sábado, 21 de agosto de 2021

POR QUE A COVID-19 MATA MAIS A CADA 100 CONTÁGIOS EM ITUMBIARA?

 ENQUANTO EM GOIÁS A LETALIDADE É DE 2,78, ITUMBIARA CHEGA A 3,5


                  Número de óbitos por covid-19 em Itumbiara no dia 20 de agosto de 2021

"Os números mostram da pandemia em Itumbiara mostram com clareza: se reduzir 100 contágios em uma semana, 3 vidas são salvas. Se a redução for de 200 casos de covid-19, seis vidas serão salvas".

Após um ano, cinco meses e seis dias, Itumbiara alcançou o número de 444 vidas perdidas por covid-19, conforme dados do painel da Secretaria de Estado da Saúde. Foram 269 homens e 175 mulheres. Por faixa etária, morreram duas crianças menores de 14 anos, 9 jovens entre 20 e 29 anos,  27 adultos com idade entre 30 e 39 anos, 54 pessoas com idade entre 40 e 49 anos, 102 com idade entre 50 e 59 anos e 260 idosos acima de 60 anos. Segundo o boletim municipal, 13.189 habitantes do município contraíram o novo coronavírus. Após duas grandes ondas, onde a primeira ocorreu entre setembro e outubro de 2020 com média mensal de 20 óbitos, a segunda onda no ano de 2021 que começou em março e atingiu até maio a marca de 200 mortos. Só em 2021 ocorreram 355 óbitos.

Com tantos números desfavoráveis, uma pergunta se faz, que é  a razão de tantos óbitos e da alta letalidade no município, superior a do Brasil e a de Goiás e está entre as cinco piores entre os municípios goianos com 3,5. A cada 100 itumbiarenses que são contagiados, pelo menos 3 morrem e esta situação persiste desde março deste ano.

MAPA DE RISCOS

Por não haver um comitê cientifico no município com pesquisas para trazer as respostas, alguns fatos podem explicar a situação. O registro que melhor mostra a situação está no painel da covid-19 da  Secretaria de Estado da Saúde, que mostrou o município em 22 vezes na situação de calamidade entre 26 possíveis no mapa regional de riscos do órgão estadual.  Com análise de seis indicadores, entre os quais se destacam número de contágios, mortes e hospitalização, Itumbiara sempre ocupou a região de situação de maior gravidade. o Mapa seria utilizado para a implementação de restrições quando ocorresse o atingimento da situação de calamidade e neste ano somente uma vez o comitê local orientou a elaboração de decreto municipal no final de fevereiro. Logo após o decreto de relaxamento em março, explodiu a segunda onda que ceifou a vida de 200 habitantes do município.

TESTAGEM EM MASSA

Durante toda a pandemia, o município não realizou nenhuma atividade de testagem em massa e somente este ano após a segunda onda da doença, adquiriu 40 mil testes antígeno para aumentar a testagem que antes só ocorria na UPA da cidade e agora começa a ser oferecida em algumas unidades básicas de saúde. Sem testes, não se consegue frear o coronavírus, pois não se identifica que está contagiado, não há rastreamento e o número de contágios não se reduz abaixo de 300 por semana, o que representa no mínimo dez mortes semanais.


HOSPITALIZAÇÃO

Antes da implantação de leitos  públicos de UTI em julho de 2020, o município adotou um modelo de restrições regido, o que evitou muitas mortes, mas a partir da implantação de 10 leitos iniciais no hospital de campanha e que chegaria a 50 neste ano com mais dez no hospital municipal, o município adotou o modelo de relaxamento progressivo a medida que se aumentava os leitos. Não houve colapso hospitalar, mas a oferta de leitos não se traduziu em diminuição de mortes, já que não se conseguiu frear os contágios. Após o avanço da vacinação, diminuiu-se o número de internados em leitos de UTI, mas como não se reduziu contágios, segue alto o número de mortes.


VACINAÇÃO

Iniciada em janeiro deste ano, sete meses depois, apenas 28% da população está totalmente imunizada, ou seja 30 mil habitantes de uma população de 105 mil. A população idosa, um dos primeiros grupos a ser vacinado junto com profissionais de saúde, depois da redução de óbitos com o avanço da vacinação, novamente volta a figurar entre os que tem mais registros, segundo dados das últimas 4 semanas do painel covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde. Alguns estados brasileiros já vão iniciar a aplicação da terceira dose da vacina neste grupo. A previsão de alcançar a vacinação completa da população adulta deve ocorrer somente no final de ano, o que pode levar a atingir 500 mortos ainda este ano no município. Outro aspecto refere-se ao grande número de pessoas que estão ficando para trás sem vacinação, seja por opção, seja pela estratégia que não programa repescagens em número suficientes para atingir toda população em cada grupo específico e não há busca ativa de quem fica para trás, como cerca de 100 idosos acima de 80 anos.


UNIDADES DE SAÚDE

Pouca utilizada no enfrentamento da pandemia, as unidades básicas de saúde não estão com equipes completas, pois em algumas faltam médicos e o número de agentes comunitários de saúde, não são suficientes.

COMUNICAÇÃO DE MASSA

O município adotou a estratégia de não efetuar despesas com meios de comunicação  para conscientização da população e utiliza apenas as redes sociais.


Estes são alguns dos sinalizadores que podem ter contribuídos para que a letalidade em Itumbiara continue entre as maiores do estado de Goiás e não se consiga frear os coronavírus e os óbitos, mas pode servir de alerta para enfrentamento a terceira onda que pode vier com a variante Delta que começa a se alastrar no país.

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