História
de Vida – Sessenta anos
Museu
da pessoa
PESSOAL
NOME/NASCIMENTO
Meu nome é Nilson de Souza Freire. Sou natural de Itumbiara, Goiás.
Nasci no Hospital São Marcos, ano de 1964, no dia 13 de abril e, por
conseguinte, estou com 60 anos. Meu nome foi escolhido em homenagem ao médico
Doutor Nilson Pinto.
Resumo
NILSON FREIRE, nasceu em
Itumbiara, GO, no dia 13/04/1964. Advogado da área tributária. É membro da
Academia Itumbiarense de Letras e Artes de Itumbiara, na cadeira número 7 e tem
como patrono o jornalista Jaime Câmara. Mestre em Direito Fiscal pela
Universidade de Coimbra, Portugal (2022), Mestre em História pela PUC-GO
(2013), com especialização em Política e Administração Tributária pela FGV
(2001). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Goiás (2003),
graduação em História pela Universidade Estadual de Goiás (2008), graduação em
Ciências Físicas e Biológicas pela Fundação de Ensino Superior de Itumbiara (1990)
e graduação em Administração de Empresas pela Fundação de Ensino Superior de
Itumbiara (1993). Auditor Fiscal de Receitas Estaduais aposentado da Secretaria
de Estado da Economia de Goiás e já
ocupou os cargos de Diretor de Assistência ao Servidor - IPASGO - Instituto de
Assistência aos servidores do Estado de Goiás (2012), presidente da SANEAGO -
Saneamento de Goiás S.A (2011-2012), Secretário de Finanças (2005-2010) e
Secretário de Saúde (2006-2007) da Prefeitura do Município de Itumbiara.
FAMÍLIA
Pais
O nome do meu pai era José Freire Sobrinho. Nasceu em Mossoró-RN no ano de 1944
e faleceu aos 48 anos de idade em 10 de maio de 1992, assassinado na Rua 15 no
Bairro Santos Dumont em Itumbiara, a 100 metros de casa.
Minha
mãe, Francisca de Souza Freire, tem 81 anos de idade, nasceu em Serra Talhada –
PE, mas foi registrada em Iguatu – CE e depois Juazeiro do Norte-CE. Atualmente mora no
Bairro Santos Dumont em Itumbiara desde a década de 1970.
O casamento de meus pais ocorreu em Itumbiara,
GO, no ano de 1963 e dessa união nasceram cinco filhos. Educaram a todos na
medida do possível, sendo quatro homens e uma mulher. Meu pai era pedreiro.
Começou na agricultura arrancando tocos em fazendas da região de Itumbiara na
década de 1960 e no inicio da década de 1970 prestou serviços de gari a
Prefeitura do município de Itumbiara. Depois trabalhou de servente e aprendeu a
profissão de pedreiro, exercendo-a por vários anos de forma autônoma. Ele,
sempre foi um bom pedreiro, trabalhou em obras como a do Posto Gigantão. Trabalhou
em cidades como Uberaba, Ibiá, Bebedouro e Resende, construindo casas
populares. Voltou a Itumbiara e continuou a construir imóveis na cidade. Para
educar os cinco filhos, foi grande a luta desse cidadão, que ora contava com
serviços e as vezes ficava muitos dias sem um trabalho, já que não tinha
carteira assinada. Teve uma casa rua 16 esquina com Amaro Leite na Praça do
Novo Horizonte, finalmente, terminou sua vida morando na Rua 15 em um domingo
após trabalhar o dia todo. Homem que merecia profundo respeito, uma grande
força moral, apesar de ser pobre. Meu pai foi um grande conselheiro através de
seus exemplos de trabalhador. Minha mãe é um grande amiga. Na rua 15, onde reside há mais de 40 anos, o
passeio da casa onde ela mora recebe diariamente a visita de seus vizinhos.
Sempre Dona de casa, lavou roupas para os outros e passa seu dia fazendo um café pela manhã, as refeições e
encerrando o dia assistindo a novela das oito horas da Rede Globo. Essa é minha mãe.
Avós
Eu conheci meus avós em dois estados diferentes. Os nomes dos meus avós
paternos eram Pedro Freire e Joana Elina de Jesus. Os maternos eram José
Ignácio e Alice de Souza. A família Souza Freire é uma das famílias que vieram
fugindo da seca do nordeste na década de 1960 para Goiás. O pai do meu avô
materno era da região de Serra Talhada em Pernambuco e teria parentesco com
Lampião, o rei do cangaço. Eles continuaram a morar na região, na cidade de
Juazeiro do Norte. Meus avôs paternos vieram em caminhões pau de arara e tinham
um pequeno sitio na saída para Cachoeira Dourada. Terminaram seus dias no
Bairro Novo Horizonte em uma pequena casa na Praça do Novo Horizonte..
Filhos
Ianny
Raíssa - O primeiro filho nasceu em 30 de junho de 1990. A torcida
era que fosse um homem e que fosse jogador de futebol. Mas na manhã daquele dia
no Hospital Santa Maria, o médico anunciou que nascia Ianny Raíssa, que pelo
menos nasceu torcendo para o Flamengo. O nome teve como inspiração a primeira
dama da União Soviética, Raissa Gobarchova, pois considerava aquele país o
simbolo do comunismo que eu a admirava, pois ela levou uma boa imagem do pais
para o mundo. Ianny escolheu a carreira de Administradora de empresas, formada
em 2014 na UFU, mora em Uberlândia e trabalha em São Paulo – SP. Um dos fatos que guardo na memória em relação
a ela, foi o dia que atravessou a rua em Araporã-MG sem olhar para os lados e
então foi atropelada por um bicicleta e teve pequenos ferimentos. Casou em
Uberlândia – MG no ano de 2023.
Yuri
Ian – Nasceu também no Hospital Santa Maria em 27 de abril de
1992 e foi o primeiro menino a ser registrado na então emancipada cidade de
Araporã-MG que havia conquistado esta situação no dia 23 de abril. Temperamento
muito tranquilo e com altura privilegiada era o tipo ideal para ser jogador de
futebol. Insistia tanto para ele ir para as escolinhas, mas futebol não era o
que ele queria. Também torce para o Flamengo. Escolheu a carreira de
administrador de empresas, formado na UFU e com pós-graduação na Austrália. Mora
em Uberlândia e trabalha para uma empresa em São Paulo. O nome também tem
inspiração russa através do cosmonauta Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar no
espaço em abril de 1961. Guardo duas coisas na memória em relação a Yuri: a
primeira foi que meu pai, poucos dias antes de falecer colocou um parafuso no
carrinho que foi de Ianny e estava precisando de uma manutenção. A segunda, foi
o dia que tentei dar umas palmadas nele quando já tinha 14 anos. Olhei bem sua
altura já superior a 1,8 m e um braço longo e pesado e então desisti.
Nilson
Junior – Como em 26 de
setembro de 1996 a União Soviética já tinha sido transformada em vários países, o homenageado
foi eu mesmo. Juninho é apaixonado por futebol e ainda deseja ser jogador. Por
um problema que não sei, começou a torcer pelo Flamengo e então devido ao
Tevez, passou a torcer pelo Corinthians. Sua primeira crise de choro, foi
quando o Corinthians caiu para a segunda divisão. Formado em Direito na UFU, faz estágio na DPE-MG e está
buscando a carreira de Defensor Público. É o parceiro dos campos de futebol por
este Brasil afora e torcedor fanático do Itumbiara. Já andamos por todos os
campos goianos que o Itumbiara pisou e até naquele fatídico dia em Trindade que
a equipe caiu para a segunda divisão. Um fato da memória foi o dia que
decidíamos ir assistir o jogo do Corinthians contra o Flamengo no Pacaembu.
Saímos no dia do jogo, compramos o ingresso de cambista e quase ficamos de
fora. Naquele dia, inúmeros ingressos vendidos pelos cambistas eram falsos. Ele
queria assistir o jogo na torcida do Corinthians, mas não teve jeito. Só teve
vaga na torcida do Flamengo.
Casa da infância
Era uma casa modesta, na rua Itarumã. Depois meu pai comprou um terreno no
local onde hoje é a praça do Novo Horizonte. Até que a casa ficasse pronto nós
moramos debaixo de uma lona. Depois mudamos para Rua 15 no Bairro Santos
Dumont, onde minha mãe mora até hoje. Estudamos inicialmente perto de casa na
Escola Municipal Cunha Mattos. Algumas vezes meus pais mudavam para acompanhar
construções e certa vez quando meu pai foi construir o Posto Gigantão, nós
mudamos para o Bairro Santa Rita. Nosso
cotidiano era de uma família pequena, nem sempre unida. Era tudo muito simples. Era uma casa
de poucos cômodos, sempre com um banheiro tipo privada no lado de fora. Faltava
piso, energia elétrica, água tratada, faltava asfalto, mas a gente não
reclamava nunca. O importante era ter a casa.
Primeira infância
As
brincadeiras eram constantes e haviam muitos campinhos para brincar de futebol.
Jogávamos bete, com aquela bola para derrubar aquela casinha. Brincávamos de
bolinha de gude no passeio, e reviviamos os filmes de Tarzan, Zorro e de
Cowboys. Era possível ficar na rua sem muitos problemas. Quase todos os dias
íamos pescar e nadar no córrego Trindade. Desde a idade de sete anos, sempre
que possível meu pai nos levava para ajudar nas construções como serventes de
pedreiro e ensinava os segredos da profissão de pedreiro.
Irmãos
Pela ordem cronológica, eu, nasci primeiro em 1964 depois veio outros três irmãos do sexo masculino e uma menina.
Todos os homens, ajudavam meu pai. Eu fui até os 12 anos, depois fui trabalhar
em oficinas; Um foi trabalhar em um
açougue e se tornou pequeno comerciante. Dois se tornaram pedreiros, mas só um
continua até hoje. Eu sempre priorizei
estudar, mesmo quando meus pais mudavam de cidade.. Eu saí da casa dos pais com
16 anos, fui morar com minha avó. Depois fui para Brasília prestar o serviço
militar na Aeronáutica em 1983 e não mais voltei para casa.
EDUCAÇÃO
Ensino Fundamental
Minha
primeira escola foi o Grupo Escolar Cunha Matos. Localizado na Rua da Máquina,
hoje no Bairro Santos Dumont, até 1973. Depois passei pela Escola Félix de
Almeida, Escola Municipal Dom Veloso no Bairro Santa Rita e conclui a primeira
fase do ensino fundamental na Escola Estadual Mauro Borges. Iniciei a quinta
série em Cachoeira Dourada na Escola João XXIII, depois passei para o Instituto
Francisco de Assis. As sexta e sétima séries fiz no Colégio Floriano de
Carvalho ainda no período diurno. Já a partir da oitava série ainda no Floriano
de Carvalho, passei a estudar a noite, já que trabalhava durante o dia. O
segundo grau foi feito parte no Colégio Estadual Dom Veloso e nos dois últimos
meses, devido a expulsão de dois colegas, em solidariedade, concluímos o curso
no Instituto Francisco de Assis em 1982.
Professores
A minha primeira professora chama-se Maria Helena e lecionava na Escola
Estadual Cunha Matos, localizada na Rua da Máquina, esquina com Rua 15. Sua Irmã
era a diretora da Escola e ali fiquei até o segundo ano. Marcou muito também em
minha vida na quarta série na Escola Estadual Mauro Borges, quando minha
professora Mariza, que ainda vive em Itumbiara, ao terminar o ano e sabendo que
eu não tinha como comprar o uniforme do Instituto Francisco de Assis para fazer
a quinta série, me doou o uniforme. Fui sempre um aluno meio sapeca. Lá no
Mauro Borges mesmo, deram-me como castigo ficar trancado na Secretaria. Fugi
passando pela janela. Minha mãe era sempre chamada nas escolas..
Formação escolar
Meus
pais vivam mudando de cidade quando eu fazia o ensino fundamental. Foram para
Cachoeira Dourada, Uberaba e outras cidades, mas eu sempre ficava em Itumbiara
para estudar. Conclui o ensino fundamental no Colégio Municipal Floriano de
Carvalho e o ensino médio no Instituto Francisco de Assis, apesar de ter feito
praticamente os três anos no Colégio Estadual Dom Veloso. Como dois amigos
Mauro e Marcelo foram expulsos, em solidariedade a eles, eu e o Amarildo dos
Correios saímos juntos no mês de outubro de 1982, quando faltavam dois meses
para a formatura.
Universidade
Quando
terminei o ensino médio em 1982 fui prestar o serviço militar na Aeronáutica em
Brasília. Na ocasião pensavam em ser
jornalista e então prestei vestibular para o curso no CEUB, não obtendo
sucesso. Ao voltar em 1984, como não tinha condições de pagar um curso superior
particular, já que existiam apenas dois em Itumbiara, o de Agronomia e Ciências
Físicas e Biológicas, fiz um ano de Magistério no Instituto Francisco de Assis.
Em
1986 ao ser contratado para trabalhar na Caramuru, empresa que incentiva seus
funcionários a fazer um curso superior, prestei o vestibular em 1988 para
Ciências Físicas e Biológicas e concluí a Licenciatura em 1989. Em 1990 fiz
mais um ano de Matemática, mas preferi antes de concluir o curso em 1990,
prestei vestibular para Administração de empresas em Ituiutaba, sendo aprovado,
estudei algumas semanas, mas o curso também foi aprovado para Itumbiara na
FESIT, onde prestei e passei no vestibular da primeira turma. Em 1993 formei em
Administração de empresas, graças ao programa da Caramuru que pagava metade da
mensalidade. Na faculdade de Administração de empresas, fui eleito presidente
do Centro Acadêmico Doutor George Antonelli em 1992, após perder a eleição em
1991. Em 1994 fui aprovado no concurso do Fisco de Goiás, onde aposentei-me.
Em
1997 prestei vestibular na Universidade Estadual de Minas Gerais em Ituiutaba,
onde fui aprovado e estudei até o segundo ano. Ao ser transferido para
trabalhar em Goiânia, ingressei através de transferência na Universidade
Federal de Goiás, concluindo o curso em 2002. Fui o orador da turma na
formatura. Entre 2001 e 2002 ganhei um
curso de pós-graduação pela FGV em Política e Administração Tributária.
Em
2005 fui aprovado no curso de História da UEG em Itumbiara, concluindo o curso
em 2008. Em 2011 iniciei o mestrado em História pela PUC-GO, concluindo em
2013. No ano de 2020, iniciei novo mestrado na área de Direito Fiscal na
Universidade de Coimbra em Portugal, sendo concluído em 2022.
Vocação
Quando criança eu pensava em ser jogador de futebol. Haviam muitos campinhos de
terra
nos
Bairros Santos Dumont, Novo Horizonte e Matadouro. Mas pela situação financeira
não dava para fazer opção, por isto entre a vocação e a necessidade, o jeito foi
trabalhar em oficina mecânica. Não sabia ainda o que queria, mas tinha certeza
que não queria ser pedreiro, mecânico ou pintor de automóveis. Quando consegui
o emprego na Caramuru em 1986, tinha certeza que queria trabalhar em um
escritório, mas quando fui fazer o curso de administração de empresas e conheci
vários servidores da Caixa e Banco do Brasil, descobri que minha vocação seria
a de funcionário público. Meu sonho era se tornar um funcionário do Banco do
Brasil e disputar os jogos regionais que eles organizavam. Até que passei em
décimo sexto lugar, mas não fui chamado. Deixei a Caramuru e fui estudar para
concurso até passar para o Fisco de Goiás em 1994. Não foi o que eu sonhava,
foi melhor. Neste espaço de tempo fiz o curso de Direito e tive a certeza que
nunca quis ser advogado, juiz ou promotor. Se houve vocação, foi para jogador
de futebol ou funcionário do Banco do Brasil, mas a vida me levou para outros
caminhos. A vida política apareceu em 2002 quando disputei para deputado
federal em Goiás e tive 9095 votos, mas a experiência de 5 anos como secretário
de Finanças e por um período de Saúde, assim como presidente de estatal goiana
Saneago, me fez ver refletir sobre atuação
política partidária, que me gerou cerca de dez processos judiciais em um
período de 15 anos. Com uma condenação por improbidade administrativa (dano ao
erário) ao fazer credenciamento de um laboratório no Hospital municipal, tive
os direitos políticos suspensos por 8 anos, fiquei afastado das disputas
políticas e filiações partidárias entre 2013 e início de 2024.
AERONÁUTICA
Eu fui soldado de primeira classe na segunda turma do VI COMAR de Brasília em
1983. fui o primeiro aluno da turma no curso de formação, posição que me
permitiu fazer a escolha para ser lotado no GTE – Grupo de Transportes
Especiais, que cuidava da frota para transporte do presidente e do
vice-presidente do Brasil, além dos ministros de Estados. Eu seria no próximo
ano o primeiro a ser promovido para soldado de primeira classe, mas preferi não
seguir a carreira militar. Pensei em fazer concurso para oficial ou sargento da
Aeronáutica em Guaratinguetá-SP, e apesar de fazer inscrição, não fui fazer a
prova.
O serviço militar foi uma experiência positiva em minha vida. Quando ia
completar 18 anos eu trabalhava como pintor de automóveis na concessionária
Ford de Itumbiara, mas pretendia ter outra formação e não desejava prestar o
serviço no Exército em Araguari-MG, para onde seguia a maioria dos
itumbiarenses, por isto fiz a escolha do alistamento em Brasília. Tenho boas
lembranças do futebol no campo da Base Aérea, dos amigos de outros Estados e
que moravam na Base como eu e do time de futebol que foi o vice-campeão do
torneio interno ao perder por 2 a 1 para outro setor na casa do adversário. Fui
o artilheiro da competição, mas joguei a decisão contundido. Lembro de amigos
como o Tolentino de Patos de Minas, o mineirinho de Ituiutaba e o sub-tenente Bonneau,
que era muito querido no GTE.
Formaturas
Minha primeira formatura foi no curso técnico de Contabilidade pelo Instituto
Francisco de Assim em 1982. Como não tinha um par de sapatos, meu primo fez o
empréstimo dos sapatos e então a formatura se realizou no antigo Cine Walter
Barra. A segunda formatura foi para o curso de Ciências Físicas e Biológicas da
FESIT em 1989 e fiz parte da comissão de formatura. Em 1993 tive nova formatura
para o curso de administração de empresas e não tirei nenhuma foto para
guardar. A mais badalada formatura ocorreu em abril de 2002, quando no Centro
de Convenções em Goiânia, colei grau em Direito pela UFG. Fui o orador da
turma. Minha mãe esteve presente neste dia. A escolha do orador foi divertida
porque o então presidente do CA XI de agosto é que trabalhou durante todo o
curso para ser o orador, mas então a turma do fundão se uniu para escolher
outro orador e no dia da eleição, derrotaram o presidente do CA e me elegeram
como orador só para contrariar, mas fui bem e não decepcionei meus amigos. Mais
recentemente em 2008 participei de mais uma formatura, desta vez pela UEG no
curso de História. Voltei a estudar em 2011 e iniciei o mestrado em História,
concluído em 2013. No ano de 2020, fiz novo mestrado, desta vez na área de
direito e no Exterior, que foi realizado na cidade de Coimbra em Portugal e
concluído pela Universidade de Coimbra em 2022.
CORPORATIVO
Primeiro emprego
Depois
de trabalhar ainda como criança como ajudante de meu pai na construção civil, a
primeira oportunidade de trabalhar fora foi em 1976, com 12 anos em um açougue
(Mané Pinheiro) em Cachoeira Dourada-GO. Voltando de Cachoeira Dourada,
trabalhei algum tempo como ajudante de mecânico na Oficina do Barbosa
(estacionamento da Mais que Pão) na Rua Rui de Almeida com Guimarães Natal.
Logo depois, em 1978 com 14 anos fui trabalhar na Corcelândia como ajudante do
Zé Londrina. No inicio de 1980 com 15 anos consegui meu primeiro emprego com
carteira formal, como auxiliar de pintura de automóveis na concessionária Ford
da cidade. Apesar de ter a carteira assinada com um salário mínimo, recebi
apenas a metade do salário, mas mesmo assim era feliz. Deixei o emprego em 1983
para prestar o serviço militar.
Emprego
na Caramuru
Na
volta da Aeronáutica em 1984, trabalhei ainda alguns dias como auxiliar de
pintor de veículos na concessionário Ford e recebi o convite para exercer como
pintor titular, mas não desejava seguir esta carreira e então um amigo da
Igreja Católica, Jairo Marciano de Oliveira me indicou para ocupar uma vaga de
auxiliar de Almoxarifado na empresa Caramuru, processadora de produtos de
milho. Na época a empresa ainda era pequena em Itumbiara, comparada com o atual
tamanho. O Sr. Múcio, patriarca da
família ainda era vivo. Rapidamente obtive ascensão na empresa e assim que foi
inaugurada a empresa de processamento de óleos vegetais, fui promovido a
Encarregado do Almoxarifado. Com o crescimento da empresa, surgiu a vaga de
supervisor administrativo, que ocupei por vários anos. Depois de quase 10 anos
trabalhado, de receber o incentivo financeiro para aquisição da casa própria e
fazer dois cursos superiores, decidi deixar a empresa para prestar concursos.
Concursos
públicos e aprovação no Fisco de Goiás
Após
ser aprovado no concurso do Banco do Brasil em décimo sexto lugar e não ser
chamado para Itumbiara, comecei a prestar outros concursos. Fui aprovado para a
Secretaria da Agricultura do Estado e na mesma e quando estava providenciando
os documentos para tomar posse, recebi a noticia que tinha sido aprovado em
1994 para o cargo de fiscal arrecadador em Goiás. Antes de ser aprovado, passei
por momentos difíceis ao deixar o bom cargo de supervisor administrativo na
Caramuru e ficar só para estudar para concursos. Havia a previsão do Banco do Brasil contratar
os aprovados como estagiários até que ocorresse a chamada para a posse, mas acabou
não acontecendo e só alguns foram chamados. Uma passagem interessante refere-se
ao dia em que eu ia fazer o concurso para o BEG. Fomos em um mesmo carro para
Goiânia, eu e mais três amigos. Como era vários endereços, pegamos um taxi e eu
fiquei por ultimo. Antes de chegar ao meu local de prova, o Taxi quebrou, pois
chovia muito. Até ajudei empurrar o taxi, mas não adiantou. Chegamos cinco
minutos atrasados.
Para
fazer inscrição para o concurso do Fisco vendi minha bicicleta e comprei uma
apostila e fiz a inscrição. Para não perder o horário no dia da prova, acabei
passando a noite na rodoviária de Goiânia. Fui um dia antes para não correr o
risco de perder a prova e acabei sendo aprovado.
Prefeitura
de Itumbiara
Em
2005 recebi um convite para ser secretário de Finanças da Prefeitura de Itumbiara,
cargo que desempenhei até 2010. Entre abril de 2006 e junho de 2008 também
exerci a função de Secretário de Saúde do Município, período em que foi
construído quatro clinicas populares, adquirido em Tomógrafo, conquistado da
Avon um Mamógrafo e implantado novo Raio X e Ultrassom. Em 2007, foi iniciada a
construção do SAMU e de um Laboratório em áreas ociosas do Hospital. Este
Laboratório instalado no Hospital de Urgência do munícipio que tinha o serviço
terceirizado, me valeu uma ação do MP de improbidade, que fui condenado e tive
os direitos políticos suspensos por oito anos.
Saneago
Em
2011 o então prefeito de Itumbiara me indicou para exercer o cargo de
presidente da empresa SANEAGO – Saneamento de Goiás S.A, sétima maior empresa
do setor no Brasil, com mais de 4 mil funcionários e faturamento anual superior
a R$ 1 bilhão. Em maio de 2012 deixei a
empresa e por três meses desempenhei a função de Diretor de Previdência do
IPASGO em Goiás, retornando em agosto de 2012 ao fisco goiano, onde aposentei-me
como Auditor Fiscal de Tributos Estaduais.
Advocacia
Em
2017, foi aprovado pela OAB/GO no exame da Ordem. Desde 2020, é advogado
tributarista.
Política
A
minha participação nos processos eleitorais ligados a partidos e disputas por
poder, começou em 1982 quando votei pela primeira vez. Eu tinha simpatia pelo
partido comunista, pois já sonhava com um país mais igual e com liberdade. As
noticias da ditadura, que tinha a minha idade, influiu na escolha de votar pela
primeira vez no PMDB de Iris Waterloo na cidade de Itumbiara. Eles tinham um
bom discurso de oposição. Já a partir de 1989 assumi meu lado esquerdista de
votar e sempre escolhia candidatos do PCB, PT e pela primeira vez votei em
Lula. A partir de 1990 fui morar em Araporã-MG e participei da primeira eleição
do município após a emancipação em 1992. Fui candidato a vereador pelo PFL e
tive 45 votos. Na eleição, jogava flores para as eleitoras e não fui eleito.
Havia apenas um candidato a prefeito, que era o Valdir Inácio. Na eleição
seguinte, participei ativamente da eleição do Wilmar Alves que era do PFL. Na
hora de formação do governo, a escolha foi bem familiar e eu fiquei
distante. Em Itumbiara, fui participar
ativamente da política já a partir de 1999, votante em Zé Gomes, que naquela época era do PMDB. A
turma foi derrotada e o Luiz Moura, como
os demais políticos que não toleram oposição, acabou iniciando uma perseguição
e acabei decidindo por ir para Goiânia. Como resultado disto, assumi a Gerência
de Substituição Tributária na capita, ganhei o curso de Direito na UFG e uma
pós-graduação na FGV. Não poderia ser melhor. Sabendo dos progressos, Luiz
Moura -PSDB junto com o então presidente da Assembleia na época, pediram ao
então Secretário de Fazenda Jales Fontoura, que me exonerasse da Gerência.
Fizemos um jogo de cena e um memorando (que não tinha efeitos legais) e
deixamos os dois políticos satisfeitos mas na realidade, continuei no cargo,
até não querer mais em 2002, quando então decidi-me a candidatar a deputado
Estadual pelo PT. Em um almoço com o ex-promotor Bianor Ferreira, resolvemos
inverter. Ele foi disputar como candidato a deputado Estadual e comprou os meus
santinhos para deputado federal. Como resultado tive 9095 votos no Estado de
Goiás, sendo 7500 votos em Itumbiara e então comecei a chamar a atenção dos
políticos locais. A próxima meta seria a
disputa para prefeito de Itumbiara em 2004, mas o PT local comandado por uma
turma de longa data não aceitava que alguém fora da turma pudesse
candidatar. Fizemos a primeira convenção
e meu grupo ganhou. Mas eles não aceitaram e fizeram nova convenção. Mais de
200 participantes do PT foram a Convenção, uma das mais participativas até
hoje. Perdi de 108 a 103 e o PT acabou indicando o vice na chapa do Dione Araújo,
então no PSB. Ou seja, deixou de ter uma candidatura competitiva, para ser
disputa de um vice que perdeu.
Na
política, ou se tem muito dinheiro ou muito voto para ser competitivo ou então
fazer parte de um grupo e fazer a vontade deste grupo. Nesta eleição para
deputado federal e na convenção do PT, mostrei que tinha votos naquela época e
foi por isto que fui convidado para ser secretário de finanças do município de
Itumbiara a partir de 2005. Assim que perdi a convenção do PT, deixei o partido
que nutria simpatia e passei a apoiar o então prefeito eleito José Gomes da
Rocha, naquela época ainda no PMDB. Depois disto deixei de atuar ativamente na política.
Ia para onde me colocavam e me puseram presidente do PSB local e depois como
membro do PTB. Não fiz as escolhas e com
o tempo e a falta de disputas fui aos poucos deixando o palco das disputas
eleitorais pelo poder esferas legislativas e executiva.
Empresas
e órgãos públicos
SANEAGO
- Goiânia
Por
ordem de tamanho, a passagem pela SANEAGO – Saneamento de Goiás S.A foi
marcante, apesar do pouco tempo. Entre as obras construídas durante a minha
passagem como diretor presidente daquela empresa, destaco a de proteção contra
cargas perigosas na Barragem João Leite nas margens da BR 060. Sempre que
passar trecho entre Anápolis e Goiânia, lembrarei que fiz parte da mesma entre
2011 e 2012. Destacam-se neste período as inaugurações de Estações de Tratamento
de Esgoto em Edéia, Niquelândia e Rubiataba. Em Itumbiara foi entregue a
escolinha da Saneago que funciona no Palácio das Águas e um campo de futebol na
Estação de Tratamento de água. No mesmo período foi asfaltado o acesso a ETE de
Itumbiara e firmado convênio para recapeamento do Bairro Afonso Pena.
Prefeitura
Itumbiara
No
período em que fui secretário de saúde em Itumbiara nos anos de 2006 e 2007 foi
possível coordenar como gestor a construção de quatro clinicas populares nos
bairros Nossa Senhora da Saúde, Social, Marolina e Planalto. Em relação ao
Hospital municipal foram adquiridos um tomógrafo, um mamógrafo, um aparelho de
raio x e um ultrasson. Neste período foi
instalado ainda a Central de Regulação, classificação de risco no Hospital
Municipal, construção do prédio do SAMU e implantação do telefone 0800 para
marcação de consultas e exames Em uma
área desativada do hospital foi implantado um laboratório de análises clinicas
que funciona até hoje, mas este último me valeu uma ação do Ministério Público
por ter feito a contração via credenciamento e não Licitação. O Processo
encontra-se na fase de Recurso Especial para o STJ. Na área de Finanças,
destaca-se a criação da Lei que implantou a campanha Contribuinte Premiado e
que tornou possível a compra de ingressos de jogos no JK e que deu condições a
equipe do Itumbiara ser campeão em 2008 do campeonato goiano de futebol.
Em
comemoração da 100 anos da emancipação de Itumbiara foram inauguradas várias
obras, nas quais contam nas placas meu nome como parte da equipe que
participaram destas obras, tais como: 1 – Paisagismo da Avenida Beira Rio 2 –
Palácio das Águas 3 – Palácio da Cultura 4 – Palácio 12 de Outubro 5 – Novo
parque de Iluminação Pública de Itumbiara 6 – Centro Olimpico Adalberto Sousa e
Silva
Secretaria
da Fazenda de Goiás
Como
auditor fiscal destaca-se entre os projetos gerenciados o de Substituição
tributária, quando titular da Gerência entre 1999 e 2002. Neste período foi
criado o sistema de substituição tributária que permitiu efetuar a cobrança do
ICMS nas divisas do estado de Goiás e ampliar a entrada de várias mercadorias
no sistema como autopeças, vestuário, bebidas quentes entre outros.
Suplente de Deputado federal
Quando
anunciei em 2001 que seria candidato a deputado federal na região de Itumbiara, começaram as apostas sobre a quantidade de
votos que eu teria. A maioria apostou que seria por volta de 500 votos. Fazendo
a campanha com apenas um carro que eu próprio dirigia, durante três meses
conquistamos muitos amigos que começaram a ajudar. No decorrer da campanha,
minha cassa foi roubada, levaram todo o
som após arrombamento das portas do carro e da minha casa. No mesmo roubo
levaram cerca de R$ 400,00 que seria pago a uma banda local que faria um
pequeno show em um comício que seria realizado no próximo final de semana. Meu
partido o PT não tinha como ajudar na campanha, que tinha Lula para presidente,
Marina para governadora e professora Clélia para o Senado. Meus principais
concorrentes era o Barbosa Neto – PMDB que fazia dobradinha com o candidato a
deputado estadual Zé Gomes e Henrique Meireles que era apoiado por quase todos
os vereadores. No final da campanha, com 7500 votos praticamente empatei em
votos com o Barbosa Neto e venci Henrique Meireles em Itumbiara. No Estado,
alcancei 9095 votos, sendo mais de 500 nas cidades de Goiânia e Maurilândia. A
votação tornou possível minha diplomação como quarto suplente do partido em
Goiás, que elegeu Rubens Otoni e Neide Aparecida.
Processos
Judiciais
Entre
2008 e 2014, tivemos que conviver com vários processos judiciais pelas atuações
em cargos no município de Itumbiara entre 2005 e 2010 e pela Saneago nos anos
de 2011 e 2012. Em cerca de dez processos, sofri uma condenação por Improbidade
Administrativa em 2016, referente a contratação na área de saúde por
credenciamento em 2007 de um laboratório para atuar no Hospital Municipal. Na época,
a lei considerava improbidade o dano ao erário mesmo sem dolo, que não é
possível após nova lei em 2020. Em vários processos não houve condenação, como
relativo a Prefeitura e Celg de 2008, como Secretário de Finanças, não
incidência de ITBI concedida e parcelamento do Pasep. Relativo a Saneago, sofri
uma condução coercitiva pela Polícia Federal em 2016, mas a ação criminal não
foi aceita pela justiça, assim como a ação de improbidade relativa a contratos
na construção do sistema produtor de água no Entorno de Brasilia. Algumas ações
ainda tramitam e que causam muita angústia e sofrimento até o final. Foi um período difícil entre 2014 e 2024, mas
com a ajuda de amigos advogados, muitas orações e fé, em dez, tivemos uma
condenação e que não seria improbidade com a legislação atual, porque não
ocorreu o dolo.
Localidades
Nasci
em Itumbiara em 1964, fui para Cachoeira Dourada em 1976, onde estudei um ano.
Entre 1983 e 1984, morei em Brasília para prestar o serviço militar na
Aeronáutica. Nos anos de 1987 a 2004, fui morador em Araporâ-MG, ao adquirir
casa com incentivos da Caramuru, onde trabalhava. Morei em Goiânia nos anos de
1999 a 2002 para prestar serviços na Gerência de Substituição Tributária e
entre 2011 e 2012, para desempenhar a função de presidente da Saneago.
Memórias
Os anos de 2020 e 2021 foram marcantes com a chegada da Pandemia da Covid-19 e
que presenciamos a morte de mais de 500 pessoas em Itumbiara. Foram anos de
isolamento e medo. Mas graças a vacina
que chegou já nos meados de 2021, conseguimos sobreviver.
Obras
1 “Os
princípios da eficiência e legalidade nas relações dos agentes públicos no
Estado Brasileiro.”
Publicada em abril de 2002 pela
Editora Gráfica Terra – Goiânia – GO
Comentários:
O livro é resultado de estudos do autor
nos cursos de graduação em Direito pela UFG e Pós-Graduação em Política e
Administração Tributária pela FGV.
O trabalho
teve como orientador o Juiz Federal, Dr. Leonardo Buissa Freitas e
trata das relações dos agentes públicos dentro do Estado Brasileiro, dando
ênfase na necessidade da obediência do princípio da Legalidade em cada ato e
procurando também aplicar o princípio constitucional na Administração Pública,
que é o da eficiência.
Enfim, o livro procura mostrar um novo
Estado Brasileiro, com mais eficiência, proporcionando serviços públicos aos
cidadãos com melhor qualidade.
2 - “Itumbiara,
cidade imaginária.”
Publicada em outubro de 2006 pela
Editora Gráfica Terra – Goiânia – GO
Comentários:
Trata-se de uma coletânea de artigos do
autor, escritos e publicados em jornais e revistas de Itumbiara, no final da
década de 90. O Autor procura mostrar a cidade ideal, nos aspectos político,
econômico e social.
São artigos que tratam do governo
ideal, da gestão eficiente dos serviços públicos, da educação, da religião, da
saúde. Resume-se em fragmentos de sonhos de uma cidade ideal para se
viver.
3 - “Obituário
de Ilustres e Anônimos nos cem anos de Itumbiara”
Publicada em 2009 pela Editora Kelps –
Goiânia – GO
Trata-se de uma pesquisa realizada durante
o ano de 2008 nos cemitérios de Itumbiara, quando da conclusão do curso de
História da UEG. O trabalho relata como é tratada a morte e como ficam na
memória aqueles que são sepultados no município. Para o autor, os vivos
procuram reproduzir mesmo após a morte as diferenças sociais que são
construídas durante a vida. Para aqueles que se destacaram em vida na parte
econômica e política, são reservados bonitos espaços nos cemitérios, enquanto
os mais pobres as sepulturas ocupam os lugares mais modestos.
4 - “Nas Barrancas de Santa Rita do
Paranaíba – Jogos do Poder 1830-2011”
Publicada em 2011 pela Editora Kelps –
Goiânia – GO
A obra procura traz uma reflexão sobre a
história de Santa Rita do Paranaíba e Itumbiara, desde o mito da fundação que
atribui ao general português Cunha Matos a fundação da cidade através da
proposta de construção de uma estrada passando pela origem através da
construção da Capela de Santa Rita de Cássia e questionando até o significado
do nome Itumbiara, através dos jogos de poder que começaram no século XIX até
os dias atuais. É mais um trabalho para ser adicionado ao pequeno número de
obras que trata da história local, com uma nova visão.
5 - “O
casamento, embates e arranjos políticos em Goiás:”
Publicado em 2016 na Editora Kelps - Goiânia – GO
Este trabalho pretende inovar na abordagem dos embates e arranjos políticos
em Goiás que resultaram na emancipação de Santa Rita do Paranaíba no sul do
Estado, a partir da reflexão sobre a participação das mulheres no campo
político, levando em consideração a categoria Gênero na concepção da
historiadora norte-americana Joan W. Scott, como forma primária de relações significantes de poder. A pesquisa está estruturada em
três partes e procura utilizar a definição de Poder segundo o pensamento de
Michel Foucault que o vê como feixes mais ou menos organizados, sem estar
centralizado em uma instância das organizações sociais. Na parte inicial a política é abordada dentro do
contexto da nova história política, com um deslocamento do poder de
instituições públicas e do Estado para a vida privada e cotidiana de homens e
mulheres. O eixo da pesquisa está na
segunda parte ao privilegiar a perspectiva de Gênero para analisar e dar
visibilidade as mulheres. Ao final procura-se trazer novas interpretações e
significados aos eventos políticos ocorridos neste período por meio de
estratégias metodológicas que permitam revelar o “não
dito” nas pesquisas sobre o assunto. A abordagem central leva em consideração
as mulheres, que embora não pudessem participar das eleições e dos
partidos políticos, conseguiram influenciar as relações de poder, a
partir de outros ambientes privados, com atuação alternativa levando o político
para o cotidiano familiar, religioso e social. Por este enfoque o trabalho
privilegia o estudo das ações de
mulheres pertencentes a uma família de Morrinhos no sul do Estado
para descobrir como participaram
nas relações sociais e políticas que influenciaram no surgimento do
movimento golpista de 1909 em Goiás e na emancipação política de Santa
Rita do Paranaíba. O trabalho procura diferenciar-se de algumas
abordagens descritivas que se tornaram preponderantes na historiografia
goiana que atribuem aos coronéis o papel de protagonistas das relações de
poder na primeira República em Goiás, oferecendo como resultado um novo
documento histórico com novas questões, hipóteses e um método que utiliza a
categoria Gênero para analisar e compreender como se deram as relações sociais
e políticas entre homens e mulheres que configuraram novas instituições do
período republicano, relações de dominação, elaboração das normas
eleitorais, papéis sociais e práticas que foram contestadas,
transformadas ou legitimadas nestas relações de poder.
6 – “Zé Gomes da Rocha, o prefeito do
centenário de Itumbiara”
Publicado em 2020 pela Editor PUC-GO
A obra aborda relações de poder, construção de
imagem e memória política de Zé Gomes da Rocha, com ênfase na sua atuação como prefeito
de Itumbiara no período entre 2005 e 2012, assim como a transformação local,
tendo como marco o centenário de emancipaçao política do município em 2009. A
abordagem ressalta o processo de construção da imagem pública do prefeito em
duas gestões que levaram à elevação com novas posições de representação
política no estado de Goiás, tanto do político como de sua cidade natal. Na primeira
seção, o objeto de estudo é a formação da imagem, construída a partir de
memórias sobre sua atuação como vereador, presidente da Câmara Municipal, deputado
federal por Goiás em quatro mandatos, deputado estadual e finalmente prefeito
de Itumbiara.
Neste processo constituído por eleições e variadas
relações a partir da década de 1970, procura-se relatar as estratégias e o
caminho percorrido para superar obstáculos, disputar, vencer e receber enfim, o
diploma de prefeito e governar por duas vezes o município. Destacam-se
características na construção do perfil político como a ausência de ideologia,
proximidade com todos os governantes de diferentes siglas partidárias e pactos
com grupos politicos locais e tradicionais para a conquista da Prefeitura de
Itumbiara. Verificará que nas articulações políticas, Zé Gomes se destacou ao
fazer alianças que foram fundamentais para a vitória nas eleições para prefeito
em 2004. Assim, o processo resultou no nascimento de uma liderança da geração
de 1970, com a ocupação de espaço em órgãos do governo estadual e até
influência nas decisões políticas em Goiás.
Ao mesmo tempo em que mostra a atuação do político,
também aborda a transformação do municipio, que já tivera outros bons tempos de
administração pública com Modesto de Carvalho e Radivair Miranda Machado, da
geração da década de 1970, assim como Luiz Moura no início da década de 1990, que
foi sucedida por uma década de perda de espaço e de posição de referência no estado
de Goiás. Neste processo de construção de imagens e memórias, procuram-se
respostas sobre quais foram as influências e como se moldou o político que se tornou
prefeito com alta aprovação popular no estado de Goiás e colocou o município de
Itumbiara em evidência.
Como superou as adversidades para se tornar um
líder político com reconhecimento estadual, que foi além do Paranaíba? Como transformou
para melhor o município e proporcionou a volta do sentimento de autoestima dos
cidadãos, depois de um tempo de declínio do prestígio político no estado de
Goiás? São questionamentos respondidos no decorrer do desenvolvimento da obra. A
abordagem central mostra relações institucionais, ações de governo e obras que foram
determinantes na construção da memória e de imagem do político Zé Gomes da
Rocha, que provocou mudanças significativas em Itumbiara e deixou um legado como
paradigma do bom governo para as futuras gerações.
O eixo da obra privilegia o processo
de transformação de Itumbiara, as relações de poder com grupos políticos, famílias
tradicionais e organizações da sociedade, que elevaram a carreira política de
Zé Gomes da Rocha e levaram o município ao alto desenvolvimento. Assim, ao
final da leitura, espera-se que o leitor compreenda e entenda as razões dos
avanços que um bom governo proporcionou. A obra não é uma biografia, mas uma
abordagem construída por familiares, amigos, entrevistas e pesquisas documentais,
que permitem registrar um modelo de gestão municipal e as contribuições para o
futuro de Itumbiara por Zé Gomes da Rocha.
7 – “Relações Tributárias em um Estado
Fiscal cooperativo”
A ser
publicado pela Editora Kelps – abril 2024
O
livro trata de uma análise sobre uma nova concepção de relação entre o fisco e
contribuinte, denominada de administração cooperativa dos impostos, onde por
meio de procedimentos fiscais de colaboração recíproca, em um ambiente de
partilha de responsabilidades, diálogo e consenso nas relações tributárias.
Procura-se verificar a presença de uma nova arquitetura relacional nos sistemas
fiscais Luso-Brasileiros, dentro do processo evolutivo do atual Estado fiscal
pós-moderno. Na relação constitucional faz-se a análise da construção desse
modelo de cooperação entre o Estado e seu principal financiador por meio de
impostos. A escolha do imposto se dá por ser a característica de financiamento
na maioria dos países para custeio de atividades exclusivas de Estado e de
outros direitos sociais por imposições constitucionais. Destaca-se também as relações tributárias no
âmbito administrativo da gestão dos impostos, na realidade de transferência de
responsabilidade para o contribuinte na interpretação e aplicação da legislação
tributária, quando da liquidação e cobrança dos impostos, que requer alto custo
de conformidade pela elevada complexidade normativa. O estudo se desenvolve a
partir do paradigma cooperativo de relações tributárias, presente em vários
países, como importante meio de prevenção de conflitos. Trabalha-se o conceito
de conformidade cooperativa, incentivada pela OCDE, onde as relações
tributárias se dão com estratégias horizontais de coordenação, cooperação,
comunicação, consenso e na partilha de responsabilidades entre a Administração
Tributária e o contribuinte.
Nilson Freire
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