terça-feira, 25 de setembro de 2018

URBANO DE GOUVEIA MARCA INSTALAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA PARA 12 DE OUTUBRO

HÁ 109 ANOS ERA PUBLICADO O DECRETO PARA INSTALAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA
                                                    Urbano Gouveia, presidente (governador) do estado de Goiás em 1909

Foi publicado hoje (25/09/1909), o decreto do presidente Urbano Gouveia que nomeou o Conselho Provisório de Intendência e marcou para 12 de outubro a instalação do município, que foi emancipado em 16 de julho por meio da Lei número 349. O conselheiro provisório Jacintho Brandão vai comandar a instalação e comanda o Conselho até dezembro, quando ocorrerá a eleição no novo Intendente de Santa Rita do Paranaíba.

Veja lei, Decretos e Ata de Instalação do município de Santa Rita do Paranaíba


Autógrafo de Lei nº 12
       CONGRESSO LEGISLATIVO DO ESTADO DE GOIÁS
         O Arraial de Santa Rita do Paranaíba foi elevado à categoria de Villa
       Art. 1º -  Fica elevada à categoria de Villa, o Arrayal de Santa Rita do Paranahyba, constituindo município autônomo com as atuais linhas de seu território.
       Art. 2º - A Villa será instalada tão logo seus habitantes provem estarem preenchidas as condições essenciais de que acata a Lei Orgânica dos Municípios sob nº 205 de 7 de agosto de 1908.
       Art. 3º - Revogão-se as disposições em contrário.
Paço do Senado do Estado de Goiás, 15 de julho de 1909.
       Joaquim Ruffino Ramos Jubé
       Luiz Medeiros – 1º secretário
       Sanciono. Publique-se
       Goyas, 16 de julho de 1909
       José  da Silva Baptista (Presidente do Estado em exercício)
       Carta de Lei em 16 de julho de 1909.


Decreto 2518 de 18 de setembro de 1909
                       O Presidente do Estado, considerando que, pela Lei 349, de 16 de julho                               findo, foi o distrito de Santa Rita do Paranaíba elevado a município.                                         DECRETA:
                       Art. 1 – Fica nomeada uma Intendência composta dos cidadãos coronel                          Jacintho Brandão, capitão Joaquim Thimóteo de Paula, Antônio J                                     oaquim da Silva, Francisco Carneiro de Castro, Joaquim Firmo de Velasco,                        Olegário Herculano de Aquino e Josino Antônio de Gusmão, o primeiro                                      como presidente e os demais como membros, para instalar o município                       de Santa Rita do Paranaíba e administra-lo provisoriamente.
                        § único. O presidente e os membros da Intendência prestação o                                              compromisso de seus cargos e exercerão as suas funções e, de acordo                            com a Lei n. 129, de 23 de junho de 1897;
 Art. 2 – É designado o dia 12 de outubro, para ter lugar a instalação do                                  município e o dia 16 de dezembro, tudo do corrente ano,  a fim de se                                       proceder a eleição de intendente, vice-intendentes e conselheiros                                            municipais.
                       Art. 3 – Revogam-se as disposições em contrário.
                        O Secretário do Interior, Justiça e Segurança Pública expeça as                                       necessárias   comunicações.
                       Palácio da Presidência do Estado de Goiás, 18 de setembro de 1909. 21º da                            República.
                       Urbano Coelho de Gouvea.
                        Semanário Oficial, 25 de setembro de 1909. Número 479


Decreto  2.527, de 4 de outubro de 1909
                      Nomeia o cidadão Sidney Pereira de Almeida para o cargo de membro da                                 Intendência Provisória do município de Santa Rita do Paranaíba, na vaga                             aberta em consequência do falecimento do cidadão Francisco Carneiro de                                 Castro.
                       Semanario Oficial – ANO XII – 9 de outubro de 1909 n. 481


A instalação do Município vai ocorrer em 12 de outubro de 1909, conforme a ATA.... FERREIRA apud (ALMEIDA NETO, 1997 – 10-11)
ATA DE INSTALAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA
Aos doze dias  do mês de outubro do ano de Um mil, novecentos e nove, 21º da República dos Estados   Unidos do Brasil, neste arraial de Santa Rita do Paranaíba, pelas doze horas do dia, na sala das sessões do Conselho Municipal, ali presentes os cidadãos: Coronel Jacintho Brandão, Joaquim Timóteo de Paula, Joaquim Firmo de Velasco, Antonio Joaquim da Silva, Olegário Herculano de Aquino, Josino de Gusmão e Coronel Sidney Pereira de Almeida, o primeiro como presidente e os demais como    membros do Conselho Municipal Provisório de Santa Rita do Paranaíba, nomeados por Decreto nº 2.518 de 18 de setembro de 1909, para instalar o município e administrá-lo provisoriamente. O Sr.  Presidente levantou-se e deferiu o compromisso e os demais membros, conforme consta no termo lavrado em livro especial da seguinte forma: “por minha honra e pela Pátria, prometo solenemente preencher com toda exatidão e escrúpulo os deveres inerentes do cargo de conselheiros provisórios (…) nesse desempenho quando em mim couber a bem do Município, do Estado e de seus concidadãos.”    Este compromisso foi prestado por todos os membros do Conselho Munici     pal perante o Presidente. Declarando em seguida o Sr. Presidente em voz alta: “instalo o Município de Santa Rita do Paranaíba, criado pela Lei nº 349 de 16 de julho de 1909.” Após estas palavras do  Senhor Presidente, a banda local ai presente executou o Hino Nacional que foi ouvido com o devido respeito. Em seguida tomando a palavra, produziu em nome do diretório do Partido Democrata local, brilhante oração alusiva ao ato, o cidadão Joaquim Firmo de Velasco ao terminar brindou o Dr. Urbano Coelho de Gouveia, DD. Presidente do Estado. O Sr. Coronel Antonio Xavier Guimarães em nome do Sr. Presidente do Estado agradeceu a saudação. O Revmo Padre Teófilo José de Paiva, ai presente orou (…) O Sr. Pretextato Marques da Silva fez um belo discurso mostrando que  a prosperidade e o engradecimento que ora se instalava, devia somente ter por base a união de todo o povo. Também fez uma pequena locução, a interessante menina Gersomilda Santos, sendo em seguida cantado por um grupo de senhoritas o Hino Nacional. Terminando desta forma o ato de instalação da Vila de Santa Rita do Paranaíba ao qual assistiu grande número de           populares, o Sr. Presidente mandou lavrar esta ata que assina comigo Coronel Sidney Pereira de Almeida, secretário e demais membros do Conselho,como todas as pessoas presentes, que quiserem. Coronel Jacintho Brandão, Presidente, Coronel Sidney Pereira de Almeida, Secretário, Josino Antonio de Gusmão, Joaquim Firmo de Velasco, Joaquim Timótheo de Paula,         Olegário Herculano de Aquino e Antonio Joaquim da Silva.


A HISTÓRIA DE EMANCIPAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA



 
3.2  A EMANCIPAÇÃO DE SANTA RITA DO PARANAÍBA

          Até culminar com a emancipação de Santa Rita do Paranaíba, ocorreram várias relações políticas e acontecimentos, que têm início quarenta e seis anos antes, com a chegada de Hermenegildo Lopes de Moraes a Santa Rita do Paranaíba como funcionário público da Recebedoria em 1863.
          A construção da riqueza e da família que deram origem ao poder político exercido por Morrinhos na Primeira República tem seu início no Arraial de Santa Rita do Paranaíba, quando o coronel Hermenegildo, possuidor de tropas de burros e de um comércio no povoado, consegue abastecer as tropas que iam para a Guerra do Paraguai, período em que também casou-se com Francisca Carolina de Nazareth Moraes, cuja família era de fazendeiros bem sucedidos em Santa Rita do Paranaíba. É ainda em Santa Rita do Paranaíba que nasce o primogênito de Hermenegildo Lopes de Moraes, em 1870, e que irá sucedê-lo na liderança das relações de poder a partir de 1905 com a morte do pai coronel.
          Morrinhos aparece nessas relações de poder a partir de 1871, quando Hermenegildo Lopes de Moraes se muda para o município, que logo se emancipa em 1872. Para alguns, o motivo da mudança seria uma doença de Francisca Carolina de Nazareth, mas Hermenegildo sempre antecipava as grandes mudanças e foi para Morrinhos, onde foi o primeiro intendente e consolidou-se como fazendeiro adquirindo mais de vinte e sete fazendas, consolidando o comércio entre Santa Rita do Paranaíba, Morrinhos, Pouso Alto e outras vilas com o sudeste do Brasil.
 Inicialmente chamada de Vila Bela de Morrinhos em 1845, quando então era   distrito da Vila de Santa Cruz, Morrinhos conseguiu sua primeira emancipação em 05 de novembro de 1855 com a denominação de Vila Bela do Paranaíba, tendo como distrito Santa Rita  do Paranaíba. Após quatro anos, retorna à condição de Distrito de Santa Cruz, tendo sido suprimida sua condição de Vila independente administrativamente. Em 1871 o município é restabelecido com o nome de Vila Bela de Morrinhos e reinstalado em  03 de fevereiro de 1872. No ano de 1882 é elevado à categoria de cidade, com o nome de Morrinhos, que prevalece até os dias atuais.
          Nascimentos, casamentos e mortes foram eventos que antecederam os principais embates que resultaram na emancipação de Santa Rita do Paranaíba em julho de 1909.  
Os nascimentos das jovens primeiras-damas de Santa Rita do Paranaíba e do Estado de Goiás se deram no início da década de 1880, sendo que  Amélia Augusta de Moraes nasceu em Morrinhos, no dia 27 de agosto de 1884, e Messias Alexandrina Marquez  em Santa Rita do Paranaíba, no dia 13 de outubro de 1883. A mesma sequência foi observada em relação aos casamentos, sendo que ambas contraíram matrimônio ainda menores de dezoito anos, sendo a primeira em 27 de julho de 1901, quando tinha dezessete anos e a outra em outubro de 1900, com apenas dezesseis anos.
          A morte do coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, em maio 1905, também foi um acontecimento que antecedeu a emancipação de Santa Rita do Paranaíba e consolidou a presença da mulher e herdeira Francisca Cândida de Nazareth Moraes, cuidando dos netos e dos bens.
A morte do presidente Afonso Pena, em junho de 1909, também influenciou a emancipação de Santa Rita do Paranaíba, fato que possibilitou mais poder a José Leopoldo de Bulhões, que voltou a ser ministro da Fazenda do sucessor Nilo Peçanha.
Enfim, as relações de poder que levaram à emancipação de Santa Rita do Paranaíba e que se deram através de nascimentos, casamentos e mortes, estiveram sempre ligadas a uma série de processos políticos, que vão desde a eleição de José Xavier de Almeida, em 1901, para presidente do Estado, ao seu rompimento com Leopoldo de Bulhões, em 1904, o que levou ao pedido de intervenção por Leopoldo de Bulhões em 1905. Passaram pelas vitórias de José Xavier de Almeida, que homologou as eleições de 1904, mas que começou a se inverter em 1908, ocasião que o grupo de José Leopoldo de Bulhões fez a maioria de deputados e senadores, condição que levaria ao não reconhecimento das eleições para deputados federais, senador e presidente do Estado para 1909, e que dá origem ao Movimento de 1909,  que tem como primeiro resultado a emancipação de Santa Rita do Paranaíba.
            A imagem que se tem do sul de Goiás no início do século XX  é de um espaço de carência geral de seus moradores, diferenciando-se em poucas coisas os homens que tinham comércio e cargos públicos, em especial os coletores, que trabalhavam nas recebedorias fiscais de Santa Rita do Paranaíba.
            O quadro da vida, das casas, das vestimentas e da própria alimentação, narrado por (FRANCO, 1997 p. 119), mostra um lugar onde predominavam moradias simples, e alimentação à base de feijão preto, farinha de mandioca e um pedacinho de carne salgada ou toucinho para todos os moradores.
            Uma das características marcantes da região é o seu destaque como posto de fiscalização do Estado, em um período em que se travou um grande arrocho fiscal provocado pelo grupo dominante do período no Estado, que estava bastante ligado à cidade de Morrinhos, cidade-mãe de Santa Rita do Paranaíba, que teve sua fundação ligada a um porto e criação  da Recebedoria tributária no período anterior à República, por volta de 1834, quando se consolidava a primeira organização fiscal do Brasil Independente de Portugal.
            As atividades comerciais predominantes no período estavam ligadas à pecuária e em especial ao comércio, que eram as principais fontes de tributação na região.
            Relacionando à cidade pesquisada, é possível imaginar  a mistura que se fazia através de uma administração pública deficiente, com funcionários desqualificados, que misturava o público com o privado e que estava mais sujeita ao controle dos costumes locais e do mando de seus coronéis, do que aos regulamentos tributários, como pode ser notado nos embates entre o Ministério Público e coletores públicos, que faziam uso particular dos recursos arrecadados dos impostos.
            Com a ausência do Estado, uma justiça sem poder e dominada pelas autoridades locais, municípios pobres e sem fonte de recursos,  o local vai se constituir em um espaço perfeito para o domínio dos coronéis e seu fortalecimento, o que pode ter ocorrido com o coronel Hermenegildo Lopes de Moraes, que fez fortuna com a Guerra do Paraguai e ocupou cargos públicos, chegando no início do século XX com condições  de fazer aliança com os governos devido sua situação econômica abastada.
            O período de emancipação mostra um Estado com estruturas arcaicas, com os grupos dominantes dos coronéis detendo os meios de administração na nomeação de delegados, coletores e outras autoridades, proporcionando um desencontro entre as aspirações dos cidadãos e a possibilidade do Estado de provê-las.
            As cidades não tinham recursos para investimentos menores, como cuidar de suas ruas, ocorrendo em muitos casos o investimento privado com posterior indenização do Estado, quando era possível, e assim foi se institucionalizando o poder dos coronéis nas cidades.
            Cabe aos que têm recursos econômicos, como os fazendeiros e comerciantes, exercerem funções do Estado ausente, como as policiais e judiciárias, o que se faz através de capangas, já que tais funções não eram supridas por pessoas especializadas.
            É dentro desse quadro de pobreza do poder público local, de uso do aparelho do governo como propriedade privada e de dominação pessoal sem separação do público com o privado, com o grupo de coronéis locais ligados aos presidentes da província que vai ocorrer a emancipação de Santa Rita do Paranaíba.
            É a imagem de uma cidade que vai ter dono por muitos anos, desde sua fundação, onde o coletor, o delegado, o conselho de Intendência e a própria intendência vão ser uma extensão das famílias de comerciantes locais, o que vai ocorrer pela escassez de funcionários qualificados e ausência do exercício despersonalizado das funções públicas, com o grupo dominante utilizando o aparelho estatal para atingir interesses particulares.
            A formação dos coronéis de Santa Rita do Paranaíba a partir da Primeira República pode ser vislumbrada nas obras “Os donos do Poder” (FAORO, 1989), assim como a maneira como funcionava o sistema eleitoral, baseado na política dos governadores que sustenta todo o período.
            Nas palavras de Rui Barbosa (apud FAORO, 1989, p.569), “substitui-se os principais interesses, o povo pelas facções e os Estados pelos seus governos.”
            A política dos governadores tinha como características o apoio dos presidentes dos Estados ao Governo Federal, recebendo poderes e privilégios, que por sua vez formavam suas bases nos municípios, que deviam obediência aos coronéis que governavam o Estado. Enquanto fossem aliados, poderiam utilizar as estruturas no Estado no exercício dos poderes locais.
            Verifica-se na Primeira República uma pequena participação política da população, como se observa nos números apresentados entre 1870 e 1890, quando o percentual de votantes no período variava de 2,3% a 3.4% da população, que girava em torno de 10 milhões em 1872 e que atingiu 14 milhões em 1889, sendo que apenas 24% moravam na zona urbana.
            A República Velha, período em que nasceu Santa Rita do Paranaíba caracteriza-se pela pouca participação da população na vida política, que era para poucos, decorrente do sistema eleitoral altamente restritivo, com uma população pouco alfabetizada, contando com cerca de 14,8% por volta de 1890, e um sistema eleitoral viciado, que dava sustentação à política dos governadores e  à afirmação do coronelismo.
            O sistema eleitoral permitia a qualificação dos eleitores, que era feita pelos coronéis ou por seus indicados, assim como a tomada e apuração dos votos, tendo o presidente do conselho de intendência ou o intendente municipal a supremacia do controle, às vezes feito nas próprias casas das autoridades.
            Era utilizada uma forma de controle que ficava na mão do coronel do Estado e para o comando eleitoral ser efetivo, o sistema deveria ser estrangulado no município e tudo isso era garantido pelas milícias estaduais e por instrumentos financeiros.
            Prevalecia o sistema de partido único, do presidente da província ao coronel no município, e as despesas eleitorais locais cabiam ao coronel local que, em troca, tinha os empregos na sua região, que seriam ocupados por pessoas indicadas por ele. É um sistema de reciprocidade, onde o Estado dá os empregos, os favores, tendo a força policial através de seus capangas, nomeando o delegado, o coletor de impostos, o juiz, o promotor, e prevalecendo os laços de amizade e compadrio.
            A obra de Faoro (1989), permite entender a figura do coronel que assume o poder local, onde alguns receberam o nome da antiga Guarda Nacional criada em 1831 e que recaiu também sobre pessoas detentoras de riquezas, que podiam comprar as patentes.
            O coronelismo penetra de tal maneira nas atividades políticas, constituindo-se no primeiro degrau dessa estrutura. Ele não manda só porque tem a riqueza, mas há pela população um reconhecimento de seu poder, sem necessidade de um pacto escrito. É um poder que se consolida com o aliciamento e preparo de seus eleitores, bem como o amplo número de cargos locais que terá a sua disposição para fazer suas indicações.
            A política dos governadores e seu criador, Campos Sales, aconselhando aos presidentes dos Estados a dissolverem as câmaras municipais e nomear os intendentes, são reflexões tratadas por Faoro, (1989), que permitem entender os primeiros embates e arranjos que ocorrem em Santa Rita do Paranaíba. É a política que atrelará os chefes políticos ao governo estadual, atrofiando os núcleos locais, como ocorreu com Santa Rita do Paranaíba.
            Nos capítulos estudados é possível entender o uso do poder político como extensão da família e o coronel Sidney Pereira de Almeida é fruto dessa construção política, havendo historicamente uma mistura do particular com os bens do Estado.
            Nessa obra têm-se os fundamentos do sistema coronelista que já está imposto desde a fundação da cidade e manifesta-se com intensidade em sua emancipação, prevalecendo as escolhas e indicações de cargos públicos de acordo com a confiança e o compadrio, e não com a capacidade dos escolhidos.
            As oligarquias que nascem no século XIX, o jeito personalista de governar e a própria impregnação do coronelismo como forma de governo vêm  dos tempos da fundação da cidade.
            Este estudo permite uma reflexão sobre as origens da população que formaria a cidade de Santa Rita do Paranaíba, onde prevalecia o comércio e a pecuária. No trabalho percebem-se as raízes dos trabalhadores, que se dá através de aventureiros que vieram em maior parte de Minas Gerais e dos próprios coronéis que vão governar a cidade em seus primeiros anos de existência.
            Enfim, essa obra permite refletir sobre o urbano e o rural no período de emancipação, o funcionamento do poder público nas mãos dos coronéis, a emancipação da cidade como instrumento de dominação e um povo constituído por aventureiros assentados em sua maioria na zona rural e os poucos que habitavam o centro urbano, numa cidade com forte influência ibérica na sua arquitetura, com uma praça central, duas grandes ruas em duas direções e uma Igreja em sua parte central. Essas são as raízes dessa cidade do interior do Estado de Goiás, com seu povo, seus costumes, seus governantes e suas práticas políticas.
O primeiro documento localizado no primeiro ofício da cidade de Goiás e que trata de Santa Rita do Paranaíba descreve a arrematação do Porto da Fazenda Nacional por Cândido Rodrigues de Paiva, em 1835, que fazia parte de uma estrada nova construída até Uberaba-MG (FERREIRA e PINHEIRO, 2009, p.23).
Inicialmente o Distrito do Arraial de Santa Rita do Paranaíba foi criado como parte da Vila de Santa Cruz, em 1849, perdurando essa situação até 1855, quando então passa a pertencer a Morrinhos, que na época se denominava Vila Bela do Paranaíba. De 1859, quando é suprimida Vila Bela do Paranaíba, até 1871 quando novamente ocorre a emancipação de Vila Bela de Morrinhos, Santa Rita do Paranaíba fez parte da Vila de Santa Cruz (FERREIRA e PINHEIRO, 2009, p. 25-29).
Nas relações de poder em Santa Rita do Paranaíba, destacam-se Jacintho Luiz da Silva Brandão, casado com Messias Alexandrina Marquez, em 1900, e que não teve nenhum filho; Major Militão Pereira de Almeida, casado pela primeira vez com Ermelinda Borges de Almeida, em 1883, tendo 10 filhos, sendo o primeiro o coronel Sidney Pereira de Almeida.  Viúvo em 1903, Major Militão casou-se pela segunda vez em 1905 com Laudelina Mendes de Almeida, com quem teve nove filhos. Filho de Major Militão, o coronel Sidney Pereira de Almeida casou-se em 1909 com Maria Clarinda Cotrim, com quem teve seis filhos.
Qual a relação de Messias Alexandrina Marquez, Laudelina Mendes de Almeida e Maria Clarinda Cotrim com a emancipação de Santa Rita do Paranaíba? São as mulheres presentes na vida privada dos homens que faziam política  quando da emancipação de Santa Rita do Paranaíba e depois nos primeiros anos da Vila emancipada.
Como Villa Bela de Morrinhos exercia um poder político na região sul do Estado de Goiás, desde 1895, quando Hermenegildo Lopes de Moraes era vice-presidente do Estado, até 1905 com sua morte, e após este período, o poder continuou a ser exercido por José Xavier de Almeida, genro de Hermenegildo Lopes de Moraes, ex-presidente do Estado e deputado federal em exercício, entrava na cena política outro filho de Hermenegildo Lopes, também deputado federal e homônimo do pai,  Santa Rita do Paranaíba não tinha nenhuma esperança de emancipação.
          O principal líder local, Jacintho Luiz da Silva Brandão era do grupo de Morrinhos, tanto é que assumia os principais postos no Arraial de Santa Rita do Paranaíba, como Administrador da Recebedoria.
          Como principal oponente de Jacintho Luiz da Silva Brandão, apareceu a figura do coronel  Sidney Pereira de Almeida, filho do maior comerciante do Arraial em 1909.
          O sistema político local tinha no comando o intendente geral, que era figura escolhida pelo presidente do Estado. O poder legislativo, escolhido pelo povo, era o conselho Municipal de Intendência.
Nos primeiros anos de governo, os membros do primeiro Conselho Municipal vão se revezar no poder como intendentes, ora aderindo aos Bulhões, que mandavam no Estado, quando da emancipação, e depois com o alinhamento do grupo de Sidney Pereira de Almeida com os Caiado, até 1927.
A Lei de emancipação é o principal documento que corrobora a hipótese de que a emancipação de Santa Rita do Paranaíba foi o primeiro ato do grupo dos Bulhões, que assumiu o governo do Estado de Goiás a partir do Movimento de 1909, no mês de maio, quando o poder foi passado ao primeiro vice-presidente e após ao segundo vice-presidente, que sancionou a lei de emancipação de Santa Rita do Paranaíba em julho de 1909.
          Da publicação da lei de emancipação à efetiva instalação do município levaram cerca de dois meses. No mês de setembro, foi nomeado o Conselho Municipal Provisório, tendo Jacintho Luiz da Silva Brandão sido escolhido presidente provisório e a missão também de governar o município até a escolha do Intendente Geral, que ocorreu em dezembro de 1909.
Existiam em Santa Rita do Paranaíba cercam de 83 estabelecimentos comerciais, figurando como maior, segundo pagamento de impostos, o comerciante Jacintho Luiz da Silva Brandão, com sete unidades e pagamento de 360$000 réis (FERREIRA e PINHEIRO, 2009).
Havia uma escola com cerca de sessenta alunos. Enquanto o chefe político de Morrinhos mandou os filhos para estudar em São Paulo, os filhos da família de Militão estudavam em Santa Rita do Paranaíba. Mas os primeiros anos iniciais das filhas de Francisca foram feitos na escola da Vila de Morrinhos, conforme aparece na relação de alunas matriculadas por volta de 1873.
Enquanto as crianças da família de Francisca Carolina de Nazareth de Moraes estudavam e viajavam, as crianças das famílias que moravam na zona rural viviam do pastoreio e de vigiar plantações (FERREIRA e PINHEIRO, 2009, p 117).
O então Arraial de Santa Rita do Paranaíba se destacava por algumas casas comerciais e a família de Major Militão Pereira de Almeida era a segunda maior comerciante, com dois estabelecimentos, enquanto o filho de Francisca Carolina de Nazareth de Moraes, o Major Galdino da Silveira Marquez também tinha comércio no Arraial. No ano da emancipação, em 1909, a família de Major Militão era a maior pagadora de impostos no então Arraial de Santa Rita do Paranaíba.
O ano de 1909 vai marcar o aparecimento da família do coronel Sidney Pereira de Almeida e o afastamento do coronel Jacintho Luiz da Silva Brandão, então aliado da família de Francisca Carolina de Nazareth Moraes. O que segurou alguns dias a presença de Jacintho Brandão na política da emancipada Santa Rita do Paranaíba foi a presença de Antônio Xavier Guimarães, padrinho de casamento e aliado do grupo vencedor do golpe político de 1909.
             O Arraial de Santa Rita do Paranaíba começou com um porto e uma estrada, cresceu com a família de Francisca Carolina de Nazareth Moraes, emancipou-se com o golpe político de 1909 em Goiás e tem na Ponte Afonso Pena o símbolo desse momento, que marcou a passagem da família pela política de Goiás como protagonistas das relações de poder que colocaram a região sul em evidência.


domingo, 23 de setembro de 2018

DESDE 1998, QUEM VENCE ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR EM ITUMBIARA, TAMBÉM GANHA NO ESTADO

    Ex-governador Marconi Perillo - venceu quatro as últimas cinco eleições em Itumbiara - Foto O Popular

Em 1998, o então candidato a governador Marconi Perillo foi apoiado em Itumbiara pelo ex-prefeito Luiz Moura e venceu na cidade com 23561 votos no primeiro turno contra 16590 de Iris Rezende. No segundo turno, alcançou 27707 e Iris teve redução na votação com 15.083. Já prefeito em 2002, novamente Luiz Moura apoiou Marconi que ganhou de Maguito Vilela por 25.973 contra 16678 do candidato do PMDB. Em 2006, Marconi disputou o Senado e seu candidato Alcides Rodrigues, apoiado pelo prefeito Zé Gomes, teve 26.835 votos contra 14106 de Maguito Vilela. No segundo turno, Alcides cresceu e chegou a 32.573 votos contra 14.270 de Maguito Vilela.  Ainda no comando de Zé Gomes da Rocha na Prefeitura de Itumbiara, Marconi bateu o recorde de votos para governador na cidade e alcançou 39.441 contra 7.833 votos de Iris Rezende. No segundo turno, novamente o recorde foi batido e Marconi superou a barreira dos 40 mil votos, alcançando 40.399 contra 10.386 de Iris.  Já sem Zé Gomes na Prefeitura, mas com o apoio de seu grupo político, Marconi foi reeleito com 33.214 votos contra 7.193 de Iris

NA ELEIÇÃO QUE LEVOU IONE GUIMARÃES PARA O SENADO, DEMÓSTENES TEVE A MAIOR VOTAÇÃO NA DISPUTA EM ITUMBIARA

    Senadora Ione Guimarães, no dia da posse no Senado Federal

Na eleição de 2010, que possibilitou Ione Guimarães se tornar senador da república por Itumbiara, Demóstenes Torres bateu o recorde de votos para o cargo em todas as eleições, alcançando 41839 votos, seguido por Lúcia Vânia com 36755 votos  que tinha como primeira suplente a médica Itumbiarense, que assumiu o cargo no início de setembro. A dupla já tinha sido a mais votada em 2002, quando Demóstenes teve 22.716 votos e Lúcia Vânia 21189. Naquela eleição, Iris obteve 18926 e Mauro Miranda 18.193. O Itumbiarense Fernando Cunha, já falecido e que foi várias vezes deputado federal, disputou em 1998 uma cadeira para o senado e foi derrotado em Itumbiara para Maguito Vilela que teve 28059 votos. Nas eleições de 2006, Itumbiara teve outro nativo na disputa e Dione Araujo foi agraciado com 6139 votos, enquanto o eleito Marconi Perillo alcançou 36439 votos. Em 2014, o eleito Ronaldo Caiado teve 16302 votos em Itumbiara e perdeu para Vilmar Rocha que não foi eleito, com 19928 votos Em 1990, Itumbiara esteve perto do senado também com um primeiro suplente, o empresário Alberto Borges de Sousa da Caramuru, que estava na chapa de Pedro Canedo e perdeu por 12 mil votos de diferença.

A DISPUTA PARA DEPUTADO ESTADUAL EM ITUMBIARA NÃO REPETIU MAIS VOTADO NAS ÚLTIMAS SEIS ELEIÇÕES

  
    Zé Antônio - PTB, atual prefeito de Itumbiara, foi o deputado estadual mais votado em 2014 no município

Depois de não eleger nenhum deputado estadual em 1990, Paulo Serrano foi eleito em 1994 e teve 10195 votos no município, seguido por Cairo Batista com 6734 votos e como suplente assumiria vaa na Assembleia Legislativa, antes de ser indicado para disputar e vencer a Prefeitura de Itumbiara em 1996. Waterloo naquele ano teve 4682 votos e Alvaro Guimaraes 3.682 votos.  O ex-prefeito Luiz Moura seria eleito em 1998 com a conquista em Itumbiara de 16065 votos, seguido por Paulo Serrano com 7445. Alvaro foi o terceiro com 5378 votos. Só Luiz Moura seria eleito.  Desde 2004, foi um caminho natural se tornar deputado estadual e logo após virar prefeito. Aconteceu com Cairo Batista, Luiz Moura, Zé Gomes e Zé Antônio. Em 2002, Zé Gomes foi o mais votado com 18215 votos na cidade, seguido por Alvaro Guimaraes que conquistou 7983 votos. Binha obteve 4743 e Chico Balla 4696. Eleitos de forma direta nesta primeira eleições, só Paulo Serrano em 1994, Luiz Moura em 1998 e Zé Gomes em 2002.  Com a unidade política comandada por Zé Gomes, a partir de 2006, Alvaro Guimaraes se tornou o mais votado com 12692, alcançando também a eleição, seguido por João Batista com 9.893 votos, Gilson César com 7424, que não se elegeram.  Em 2010, na oposição, Gugu Nader foi o mais votado em Itumbiara com 19367 votos, alcançando a maior marca para a disputa deste cargo em eleições estaduais, mas quem foi eleito foi o segundo colocado, Alvaro Guimaraes, com o apoio de Zé Gomes obteve 12.365 votos. Dione Araújo foi o terceiro mais votado com 3.929 votos. Na última eleição, já sem a unidade política que prevaleceu entre 2006 e 2010, Itumbiara alcançou o melhor resultado com a eleição de dois deputados, sendo o atual prefeito Zé Antônio o mais votado com 15.314 votos, seguido por Gugu Nader, já no PT com 14015 votos. Alvaro Guimaraes foi o terceiro com 12784 votos.

JOVAIR ARANTES COM 25553 VOTOS EM 2010, É O DEPUTADO FEDERAL MAIS VOTADO EM ITUMBIARA NAS ULTIMAS 3 ELEIÇÕES

    JOVAIR E ZÉ GOMES NA CÂMARA DE DEPUTADOS

Em 1986, Zé Gomes da Rocha que havia iniciado a vida política em 1976 como vereador, desejava disputar por Itumbiara o cargo de deputado estadual, mas o então lider político da época, Waterloo Araujo lançou Alvaro Guimarães para a vaga e então sobrou para Zé Gomes encarar a disputa para Deputado Federal e se saiu bem com 11069 votos, que lhe valeu a suplência. Com a Constituinte de 1988, Siqueira Campos se elegeu governador do estado do Tocantins e o deputado Paulo Roberto Cunha ganhou a disputa de prefeito em Rio Verde, o que valeria a posse de Zé Gomes no início de 1989. Foi um dos principais defensores de Collor em 1990 e então conquistou sua reeleição pelo PRN.. Em 1994, amargou uma derrota local para Luiz Moura, que teve 14967 votos contra 13.800 de Zé Gomes. Daí para frente reinou absoluto nas disputas para o cargo de Federal na cidade, ora era o mais votado e quando não disputava, o seu indicado ganhava a eleição.
Em 1998, obteve 19614 votos contra 5823 de Caiado. Jovair Arantes, que se tornaria seu sucessor como representante de Itumbiara a partir de 2006, naquela eleição obteve 1122 votos. Preterido por Maguito Vilela em 1996 para disputar a prefeitura de Itumbiara, quando o escolhido e vencedor foi Cairo Batista, Zé Gomes tentaria pela primeira vez a disputa  para prefeito e sofreu a segunda derrota na vida política para Luiz Moura, seu principal oponente na década de 1990. A partir desta disputa, nao mais voltou a concorrer para deputado federal, sendo eleito deputado estadual em 2002. Nesta eleição,  seu indicado Barbosa Neto de PMDB teve 8112 votos contra 7432 deste blogueiro, que disputou pelo PT e teve mais votos do que Raquel Teixeiro com 5158, Henrique Meirelles 5010 e Leandro  Vilela com 3.472. Como Barbosa Neto, eleito em 2002 para deputado federal, foi disputar o governo de Goias em 2006, abriu o caminho para Jovair Arantes, que nas três eleições seguidas reinou absoluto em Itumbiara na parceria com Zé Gomes.  Jovair Arates obteve 15289 votos em 2006 contra 4016 de Leandro Vilela, 3935 de Caiado, 3334 de Iris Araújo e o candidato denominado de Itumbiara, Marcelo do Sacolão, obteve 2669. O ano de 2010 foi o mais bem sucedido no comando político de Zé Gomes na eleição para governador, senador, deputado federal e Estadual. Naquele ano, Jovair Arantes bateu o recorde de votação para o cargo em Itumbiara e obteve 25553 votos contra 3846 de Iris Araújo, 2883 de Caiado e o denominado candidato da cidade, Marco Aurélio, obteve 2266 votos. A última eleição com Zé Gomes já fora da prefeitura, Jovair caiu a votação para 13684 votos e o segundo mais votado foi Marcelo do Sacolão com 12340. Heuler Cruvinel levou 4375 votos.

sábado, 22 de setembro de 2018

COM 43022 VOTOS PARA PREFEITO EM 2008, ZÉ GOMES É O POLÍTICO COM MAIOR VOTAÇÃO EM UMA ELEIÇÃO DE ITUMBIARA

Grupos políticos ligados ao falecido prefeito Zé Gomes e ao governador Marconi Perillo foram vencedores das últimas quatro eleições em Itumbiara

PREFEITO

Na década de 1990, a maior liderança política local era o ex-prefeito Luiz Moura, que venceu as eleições de 1988, fez o sucessor em 2002 por meio de Celso Santos, mas perdeu uma eleição em que era considerado favorito em 1996, para o então suplente de deputado estadual Cairo Batista. Foi neste ano que Zé Gomes, então deputado federal, desejava disputar com Luiz Moura, mas foi preterido em uma decisão do governador Maguito Vilela, que apostou em Cairo Batista e venceu por 17.887 votos contra 17.622 de Luiz Moura. Paulo Serrano teve 8.734.
Nas eleições de 2000, Zé Gomes foi para a disputa e perdeu para Luiz Moura que teve 25.650 votos a 22.271 do então deputado federal.
Em 2004, acabou a hegemonia de Luiz Moura e Zé Gomes com 33.652 votos, venceu Dione Araujo que teve 16.946. A partir desta eleição, o grupo político de Zé Gomes tornou-se hegemônico e bateu fácil em 2008 com 43.022 votos contra 7.895 de João Maria do PSOL. Zé Gomes também fez o sucessor Chico Balla em 2012 com 33.374 votos contra 20.473 de Gugu Nader do PMDB.
Com a morte de Zé Gomes em agosto de 2016, o então deputado estadual Zé Antônio assumiu a disputa e foi vencedor com 36.143 votos, contra 14.050 de Alvaro Guimarães.



SÓ LULA VENCEU AS ELEIÇÕES EM ITUMBIARA NESTE SÉCULO E SE TORNOU PRESIDENTE



Neste século, vencer as eleições em Itumbiara não é bom sinal para o candidato a presidência da Republica. Nas três últimas disputadas, o vencedor em Itumbiara foi do PSDB com Alckmin em 2006 com 28059 contra Lula com 18493, em 2010 foi Serra que venceu com 26136 contra 20343 de Dilma e em 2914 deu Aécio com 25356 contra 15557 de Dilma. Nas três eleições, o candidato do PT derrotado em Itumbiara virou presidente da República. A única exceção foi em 2002, quando Lula bateu Serra por 18887 a 15821 e se tornou presidente do país pela primeira vez.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

CEM ANOS DEPOIS, ITUMBIARA CHEGA AO SENADO FEDERAL

NO DIA 04 DE SETEMBRO, ITUMBIARA ASSUME CADEIRA NO SENADO COM A MEDICA IONE GUIMARAES
   Foto: reprodução TV Anhanguera - campanha para prefeito em 2016

Nesta terça-feira, 04 de setembro de 2018, Itumbiara terá um representante nato em uma cadeira do Senado Federal, quando assume a medica Ione  Guimarães – PTB , que nas eleições de 2010, entrou como primeira suplente da senadora Lúcia Vânia - PSDB, vencedora do pleito naquele ano.
            O marco é centenário, pois repete o feito de 1918, ocasião em que Hermenegildo Lopes de Moraes, o filho, nascido em Santa Rita do Paranaíba em outubro de 1870, ocupou pela primeira vez o cargo, após eleição em 1917.
            O primeiro senador da centenária Santa Rita do Paranaíba, que se tornou Itumbiara em 1943, foi um advogado que cursou Direito na Faculdade do Largo do São Francisco em São Paulo e ocupou varias vezes o cargo de deputado federal entre 1894 e 1917, quando foi eleito senador da República, que na época tinha a sede no Rio de Janeiro. Hermenegildo, sobrinho de Dâmaso Marquez, filho de dona Francisca Carolina Marquez, cujo pai Manoel Marquez chegou na Freguesia de Santa Rita do Paranaíba por volta de 1850, chegou a ser eleito presidente do estado, figura que corresponde a governador, no ano de 1909, mas sofreu o golpe político do grupo Bulhões e Caiado, que empossaram o perdedor naquele ano.
            As articulações em 1917,  veio do presidente Wenceslau Brás Pereira Gomes, que repartiu o poder em Goiás entre os grupos republicanos de Hermenegildo Lopes e o Democrata dos Caiado, com uma cota de deputados estaduais, federais e senadores para cada grupo e assim pelo lado republicano, o Santarritense foi eleito para o senado federal.
            A senadora Ione Borges Ribeiro Guimarães, nascida em Itumbiara no dia 19 de julho de 1954 é médica cardiologista e tem família com tradição na política de Itumbiara, que desde a década de 1940 militam nas disputas eleitorais pela antiga UDN e que fez parte do grupo político do ex-prefeito Zé Gomes da Rocha, que fez as articulações em 2010, para que doutora Ione Borges fizesse parte da Coligação Goiás Quer Mais, na qual o PTB fazia parte.
            O ex-prefeito de Itumbiara, Zé Gomes da Rocha, vivia seu auge de popularidade no Estado de Goiás no ano de 2010, quando no ano anterior inaugurou mais de cem obras no município e tinha o sonho de no futuro ocupar a cadeira de vice governador, senador e até governador, para coroar por completo sua exitosa carreira política, iniciada em 1976 como vereador e que depois passou por deputado federal e estadual, além de prefeito eleito em 2004 e reeleito em 2008. Mas um empecilho por causa de uma ação quando ainda era deputado federal em 1996, por culpa de sua paixão pelo time da cidade, foi um impedimento para chegar ao posto mais alto da política goiana.
            Em um almoço no ano de 2010, na casa do então senador Marconi Perillo – PSDB, o deputado federal Jovair Arantes, juntamente com Zé Gomes nos momentos finais dos ajustes para formação da chapa que disputaria as eleições de 2010 no estado de Goiás, reivindicaram a vaga de vice-governador, mas como o DEM naquele ano, comandado por Caiado e com o prestígio do então candidato para a outra vaga do senado Demóstenes Torres tinham a preferência para preencher a vaga de vice, foi escolhido o atual governador Zé Eliton e então Itumbiara ficou de preencher a primeira suplência de Lúcia Vânia, e assim foi concretizado.
            A chapa do governador Marconi Perillo foi vencedora em 2010 e então Itumbiara passou a esperar este dia, em que a titular do cargo pudesse contemplar o município com a vaga histórica e cem anos depois este dia chegou.
            A senadora Ione Borges, é formada em medicina pela Faculdade de Barbacena em Minas Gerais com especialização em cardiologia, atua em Itumbiara por mais de trinta e nove anos. Casada há quarenta anos com Zezé Guimarães, tem três filhos médicos. Atuante na classe médica, já foi presidente da Associação Médica de Itumbiara e conselheira do CRM em Goiás. Na vida política, perdeu com Zé Gomes em 2000, quando fez parte da chapa do prefeito na disputa com Luiz Moura, razão pela qual o ex-prefeito tinha eterna gratidão com a senadora.
                        Quando Zé Gomes, enfim foi vitorioso na chapa vencedora em 2004 para realizar o sonho de ser prefeito, a senadora estava junto e ajudou nos primeiros anos de governo a organizar a saúde pública do município. Nunca dizia não ao prefeito e o Zé não precisava chama-la para qualquer missão, pois ela estava sempre pronta a lutar junto, por isso foi a escolhida para realizar o sonho de Itumbiara ter novamente um senador, cem anos depois. Era tão leal e presente, que estava ao lado direito de Zé Gomes quando de sua morte no fim de tarde de 28 de setembro de 2016 e acompanhou os seus últimos instantes de vida, fazendo o que amava, que era as disputas políticas. O sonho de Zé Gomes está completo e realizado, porque Itumbiara tem uma filha ilustre no Senado Federal.