Solo

 

 

1 INTRODUÇÃO

O solo exerce importantes funções no ecossistema, tais como: Regulação da distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação; Armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e outros elementos; Ação filtrante e protetora da qualidade da água e do ar (Curi et al. 1993). O uso do solo pode ser entendido como sendo a forma pela qual o território está sendo ocupado pelo ser humano e suas atividades correlatas. Práticas de gestão e formas de uso têm grande impacto nos ecossistemas incluindo água e o solo. Verifica-se que leis de proteção de mananciais são leis disciplinadoras do uso do solo, como consta na Lei n. 9.433 de 1997.

Diagnóstico do uso da terra é de grande importância para verificação de processos erosivos, assoreamentos e, principalmente para sugerir medidas mitigadoras. Para isso, estabeleceu-se diálogo com os proprietários rurais/moradores, orientando quanto à importância da preservação e do uso racional e sustentável do manancial, com ênfase nas Áreas de Preservação Permanente (APPs); identificando os pontos e as fontes de assoreamento, especialmente provenientes das estradas vicinais, áreas erosivas e de plantios convencionais que possam causar riscos à sustentabilidade quantitativa e qualitativa do ribeirão Santa Maria.

Diante do exposto a comissão do uso do solo se propôs a realizar coleta de dados acerca das condições gerais do solo. Verificando os diversos usos, especialmente para a agricultura e a pecuária, identificando pontos de maiores impactos à sustentabilidade socioeconômica ambiental. Os resultados poderão oferecer aos gestores públicos as ferramentas adequadas para a criação e a implementação de políticas públicas que garantam melhorias aos produtores rurais, e assim, o abastecimento sustentável à toda população atual e às futuras gerações do município de Itumbiara.


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AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA

2-  MATERIAL E MÉTODOS

2.1  Caracterização do uso e ocupação do solo na Microbacia do Ribeirão Santa Maria

Com o intuito de realizar uma caracterização a respeito do uso e ocupação do solo da Microbacia do ribeirão Santa Maria foram realizadas visitas a campo em acompanhamento à margem direita em uma extensão que se iniciou em um dos seus tributários (O ribeirão Ponte Lavrada), imediatamente a sua passagem sob a BR 153 (ainda município de Goiatuba – GO), seguindo águas abaixo até sua foz junto ao rio Paranaíba, no município de Itumbiara, contemplando assim uma extensa área desta importante Microbacia. As visitas ocorreram entre os dias 23 a 28 de maio do ano de 2022. A equipe multidisciplinar responsável pelo levantamento foi composta pelos Engenheiros Agrônomos: Adriano Borges de Oliveira, Alessandro de Oliveira Pereira, José Augusto de Toledo Filho, Mansuêmia Alves Couto de Oliveira e o Engenheiro Químico Adilson Correia Goulart.

As informações e coletas de dados dos atributos diagnósticos foram realizadas por meio de formulários, conforme apresentado no Anexo 01. Foram realizadas avaliações visuais quanto: a classificação solo, textura de solo, relevo, cultura predominante, presença e densidade de mata nativa, práticas conservacionistas que visem a proteção do manancial e ocorrência de processo erosivos. Além de observar a microbacia de maneira difusa, foram escolhidos 14 pontos para observar de maneira mais detalhada os fatores mencionados. Nestes pontos, foram realizadas coletas de solo para verificar seus aspectos químicos, físicos e ainda presença dos agrotóxicos carbendazim, tiodicarbe, diuron, fipronil e clorpirifós.

2.2  Coleta das amostras de solo para as análises

As coletas de solo ocorreram em áreas onde os proprietários, ou responsáveis autorizaram a entrada da equipe para realização do diagnóstico. Os pontos de amostragem ocorreram preferencialmente em locais onde havia a predominância de algum cultivo. Realizou se coleta de amostras de solo, na camada de 0 cm a 20 cm, com auxílio de um trado Holandês (Figura 01).

As amostras foram encaminhadas ao laboratório do IFGoiano – Campus Morrinhos, para análise física e química do solo, na responsabilidade do prof. Dr. Emmerson Rodrigues de Moraes. Uma subamostra de solo foi encaminhada para o laboratório do IFG – Campus Itumbiara para análise quanto a presença de resíduos de agrotóxicos. As datas de coleta bem como as coordenadas de cada ponto seguem apresentadas no Quadro1.

Figura 01. Coleta de amostras de solo com auxílio do Trado Holandês e formulário impresso.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

https://lh6.googleusercontent.com/1-n5g3GI60PNiwFqgnKUFMXsc1tAC1ZZqP6GIhx0GKqak8sy9lIZo0IRuQ2OCnjdjG00Cdq4A1Pt7nexizxlJGl7Hw7L3hFyZ1n0QYJdgW8CtipvKvORnXVn37ezzmBwWnkuEGQzw9DIf068https://lh6.googleusercontent.com/DjdcCoDr95ldtyfqIEp5bxq9-ziFcGlv-iwb4aAGvVms0G-n5iokZS7z8Jb-nRnmI4OvomOhwPYtGDjmr5uOsUUsoSnQgBBiR9pmDlW5VdkG8tYSK7E5qJ0KQKnRJVje24htOq4dMljSPIZSQuadro 01. Pontos amostrados com as respectivas coordenadas geográficas e data de coleta.

 

Amostra

Data

Coordenadas

01

23/05/2022

18º 09’ 02.78” S - 49º 16’ 48.61” O

02

23/05/2022

18º 09’ 31.06” S - 49º 16’ 50.80” O

03

23/05/2022

18º 09’ 55.39” S - 49º 15’ 55.94” O

04

24/05/2022

18º 10’ 22.50” S - 49º 15’ 8.01” O

05

24/05/2022

18º 22’ 42.10” S - 49º 15’ 59,00” O

06

24/05/2022

18º 11’ 24.32” S - 49º 15’ 15.30” O

07

25/05/2022

18º 12’ 30.70” S - 49º 14’ 46.60” O

08

25/05/2022

18º 20’ 15,00” S - 49º 12’ 1.90” O

09

25/05/2022

18º 18’ 52,00” S - 49º 10’ 10.14” O

10

26/05/2022

18º 19` 15,49`` S - 49º 10` 02,46``O

11

26/05/2022

18º 19` 26,52`` S – 49º 10`15,57`` O

12

26/05/2022

18º 22`45,01`` S 49º 09`43,04`` O

13

26/05/2022

18º 22’ 47.58” S - 49º 09’ 42.38” O

14

27/05/2022

18º 20’ 28.52” S - 49º 11’ 09.75” O

 

2.3  Análises químicas e físicas do solo

Para avaliação das características físicas dos solos foram coletados dados referentes a textura, cor e estrutura do solo. A textura indica a relação entre os teores de areia, silte e argila no solo. Em campo a percepção da textura pode foi realizada pela mão do amostrador. Solos arenosos transmitem sensação de atrito, solos siltosos transmitem a sensação de sedosidade e finalmente, solos argilosos transmitem a sensação de plasticidade ao toque, ou seja, a sensação de que pode ser moldado pelas mãos, verificando plasticidade e pegajosidade (SILVA, 2018). Além da avaliação visual e sensitiva, quatorze amostras foram encaminhadas para o Laboratório do IFGoiano Campus Morrinhos, na responsabilidade do prof. Dr. Emmerson


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Rodrigues de Moraes. Estão sendo realizadas análises físicas e químicas conforme descrito em Teixeira et. al. (2017).

2.4  Análise quanto a presença de agrotóxicos

As análises quanto a presença dos agrotóxicos carbendazim, tiodicarbe, diuron, fipronil e clorpirifós foram realizadas no laboratório de química analítica do Instituto Federal de Goiás - Campus Itumbiara. A metodologia utilizada foi a extração sólido-líquido com partição a baixa temperatura - ESL-PBT seguida de análises em cromatografia líquida de alta eficiência - CLAE-UV. A metodologia foi desenvolvida e otimizada especificamente para a determinação e quantificação dos 5 agrotóxicos. A seleção dos 5 princípios ativos baseou-se na observação das culturas cultivadas na microbacia.

Para as análises, pesou-se 1 grama do solo seco em frasco de vidro, em seguida foram adicionados 2 mL de água deionizada, 6 ml do solvente orgânico acetonitrila, o sistema foi agitado em vortex por 1,5 minutos e posteriormente centrifugados a 800 rpm por minutos. Logo depois o sistema foi colocado em freezer por um período de 3 horas, após a partição das fases retirou-se 1 ml do solvente orgânico onde foi injetado no cromatógrafo a líquido de alta eficiência.

Os resultados laboratoriais serão apresentados no dia 23 de junho de 2022 pois, ainda estão sendo analisadas no IFG Itumbiara e IFGoiano – Morrinhos.

3-  RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1  Atributos do uso do solo

Foi realizado avaliação, com olhar multidisciplinar, por toda extensão das margens do ribeirão Santa Maria e realizadas coletas de dados e, também amostras, em pontos específicos, conforme consta no Quadro 02. A realidade rural, atual, é com grande percentual de áreas locadas sob a forma de arrendamento e, na maioria das vezes, sem presença de morador. Fato esse que dificultou o acesso a determinados pontos pela equipe. Por outro lado, uma outra equipe foi percorrendo todo o trajeto embarcado em canoa e fornecendo registros fotográficos acerca das matas ciliares e processos erosivos nas margens. A escolha dos pontos de coleta levou em consideração às áreas cultivadas e ainda com a concordância do produtor rural.

Quadro 2: Dados qualitativos sobre uso e ocupação do solo da Microbacia do Ribeirão Santa Maria


 

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Amostra

Classificação do solo

Textura solo

Relevo*

Cultura predominante

Vegetação nativa **

Práticas conservacionistas

Processo erosivo

01

Latossolo

argiloso

L O

Pastagem

M C

Terraço

não

consta

02

Latossolo

argiloso

P; LO

Cultura Anual

MC

terraço

não consta

03

Latossolo

argiloso

LO

Pastagem

PC

terraço

não

consta

04

Latossolo

Arenoso

LO

Pastagem

PC

Plantio em Nível

não

consta

05

Latossolo

argiloso

P

Pastagem

C

terraço

não

consta

06

Latossolo

arenoso

LO

Pastagem

MC

Terraço

não

consta

07

Latossolo    e Gleissolo

argiloso

P; LO

Anual

C

Terraço

não consta

08

Latossolo

argiloso

LO

Anual

MC

Terraço

não

consta

09

Latossolo

Argiloso

e arenoso

LO

Pastagem

MC

Não existe

não consta

10

Latossolo

argiloso

LO

Cana

C

terraço

não

consta

11

Latossolo

argiloso

LO; O

pastagem

MC

Terraço

não

consta

12

Latossolo

argiloso

LO

pastagem

MC

Terraço

não

consta

13

Latossolo

argiloso

O

Pastagem

PC

Terraço

não

consta

14

Latossolo

argiloso

LO

Hortaliça

C

Terraço

Laminar

*/ Relevo: L O: levemente ondulado; P: plano; O: Ondulado. ** / Reserva Permanente: MC: moderadamente conservada, C: conservada; PC: pouco conservado

 

Como visto no Quadro 02, disposto acima, a classificação do solo predominante na Microbacia do ribeirão Santa Maria é o Latossolo vermelho/amarelo e em uma pequena faixa foi encontrado o Gleissolo (Figura 03). A classificação foi realizada de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) que é o sistema taxonômico oficial de classificação de solos do Brasil. Os Latossolos são, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou alumínicos. Os Gleissolos compreendem solos hidromórficos com manifestação de cores acinzentadas, azuladas ou esverdeadas, devido à redução e solubilização do ferro, permitindo a expressão das cores neutras dos minerais de argila (Teixeira et al. 2017).


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Figura 02. Registro fotográfico do solo classificado como Gleissolo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quanto a textura do solo houve o predomínio da textura argilosa (Quadro 02). Essa característica proporciona estabilização química e proteção física do solo. Na Figura 3 são apresentados os tipos de relevo observados na Microbacia do ribeirão Santa Maria. Verificando áreas propícias para desenvolvimento a agricultura e pecuária, com predomínio de terreno plano a levemente ondulado.

 

https://lh5.googleusercontent.com/2AlcqkMIsAoEyb4Phy6cG8dPQaOj9mXilcp41sfrn1MEGLhKVxgi5nf8YYAA0Re3Lf7rwkg_YqREcaSsK7kVDvuFLvKoExfjYMP4pob4vhh1fzjpytnaToWwbN40l_1KMdrMEfoVwUQ8NyrrFigura 03. Tipos de relevo observado nos quatorze pontos amostrados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.2. Cultivos e Práticas conservacionistas

Entre as práticas conservacionistas podemos citar: cobertura do solo, correção e adubação do solo, plantio em nível, terraço em nível, vegetação permanente entre outras. Na maioria das propriedades visitadas (80%) verificou-se presença de terraço como prática conservacionista. Entretanto, alguns dos terraços não apresentavam o dimensionamento correto, falta de manutenção e ainda com baixa eficiência.


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A função do terraço é a de reduzir o comprimento da rampa por onde ocorre escoamento das águas das chuvas, e, com isso, diminuir a velocidade de escoamento da água superficial evitando processo erosivo e assoreamento do rio. Outra função importante é contribuir para a recarga de aquífero (Machado & Wadt s.d).

Foi constatado apenas em um ponto processo erosivo laminar (Figura 04). Na ocasião o produtor foi orientado pela equipe de uso do solo, principalmente sobre técnicas de preparo do solo observando a declividade do terreno e o sentido de fazer a gradagem. Foi orientado sobre a importância de manter cobertura no terreno, com a prática de plantio direto ou adubação verde. A propriedade supracitada cultiva mandioca, hortaliças diversas e possui produção de gado.

https://lh5.googleusercontent.com/RB4tkcwXHQK-bhi50xayfcBAkzt3YqH9hKCTxM0B5uztRvL_r3ctSXxYTDt5-jw24YK-QodNwPd2Yf5GsbhT9Flx-MfTWmIA6RovNhomw4fysM9Q2XEaYd5mwWa9tio0DcMqWV5JAeOjwA8BFigura 04. Processo erosivo laminar

 

 

 

 

 

 

 

 

A região percorrida possui aptidão para agropecuária. Com isso, a grande importância da sensibilização quanto a prática de uma agropecuária sustentável, preconizando as práticas conservacionista e, principalmente, preservação das matas ciliares de acordo com a Lei 18.104 de 2013.

Verificou-se nos pontos amostrados diferentes tipos cultivos, tais como milho, girassol, cana – de -açúcar, hortaliças e com o predomínio de pastagem. Vale mencionar que estamos no período de segunda safra onde se tem um calendário de semeadura para as culturas citadas anteriormente. Entretanto no período de safra (outubro a dezembro) verifica-se, também, o cultivo de soja. Foi possível verificar presença de áreas de pastagens degradas devido, principalmente a falta de adequadas práticas de manejo como: altura do corte inferior


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ao recomendado, solo com características de compactação, características visíveis de baixo nível de nutrientes nas plantas e consequente falta de correção do solo.

https://lh5.googleusercontent.com/LrgB-8sLws1Hkta3N31q82GzvIUx5aIpq4WLyODiurucRWLFM2V0IarawktDsEUbyddSeKBDkUINxeIbtilFBHSSHSmXTXE4TqvAi-FqKiy24ZXgo-PwMdPRuzU1yY1QYGktqHyimaNhks7Xhttps://lh6.googleusercontent.com/ofENKgNIgvx8HDj3VHy3WaEqGP-0TM34odkKM-MVWzf1S1_TyeuxMy4XoieTLPfEVB1iTCalSnHMzIbJjy5MR9u0X9LF-PFsBIwrwDeNW_GSo0P5ch8V9pbqD6TKTtHRnyxa08hFo9EBUPn3https://lh5.googleusercontent.com/uox19RQoodZM_j04s0602i7LIuAEs6TQIeJjNUKPFuAyBiM88RmkW0yTbN8ykUD6LcJN82mVUCfg9ZcLxpUl7i637XoFGcspN_3ZvLsQDkptUm3AMdwus4MgLyrxM-5BzQvxMw6d-5IdPWE3https://lh6.googleusercontent.com/KfM_i0AG2jPvvIDwczGmk-BN6Fw0SlsEgK6zVQu-yA7by-qTcc5lQnQTXXOXhKTMm6_bfP2wPYfE9nWnxztX5ugWUWsmrhHrkGoipm2-onk6_LVYfAQ6zonEQ6eZgpejTlbqKsus9omx3MNOFigura 05. Diferentes cultivos: girassol, milho, cana, hortaliças, banana, pastagem



O predomínio de área de pastagem, geralmente se dá devido declividade do terreno e consequente restrições de cultivo e pulverizações, principalmente por se tratar de áreas lindeiras à manancial. De acordo com a Lei Estadual n. 19.423/ 2016, em seu artigo 11, as pulverizações de agrotóxicos por via área deve obedecer as seguintes distâncias: I)Considerando pulverização área: a) 500m (quinhentos metros) de povoações, cidades, vilas, bairros, de mananciais de captação de água para abastecimento de população; b) 250m (duzentos e cinquenta metros) de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de animais; II - para pulverizações com aplicação terrestre mecanizada: a) 200m (duzentos metros) de mananciais de captação de água para abastecimento da população; b) 100m (cem metros) das nascentes, ainda que intermitentes, cidades, vilas, povoados, bairros, cursos hídricos; c) 50m (cinquenta metros) de moradias isoladas e agrupamentos de animais.

No momento da visita foi possível verificar pulverização aérea na lavoura de girassol. Uma preocupação pertinente sobre o uso correto de defensivos agrícolas nas proximidades de mananciais e de residências. Esse tipo de pulverização gera dúvidas e inseguranças nos moradores circunvizinhos. Na ocasião a Agrodefesa, como órgão que fiscaliza o uso de agrotóxicos, se colocou à disposição para maiores esclarecimentos.

Durante a visita, foi verificada também a ocorrência de atividades ligadas à produção de mel com um grande conjunto de colmeias para a criação de abelhas (apiário). É sabido que esta atividade tem uma grande sensibilidade a uma grande variedade de produtos utilizados comercialmente em culturas anuais, como exemplo o Fipronil.

A Figura 6 apresenta as informações quanto à presença de vegetação nativa. Como visto, a maioria das propriedades visitadas apresenta vegetação permanente moderadamente conservadas e, apenas 21% está pouco preservada. Na maioria das vezes áreas ligadas à pecuária extensiva e com pastagem e, ainda, sem o isolamento das áreas consideradas críticas com faixa linear de preservação permanente inferior à 5 metros de largura. A LEI 18.104 de 2013 dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e define área de proteção permanente (APP) como: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.


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https://lh6.googleusercontent.com/J_VW9sqZtid3P984Njr1WzQyhfTVkbx3XJrzH484DzvZ1BkSXZPbwZxmA7PhmHo8Un8w2_jpPbQQn2X-IeOCy0dvoo-z8VXWULN-26ow0Co69QnP0tUFkzwv4KAw25eH0UCmmwV5o03iSQgSFigura 6. Gráfico demonstrativo da porcentagem de vegetação permanente observada nos quatorze pontos amostrados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos pontos 12 e 13 verificou uma faixa com poucas espécies arbóreas pois, se trata de uma servidão de passagem rede de transmissão de energia elétrica de alta tensão. Em todo o trajeto percorrido foi possível verificar, na maioria das propriedades a preocupação com preservação das matas ciliares, conforme demonstrado nas Figuras abaixo. As faixas de vegetação variaram muito em extensão.

A respeito das faixas de vegetação é necessário considerar a presença de área consolidada justificando seu uso. De acordo com a Lei 18.104/2013 é necessário observar os seguintes critérios: § 1º Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 (cinco) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d´água. § 2º Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d’água. § 3º Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d’água. § 4º Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais conforme determinação do PRA, observado o mínimo de 20 (vinte) e o máximo de 100 (cem) metros, contados da borda da calha do leito regular. § Em áreas rurais consolidadas no entorno de nascentes e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de atividades, sendo obrigatória a recomposição do raio mínimo de 20 (vinte) metros.



https://lh3.googleusercontent.com/z8W5ZtNl42kf24NIudO2OBKrefqor2VDMLX02lza8nfpyNuxq3yrSq7gLrrQsG4R1hdIWpl_aygXeZrSh-1GMwS4yGDQN7QPl5Y437b70aYSxv1ZUaYpwydIQNSKv6LtpaTNVR5fQlWh7qxL

 

Figura 7. Registros fotográficos de mata ciliar preservada



https://lh5.googleusercontent.com/IATlSzpEuV4JwkpaLWKA6FFT-o9eR26i_a_sqGEblyLsg2JLsHczItiemfmTPb3szwnHp5CqoLObDGIAmuZgCDQTP6r1YOuwlc980CWiN93_hLVKp-nU8XegRaGa2YebIU3ilI1cxbYZTO8chttps://lh4.googleusercontent.com/1Yrr76ywK_p8vO5hOZv-oTXi9FFqmfRz4t4iM5reE-Z0xCY7dDSuN-H9B4t6_ex4O6asOPUT6QCUHhPtpserJ06q51HA7JZ-abqeCR54rSwRgTiek5L41kFV55ZMRz6JgCEwQfGYZXKnpSRz



https://lh5.googleusercontent.com/1AKwMjSi_gTNaGJj0bgk5MeWZVO8xWhEIKvsJ3nakkHQVpvQkXGZTWgyvMeegh6YscIY9UdCt-LEgfmY8FFZ4cXuyZYIceTETdOI_RDOdUROHmaAvjGG1lsJzPJ7gd_MWogGiKu7wrtVIoebFigura 8. Presença de cerca de arame impedindo a entrada de animais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Em outros locais constatou-se que a faixa com mata ciliar não estava atendendo o que preconiza a legislação. Onde se verificou assoreamento e processo erosivo. Verificou, também, que em algumas propriedades não era realizada o cercamento a fim de evitar o pisoteio por animais.


https://lh5.googleusercontent.com/9b9-GFtq5wVzm-1D8XyyfdnlVA0hLXc9JRHpNTGSJQjAxXfkKdkiIAuNiwxTR0fHyrQT1Tz81Fxlq2s7J5uilXNGLEE7zwoMDgQPw7XhkCPvTlujcIjObV1T6p2dZh_cfA-SCnwWG2BETis8I EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA DO RIBEIRÃO SANTA MARIA

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https://lh6.googleusercontent.com/AyFL644KFyEsBEYeAtnOVIf-IRdPcdvBLNdUMW09WXrh8mrlY1_xY3JPuUP8rPuOKyQ_Cbk05AJ5A6w4R5KkUfmScqeV0zZjEJfwNdwQ5YsQnzVdkSA-RgK3AG-90CU8mXocekp63HNFh49gFigura 8. Registros fotográficos de degradação devido à ausência parcial ou total de mata ciliar.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3.3  https://lh6.googleusercontent.com/1tMRK4Ck56hoYFnL4tbwrGgWpoJbP7_emdkQezjP-VdUAg2V-fmLAQV3RAkr9Aw45kzcyWn7Ylst8Ckr4-l4kbKxQl4ymFpFQlAHdSVdXrt4PSVE8aaGvvTmBKoZ9o0VklEL4nt6aGcTk0g5Estradas Vicinais

 

Um fato importante e que verificado de forma recorrente, em todos os cenários percorridos, foi a evidente falta de manutenção das estradas vicinais, tanto no quesito, trafegabilidade, quanto no quesito de drenagem, não menos importante é a falta de sinalização e em alguns pontos descarte de materiais diversos, oriundos principalmente de consumo humano. De todas as situações verificadas a que mais chamou a atenção foi o da GO 419, a qual encontra se sem pavimento asfáltico, quase nada de áreas com encascalhamento, e o pior


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de todas as falhas, a falta de drenagem e escoamento adequado das águas pluviais, sendo causadora de grandes valas laterais à via e uma fonte de carreamento de solo e materiais diversos com destino ao ribeirão Santa Maria.

As estradas não pavimentadas são uma necessidade básica para prover uma determinada localidade de um fluxo regular de mercadorias e serviços, permitindo o desenvolvimento das comunidades por elas atingidas e, por consequência, garantindo a melhoria da qualidade de vida da região. Embora as estradas rurais por si sós não são capazes de romper as barreiras que levam ao empobrecimento das comunidades, elas podem, por outro lado, serem importantes agentes indutores de crescimento e proporcionar significantes benefícios sociais e econômicos (BAESSO e GONÇALVES, 2003). Entretanto, o sistema de drenagem é de grande importância no desempenho das estradas. É através dele que as águas superficiais e de subsuperfície, que eventualmente venham atuar sobre o leito estradal, são coletadas e removidas eliminando os seus efeitos nocivos. Sendo que um sistema de drenagem adequado constitui um aspecto tão ou mais importante, do que o próprio revestimento de uma estrada não pavimentada (BAESSO e GONÇALVES, 2003).

3.4  Medidas Mitigadoras

Mitigar situações de riscos é criar uma estratégia de identificação, prevenção e atenuação de possíveis impactos sociais e ambientais. Ao se conhecer os pontos de origem para contratempos e/ou imperfeições, temos a possibilidade de antecipar e planejar ações, de modo a implementar soluções.

São consideradas medidas importantes:

·      Ações de assistência técnica e social com maior intensidade e frequência aos produtores e moradores nas áreas rurais.

·      Implementar práticas de manejo e conservação do solo.

·      Implementar práticas de manejo e bem-estar das criações (bovinos, equinos, suínos e aves).

·      Implementar práticas de conservação, sinalização das estradas vicinais.

·      Implementar o programa produtor de água.

·      Fomentar através do oferecimento de mudas de espécies nativas e assistência técnica a recomposição de matas ciliares degradadas.


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AMBIENTALISTA ADALBERTO SOUSA E SILVA

3.4 Resultados das análises de solo quanto a presença de agrotóxicos

Para verificar a presença de agrotóxicos nas amostras de solo foi utilizado o método de extração sólido-líquido com partição a baixa temperatura seguido de análises em cromatógrafo a líquido de alta eficiência, conforme descrito no item 2.4 da metodologia. Foram analisados os agrotóxicos Carbendazim; Tiodicarbe; Diuron; Fipronil e Clorpirifós.

A identificação dos agrotóxicos foi realizada pelo tempo de retenção no cromatograma, como apresentado na Figura 9.

https://lh4.googleusercontent.com/7UtKTBgThvc7ncLfh9ncEb6dXcVwG_87suIGmkhlapvJYlvhFSVSY3KvT7Mg59CzPej2stdi7wvTxe38JrXVSWRUbOJEnmInxZYdXeN0EAsmIgCr_Ehzsb48TgZ05K85NJ3hCpJlWQSnCLJ9Figura 9. Cromatogramas com os resultados das análises realizadas em amostras de solo coletadas na Microbacia do Ribeirão Santa Maria em comparativo com um cromatograma da solução dos padrões dos 5 agrotóxicos analisados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como pode ser visto na Figura 9, não foi observado picos no tempo de retenção dos agrotóxicos analisados. Desta forma pode-se inferir que as amostras de solo não estavam contaminadas com a presença destes agrotóxicos.

 

Considerações Finais

Acredita-se que uma das maiores contribuições desta expedição tenha sido a possibilidade de diversos olhares com formações profissionais diversas e representatividades de instituições que permeiam a sociedade como um todo. Para que isso não se perca, necessário se faz, como sugestão que se crie, por exemplo um Fórum de discussões permanente com a possibilidade de avaliar a implementação das medidas sugeridas pelas comissões.

Percebe-se que até o momento a falta de integração entre os órgãos e instituições afetas à temática comum, dificultou a percepção em um nível macro da realidade da bacia, reduzindo o alcance das ações até então implementadas e dessa forma espera-se que a


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motivação originada por essa expedição permita a interlocução entre todos os agentes envolvidos.

Assim sendo, espera-se que essa seja a primeira de muitas outras expedições no Ribeirão Santa Maria e, isso se faz necessário para diagnosticar e documentar outras áreas e situações para um relatório mais amplo, traduzindo cada vez mais em beneficio deste importante manancial que abastece com esta rica fonte hídrica inúmeros produtores rurais, industrias, comércios e a população da nossa cidade de Itumbiara.

REFERÊNCIAS

Baesso,    D.P.;    Gonçalves,    F.L.    Estradas:    técnicas    adequadas    de                 manutenção.

Florianópolis/SC, 2003

Silva, Sergio Brazao. Analise de Solos Para Ciências Agrarias 2. ed. - Belém: Universidade Federal Rural da Amazonia, 2018.167 p.

Santos et. al. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos 5. ed., rev. e ampl. Brasília, DF

: Embrapa, 2018. 356 p. : il. ISBN 978-85-7035-800-4

Manual técnico de pedologia / IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos ambientais.

- 3. ed. - Rio de Janeiro : IBGE, 2015. 430 p. - : il. - (Manuais técnicos em geociências, ISSN 0103-9598 ; n. 4

CURI, N. (Coord.). Vocabulário de ciência do solo. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciencia do Solo - SBCS, 1993. 89 p.


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