domingo, 24 de setembro de 2017

ZÉ GOMES DA ROCHA, HUMANO E POLÍTICO – 59 ANOS

         
   Maio de 2008 - aos 50 anos de vida - Itumbiara campeão - uma das maiores alegrias do Zé Gomes                                  

O sonho de ser prefeito  se tornou possível em 2004

     Durante 40 anos de atuação política e 58 anos de vida,  Zé Gomes da Rocha conheceu inúmeras vitórias e outras tantas derrotas até alcançar o maior sonho de ser prefeito de Itumbiara. Foi humano como todos nós nas alegrias e dores do dia a dia e político como ninguém na cidade, na arte de construir e transformar o lugar em que nasceu. Se é possível separar as duas dimensões, humana e política e pela vivência compartilhada com ele em cerca de oito anos de sua vida, acho que elas coexistem em momentos e se separam em outros, ele viveu plenamente as duas e caminhava sempre em busca de novas vitórias. Foi assim que construiu uma legião de apaixonados seguidores que se tornaram eleitores fiéis, ao mesmo tempo em que as vitórias faziam surgir adversários e até inimigos mortais.
Candidato com 18 anos em 1976 - eleito vereador
                            Começou como aprendiz de Modesto de Carvalho, apaixonado pelo Vasco da Gama e pelo Itumbiara. Em Modesto se espelhava em tudo que ia fazer. Se o mestre fez a Beira Rio, a primeira coisa que fez foi arrumar uma emenda da bancada goiana em mais de R$ 9 milhões, contratar arquitetos renomados para transformar a avenida no centenário. Se o professor fez o JK, Zé Gomes construiu o Centro de Treinamento e levou o time a conquista do campeonato goiano. Mas Modesto fez a melhor escola Municipal que era o Floriano de Carvalho, então o Zé deu o nome de seu avô a nova escola que custou mais de R$ 12 milhões. Se começou a vida política aprendendo com Modesto de Carvalho na arte das grandes construções, morreu na Avenida que deu o nome ao mestre, já nos últimos minutos daquela tarde de 28 de setembro do ano em que se tornaria o único prefeito a ser eleito três vezes pelo voto popular em 2016.

                   Zé Gomes da Rocha pelos dez anos a mais que teve na vida em relação a Modesto de Carvalho, trabalhou fisicamente como o professor e foi além na arte política de ampliar horizonte, que não foi possível ao seu mestre, como de aliar a presidente, como a Collor de Mello em 1989 e a governadores como a Marconi Perillo em 2004, pois sabia que era impossível ser prefeito sem ter ao lado o homem da camisa azul, a quem teve como adversário em 2000 e sofreu uma dolorida derrota que só foi curada com a vitória em 2004.  Depois ajudou Alcides Rodrigues a ser governador reeleito em 2006 e daria votação expressiva a Marconi Perillo em 2010 e 2014. Sempre aliava aos grandes em nome de sua cidade e teve até que abandonar seu padrinho de casamento Iris Resende em busca da sonhada vitória de um dia ser prefeito de Itumbiara. Foi além da relação política com Cidinho e Marconi, para fazer parte do cotidiano do Palácio das Esmeraldas.
Segundo suplente de deputado federal em 1986 - deputado federal em 1989
                   O lado político que sempre vem em primeiro plano, já quem milita na área, tem a vida privada aberta, sempre foi conhecido por todos, mas quase ninguém via seu lado humano.  Um ponto forte foi preservar a família em primeiro lugar. Criou os filhos longe do ambiente político partidário, que conhecia como ninguém. Se julgava uma “carne moída”, como dizia em seus discursos e não queria aquilo que vivia para o futuro de seus filhos. Por uma cidade são sofridas muitas dores, como aquela crônica que o impedia de jogar futebol no campinho da ilha e que fazia tratamento fisioterápico ali mesmo no Castelo Branco, onde almoçava, jantava, cortava o cabelo e passava as madrugadas sempre planejando o que construiria no dia seguinte. Nos últimos dias de vida, era coluna que lhe provocava maiores dores.
                                O time de futebol sempre foi a maior paixão de Zé Gomes
                   Nunca chorou uma lágrima em público e quando um dos parceiros ameaçava ser abatido pela tristeza, dizia para não fraquejar. Política não é para os fracos. Era facilmente decifrado pelas palavras, quando o humor mudava. Se alegres, os companheiros de trabalho eram “meu rei, ministro, presidente...”, mas se o dia não fora bem, quando nos chamavam por “chefe”, era melhor ficar longe, porque naquele dia seria explosivo.
                    Além dos parentes sanguíneos, adotou dois irmãos, a quem sempre ouvia os conselhos. Na médica Ione Borges Guimarães, que foi para o sacrifício em 2000 numa disputa impossível de ganhar contra Luiz Moura, o mais forte adversário político que enfrentou,  era sempre o ombro amigo a quem buscava nas horas tristes. O então advogado Nicomedes Borges era o seu conselheiro, o paizão capaz de conter qualquer excesso, de acalmar e indicar os melhores caminhos políticos, sempre usando a razão. Zé Gomes tinha outros amigos, mas esses dois eram irmãos. Naquele fatídico dia 28 de setembro de 2016, Doutora Ione estava mais uma vez ao lado do Zé Gomes, que caiu já sem vida na última carreata que fizeram juntos.
                                             Votos de Zé Gomes em eleições vitoriosas
                            As disputas políticas começaram já em 1976, quando Modesto de Carvalho passaria o governo municipal para o então aliado Radivair Miranda Machado. Morria o mestre Modesto de Carvalho em 1977 e nascia o aprendiz Zé Gomes da Rocha, que já no governo de Radivair mostraria a lealdade de defender o prefeito de uma CPI que lhe poderia custar o governo. Em uma das últimas viagens que fizemos juntos a Brasília em 2016, ele me contou como acabou a CPI contra Radivair. Quando a sessão iniciou, seu irmão Saul foi encarregado de apagar as luzes e com um revolver atirando para o teto da Câmara no escuro não sobrou ninguém para votar na sessão. Teve que ficar uns dias escondido, mas terminou tudo bem a história e Radivair concluiu o governo.
                                                         Deputado Federal reeleito em 1989
Com Waterloo e Iris Resende a partir de 1982, aprimorou a arte da oratória que já era inata em tempos colegiais e começou a alcançar os maiores lugares na política local. Foi presidente da Câmara Municipal e do time Itumbiara. Por obra do acaso, já que pretendia disputar o cargo de deputado estadual, debaixo de uma árvore na casa de Waterloo, seu destino mudou. Alvaro Guimarães, mais velho na política pediu e levou a vaga na disputa e depois seria eleito deputado estadual e sobrou a Zé Gomes disputar uma vaga para deputado federal.
                                           Presidente da Câmara Municipal - 1985
 A Assembleia Constituinte de 1988 cria o Estado do Tocantins e um dos deputados federais eleitos por sua coligação assume no novo estado. Outra vaga surge com a eleição de Paulo Roberto Cunha em Rio Verde e então Zé Gomes da Rocha se tornou deputado federal, para o qual se reelegeria em 1990, 1994 e 1998.
                                           Amigo do presidente Collor eleito em 1989
Uma das maiores frustações da vida, foi a derrota política que sofreu em 1996, quando quis pela primeira vez disputar o cargo de prefeito de Itumbiara. O então governador Maguito Vilela preferiu bancar o jovem Cairo Batista e Zé Gomes teve que adiar o sonho. Nunca esqueceu. Como humano, levou consigo esta tristeza. Pelo PMDB chegou sua vez de disputar em 2000, mas sofreu outra grande derrota e ele já sabia que perderia, pelas pesquisas que tinha em mãos. Cairo Batista não faria o sucessor e Luiz Moura que tinha ao lado Marconi Perillo era imbatível. Mais uma derrota que doeu muito, mas trouxe o aprendizado. Sem o governador ao lado, era impossível vencer a eleição em Itumbiara. 
Os filhos e amigos - vida em Brasília
O jogo político na maioria das vezes não é humano. Adversários se tornam 
inimigos e  como regra só não vale perder eleições. Nos finais de eleições, sempre ficavam feridos enquanto um grupo comemorava a vitória. Luiz Moura foi o mais forte adversário na vida política de Zé Gomes e as disputas ficaram só no campo da batalha pelo voto. Em 1988, Luiz Moura foi o novo na política e elegeria quem quisesse para seu sucessor e assim construiu Celso Santos. Mas Luiz Moura conheceu a derrota para Cairo Batista, o jovem moço do Bairro Novo Horizonte. Ainda não era o tempo de Zé Gomes, que perdeu em 2000 para Luiz Moura. O troco veio com a cassação do ex-prefeito em 2004. Foram grandes disputas com derrotas e vitórias para os dois lados.
                        A última carreata em 28 de setembro de 2016
Além da aprendizagem de fazer obras com Modesto de Carvalho, aprendeu outra arte que mestre ensinou. Unir adversários em um governo para a cidade. Se Modesto conseguiu unir Arena e MDB, assim como o pai Floriano de Carvalho no passado fizera com UDN e PSD, Zé Gomes ao ganhar a primeira eleição para prefeito, buscou em todos os partidos e até em grupos adversários, gente para governar junto e o resultado foi 95% de aprovação segundo pesquisa Serpes. Em dois mandatos de prefeito, morreu a oposição na cidade.
Outro diferencial foi por meio do Arraiá, agregar todas as entidades filantrópicas e assistenciais da cidade em evento anual. Fez convênios de subvenções com todas e honrava anualmente o compromisso. Se atrasava em um ano, no outro recomponha tudo. A ex-vereador Isbéria Toledo foi grande parceira neste projeto de aproximação com as entidades sociais.
A maior paixão da vida, não fazia questão de esconder. O time do Itumbiara vinha sempre em primeiro lugar. Era capaz de fazer loucuras, como a que lhe custou um processo em 1996 e que lhe matava aos poucos a cada eleição. Sofreu com ele em 2000, quando os grandes jornais diziam que não seria candidato, conseguiu passar por 2004 e em 2008 chegou a me deixar como primeiro reserva para disputar o governo se algo desse errado com este processo, que lhe corroía os dias de vida até o dia da última carreata. Os adversários não imaginavam que seria candidato em 2016 e mais uma vez ele estava ali em uma carreata, mesmo que fosse a última.
Como não aceitava interferência em sua administração e ás vezes, não conseguia controlar a paixão pelo time de futebol, sofreu outro processo, que poderia lhe causar a perda do terceiro mandato que não alcançou. Mas sofreu muito com estes e outros processos que respondia por defender sua cidade. Sempre dizia, não quer ser processado em Prefeitura, é muito fácil. É só não fazer nada, passar os quatro anos sem fazer nada. Mas ele aprendeu com Modesto de Carvalho a não ficar um dia parado. As ideias nasciam em um rascunho de papel nas madrugadas mal dormidas e se transformavam em obras quando já era dia.
Quem via sua militância política, suas batalhas, não imaginaria que o lado humano também tinha muita fé. Em uma das visitas que fiz a seu apartamento no ano de 2016, mostrou-me o fenômeno da queima de papéis no oratório, onde ficava a santa de sua devoção e o título de eleitor. Só este não foi queimado e o fogo não teve uma origem física, segundo ele. Contratava bons advogados para sua defesa, mas não deixava de fazer suas orações no dia a dia.  
Era implacável com seus adversários políticos, pois no meio, ensinava que eles ressurgem das cinzas, mas era capaz de perdoá-los quando antigos aliados se tornaram adversários e depois voltavam a procura-lo, principalmente quando a questão envolvia saúde. Não gostava de receber um “não”, e ficava emburrado até com o governador quando era contrariado. Quando amigos, se bebiam os melhores vinhos com ele, mas se adversários, a regra que valia era vencer sempre, mesmo que isso nem sempre fosse possível.
Com os amigos sempre cumpriu todos os compromissos que fizera e tinha enorme dificuldade em falar não ou demitir algum parceiro de governo. Certo dia me chamou a sua sala junto com o Chico Balla, seu vice prefeito e que se tornaria prefeito e disse: Eu tenho direito a escolher alguém para presidente da Saneago e meu próximo vice prefeito e vocês dois ocuparão estes cargos. O Chico, que já era vice teve o direito de responder primeiro e então escolheu continuar como companheiro de chapa.
Se na política era temido, corajoso e enfrentava qualquer batalha, no lado humano tinha seus medos. Seu compadre Joselir, gabava quando falava do Zé Gomês. Quando alguém falava que era amigo do prefeito ele dizia, que era mais, pois até dormia no mesmo quarto do compadre. Era o modo simples do Joselir se expressar, mas realmente o Zé não dormia sem alguém por perto.  
A construção de três mil casas populares, troca de toda iluminação, universalização de saneamento básico, pavimentação dos bairro habitados, compra de uma frota completa, escolas, clinicas populares, ocupação de espaços importantes nos poderes da república e tantas outras obras custaram muitos processos e a própria vida de Zé Gomes que teve abreviada sua passagem na terra. Queria concluir o Hospital que era o maior anseio da população. Ele sempre sabia o que a população queria, pois confiava muito nas pesquisas do senhor Antônio Lorenzo do Serpes e por isso queria voltar a prefeitura pela terceira vez, apesar do apelos de muitos amigos que era hora de deixar a política e viver mais o humano com a família, os amigos e os netos. Mas ele sempre tinha uma obra a mais a fazer e o hospital era o último rascunho que construíra na madrugada.
Pelo tempo que convivi com Zé Gomes da Rocha, acredito que ele não desejava morrer de forma violenta, mas se fosse inevitável, seria como um vencedor, com foguetes, com uma carreata gigante, ao lado dos irmãos e com um povo feliz seguindo seus passos com seus carros, suas motos, bicicletas e acenando das calçadas, como foi naquele 28 de setembro. Foi se o político que deixou aliados, adversários e até inimigos, mas foi o humano que possibilitou muitas famílias uma casa para morar sem aluguel, um tratamento que parecia impossível e amparo nas grandes causas que todos enfrentam no dia a dia.

O dia de sua morte não será um dia de tristeza ou de más recordações, mas de celebrar alguém que foi um dos maiores políticos de Itumbiara, com seus erros, suas fraquezas, vitórias e derrotas, mas acima de tudo, alguém humano que também construiu o bem e fez muitas pessoas felizes, nas quais permanecerá em suas mentes como o eterno companheiro, amigo e irmão.
                           Album de família - Zé Gomes Filho, Carolina, Zé Gomes, Adjaína e Doutora Alcione
                               Com o filho Arthur em 2011
                               Luis Augusto - filho de Zé Gomes

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

NA DISPUTA ENTRE LEOPOLDO BULHÕES E XAVIER DE ALMEIDA NASCEU O MUNICÍPIO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA


XAVIER DE ALMEIDA VEIO DO GRUPO DE LEOPOLDO DE BULHÕES NO INÍCIO DA REPÚBLICA, CRIOU ESPAÇO PRÓPRIO A PARTIR DE 1901, MAS LEOPOLDO DE BULHÕES DEU O GOLPE POLÍTICO QUE IMPEDIU O SANTARRITENSE HERMENEGILDO DE MORAIS DE SER GOVERNADOR DE GOIÁS - ASSIM PODE TER NASCIDO A EMANCIPAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA, HOJE ITUMBIARA.



3.2  O “GOLPE POLÍTICO”  DE 1909 EM GOIÁS

          O processo que se torna o Golpe Político  de 1909 em Goiás tem relações que podem estar ligadas ao ano de 1869 em pleno desenrolar da Guerra do Paraguai com o casamento de Francisca Carolina de Nazareth Moraes que construiu uma família que mudou os rumos políticos de Goiás.  Podem também apontar desdobramentos a partir de 1901 com  a chegada de Amélia Augusta de Moraes ao Palácio Conde dos Arcos na capital do estado, quando assume a presidência do Estado o bacharel José Xavier de Almeida, até concluir com o evento da emancipação de Santa Rita do Paranaíba, sempre passando pela casa de Francisca Carolina de Nazareth de Moraes, mesmo a partir de 1905 com a morte do coronel Hermenegildo Lopes de Moraes e que a casa de Morrinhos tem uma mulher como protagonista a partir de seu ambiente privado.
          Além dos casamentos, da formatura dos bacharéis, das viagens e da morte do coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, outros embates políticos que ocorreram a partir de 1904 fazem parte do processo que vai resultar no golpe político de 1909 e na emancipação de Santa Rita do Paranaíba.
          Outras relações além de políticas, religiosas e familiares também fazem parte do processo, como a política fiscal dos governos Xavier de Almeida e Miguel Rocha Lima que também influíram na eclosão do Movimento golpista de 1909, colocando em evidência e ao lado de José Leopoldo de Bulhões Jardim, os  fazendeiros descontentes  no Estado, responsáveis pela principal atividade  da economia goiana entre 1901 e 1909.
A eleição de 1908 para deputados e senadores estaduais também influenciaram  no Movimento golpista  de 1909, já que  aliados de José Leopoldo de Bulhões elegeram maioria, fato que  possibilitou não reconhecer o presidente eleito, o bacharel Hermenegildo Lopes de Moraes em 1909.
          Devido a crise econômica e arrocho fiscal,  e tendo ainda o deslocamento do poder da capital para o interior, com o fortalecimento do grupo político de Morrinhos,  o bacharel Antônio Ramos Caiado, o Totó Caiado e o engenheiro e militar Eugênio Jardim  lideraram o movimento golpista ao lado  de fazendeiros que cercaram a capital de Goiás em 13 de Março de 1909 e forçaram a saída de Miguel da Rocha Lima do Governo e retirada da vida política do bacharel José Xavier de Almeida.
          Além de não reconhecer a vitória de Hermenegildo Lopes de Moraes, o filho, como presidente de Goiás a partir de 1909, não foram reconhecidos também deputados e senadores eleitos. O perdedor Urbano Coelho de Gouveia, cunhado de José Leopoldo de Bulhões Jardim assumiu o poder em julho de 1909 após o golpe político iniciado em março do mesmo ano.
          O Congresso Legislativo Estadual composto por doze senadores e vinte e quatro deputados estaduais, se reunia duas vezes por ano entre maio e julho, ocasião em que votou a Lei de emancipação de Santa Rita do Paranaíba, que foi sancionada em 15 de julho de 1909 pelo presidente do Estado em exercício, José Baptista, terceiro vice-presidente.
          O enfraquecimento de Morrinhos ocorre entre 13 de março, quando Miguel da Rocha Lima é obrigado a abandonar o governo pelo golpe de 1909, passa pela mudança do poder para o primeiro vice-presidente Francisco Bertoldo e em seguida para o presidente do Senador Jubé, chegando até ao coronel anapolino  José da Silva Baptista, antes de assumir definitivamente o engenheiro Urbano Coelho de Gouveia em 24 de julho de 1909, derrotado nas urnas e elevado presidente através de golpe político.
          Quando a família de Francisca Carolina de Nazareth de Moraes está fora do poder com a volta para casa do filho Hermenegildo Lopes de Moraes, do Genro José Xavier de Almeida e da filha Amélia Augusta de Moraes, Morrinhos está fora do poder e Santa Rita do Paranaíba está emancipada.
          Alguns nomes aparecem na emancipação de Santa Rita do Paranaíba, como do coronel José da Silva Batista, o Zeca Batista, terceiro vice-presidente do Estado que estava exercendo a presidência até 23 de julho de 1909.          Liderou parte do Golpe de  1909 a partir de Anápolis e assumiu o governo de Goiás a partir de primeiro de maio de 1909. Sancionou a Lei de emancipação de Santa Rita do Paranaíba em 16 de julho de 1909.
          Antônio Xavier Guimarães, irmão de Guimarães Natal, ligado aos Bulhões, foi para Santa Rita do Paranaíba para exercer o cargo público de Administrador da Recebedoria. Padrinho de casamento de Jacintho Luiz da Silva Brandão, cedeu sua fazenda para reunião de pessoas que participaram do Movimento golpista de 1909 a partir do norte e fez a intermediação política quando da emancipação entre os políticos de Santa Rita do Paranaíba e o então governo golpista que assumiu em 1909.
Outro líder do Movimento de 1909, Eugênio Rodrigues Jardim ao se tornar delegado geral de Polícia de Goiás, nomeou o major  Militão Pereira de Almeida para delegado em Santa Rita do Paranaíba, dando início a um novo ciclo de poder no município emancipado através golpe político de 1909.
          Nas eleições de 1909 a coligação republicana acabou levando ao poder através do Golpe político José Leopoldo de Bulhões para senador federal e Antônio Ramos Caiado, Marcelo Francisco da Silva e Padre Trajano Balduíno como deputados federais, embora não fossem os mais votados. Na mesma eleição para presidente do Estado foi reconhecido o Engenheiro Urbano Coelho de Gouveia que havia perdido as eleições no voto para o bacharel Hermenegildo Lopes de Moraes.
          Na fazenda Quinta de propriedade de Eugênio Rodrigues Jardim, o Movimento golpista foi organizado entre abril e maio para derrubada do presidente eleito, quando mais de mil homens foram arregimentados.
          Os fazendeiros descontentes com a política fiscal do grupo político de José Xavier de Almeida, no poder desde 1901, uniu até aqueles que estavam separados,  como o bacharel e fazendeiro Antônio José Caiado, que  se uniu ao grupo de José Leopoldo de Bulhões Jardim  para ajudar no Movimento golpista de 1909, mesmo tendo sido companheiro do bacharel José Xavier de Almeida em seu governo.
          Até a morte do Presidente Afonso Pena em 14 de junho de 1909 também ajudou no fortalecimento dos Bulhões, pois como amigo de Nilo Peçanha, o vice que se tornou presidente, levou José Leopoldo de Bulhões Jardim a assumir novamente o cargo de Ministro da Fazenda e assim se tornar novamente um dos protagonistas da política em Goiás, pelo menos até 1912, quando será derrotado por outros, até então aliados no golpe político de 1909, como o bacharel Antônio Ramos Caiado.
          Derrubado o grupo político da casa de Dona Francisca Carolina de Nazareth de Moraes, a partir de maio de 1909 começou a gestação da emancipação com a votação no Congresso Goiano e foi concretizada no dia 16 de julho de 1909 pelo então presidente do Estado em Exercício, José da Silva Baptista.


 
3.2  A EMANCIPAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA

          Até culminar com a emancipação de Santa Rita do Paranaíba, ocorreram várias relações políticas e acontecimentos, que tem inicio  quarenta e seis anos antes, com a chegada de Hermenegildo Lopes de Moraes a Santa Rita do Paranaíba como funcionário público da Recebedoria  em 1863
          A construção da riqueza e da família que deram origem ao poder político exercido por Morrinhos na Primeira República tem seu início no Arraial de Santa Rita do Paranaíba, quando o coronel Hermenegildo possuidor de tropas de burros e de um comércio no povoado consegue abastecer as tropas que iam para a Guerra do Paraguai, período em que também casou-se com Francisca Carolina de Nazareth Moraes, cuja família era de fazendeiros bem sucedidos em Santa Rita do Paranaíba. É ainda em Santa Rita do Paranaíba que nasceu o primogênito de Hermenegildo Lopes de Moraes em 1870 e que irá sucedê-lo na liderança das relações de poder a partir de 1905 com a morte do pai coronel.
          Morrinhos aparece nestas relações de Poder a partir de 1871 quando Hermenegildo Lopes de Moraes muda para o Município que logo se emancipa em1872. Para alguns, o motivo da mudança seria uma doença de Francisca Carolina de Nazareth, mas Hermenegildo sempre antecipava as grandes mudanças e foi para Morrinhos, onde foi o primeiro intendente e consolidou-se como fazendeiro adquirindo mais de 27 fazendas      , consolidando o comércio entre Santa Rita do Paranaíba, Morrinhos, Pouso Alto e outras vilas com o sudeste do Brasil.
É Inicialmente chamada de Vila Bela de Morrinhos em 1845, quando então era   distrito da Vila de Santa Cruz, Morrinhos conseguiu sua primeira emancipação em 05 de novembro de 1855 com a denominação de Vila Bela do Paranaíba e tendo como distrito Santa Rita  do Paranaíba. Após quatro anos, retorna a condição de Distrito de Santa Cruz, tendo sido suprimido sua condição de Vila independente administrativamente. Em 1871 o município é restabelecido com o nome de Vila Bela de Morrinhos e reinstalado em  03 de fevereiro de 1872. No ano de 1882 é elevado a categoria de cidade com o nome de Morrinhos, que prevalece até os dias atuais.
          Nascimentos, casamentos e mortes foram eventos que antecederam os principais embates que resultaram na emancipação de Santa Rita do Paranaíbaem julho de 1909.      
Os nascimentos das  jovens primeiras-damas de Santa Rita do Paranaíba e do Estado de Goiás se deram no início da década de 1880, sendo que  Amélia Augusta de Moraes nasceu em Morrinhos no dia 27 de agosto de 1884 e Messias Alexandrina Marquez  em Santa Rita do Paranaíba no dia 13 de outubro de 1883. A mesma sequência foi observada em relação aos casamentos, sendo que ambas contraíram matrimônio ainda menores de dezoito anos, sendo a primeira em 27 de julho de 1901, quando tinha dezessete anos e a outra em outubro de 1900, com apenas dezesseis anos.
          A morte de Hermenegildo Lopes de Moraes em maio 1905 também é um acontecimento que antecede a emancipação de Santa Rita do Paranaíba e consolida a presença da mulher e herdeira Francisca Cândida de Nazareth Moraes, cuidando dos netos e dos bens.
Assim como a morte do presidente Afonso Pena em junho de 1909 que também influenciou a emancipação de Santa Rita do Paranaíba, fato que possibilitou mais poder a José Leopoldo de Bulhões que voltou a ser Ministro da Fazenda do sucessor Nilo Peçanha.
Enfim, as relações de poder que levaram a emancipação de Santa Rita do Paranaíba e que se deram através de nascimentos, casamentos e mortes, estiveram sempre ligadas a uma série de processos políticos que vão desde a eleição de José Xavier de Almeida em 1901 para presidente do Estado, ao seu rompimento com Leopoldo de Bulhões em 1904 e que levou ao pedido de intervenção por Leopoldo de Bulhões em 1905. Passou pelas vitórias de José Xavier de Almeida que homologou as eleições de 1904, mas que começou a se inverter em 1908, ocasião que o grupo de José Leopoldo de Bulhões fez a maioria de deputados e senadores, condição que levaria a não reconhecer as eleições para deputados federais, senador e presidente do Estado para 1909, que dão origem ao Movimento de 1909 e que tem como primeiro resultado a emancipação de Santa Rita do Paranaíba.
            A imagem que se tem do sul de Goiás no início do século XX  é de um carência geral de seus moradores, diferenciando-se em poucas coisas os homens que tinham comércio e cargos públicos, em especial os coletores que trabalhavam nas recebedorias fiscais de Santa Rita do Paranaíba.
            O quadro da vida, das casas, das vestimentas e da própria alimentação, narrado por (FRANCO, 1997 p. 119 ) onde predominava moradias simples e a alimentação a base de feijão preto, farinha de mandioca e um pedacinho de carne salgada ou toucinho para todos os moradores.
            O texto permite refletir também sobre a promiscuidade que se dá na mistura  do patrimônio estatal com a propriedade privada,  fato que pode ter sido a base do enriquecimento das principais lideranças da região no período pesquisado.
            Uma das características marcantes da região é o seu destaque como posto de fiscalização do Estado, em um período em que se travou um grande arrocho fiscal provocado pelo grupo dominante do período no Estado, que estava bastante ligado a cidade de Morrinhos, cidade mãe de Santa Rita do Paranaíba, que teve sua fundação ligada a um porto e criação  do Aparelho Tributário no período anterior a República, por volta de 1834, quando se consolidava a primeira organização fiscal do Brasil Independente de Portugal.
            As atividades comerciais predominantes no período estavam ligadas a pecuária e em especial ao comércio, que eram as principais fontes de tributação na região.
            Relacionando a cidade pesquisada, é possível imaginar  a mistura que se fazia através de uma administração pública deficiente, com funcionários desqualificados, que misturava o público com o privado e que estava mais sujeito ao controle dos costumes locais e do mando de seus coronéis, do que aos regulamentos tributários, como pode ser notado nos embates entre o Ministério Público e coletores públicos que faziam uso particular dos recursos arrecadados dos impostos.
            Com a ausência do Estado, uma justiça sem poder e dominada pelas autoridades locais, municípios pobres e sem fonte de recursos, vai se constituir em um local perfeito para o domínio dos coronéis e seu fortalecimento, que pode ter ocorrido com o coronel. Hermenegildo Lopes de Moraes, que fez fortuna com a Guerra do Paraguai e ocupou cargos públicos, chegando no início do século XX com condições  de fazer aliança com os governos devido sua situação econômica abastarda.
            O período de emancipação  mostra um Estado com estruturas arcaicas, com os grupos dominantes dos coronéis detendo os meios de administração na nomeação de delegados, coletores e outras autoridades, proporciona um desencontro entre as aspirações dos cidadãos e o Estado de provê-las.
            As cidades  não tem recursos para investimentos menores como cuidar de suas ruas, ocorrendo em muitos casos o investimento privado com posterior indenização do Estado, quando era possível e assim vai se institucionalizando o poder dos coronéis nas cidades.
            Cabe aos que tem recursos econômicos, como os fazendeiros e comerciantes, exercerem funções do Estado ausente, como as policiais e judiciárias, que faz através de capangas, já que não eram supridos por pessoas especializadas.
            É dentro deste quadro de pobreza do poder publico local, uso do aparelho do governo como propriedade privada e dominação pessoal sem separação do público com o privado é que o grupo de coronéis locais ligados aos presidentes da província que vai ocorrer a emancipação de Santa Rita do Paranaíba.
            É a imagem de uma cidade que vai ter dono por muitos anos, desde sua fundação, onde o coletor, o delegado, o conselho de Intendência e a própria intendência vão ser uma extensão das famílias de comerciantes locais, que vai ocorrer pela escassez de funcionários qualificados e ausência do exercício despersonalizado das funções públicas, com o grupo dominante utilizando o aparelho estatal para atingir interesses particulares.
            A formação dos Coronéis de Santa Rita do Paranaíba a partir da Primeira República pode ser vislumbrada nas obras “Os donos do Poder” (FAORO, 1989), assim como funcionava o sistema eleitoral, baseado na política dos governadores que sustenta todo o período.
            Nas palavras de Rui Barbosa Apud (FAORO, 1989, p.569), “substitui-se os principais interesses, o povo pelas facções e os Estados pelos seus governos.”
            A política dos governadores  tinha como características o apoio dos presidentes dos Estados ao Governo Federal, recebendo poderes e privilégios,  que por sua vez formava suas bases nos municípios que deviam obediência aos coronéis que governavam o Estado. Enquanto fossem aliados, poderiam utilizar as estruturas no Estado no exercício dos poderes locais.
            Verifica-se na Primeira República uma pequena participação política da população, como se observa nos números apresentados  entre 1870 e 1890, quando o percentual de votantes no período variava de 2,3% a 3.4% da população, que girava em torno de 10 milhões em 1872 e que atingiu 14 milhões em 1889, sendo que apenas 24% morava na zona urbana.
            A Republica Velha, período que nasce Santa Rita do Paranaíba caracteriza pela pouca participação da população na vida política, que era para poucos, decorrente pelo sistema eleitoral altamente restritivo, com uma população pouco alfabetizada, contando com cerca de 14,8% por volta de 1890, e um sistema eleitoral viciado que dava sustentação a política dos governadores e afirmação do coronelismo.
            O sistema eleitoral permitia a qualificação dos eleitores que eram feita pelos coronéis ou por seus indicados, assim como a tomada e apuração dos votos, tendo o presidente do conselho de intendência ou o intendente municipal a supremacia do controle, ás vezes feitos nas próprias casas das autoridades.
            Era utilizada um forma de controle que ficava na mão do coronel do Estado e para o comando eleitoral ser efetivo, o sistema deveria ser estrangulado no município e tudo isso era garantido pelas milícias estaduais e por instrumentos financeiros.
            Prevalecia o sistema de partido único, do presidente da província ao coronel no município, e as despesas eleitorais locais cabiam ao coronel local, que em troca tinha os empregos na sua região, que seriam ocupados por pessoas indicadas por ele. É um sistema de reciprocidade, onde o Estado dá os empregos, os favores, tendo a força policial através de seus capangas, nomeando o delegado, o coletor de impostos, o juiz, o promotor e prevalecendo os laços de amizade e compadrio.
            A obra de (FAORO, 1989),  permite entender a figura do coronel que assume o poder local, onde alguns receberam o nome da antiga Guarda Nacional criada em 1831 e que recaiu também sobre pessoas detentoras de riquezas que podiam comprar as patentes.
            O Coronelismo penetra de tal maneira nas atividades políticas, constituindo no primeiro degrau desta estrutura. Ele não manda só porque tem a riqueza, mas há pela população um reconhecimento de seu poder, sem necessidade de um pacto escrito. É um poder que se consolida com o aliciamento e do preparo de seus eleitores e no amplo número de cargos locais que terá a sua disposição para fazer suas indicações.
            A política dos governadores e seu criador, Campos Sales aconselhando aos presidentes dos Estados a dissolverem as câmaras municipais e nomear os intendentes, são reflexões tratadas por (FAORO, 1989),  que permite entender os primeiros embates e arranjos que ocorrem em Santa Rita do Paranaíba. É a política que atrelará os chefes políticos ao governo estadual, atrofiando os núcleos locais, como ocorreu com Santa Rita do Paranaíba.

            Pelo menos três capítulos de “Raízes do Brasil” (HOLANDA,), ajudam a entender o contexto do início da República no Sul de Goiás, como por exemplo, as características do personalismo das pessoas que vão exercer o poder.
            Destaca-se, por exemplo, no estudo da obra, o capítulo que trata da emancipação da cidade como instrumento de dominação, além de tratar dos aspectos urbanísticos da formação das cidades, da influência ibérica na construção de praças e ruas.
            A leitura também permite entender como se deu o patrimonialismo, decorrente da promíscua mistura dos bens públicos com os particulares, notadamente na figura dos coletores de impostos na Recebedoria na divisa do Estado.
            Nos capítulos estudados é possível entender o uso do poder político como extensão da família e o Coronel Sidney Pereira de Almeida é fruto desta construção política, havendo historicamente uma mistura do particular com os bens do Estado.
            Nesta obra tem-se os fundamentos do sistema coronelista que já está imposto desde a fundação da cidade e manifesta-se com intensidade em sua emancipação, prevalecendo  as escolhas e indicações de cargos públicos de acordo com a confiança e o compadrio e não com a capacidade dos escolhidos.
            As oligarquias que nascem no século XIX, o jeito personalista de governar e a própria impregnação do coronelismo como forma de governo vem  dos tempos da fundação da cidade.
            O capítulo que trata de trabalhadores e aventureiros permite uma reflexão sobre as origens da população que formaria a cidade de Santa Rita do Paranaíba, onde prevalecia o comércio e a pecuária. No trabalho percebe-se as raízes dos trabalhadores que se dá através de aventureiros que vieram em maior parte de Minas Gerais e dos próprios coronéis que vão governar a cidade em seus primeiros anos de existência.
            Enfim, esta obra permite refletir sobre o urbano e o rural no período de emancipação, o funcionamento do poder público nas mãos dos coronéis, a emancipação da cidade como instrumento de dominação e um povo constituído por aventureiros assentados em sua maioria na zona rural e os poucos que habitavam o centro urbano, numa cidade com forte influência ibérica na sua arquitetura, com uma praça central, duas grandes ruas em duas direções e uma Igreja em sua parte central. Estas são as raízes desta cidade do interior do Estado de Goiás, com seu povo, seus costumes, seus governantes e suas práticas políticas.
O primeiro documento localizado no primeiro ofício da cidade de Goiás e que trata de Santa Rita do Paranaíba descreve a arrematação do Porto da Fazenda Nacional por Cândido Rodrigues de Paiva em 1835 que fazia parte de uma estrada nova construída até Uberaba-MG (FERREIRA e PINHEIRO, 2009, p.23).
Inicialmente o Distrito do Arraial de Santa Rita do Paranaíba foi criado como parte da Vila de Santa Cruz em 1849, perdurando esta situação até 1855, quando então passa a pertencer a Morrinhos, que na época se denominava Vila Bela do Paranaíba. De 1859 quando é suprimida Vila Bela do Paranaíba até 1871 quando novamente ocorre a emancipação de Vila Bela de Morrinhos, Santa Rita do Paranaíba fez parte da Vila de Santa Cruz (FERREIRA e PINHEIRO, 2009, p. 25-29).
Nas relações de poder em Santa Rita do Paranaíba, destacam-se Jacintho Luiz da Silva Brandão, casado com Messias Alexandrina Marquez em 1900 e que não teve nenhum filho; Major Militão Pereira de Almeida, casado pela primeira vez com Ermelinda Borges de Almeida em 1883, tendo 10 filhos, sendo o primeiro o coronel Sidney Pereira de Almeida.  Viúvo em 1903, Major Militão casou-se pela segunda vez em 1905 com Laudelina Mendes de Almeida, com quem teve 9 filhos. Filho de Major Militão, o Coronel Sidney Pereira de Almeida casou-se em 1909 com Maria Clarinda Cotrim, com quem teve 6 filhos.
Qual a relação de Messias Alexandrina Marquez, Laudelina Mendes de Almeida e Maria Clarinda Cotrim com a emancipação de Santa Rita do Paranaíba? São as mulheres presentes na vida privada dos homens que faziam política  quando da emancipação de Santa Rita do Paranaíba e depois nos primeiros anos da Vila emancipada.
Como Villa Bela de Morrinhos exercia um poder político na região sul do estado de Goiás, desde 1895, quando Hermenegildo Lopes de Moraes era vice-presidente do Estado, até 1905 com sua morte, e após este período, o poder continuou a ser exercido por José Xavier de Almeida, genro de Hermenegildo Lopes de Moraes, ex-presidente do Estado e deputado federal em exercício, entrava na cena política outro filho de Hermenegildo Lopes, também deputado federal e homônimo do pai,  Santa Rita do Paranaíba não tinha nenhuma esperança de emancipação.
          O principal líder local, Jacintho Luiz da Silva Brandão era do grupo de Morrinhos, tanto é que assumia os principais postos no Arraial de Santa Rita do Paranaíba, como Administrador da Recebedoria.
          Como principal oponente de Jacintho Luiz da Silva Brandão, apareceu a figura do coronel  Sidney Pereira de Almeida, filho do maior comerciante do Arraial em 1909.
          O sistema político local, tinha no comando o Intendente geral, que era figura escolhida pelo presidente do Estado. O poder Legislativo, escolhido pelo povo, era o conselho Municipal de Intendência.
Nos primeiros anos de governo, os membros do primeiro Conselho Municipal vão se revezar no poder como intendentes, ora aderindo aos Bulhões que mandavam no Estado, quando da emancipação e depois com o alinhamento do grupo de Sidney Pereira de Almeida com os Caiado, até 1927.
A Lei de emancipação é o principal documento que corrobora a hipótese de que a emancipação de Santa Rita do Paranaíba foi o primeiro ato grupo dos Bulhões, que assumiu o governo do Estado de Goiás a partir do Movimento de 1909, no mês de maio, quando o poder foi passado ao primeiro vice-presidente e após ao segundo vice-presidente, que sancionou a Lei de emancipação de Santa Rita do Paranaíba em Julho de 1909.
          Da publicação da Lei de emancipação á efetiva instalação do município levaram cerca de dois meses. No mês de setembro, foi nomeado o Conselho Municipal Provisório, tendo Jacintho luiz da Silva Brandão escolhido presidente provisório e a missão também de governar o município até a escolha do Intendente Geral que ocorreu em dezembro de 1909.
Existiam cercam de 83 estabelecimentos comerciais, figurando como maior, segunda pagamento de impostos, o comerciante Jacintho Luiz da Silva Brandão, com sete unidades e pagamento de 360$000 réis (FERREIRA e PINHEIRO, 2009)
Havia uma escola com cerca de sessenta alunos. Enquanto o chefe político de Morrinhos mandou os filhos para estudar em São Paulo, os filhos da família de Militão estudavam em Santa Rita do Paranaíba. Mas os primeiros anos iniciais das filhas de Francisca foram feitas na escola da Vila de Morrinhos, conforme aparece na relação de alunas matriculadas por volta de 1873.
Enquanto as crianças da Família de Francisca Carolina de Nazareth de Moraes estudavam e viajavam, as crianças das famílias que moravam na zona rural viviam do pastoreio e de vigiar plantações. (FERREIRA e PINHEIRO, 2009, p 117)
O então Arraial de Santa Rita do Paranaíba se destacava por algumas casas comerciais e a família de Major Militão Pereira de Almeida era o segundo maior comerciante com dois estabelecimentos, enquanto o filho de Francisca Carolina de Nazareth de Moraes, o Major Galdino da Silveira Marquez também tinha comércio no Arraial. No ano da emancipação em 1909 a família de Major Militão era a maior pagadora de impostos no então Arraial de Santa Rita do Paranaíba.
O ano de 1909 vai marcar o aparecimento da família do coronel Sidney Pereira de Almeida e o afastamento do coronel Jacintho Luiz da Silva Brandão, então aliado da família de Francisca Carolina de Nazareth Moraes. O que segurou alguns dias a presença de Jacintho Brandão na política da emancipada Santa Rita do Paranaíba foi a presença de Antônio Xavier Guimarães, padrinho de casamento e aliado do grupo vencedor do golpe político de 1909.
                     O Arraial de Santa Rita do Paranaíba começou com um Porto e uma Estrada, cresceu com a família de Francisca Carolina de Nazareth Moraes, emancipou-se com o golpe político de 1909 em Goiás e tem na Ponte Afonso Pena o símbolo deste momento que marcou a passagem da família pela política de Goiás como protagonistas das relações de poder que coloram a região sul em evidência.











Ex-Ministro da Fazenda Leopoldo Bulhões

José Xavier de Almeida - ex-governador

Hermenegildo Lopes de Morais e esposa - Primeiro senador nascido em Santa Rita do Paranaíba

 Antônio Ramos Caiado - Totó Caiado


Fonte: FREIRE, N.S. O CASAMENTO, EMBATES E ARRANJOS POLÍTICOS EM GOIÁS: uma abordagem   das relações de Poder na perspectiva de Gênero. Editora Kelps, 2015

MORRE CONSELHEIRO FRANCISCO CARNEIRO E SIDNEY PEREIRA DE ALMEIDA ENTRA NA POLÍTICA DE SANTA RITA DO PARANAÍBA

1909 - MORREU NO INÍCIO DE OUTUBRO O CONSELHEIRO PROVISÓRIO FRANCISCO CARNEIRO DE CASTRO E PRESIDENTE DO ESTADO NOMEIA SIDNEY PEREIRA DE ALMEIDA A TRÊS DIAS DA INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO
  Conselheiro da Intendência Provisória Sidney Pereira de Almeida ao lado da esposa Maria Clarinda Cotrim

A três dias da instalação do Município de Santa Rita do Paranaíba que vai acontecer no dia 12 de outubro, devido ao falecimento do conselheiro Francisco Carneiro de Castro, o presidente do Estado Urbano Coelho de Gouvea (figura correspondente a governador) nomeou o cidadão Sidney Pereira de Almeida para a vaga no Conselho Provisório de Intendência, que vai instalar o município e que conta com sete membros. Sidney que nasceu em Brejo Alegre (Araguari) em 1884, tem 25 anos e chegou a Santa Rita do Paranaíba por volta de 1907, com seu pai Militão Pereira de Almeida, onde constituíram dois estabelecimentos comerciais na Rua do Comércio e se tornaram em 1909, os maiores pagadores de impostos do futuro município, desbancando Jacintho Brandão que ocupava esta posição em 1908. A empresa de Militão e Filhos trabalha com o comércio de fazendas, ferragens e roupas.
Com a mudança do governo goiano em julho de 1909, Militão Pereira de Almeida, um baiano que tem 19 filhos, passou parte de sua vida entre Araxá, Araguari e Tupaciguara, onde casou-se em 1883 e ficou viúvo em 1903 e se casou novamente, veio para Santa Rita do Paranaíba em 1907 e se tornou um dos maiores comerciantes entre os 83 que existem no então Distrito. No novo município deverá ser nomeado Delegado Chefe para cuidar da segurança pela proximidade com Eugênio Jardim que faz parte do novo governo.

A ficha do nomeado por Urbano Coelho de Gouvea
CORONEL SIDNEY PEREIRA DE ALMEIDA


Sidney Pereira de Almeida: nasceu em Brejo Alegre ( Araguari) em 03 de agosto de 1884 e passou a infância em Abadia do  Bonsucesso (Tupaciguara), filho do Major Militão Pereira de Almeida e Ermelinda Borges de Almeida. Veio para Santa Rita do Paranahyba por volta de  1907, com 23 anos. Foi nomeado Conselheiro provisório aos 25 anos em outubro de 1909 e foi eleito em novembro de 1911 Intendente aos 27 anos. Casou-se em 1911 com Maria Clarinda Cotrim, filha do Major Rogério Prates Cotrim e Maria Clara Holagray Prates Cotrim e teve seis filhos.

O pai de Sidney Pereira de Almeida
MILITÃO PEREIRA DE ALMEIDA 
Baiano de Rio Branco,  nasceu em 10/03/1856.  Tem 53 anos  na emancipação de Santa Rita  - Casou-se em 1883 com Ermelinda Borges de Almeida em Tupaciguara  aos 27 anos e teve dez filhos, entre eles, Sidney Pereira de Almeida, o primogênito  e Rui Pereira de Almeida.
Ficou viúvo em 1903 aos 47 anos em Tupaciguara, quando casou-se pela segunda vez com Laudelina Mendes de Almeida e teve mais nove filhos. Passou por Araxá, Araguari e Tupaciguara, antes de se firmar em Santa Rita do Paranaíba como maior comerciante. Foi delegado aos 53 anos e intendente em 1919, aos 63 anos.

Negociante de fazenda, ferragens e roupas

Decreto  2.527, de 4 de outubro de 1909
                      Nomeia o cidadão Sidney Pereira de Almeida para o cargo de membro da   Intendência Provisória do município de Santa Rita do Paranaíba, na vaga     aberta em consequência do falecimento do cidadão Francisco Carneiro de  Castro.

                       Semanario Oficial – ANO XII – 9 de outubro de 1909 n. 481


Adaptação das fontes:

ALMEIDA NETO, Sidney Pereira de. Itumbiara, Um século e meio de História. Itumbiara: Ed. do autor. 1997.
FREIRE, N.S. Nas Barrancas de Santa Rita do Paranahyba – jogos do poder de 1830-2011. Goiânia: Kelps, 2011.

FERREIRA, Josmar Divino e PINHEIRO, Antônio César Caldas. Santa Rita do Paranahyba: origem e desenvolvimento. História de Itumbiara. .v. 1 – Itumbiara, Edição Independente, 2009.