sábado, 23 de março de 2024

MUSEU DA PESSOA - NILSON FREIRE 60 ANOS


 

História de Vida – Sessenta anos

 

Museu da pessoa


PESSOAL

NOME/NASCIMENTO

 
Meu nome é Nilson de Souza Freire. Sou natural de Itumbiara, Goiás. Nasci no Hospital São Marcos, ano de 1964, no dia 13 de abril e, por conseguinte, estou com 60 anos. Meu nome foi escolhido em homenagem ao médico Doutor Nilson Pinto.

Resumo

NILSON FREIRE, nasceu em Itumbiara, GO, no dia 13/04/1964. Advogado da área tributária. É membro da Academia Itumbiarense de Letras e Artes de Itumbiara, na cadeira número 7 e tem como patrono o jornalista Jaime Câmara. Mestre em Direito Fiscal pela Universidade de Coimbra, Portugal (2022), Mestre em História pela PUC-GO (2013), com especialização em Política e Administração Tributária pela FGV (2001). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Goiás (2003), graduação em História pela Universidade Estadual de Goiás (2008), graduação em Ciências Físicas e Biológicas pela Fundação de Ensino Superior de Itumbiara (1990) e graduação em Administração de Empresas pela Fundação de Ensino Superior de Itumbiara (1993). Auditor Fiscal de Receitas Estaduais aposentado da Secretaria de Estado da Economia de Goiás  e já ocupou os cargos de Diretor de Assistência ao Servidor - IPASGO - Instituto de Assistência aos servidores do Estado de Goiás (2012), presidente da SANEAGO - Saneamento de Goiás S.A (2011-2012), Secretário de Finanças (2005-2010) e Secretário de Saúde (2006-2007) da Prefeitura do Município de Itumbiara.



FAMÍLIA

Pais

O nome do meu pai era José Freire Sobrinho. Nasceu em Mossoró-RN no ano de 1944 e faleceu aos 48 anos de idade em 10 de maio de 1992, assassinado na Rua 15 no Bairro Santos Dumont em Itumbiara, a 100 metros de casa.

Minha mãe, Francisca de Souza Freire, tem 81 anos de idade, nasceu em Serra Talhada – PE, mas foi registrada em Iguatu – CE e depois   Juazeiro do Norte-CE. Atualmente mora no Bairro Santos Dumont em Itumbiara desde a década de 1970.

 O casamento de meus pais ocorreu em Itumbiara, GO, no ano de 1963 e dessa união nasceram cinco filhos. Educaram a todos na medida do possível, sendo quatro homens e uma mulher. Meu pai era pedreiro. Começou na agricultura arrancando tocos em fazendas da região de Itumbiara na década de 1960 e no inicio da década de 1970 prestou serviços de gari a Prefeitura do município de Itumbiara. Depois trabalhou de servente e aprendeu a profissão de pedreiro, exercendo-a por vários anos de forma autônoma. Ele, sempre foi um bom pedreiro, trabalhou em obras como a do Posto Gigantão. Trabalhou em cidades como Uberaba, Ibiá, Bebedouro e Resende, construindo casas populares. Voltou a Itumbiara e continuou a construir imóveis na cidade. Para educar os cinco filhos, foi grande a luta desse cidadão, que ora contava com serviços e as vezes ficava muitos dias sem um trabalho, já que não tinha carteira assinada. Teve uma casa rua 16 esquina com Amaro Leite na Praça do Novo Horizonte, finalmente, terminou sua vida morando na Rua 15 em um domingo após trabalhar o dia todo. Homem que merecia profundo respeito, uma grande força moral, apesar de ser pobre. Meu pai foi um grande conselheiro através de seus exemplos de trabalhador. Minha mãe é um grande amiga. Na  rua 15, onde reside há mais de 40 anos, o passeio da casa onde ela mora recebe diariamente a visita de seus vizinhos. Sempre Dona de casa, lavou roupas para os outros e passa seu dia  fazendo um café pela manhã, as refeições e encerrando o dia assistindo a novela das oito horas da Rede Globo.  Essa é minha mãe.

Avós
Eu conheci meus avós em dois estados diferentes. Os nomes dos meus avós paternos eram Pedro Freire e Joana Elina de Jesus. Os maternos eram José Ignácio e Alice de Souza. A família Souza Freire é uma das famílias que vieram fugindo da seca do nordeste na década de 1960 para Goiás. O pai do meu avô materno era da região de Serra Talhada em Pernambuco e teria parentesco com Lampião, o rei do cangaço. Eles continuaram a morar na região, na cidade de Juazeiro do Norte. Meus avôs paternos vieram em caminhões pau de arara e tinham um pequeno sitio na saída para Cachoeira Dourada. Terminaram seus dias no Bairro Novo Horizonte em uma pequena casa na Praça do Novo Horizonte..

Filhos

Ianny Raíssa - O primeiro filho nasceu em 30 de junho de 1990. A torcida era que fosse um homem e que fosse jogador de futebol. Mas na manhã daquele dia no Hospital Santa Maria, o médico anunciou que nascia Ianny Raíssa, que pelo menos nasceu torcendo para o Flamengo. O nome teve como inspiração a primeira dama da União Soviética, Raissa Gobarchova, pois considerava aquele país o simbolo do comunismo que eu a admirava, pois ela levou uma boa imagem do pais para o mundo. Ianny escolheu a carreira de Administradora de empresas, formada em 2014 na UFU, mora em Uberlândia e trabalha em São Paulo – SP.  Um dos fatos que guardo na memória em relação a ela, foi o dia que atravessou a rua em Araporã-MG sem olhar para os lados e então foi atropelada por um bicicleta e teve pequenos ferimentos. Casou em Uberlândia – MG no ano de 2023.

Yuri Ian – Nasceu também no Hospital Santa Maria em 27 de abril de 1992 e foi o primeiro menino a ser registrado na então emancipada cidade de Araporã-MG que havia conquistado esta situação no dia 23 de abril. Temperamento muito tranquilo e com altura privilegiada era o tipo ideal para ser jogador de futebol. Insistia tanto para ele ir para as escolinhas, mas futebol não era o que ele queria. Também torce para o Flamengo. Escolheu a carreira de administrador de empresas, formado na UFU e com pós-graduação na Austrália. Mora em Uberlândia e trabalha para uma empresa em São Paulo. O nome também tem inspiração russa através do cosmonauta Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar no espaço em abril de 1961. Guardo duas coisas na memória em relação a Yuri: a primeira foi que meu pai, poucos dias antes de falecer colocou um parafuso no carrinho que foi de Ianny e estava precisando de uma manutenção. A segunda, foi o dia que tentei dar umas palmadas nele quando já tinha 14 anos. Olhei bem sua altura já superior a 1,8 m e um braço longo e pesado e então desisti.

Nilson Junior  Como em 26 de setembro de 1996 a União Soviética já tinha sido  transformada em vários países, o homenageado foi eu mesmo. Juninho é apaixonado por futebol e ainda deseja ser jogador. Por um problema que não sei, começou a torcer pelo Flamengo e então devido ao Tevez, passou a torcer pelo Corinthians. Sua primeira crise de choro, foi quando o Corinthians caiu para a segunda divisão. Formado em  Direito na UFU, faz estágio na DPE-MG e está buscando a carreira de Defensor Público. É o parceiro dos campos de futebol por este Brasil afora e torcedor fanático do Itumbiara. Já andamos por todos os campos goianos que o Itumbiara pisou e até naquele fatídico dia em Trindade que a equipe caiu para a segunda divisão. Um fato da memória foi o dia que decidíamos ir assistir o jogo do Corinthians contra o Flamengo no Pacaembu. Saímos no dia do jogo, compramos o ingresso de cambista e quase ficamos de fora. Naquele dia, inúmeros ingressos vendidos pelos cambistas eram falsos. Ele queria assistir o jogo na torcida do Corinthians, mas não teve jeito. Só teve vaga na torcida do Flamengo.

 


Casa da infância


Era uma casa modesta, na rua Itarumã. Depois meu pai comprou um terreno no local onde hoje é a praça do Novo Horizonte. Até que a casa ficasse pronto nós moramos debaixo de uma lona. Depois mudamos para Rua 15 no Bairro Santos Dumont, onde minha mãe mora até hoje. Estudamos inicialmente perto de casa na Escola Municipal Cunha Mattos. Algumas vezes meus pais mudavam para acompanhar construções e certa vez quando meu pai foi construir o Posto Gigantão, nós mudamos para o Bairro Santa Rita. Nosso  cotidiano era de uma família pequena, nem sempre  unida. Era tudo muito simples. Era uma casa de poucos cômodos, sempre com um banheiro tipo privada no lado de fora. Faltava piso, energia elétrica, água tratada, faltava asfalto, mas a gente não reclamava nunca. O importante era ter a casa.

 

 

 

 
Primeira infância

 

As brincadeiras eram constantes e haviam muitos campinhos para brincar de futebol. Jogávamos bete, com aquela bola para derrubar aquela casinha. Brincávamos de bolinha de gude no passeio, e reviviamos os filmes de Tarzan, Zorro e de Cowboys. Era possível ficar na rua sem muitos problemas. Quase todos os dias íamos pescar e nadar no córrego Trindade. Desde a idade de sete anos, sempre que possível meu pai nos levava para ajudar nas construções como serventes de pedreiro e ensinava os segredos da profissão de pedreiro.

 


Irmãos


Pela ordem cronológica, eu, nasci primeiro em 1964 depois veio outros  três irmãos do sexo masculino e uma menina. Todos os homens, ajudavam meu pai. Eu fui até os 12 anos, depois fui trabalhar em oficinas; Um foi  trabalhar em um açougue e se tornou pequeno comerciante. Dois se tornaram pedreiros, mas só um continua até hoje.  Eu sempre priorizei estudar, mesmo quando meus pais mudavam de cidade.. Eu saí da casa dos pais com 16 anos, fui morar com minha avó. Depois fui para Brasília prestar o serviço militar na Aeronáutica em 1983 e não mais voltei para casa.



EDUCAÇÃO

Ensino Fundamental

 

Minha primeira escola foi o Grupo Escolar Cunha Matos. Localizado na Rua da Máquina, hoje no Bairro Santos Dumont, até 1973. Depois passei pela Escola Félix de Almeida, Escola Municipal Dom Veloso no Bairro Santa Rita e conclui a primeira fase do ensino fundamental na Escola Estadual Mauro Borges. Iniciei a quinta série em Cachoeira Dourada na Escola João XXIII, depois passei para o Instituto Francisco de Assis. As sexta e sétima séries fiz no Colégio Floriano de Carvalho ainda no período diurno. Já a partir da oitava série ainda no Floriano de Carvalho, passei a estudar a noite, já que trabalhava durante o dia. O segundo grau foi feito parte no Colégio Estadual Dom Veloso e nos dois últimos meses, devido a expulsão de dois colegas, em solidariedade, concluímos o curso no Instituto Francisco de Assis em 1982.

 

 

 

Professores
A minha primeira professora chama-se Maria Helena e lecionava na Escola Estadual Cunha Matos, localizada na Rua da Máquina, esquina com Rua 15. Sua Irmã era a diretora da Escola e ali fiquei até o segundo ano. Marcou muito também em minha vida na quarta série na Escola Estadual Mauro Borges, quando minha professora Mariza, que ainda vive em Itumbiara, ao terminar o ano e sabendo que eu não tinha como comprar o uniforme do Instituto Francisco de Assis para fazer a quinta série, me doou o uniforme. Fui sempre um aluno meio sapeca. Lá no Mauro Borges mesmo, deram-me como castigo ficar trancado na Secretaria. Fugi passando pela janela. Minha mãe era sempre chamada nas escolas..

 

 

 



Formação escolar

 

Meus pais vivam mudando de cidade quando eu fazia o ensino fundamental. Foram para Cachoeira Dourada, Uberaba e outras cidades, mas eu sempre ficava em Itumbiara para estudar. Conclui o ensino fundamental no Colégio Municipal Floriano de Carvalho e o ensino médio no Instituto Francisco de Assis, apesar de ter feito praticamente os três anos no Colégio Estadual Dom Veloso. Como dois amigos Mauro e Marcelo foram expulsos, em solidariedade a eles, eu e o Amarildo dos Correios saímos juntos no mês de outubro de 1982, quando faltavam dois meses para a formatura.

 

 

 


Universidade

Quando terminei o ensino médio em 1982 fui prestar o serviço militar na Aeronáutica em Brasília.  Na ocasião pensavam em ser jornalista e então prestei vestibular para o curso no CEUB, não obtendo sucesso. Ao voltar em 1984, como não tinha condições de pagar um curso superior particular, já que existiam apenas dois em Itumbiara, o de Agronomia e Ciências Físicas e Biológicas, fiz um ano de Magistério no Instituto Francisco de Assis.

Em 1986 ao ser contratado para trabalhar na Caramuru, empresa que incentiva seus funcionários a fazer um curso superior, prestei o vestibular em 1988 para Ciências Físicas e Biológicas e concluí a Licenciatura em 1989. Em 1990 fiz mais um ano de Matemática, mas preferi antes de concluir o curso em 1990, prestei vestibular para Administração de empresas em Ituiutaba, sendo aprovado, estudei algumas semanas, mas o curso também foi aprovado para Itumbiara na FESIT, onde prestei e passei no vestibular da primeira turma. Em 1993 formei em Administração de empresas, graças ao programa da Caramuru que pagava metade da mensalidade. Na faculdade de Administração de empresas, fui eleito presidente do Centro Acadêmico Doutor George Antonelli em 1992, após perder a eleição em 1991. Em 1994 fui aprovado no concurso do Fisco de Goiás, onde aposentei-me.

Em 1997 prestei vestibular na Universidade Estadual de Minas Gerais em Ituiutaba, onde fui aprovado e estudei até o segundo ano. Ao ser transferido para trabalhar em Goiânia, ingressei através de transferência na Universidade Federal de Goiás, concluindo o curso em 2002. Fui o orador da turma na formatura.  Entre 2001 e 2002 ganhei um curso de pós-graduação pela FGV em Política e Administração Tributária.

Em 2005 fui aprovado no curso de História da UEG em Itumbiara, concluindo o curso em 2008. Em 2011 iniciei o mestrado em História pela PUC-GO, concluindo em 2013. No ano de 2020, iniciei novo mestrado na área de Direito Fiscal na Universidade de Coimbra em Portugal, sendo concluído em 2022.

 

 

 

Vocação
Quando criança eu pensava em ser jogador de futebol. Haviam muitos campinhos de terra

nos Bairros Santos Dumont, Novo Horizonte e Matadouro. Mas pela situação financeira não dava para fazer opção, por isto entre a vocação e a necessidade, o jeito foi trabalhar em oficina mecânica. Não sabia ainda o que queria, mas tinha certeza que não queria ser pedreiro, mecânico ou pintor de automóveis. Quando consegui o emprego na Caramuru em 1986, tinha certeza que queria trabalhar em um escritório, mas quando fui fazer o curso de administração de empresas e conheci vários servidores da Caixa e Banco do Brasil, descobri que minha vocação seria a de funcionário público. Meu sonho era se tornar um funcionário do Banco do Brasil e disputar os jogos regionais que eles organizavam. Até que passei em décimo sexto lugar, mas não fui chamado. Deixei a Caramuru e fui estudar para concurso até passar para o Fisco de Goiás em 1994. Não foi o que eu sonhava, foi melhor. Neste espaço de tempo fiz o curso de Direito e tive a certeza que nunca quis ser advogado, juiz ou promotor. Se houve vocação, foi para jogador de futebol ou funcionário do Banco do Brasil, mas a vida me levou para outros caminhos. A vida política apareceu em 2002 quando disputei para deputado federal em Goiás e tive 9095 votos, mas a experiência de 5 anos como secretário de Finanças e por um período de Saúde, assim como presidente de estatal goiana Saneago, me fez ver refletir sobre  atuação política partidária, que me gerou cerca de dez processos judiciais em um período de 15 anos. Com uma condenação por improbidade administrativa (dano ao erário) ao fazer credenciamento de um laboratório no Hospital municipal, tive os direitos políticos suspensos por 8 anos, fiquei afastado das disputas políticas e filiações partidárias entre 2013 e início de 2024.

 

 

 

 
AERONÁUTICA
Eu fui soldado de primeira classe na segunda turma do VI COMAR de Brasília em 1983. fui o primeiro aluno da turma no curso de formação, posição que me permitiu fazer a escolha para ser lotado no GTE – Grupo de Transportes Especiais, que cuidava da frota para transporte do presidente e do vice-presidente do Brasil, além dos ministros de Estados. Eu seria no próximo ano o primeiro a ser promovido para soldado de primeira classe, mas preferi não seguir a carreira militar. Pensei em fazer concurso para oficial ou sargento da Aeronáutica em Guaratinguetá-SP, e apesar de fazer inscrição, não fui fazer a prova.

O serviço militar foi uma experiência positiva em minha vida. Quando ia completar 18 anos eu trabalhava como pintor de automóveis na concessionária Ford de Itumbiara, mas pretendia ter outra formação e não desejava prestar o serviço no Exército em Araguari-MG, para onde seguia a maioria dos itumbiarenses, por isto fiz a escolha do alistamento em Brasília. Tenho boas lembranças do futebol no campo da Base Aérea, dos amigos de outros Estados e que moravam na Base como eu e do time de futebol que foi o vice-campeão do torneio interno ao perder por 2 a 1 para outro setor na casa do adversário. Fui o artilheiro da competição, mas joguei a decisão contundido. Lembro de amigos como o Tolentino de Patos de Minas, o mineirinho de Ituiutaba e o sub-tenente Bonneau, que era muito querido no GTE.

 

 

 

 

Formaturas
Minha primeira formatura foi no curso técnico de Contabilidade pelo Instituto Francisco de Assim em 1982. Como não tinha um par de sapatos, meu primo fez o empréstimo dos sapatos e então a formatura se realizou no antigo Cine Walter Barra. A segunda formatura foi para o curso de Ciências Físicas e Biológicas da FESIT em 1989 e fiz parte da comissão de formatura. Em 1993 tive nova formatura para o curso de administração de empresas e não tirei nenhuma foto para guardar. A mais badalada formatura ocorreu em abril de 2002, quando no Centro de Convenções em Goiânia, colei grau em Direito pela UFG. Fui o orador da turma. Minha mãe esteve presente neste dia. A escolha do orador foi divertida porque o então presidente do CA XI de agosto é que trabalhou durante todo o curso para ser o orador, mas então a turma do fundão se uniu para escolher outro orador e no dia da eleição, derrotaram o presidente do CA e me elegeram como orador só para contrariar, mas fui bem e não decepcionei meus amigos. Mais recentemente em 2008 participei de mais uma formatura, desta vez pela UEG no curso de História. Voltei a estudar em 2011 e iniciei o mestrado em História, concluído em 2013. No ano de 2020, fiz novo mestrado, desta vez na área de direito e no Exterior, que foi realizado na cidade de Coimbra em Portugal e concluído pela Universidade de Coimbra em 2022.

CORPORATIVO

Primeiro emprego

Depois de trabalhar ainda como criança como ajudante de meu pai na construção civil, a primeira oportunidade de trabalhar fora foi em 1976, com 12 anos em um açougue (Mané Pinheiro) em Cachoeira Dourada-GO. Voltando de Cachoeira Dourada, trabalhei algum tempo como ajudante de mecânico na Oficina do Barbosa (estacionamento da Mais que Pão) na Rua Rui de Almeida com Guimarães Natal. Logo depois, em 1978 com 14 anos fui trabalhar na Corcelândia como ajudante do Zé Londrina. No inicio de 1980 com 15 anos consegui meu primeiro emprego com carteira formal, como auxiliar de pintura de automóveis na concessionária Ford da cidade. Apesar de ter a carteira assinada com um salário mínimo, recebi apenas a metade do salário, mas mesmo assim era feliz. Deixei o emprego em 1983 para prestar o serviço militar.

 

Emprego na Caramuru

Na volta da Aeronáutica em 1984, trabalhei ainda alguns dias como auxiliar de pintor de veículos na concessionário Ford e recebi o convite para exercer como pintor titular, mas não desejava seguir esta carreira e então um amigo da Igreja Católica, Jairo Marciano de Oliveira me indicou para ocupar uma vaga de auxiliar de Almoxarifado na empresa Caramuru, processadora de produtos de milho. Na época a empresa ainda era pequena em Itumbiara, comparada com o atual tamanho.  O Sr. Múcio, patriarca da família ainda era vivo. Rapidamente obtive ascensão na empresa e assim que foi inaugurada a empresa de processamento de óleos vegetais, fui promovido a Encarregado do Almoxarifado. Com o crescimento da empresa, surgiu a vaga de supervisor administrativo, que ocupei por vários anos. Depois de quase 10 anos trabalhado, de receber o incentivo financeiro para aquisição da casa própria e fazer dois cursos superiores, decidi deixar a empresa para prestar concursos.

 

Concursos públicos e aprovação no Fisco de Goiás

Após ser aprovado no concurso do Banco do Brasil em décimo sexto lugar e não ser chamado para Itumbiara, comecei a prestar outros concursos. Fui aprovado para a Secretaria da Agricultura do Estado e na mesma e quando estava providenciando os documentos para tomar posse, recebi a noticia que tinha sido aprovado em 1994 para o cargo de fiscal arrecadador em Goiás. Antes de ser aprovado, passei por momentos difíceis ao deixar o bom cargo de supervisor administrativo na Caramuru e ficar só para estudar para concursos.  Havia a previsão do Banco do Brasil contratar os aprovados como estagiários até que ocorresse a chamada para a posse, mas acabou não acontecendo e só alguns foram chamados. Uma passagem interessante refere-se ao dia em que eu ia fazer o concurso para o BEG. Fomos em um mesmo carro para Goiânia, eu e mais três amigos. Como era vários endereços, pegamos um taxi e eu fiquei por ultimo. Antes de chegar ao meu local de prova, o Taxi quebrou, pois chovia muito. Até ajudei empurrar o taxi, mas não adiantou. Chegamos cinco minutos atrasados.

Para fazer inscrição para o concurso do Fisco vendi minha bicicleta e comprei uma apostila e fiz a inscrição. Para não perder o horário no dia da prova, acabei passando a noite na rodoviária de Goiânia. Fui um dia antes para não correr o risco de perder a prova e acabei sendo aprovado.

 

Prefeitura de Itumbiara

Em 2005 recebi um convite para ser secretário de Finanças da Prefeitura de Itumbiara, cargo que desempenhei até 2010. Entre abril de 2006 e junho de 2008 também exerci a função de Secretário de Saúde do Município, período em que foi construído quatro clinicas populares, adquirido em Tomógrafo, conquistado da Avon um Mamógrafo e implantado novo Raio X e Ultrassom. Em 2007, foi iniciada a construção do SAMU e de um Laboratório em áreas ociosas do Hospital. Este Laboratório instalado no Hospital de Urgência do munícipio que tinha o serviço terceirizado, me valeu uma ação do MP de improbidade, que fui condenado e tive os direitos políticos suspensos por oito anos.

 

Saneago

Em 2011 o então prefeito de Itumbiara me indicou para exercer o cargo de presidente da empresa SANEAGO – Saneamento de Goiás S.A, sétima maior empresa do setor no Brasil, com mais de 4 mil funcionários e faturamento anual superior a R$ 1  bilhão. Em maio de 2012 deixei a empresa e por três meses desempenhei a função de Diretor de Previdência do IPASGO em Goiás, retornando em agosto de 2012 ao fisco goiano, onde aposentei-me como Auditor Fiscal de Tributos Estaduais.

 

Advocacia

Em 2017, foi aprovado pela OAB/GO no exame da Ordem. Desde 2020, é advogado tributarista.

 




Política

 

A minha participação nos processos eleitorais ligados a partidos e disputas por poder, começou em 1982 quando votei pela primeira vez. Eu tinha simpatia pelo partido comunista, pois já sonhava com um país mais igual e com liberdade. As noticias da ditadura, que tinha a minha idade, influiu na escolha de votar pela primeira vez no PMDB de Iris Waterloo na cidade de Itumbiara. Eles tinham um bom discurso de oposição. Já a partir de 1989 assumi meu lado esquerdista de votar e sempre escolhia candidatos do PCB, PT e pela primeira vez votei em Lula. A partir de 1990 fui morar em Araporã-MG e participei da primeira eleição do município após a emancipação em 1992. Fui candidato a vereador pelo PFL e tive 45 votos. Na eleição, jogava flores para as eleitoras e não fui eleito. Havia apenas um candidato a prefeito, que era o Valdir Inácio. Na eleição seguinte, participei ativamente da eleição do Wilmar Alves que era do PFL. Na hora de formação do governo, a escolha foi bem familiar e eu fiquei distante.  Em Itumbiara, fui participar ativamente da política já a partir de 1999, votante em  Zé Gomes, que naquela época era do PMDB. A turma foi derrotada e  o Luiz Moura, como os demais políticos que não toleram oposição, acabou iniciando uma perseguição e acabei decidindo por ir para Goiânia. Como resultado disto, assumi a Gerência de Substituição Tributária na capita, ganhei o curso de Direito na UFG e uma pós-graduação na FGV. Não poderia ser melhor. Sabendo dos progressos, Luiz Moura -PSDB junto com o então presidente da Assembleia na época, pediram ao então Secretário de Fazenda Jales Fontoura, que me exonerasse da Gerência. Fizemos um jogo de cena e um memorando (que não tinha efeitos legais) e deixamos os dois políticos satisfeitos mas na realidade, continuei no cargo, até não querer mais em 2002, quando então decidi-me a candidatar a deputado Estadual pelo PT. Em um almoço com o ex-promotor Bianor Ferreira, resolvemos inverter. Ele foi disputar como candidato a deputado Estadual e comprou os meus santinhos para deputado federal. Como resultado tive 9095 votos no Estado de Goiás, sendo 7500 votos em Itumbiara e então comecei a chamar a atenção dos políticos locais.  A próxima meta seria a disputa para prefeito de Itumbiara em 2004, mas o PT local comandado por uma turma de longa data não aceitava que alguém fora da turma pudesse candidatar.  Fizemos a primeira convenção e meu grupo ganhou. Mas eles não aceitaram e fizeram nova convenção. Mais de 200 participantes do PT foram a Convenção, uma das mais participativas até hoje. Perdi de 108 a 103 e o PT acabou indicando o vice na chapa do Dione Araújo, então no PSB. Ou seja, deixou de ter uma candidatura competitiva, para ser disputa de um vice que perdeu.

Na política, ou se tem muito dinheiro ou muito voto para ser competitivo ou então fazer parte de um grupo e fazer a vontade deste grupo. Nesta eleição para deputado federal e na convenção do PT, mostrei que tinha votos naquela época e foi por isto que fui convidado para ser secretário de finanças do município de Itumbiara a partir de 2005. Assim que perdi a convenção do PT, deixei o partido que nutria simpatia e passei a apoiar o então prefeito eleito José Gomes da Rocha, naquela época ainda no PMDB. Depois disto deixei de atuar ativamente na política. Ia para onde me colocavam e me puseram presidente do PSB local e depois como membro do PTB.  Não fiz as escolhas e com o tempo e a falta de disputas fui aos poucos deixando o palco das disputas eleitorais pelo poder esferas legislativas e executiva.

 

 

Empresas e órgãos públicos

 

 

SANEAGO - Goiânia

Por ordem de tamanho, a passagem pela SANEAGO – Saneamento de Goiás S.A foi marcante, apesar do pouco tempo. Entre as obras construídas durante a minha passagem como diretor presidente daquela empresa, destaco a de proteção contra cargas perigosas na Barragem João Leite nas margens da BR 060. Sempre que passar trecho entre Anápolis e Goiânia, lembrarei que fiz parte da mesma entre 2011 e 2012. Destacam-se neste período as inaugurações de Estações de Tratamento de Esgoto em Edéia, Niquelândia e Rubiataba. Em Itumbiara foi entregue a escolinha da Saneago que funciona no Palácio das Águas e um campo de futebol na Estação de Tratamento de água. No mesmo período foi asfaltado o acesso a ETE de Itumbiara e firmado convênio para recapeamento do Bairro Afonso Pena.

 

Prefeitura Itumbiara

No período em que fui secretário de saúde em Itumbiara nos anos de 2006 e 2007 foi possível coordenar como gestor a construção de quatro clinicas populares nos bairros Nossa Senhora da Saúde, Social, Marolina e Planalto. Em relação ao Hospital municipal foram adquiridos um tomógrafo, um mamógrafo, um aparelho de raio x  e um ultrasson. Neste período foi instalado ainda a Central de Regulação, classificação de risco no Hospital Municipal, construção do prédio do SAMU e implantação do telefone 0800 para marcação de consultas e exames  Em uma área desativada do hospital foi implantado um laboratório de análises clinicas que funciona até hoje, mas este último me valeu uma ação do Ministério Público por ter feito a contração via credenciamento e não Licitação. O Processo encontra-se na fase de Recurso Especial para o STJ. Na área de Finanças, destaca-se a criação da Lei que implantou a campanha Contribuinte Premiado e que tornou possível a compra de ingressos de jogos no JK e que deu condições a equipe do Itumbiara ser campeão em 2008 do campeonato goiano de futebol.

Em comemoração da 100 anos da emancipação de Itumbiara foram inauguradas várias obras, nas quais contam nas placas meu nome como parte da equipe que participaram destas obras, tais como: 1 – Paisagismo da Avenida Beira Rio 2 – Palácio das Águas 3 – Palácio da Cultura 4 – Palácio 12 de Outubro 5 – Novo parque de Iluminação Pública de Itumbiara 6 – Centro Olimpico Adalberto Sousa e Silva

 

 

 

Secretaria da Fazenda de Goiás

Como auditor fiscal destaca-se entre os projetos gerenciados o de Substituição tributária, quando titular da Gerência entre 1999 e 2002. Neste período foi criado o sistema de substituição tributária que permitiu efetuar a cobrança do ICMS nas divisas do estado de Goiás e ampliar a entrada de várias mercadorias no sistema como autopeças, vestuário, bebidas quentes entre outros.

 



Suplente de Deputado federal

 

Quando anunciei em 2001 que seria candidato a deputado federal na  região de Itumbiara,  começaram as apostas sobre a quantidade de votos que eu teria. A maioria apostou que seria por volta de 500 votos. Fazendo a campanha com apenas um carro que eu próprio dirigia, durante três meses conquistamos muitos amigos que começaram a ajudar. No decorrer da campanha, minha cassa foi roubada, levaram  todo o som após arrombamento das portas do carro e da minha casa. No mesmo roubo levaram cerca de R$ 400,00 que seria pago a uma banda local que faria um pequeno show em um comício que seria realizado no próximo final de semana. Meu partido o PT não tinha como ajudar na campanha, que tinha Lula para presidente, Marina para governadora e professora Clélia para o Senado. Meus principais concorrentes era o Barbosa Neto – PMDB que fazia dobradinha com o candidato a deputado estadual Zé Gomes e Henrique Meireles que era apoiado por quase todos os vereadores. No final da campanha, com 7500 votos praticamente empatei em votos com o Barbosa Neto e venci Henrique Meireles em Itumbiara. No Estado, alcancei 9095 votos, sendo mais de 500 nas cidades de Goiânia e Maurilândia. A votação tornou possível minha diplomação como quarto suplente do partido em Goiás, que elegeu Rubens Otoni e Neide Aparecida.

 

 

 

Processos Judiciais

Entre 2008 e 2014, tivemos que conviver com vários processos judiciais pelas atuações em cargos no município de Itumbiara entre 2005 e 2010 e pela Saneago nos anos de 2011 e 2012. Em cerca de dez processos, sofri uma condenação por Improbidade Administrativa em 2016, referente a contratação na área de saúde por credenciamento em 2007 de um laboratório para atuar no Hospital Municipal. Na época, a lei considerava improbidade o dano ao erário mesmo sem dolo, que não é possível após nova lei em 2020. Em vários processos não houve condenação, como relativo a Prefeitura e Celg de 2008, como Secretário de Finanças, não incidência de ITBI concedida e parcelamento do Pasep. Relativo a Saneago, sofri uma condução coercitiva pela Polícia Federal em 2016, mas a ação criminal não foi aceita pela justiça, assim como a ação de improbidade relativa a contratos na construção do sistema produtor de água no Entorno de Brasilia. Algumas ações ainda tramitam e que causam muita angústia e sofrimento até o final.  Foi um período difícil entre 2014 e 2024, mas com a ajuda de amigos advogados, muitas orações e fé, em dez, tivemos uma condenação e que não seria improbidade com a legislação atual, porque não ocorreu o dolo.

 

 

 

 

Localidades

Nasci em Itumbiara em 1964, fui para Cachoeira Dourada em 1976, onde estudei um ano. Entre 1983 e 1984, morei em Brasília para prestar o serviço militar na Aeronáutica. Nos anos de 1987 a 2004, fui morador em Araporâ-MG, ao adquirir casa com incentivos da Caramuru, onde trabalhava. Morei em Goiânia nos anos de 1999 a 2002 para prestar serviços na Gerência de Substituição Tributária e entre 2011 e 2012, para desempenhar a função de presidente da Saneago.



Memórias


Os anos de 2020 e 2021 foram marcantes com a chegada da Pandemia da Covid-19 e que presenciamos a morte de mais de 500 pessoas em Itumbiara. Foram anos de isolamento e medo.  Mas graças a vacina que chegou já nos meados de 2021, conseguimos sobreviver.

 

 

Obras

 

1 “Os princípios da eficiência e legalidade nas relações dos agentes públicos no Estado Brasileiro.”

 

Publicada em abril de  2002 pela Editora Gráfica Terra – Goiânia – GO

 

Comentários:

O livro é resultado de estudos do autor nos cursos de graduação em Direito pela UFG e Pós-Graduação em Política e Administração Tributária pela FGV.

O trabalho  teve como orientador o Juiz Federal, Dr. Leonardo Buissa Freitas e  trata das relações dos agentes públicos dentro do Estado Brasileiro, dando ênfase na necessidade da obediência do princípio da Legalidade em cada ato e procurando também aplicar o princípio constitucional na Administração Pública, que é o da eficiência.

Enfim, o livro procura mostrar um novo Estado Brasileiro, com mais eficiência, proporcionando serviços públicos aos cidadãos com melhor qualidade.

 

 

2 - “Itumbiara, cidade imaginária.”

 

Publicada em outubro de  2006 pela Editora Gráfica Terra – Goiânia – GO

 

Comentários:

 

Trata-se de uma coletânea de artigos do autor, escritos e publicados em jornais e revistas de Itumbiara, no final da década de 90. O Autor procura mostrar a cidade ideal, nos aspectos político, econômico e social.

São artigos que tratam  do governo ideal, da gestão eficiente dos serviços públicos, da educação, da religião, da saúde. Resume-se em fragmentos  de sonhos de uma cidade ideal para se viver.

 

3 - “Obituário de Ilustres e Anônimos nos cem anos de Itumbiara”

 

Publicada em 2009 pela Editora Kelps – Goiânia – GO

 

Trata-se de uma pesquisa realizada durante o ano de 2008 nos cemitérios de Itumbiara, quando da conclusão do curso de História da UEG. O trabalho relata como é tratada a morte e como ficam na memória aqueles que são sepultados no município. Para o autor, os vivos procuram reproduzir mesmo após a morte as diferenças sociais que são construídas durante a vida. Para aqueles que se destacaram em vida na parte econômica e política, são reservados bonitos espaços nos cemitérios, enquanto os mais pobres as sepulturas ocupam os lugares mais modestos.

 

4 - “Nas Barrancas de Santa Rita do Paranaíba – Jogos do Poder 1830-2011

 

Publicada em 2011 pela Editora Kelps – Goiânia – GO

 

A obra procura traz uma reflexão sobre a história de Santa Rita do Paranaíba e Itumbiara, desde o mito da fundação que atribui ao general português Cunha Matos a fundação da cidade através da proposta de construção de uma estrada passando pela origem através da construção da Capela de Santa Rita de Cássia e questionando até o significado do nome Itumbiara, através dos jogos de poder que começaram no século XIX até os dias atuais. É mais um trabalho para ser adicionado ao pequeno número de obras que trata da história local, com uma nova visão.

 

5 - “O casamento, embates e arranjos políticos em Goiás:”

 

Publicado em 2016 na Editora Kelps -  Goiânia – GO

 

Este trabalho pretende inovar na abordagem dos embates e arranjos políticos em Goiás que resultaram na emancipação de Santa Rita do Paranaíba no sul do Estado, a partir da reflexão sobre a participação das mulheres no campo político, levando em consideração a categoria Gênero na concepção da historiadora norte-americana Joan W. Scott, como forma primária de  relações significantes de poder.  A pesquisa está estruturada em três partes e procura utilizar a definição de Poder segundo o pensamento de Michel Foucault que o vê  como feixes mais ou menos organizados, sem estar centralizado em uma instância das organizações sociais. Na  parte inicial a política é abordada dentro do contexto da nova história política, com um deslocamento do poder de instituições públicas e do Estado para a vida privada e cotidiana de homens e mulheres. O eixo  da pesquisa está na segunda parte ao privilegiar a perspectiva de Gênero para analisar e dar visibilidade as mulheres. Ao final procura-se trazer novas interpretações e significados aos eventos políticos ocorridos neste período por meio de estratégias metodológicas que permitam revelar o “não dito” nas pesquisas sobre o assunto. A abordagem central leva em consideração as mulheres, que embora não pudessem participar das eleições e dos partidos políticos,  conseguiram influenciar as relações de poder, a partir de outros ambientes privados, com atuação alternativa levando o político para o cotidiano familiar, religioso e social. Por este enfoque o trabalho privilegia o estudo  das ações de mulheres pertencentes a uma família de Morrinhos no sul do Estado  para  descobrir como   participaram  nas relações sociais e políticas que influenciaram no surgimento do movimento golpista de 1909 em Goiás e na emancipação  política de Santa Rita do Paranaíba. O trabalho  procura diferenciar-se de algumas abordagens descritivas que se tornaram preponderantes na historiografia goiana  que atribuem aos coronéis o papel de protagonistas das relações de poder na primeira República em Goiás, oferecendo como resultado um novo documento histórico com novas questões, hipóteses e um método que utiliza a categoria Gênero para analisar e compreender como se deram as relações sociais e políticas entre homens e mulheres que configuraram novas instituições do período republicano,  relações de dominação, elaboração das normas eleitorais,  papéis sociais e  práticas que foram contestadas, transformadas ou legitimadas nestas relações de poder. 

 

6 – “Zé Gomes da Rocha, o prefeito do centenário de Itumbiara”

 

Publicado em 2020 pela Editor PUC-GO

 

A obra aborda relações de poder, construção de imagem e memória política de Zé Gomes da Rocha, com ênfase na sua atuação como prefeito de Itumbiara no período entre 2005 e 2012, assim como a transformação local, tendo como marco o centenário de emancipaçao política do município em 2009. A abordagem ressalta o processo de construção da imagem pública do prefeito em duas gestões que levaram à elevação com novas posições de representação política no estado de Goiás, tanto do político como de sua cidade natal. Na primeira seção, o objeto de estudo é a formação da imagem, construída a partir de memórias sobre sua atuação como vereador, presidente da Câmara Municipal, deputado federal por Goiás em quatro mandatos, deputado estadual e finalmente prefeito de Itumbiara.

Neste processo constituído por eleições e variadas relações a partir da década de 1970, procura-se relatar as estratégias e o caminho percorrido para superar obstáculos, disputar, vencer e receber enfim, o diploma de prefeito e governar por duas vezes o município. Destacam-se características na construção do perfil político como a ausência de ideologia, proximidade com todos os governantes de diferentes siglas partidárias e pactos com grupos politicos locais e tradicionais para a conquista da Prefeitura de Itumbiara. Verificará que nas articulações políticas, Zé Gomes se destacou ao fazer alianças que foram fundamentais para a vitória nas eleições para prefeito em 2004. Assim, o processo resultou no nascimento de uma liderança da geração de 1970, com a ocupação de espaço em órgãos do governo estadual e até influência nas decisões políticas em Goiás.

Ao mesmo tempo em que mostra a atuação do político, também aborda a transformação do municipio, que já tivera outros bons tempos de administração pública com Modesto de Carvalho e Radivair Miranda Machado, da geração da década de 1970, assim como Luiz Moura no início da década de 1990, que foi sucedida por uma década de perda de espaço e de posição de referência no estado de Goiás. Neste processo de construção de imagens e memórias, procuram-se respostas sobre quais foram as influências e como se moldou o político que se tornou prefeito com alta aprovação popular no estado de Goiás e colocou o município de Itumbiara em evidência.

Como superou as adversidades para se tornar um líder político com reconhecimento estadual, que foi além do Paranaíba? Como transformou para melhor o município e proporcionou a volta do sentimento de autoestima dos cidadãos, depois de um tempo de declínio do prestígio político no estado de Goiás? São questionamentos respondidos no decorrer do desenvolvimento da obra. A abordagem central mostra relações institucionais, ações de governo e obras que foram determinantes na construção da memória e de imagem do político Zé Gomes da Rocha, que provocou mudanças significativas em Itumbiara e deixou um legado como paradigma do bom governo para as futuras gerações.

O eixo da obra privilegia o processo de transformação de Itumbiara, as relações de poder com grupos políticos, famílias tradicionais e organizações da sociedade, que elevaram a carreira política de Zé Gomes da Rocha e levaram o município ao alto desenvolvimento. Assim, ao final da leitura, espera-se que o leitor compreenda e entenda as razões dos avanços que um bom governo proporcionou. A obra não é uma biografia, mas uma abordagem construída por familiares, amigos, entrevistas e pesquisas documentais, que permitem registrar um modelo de gestão municipal e as contribuições para o futuro de Itumbiara por Zé Gomes da Rocha.

 

7 – “Relações Tributárias em um Estado Fiscal cooperativo”

A ser publicado pela Editora Kelps – abril 2024

 

O livro trata de uma análise sobre uma nova concepção de relação entre o fisco e contribuinte, denominada de administração cooperativa dos impostos, onde por meio de procedimentos fiscais de colaboração recíproca, em um ambiente de partilha de responsabilidades, diálogo e consenso nas relações tributárias. Procura-se verificar a presença de uma nova arquitetura relacional nos sistemas fiscais Luso-Brasileiros, dentro do processo evolutivo do atual Estado fiscal pós-moderno. Na relação constitucional faz-se a análise da construção desse modelo de cooperação entre o Estado e seu principal financiador por meio de impostos. A escolha do imposto se dá por ser a característica de financiamento na maioria dos países para custeio de atividades exclusivas de Estado e de outros direitos sociais por imposições constitucionais.  Destaca-se também as relações tributárias no âmbito administrativo da gestão dos impostos, na realidade de transferência de responsabilidade para o contribuinte na interpretação e aplicação da legislação tributária, quando da liquidação e cobrança dos impostos, que requer alto custo de conformidade pela elevada complexidade normativa. O estudo se desenvolve a partir do paradigma cooperativo de relações tributárias, presente em vários países, como importante meio de prevenção de conflitos. Trabalha-se o conceito de conformidade cooperativa, incentivada pela OCDE, onde as relações tributárias se dão com estratégias horizontais de coordenação, cooperação, comunicação, consenso e na partilha de responsabilidades entre a Administração Tributária e o contribuinte.

Nilson Freire

 

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