segunda-feira, 14 de julho de 2025

Filha da Revolução da Quinta, a Vila de Santa Rita do Paranaíba foi emancipada de Morrinhos em 16 de julho de 1909

 

         Movimento de maio de 1909 - a tomada do poder na capital de Goás

No dia 2 de março de 1909, o então deputado federal Hermenegildo Lopes de Morais Filho, nascido no Arraial de Santa Rita do Paranaíba em 1870, com 39 anos de idade,  era eleito presidente do Estado de Goiás, figura correspondente a governador nos dias atuais.

Naqueles tempos, dois grupos políticos disputavam o poder em Goiás, sendo um que era dominado por José Xavier de Almeida, ex-presidente de Goiás entre 1901 e 1904 e cunhado do presidente eleito para governar o estado partir de 1909; o outro, José Leopoldo de Bulhões Jardim, ex-ministro da Fazenda e líder goiano desde a proclamação da República.  Xavier de Almeida pertencera ao grupo de Leopoldo de Bulhões até 1904 e resolveu trilhar caminho próprio e liderar Goiás a partir de seu próprio grupo político radicado em Morrinhos, cujo sogro Hermenegildo Lopes de Morais, o pai, construiu grande riqueza a partir de Santa Rita do Paranaíba, faleceu em 1905 e deixou seus filhos trilhando a política e sustentando o grupo de Xavier de Almeida. As eleições para presidente do Estado de Goiás ocorrera em 2 de março e Xavier de Almeida conseguiu eleger o santarritense, então morador de Morrinhos que era o município a quem o distrito e arraial de Santa Rita do Paranaíba pertencia. 

Logo após estas eleições, começou um grande movimento político liderado por Leopoldo de Bulhões para tomar o poder e o governo do grupo de Xavier de Almeida. A pressão fez o então presidente Miguel de Paiva Lima do grupo de Xavier de Almeida,  renunciar. O primeiro vice-presidente Francisco Bertholdo assumiu por alguns dias e também renunciou, passando o poder para o então presidente do Senado Goiano, Joaquim Rufino Ramos Jubé, que ficara poucos dias no poder e também passou a presidência do estado de Goiás para o segundo vice-presidente, o Coronel Zeca Batista, que era de Anápolis.

 A partir da Fazenda da Quinta, propriedade do coronel Eugênio Jardim, se organizava uma revolução com a liderança de Leopoldo de Bulhões, que contava com o apoio de Antônio Ramos Caiado, o Totó Caiado e do proprietário da fazenda. Foi exatamente a primeiro de maio de 1909, que o grupo de Leopoldo de Bulhões, com mais de 1600 homens invadiu a capital de Goiás e tomou o poder. Uma das primeiras medidas dos revolucionários, foi colocar como presidente de Goiás, Otávio Gouveia, que havia perdido as eleições para presidente de Goiás, emancipando Santa Rita do Paranaíba para mostrar força  e enfraquecer o grupo de Xavier de Almeida, junto com então presidente eleito, que lideravam a política goiana, a partir de Morrinhos. Com a tomada de poder na chamada Revolução da Quinta ou de maio, chamada também de Movimento de 1909, Santa Rita do Paranaíba foi emancipada em 16 de julho e a lei número 349 publicada,  levou a assinatura do então segundo vice-presidente do estado de Goiás, o anapolino Coronel Zeca Batista. A Instalação do município ocorreria em 12 de outubro, data fixada por Decreto em setembro pelo novo presidente, que foi colocado pelos revolucionários de maio, Urbano Coelho de Gouveia.  Por isso, desde 1909, o dia 16 de julho é o dia de Itumbiara e o dia 12 de outubro, o dia da festa de instalação, considerada a data oficial de celebração de aniversário no município.

sábado, 12 de julho de 2025

Andarilhos na Orla do Paranaíba e a história de Itumbiara.


 Opinião

A Avenida Beira Rio em Itumbiara, em uma orla com mais de 3 km, é um dos pontos mais frequentados da cidade de Itumbiara, cujas origens estão ligadas ao próprio rio e uma estrada que abriu caminho para a posse de terras por migrantes da região Sudeste, sobretudo mineiros há cerca de dois séculos. Primeiro, os posseiros pegaram o ofício para fazer a gestão de um porto e cobrar pelos serviços de travessia de mercadorias, gado e pessoa e depois a província de Goiás assumiu o posto de fiscalização.  A Freguesia e distrito começou com o porto e se expandiu com a construção de uma capela em louvor a Santa Rita de Cássia, por um milagre atribuído na cura do irmão de um fazendeiro.  Os viajantes que passavam pelo local no século XIX, como Visconde de Taunay, dizia que aquele ponto era deserto e tinha alguns desocupados pescando e caçando por ali. 200 anos depois, o porto virou distrito e freguesia, que se tornou Vila e cidade e mudou o nome para Itumbiara, que segundo alguns seria o caminho da cachoeira e para outros estudiosos das línguas indígenas, está mais para cachoeira dos restos das caças. O mais importante na história é que os ocupantes das terras obtiveram seus títulos de propriedade e até deram uma parte para construção da Capela, no ponto onde virou cidade. A Diocese vendeu as terras para o município e assim a bicentenária Itumbiara chegou a mais de 100 mil habitantes.  Já não é a terra dos fazendeiros, pois uma grande população veio para a cidade e indústrias foram construídas. Outros migrantes se misturaram e foram chegando para formar o povo Itumbiarense, com mineiros, paulistas, nordestinos e tantos outros povos do Brasil e até do Exterior. Continua sendo um local onde as estradas representam ocupam espaço relevante na construção da história da cidade. O Rio não é navegável para transporte de pessoas e mercadorias, devido suas usinas e cachoeiras, mas suas estradas criadas para ligar Goiás ao Triângulo Mineiro e ao Sudeste e depois na Marcha para Oeste para ligação com a nova capital do País, Brasília, continua sendo um ponto de chegada e saída de muitas pessoas. E a avenida Beira Rio, onde começou o ponto zero com o Porto e a construção da primeira ponte em 1909, que ajudou na ocupação do território goiano na região Sul, continua sendo o principal ponto de identidade da cidade. E nela, que as pessoas se movimentam diariamente, nas diversas classes sociais. Os mais abastados, para uma caminhada diária e os mais pobres e até sem casas, para o banho, a alimentação e até a morada. E eles seguem o caminho, que os primeiros homens trilharam nos primeiros dias do ponto, onde se tornaria a cidade. Vão do ancoradouro, ao farol, ao córrego trindade e a ponte, em idas e vindas diárias, que não tem um destino. Já não se tem terras para ocupar e parece não haver mais crença em um futuro melhor e tudo se resume no momento presente, no dia a dia a caminhar pela Orla, do Centro ao Ancoradouro e deste ao centro, ás vezes parando parte do dia como guardadores de carros ou mesmo pedintes. Assim a vida segue na avenida mais bonita e cara de Itumbiara, onde convivem os mais ricos e os andarilhos pela Orla.

Nilson Freire é editor do Diário de Itumbiara

Mestre em Direito Fiscal pela Universidade de Coimbra

Mestre em História pela PUC GO

MBA em Administração Tributária e Política pela FGF

Graduado em História, Ciências Físicas e Biológicas, Direito e Administração